Pequena introdução para quem não conhecia a DR FOREVER original:
Somir e Sally representam um casal absolutamente normal.

(PARTE 1 de 4)

Há pelo menos uma semana uma das minhas camisas está queimada. É uma marca de ferro de passar roupa, facilmente reconhecível logo abaixo do braço direito. Não bastasse perder uma camisa, perdi a minha camisa favorita. Era de marca, custou-me os olhos da cara.

Quem passa as minhas camisas é a Sally, até porque eu sou péssimo fazendo isso.
Vocês devem estar se perguntando se eu levei numa boa ou se eu reclamei com ela… Bom, não fiz nem uma coisa nem outra.

Eu simplesmente ignorei. Sabem por quê? Porque ela colocou a camisa de volta no armário junto com as outras. E não é do tipo de marca que dá para deixar de perceber… Não é possível que ela simplesmente tenha ignorado algo tão chamativo assim.

Eu sei o que ela está tentando fazer. Eu conheço a Sally. Do jeito que ela é, deve ter distraído e esquecido o ferro sobre a camisa enquanto falava no telefone com alguma amiga. Mas ela, ao invés de assumir o erro, está tentando sair pela tangente.

Aposto que ela vai esperar até eu descobrir. Aí ela pode dizer que não percebeu e que nem imagina como isso possa ter acontecido. Se eu levar numa boa, ela sai bem dessa. Se eu reclamar, ela provavelmente vira o jogo dizendo que não é minha empregada e que eu não tenho motivos para ser grosso com ela. Capaz até de dizer que nunca mais passa as minhas roupas…

Mas ela não está lidando com um amador não… Toda manhã eu abro o armário, olho bem minhas camisas e escolho calmamente qual vou vestir. Faço questão de chegar bem próximo à camisa queimada e continuar falando com ela. Eu adoro a expressão que ela faz, é um misto de expectativa com desespero. Aposto que ela sofre quando eu escolho outra e saio para trabalhar. Mais um dia para esperar a conclusão dessa novela.

Está fazendo maravilhas pelo meu humor matinal.

Eu vou continuar a torturando por um bom tempo. Ela merece.
Uma hora ela desiste e se entrega, mas até lá… eu sou um túmulo.

Muda o nome, muda o local, mas continua o desfavor. Sejam bem-vindos ao Somir Entrevista, o primeiro segundo write-show do mundo!
Mas agora eu não entrevisto mais brasileiros… Cansei de ser ignorado e maltratado pelas nossas celebridades. Eu encontrei um lugar onde os famosos são mais prestimosos com aqueles que querem apenas mostrar a verdade para o público.

Esse lugar é a Suíça! Vocês vão perceber como as celebridades de lá são MUITO mais interessantes que as nossas.

E eu já começo com um dos mais bem sucedidos músicos que ninguém conhece, Carcello Mamelo, ex-vocalista da banda Il Fratelli. Oriundo do cantão italiano da nossa querida Suíça, Mamelo experimentou relativo sucesso com sua banda e jogou tudo fora para ser cabeçudo em paz nos seus trabalhos solo.


Nota-se pelas suíças.

Mas chega de apresentações, vamos logo à entrevista:

SOMIR: Antes de qualquer coisa, Carcello, é um prazer ter você aqui.

MAMELO: O que é prazer senão a doce brisa da manhã acariciando o rosto dos apaixonados incorrigíveis? Muito embora eu não me importe.

SOMIR: É… Ok. Pois então… Ao invés de falar do passado, vamos começar pelo presente. Você acaba de lançar um trabalho solo, não?

MAMELO: Sim.

*grilos*

SOMIR: Anh… E você poderia falar mais sobre esse… trabalho?

MAMELO: Se você julga necessário… Eu me sentia muito limitado com a minha ex-banda, eu não podia desenvolver meus talentos como compositor, não podia buscar a essência do que é a música envolvida num contexto policultural que engloba o que se sente e o que se é dentro da sociedade.

E também tinha que respeitar a idade legal de consentimento…

SOMIR: Tentando traduzir para quem se importa com o significado e coerência das frases… Você não podia fazer merda enquanto participava do Il Fratelli?

MAMELO: Você ouviu nosso maior sucesso? Anna Giulia?

SOMIR: Bom ponto. Mas depois vocês se rebelaram contra o modelo fonográfico tradicional e arriscaram fazer um CD diferente, com uma sonoridade inovadora ilustrada por clipes horríveis, não?

MAMELO: Eu sempre fui fã da música popular suíça. Queria trazer um pouco dela para o nosso som, a gravadora não gostou e barrou o disco. Tivemos que procurar outra, que só pediu para nós não dirigirmos ao menos um clipe. Pareceu justo.

SOMIR:

*ouvindo o ponto*

Ok, Carcello, estamos perdendo audiência, tem gente indo até ler o kibeloco de tão chato que está. Vou ter que mudar o rumo desta conversa.

MAMELO: Sinta-se à vontade, não estou aqui para esconder nada.

*bebendo um gole de sua caneca*

SOMIR: Ótimo… Foi amplamente divulgado na mídia suíça há um bom tempo atrás que você teria apanhado do Choronne, vocalista da banda Charles Marroni Jr. É verdade que a briga teria começado pela inveja de Choronne pelo seu enorme nariz?

MAMELO: Aquilo foi uma barbárie. Ele começou a berrar que eu desperdiçava o meu potencial sendo um nerd careta e disse que eu não merecia esse presente dos deuses. Partiu para cima e quebrou meu nariz. Claro que a gente soltou uma versão diferente para a mídia, o que me impressiona é que engoliram que ele LIA alguma coisa!

Ei, eu não queria dizer isso. O que vocês colocaram na minha água?

SOMIR: Não tenho a menor idéia sobre o que você está falando.

MAMELO: Estou ficando com calor…

SOMIR: Calma, calma. Vamos continuar a entrevista. Falando em calor… Essa barba enorme não te incomoda? Eu já vi a Greta Pil ao vivo, então sei como suíças podem ser enormes, mas as suas são monumentais. Você tem algum ritual para cuidar da sua barba?

MAMELO: Essa barba só serve para não me chamarem de Emo. Na verdade é uma barba falsa. Eu posso tirá-la agora para vocês verem.

*tirando a barba*

SOMIR: Gezuiz! Parece que você tem 13 anos de idade com o rosto limpo!

MAMELO: Pois é, isso é uma mão na roda quando eu tenho que entrar na escola da minha namorada para vê-la um pouco. Ninguém sabe, mas todo dia eu fico com ela no recreio. E como ela tem que estar em casa às 21:00 todo dia, sobra pouco tempo para aproveitar.

SOMIR: Já que você mesmo entrou no assunto… Esse foi um dos assuntos preferidos dos programas de fofocas suíços nos últimos tempos. Fotos suas com a prodigiosa cantora teen de músicas para velhos Mallu Magarantz pipocaram em tudo quanto é lugar. Vem cá, Mamelo… Você escolheu a Mallu por que motivo?

MAMELO: Porque a Maísa não me deu bola.

SOMIR: Hmmm…

MAMELO: Além disso, Mallu é muito madura para sua idade, eu acho um absurdo esse preconceito contra nossas diferenças. Mulher para mim é como um bom vinho: Depois que tira a rolha perde metade do valor. E quem disse que o amor tem barreiras?

SOMIR: O estatuto da criança e do adolescente?

MAMELO: NÃO É CRIME, PORRA!

SOMIR: Relaxa, Carcello, se tem grama no campo, tem jogo.

MAMELO: Esse é o meu lema. Inclusive compus uma música baseada nisso. Quer ouvir?

SOMIR: Música só sua? Usando as suas inspirações e a sua visão sobre o que é música?

MAMELO: Sim!

SOMIR: Então não. Sabe como é, eu tenho uma audiência para manter…

MAMELO:

SOMIR: Mas não vamos deixar a peteca cair, queria finalizar a entrevista com um pingue-pongue. Eu faço uma pergunta rápida e você responde a primeira coisa que vier à cabeça, ok?

MAMELO: Ok.

SOMIR: Um livro?

MAMELO: Lolita.

SOMIR: Um filme?

MAMELO: Lagoa Azul.

SOMIR: Um ídolo?

MAMELO: Woody Allen.

SOMIR: Ok, chega. Você é um cara estranho, Mamelo. Não vou ser sentimental, como todo carnaval tem seu fim, chegamos ao fim deste programa. Mas você pode voltar outra vez… Quem sabe?

MAMELO: Adeus você.

O tema de hoje é complicado. Vou escrever, atendedo a pedido, sobre as diferenças regionais/culturais que existem no Brasil. É complicado porque é um assunto muito sério e profundo para fazer humor e também porque estou seriamente tentada a meter o pau em alguns estados. Vou tentar me controlar.

Não conheço o Brasil todo. Mas conheço todas as regiões. Não queria abordar o assunto no tom de tratado antropológico, até porque, não estou qualificada para isso, então, resolvi enfocar as diferenças regionais partindo de uma única experiência em comum, que tive em todos os lugares para onde viajei: encontrar uma lagartixa no quarto. A reação ao meu ataque histérico fala por si só, não vou precisar expressar nenhum juízo de valor nem fazer inimigos. Me limito a narrar o que aconteceu.

Sempre viajei muito, a trabalho e a lazer. E é muito comum que eu encontre algum bicho do qual tenho medo no meu quarto de hotel (não que os hotéis sejam sujos, eu é que tenho medo de quase tudo quanto é bicho). Para não criar um clima chato, vou contar diferentes experiências minhas sem dar nome ao estado, apenas às regiões. E quero deixar claro que todos os hotéis eram não só do mesmo nível como da mesma rede e todos em grandes capitais. Lá vai:

REGIÃO SUDESTE – É noite, estou no quarto do hotel me preparando para deitar e dormir. Vou tomar meu banho, como sempre tomo antes de dormir. No meio do banho, percebo uma movimentação estranha. Sou mípoe, então demorei para perceber o que estava acontecendo. Cheguei perto para olhar, foi quando a vi. Ela me olhava também. Puxei uma toalha e saí berrando para o quarto. Liguei para a recepção:

Sally: “Boa noite, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui no meu banheiro, teria como mandar alguém para matar ela para mim?

Hotel: “Perfeitamente, Senhora.”

Dez segundos depois batem na porta. Um funcionário entra, pergunta onde ela está, mata e ainda se desculpa por ter uma lagartixa no hotel. No dia seguinte tinha diversos mimos no meu quarto, como chocolates e outras coisas, como um pedido de “desculpas pelos inconvenientes”.

REGIÃO SUL – Estava desfazendo as malas e quando abro o armário para guardar a roupa, lá está ela. Gritei um “Puta que pariu! Até aqui?”, porque jurava que elas não sobreviviam a baixas temperaturas. Liguei para a recepção e repeti meu discurso:

Sally: “Boa tarde, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui dentro do armário, teria como mandar alguém para matar ela para mim?”

Hotel: “A Senhora tem preferência por funcionário homem ou mulher?”

Sally: “Desde que mate, pode mandar até um cachorro” – Será que acharam que eu queria sexo?

Chega um funcionário homem. Saio de perto. Algumas pancadas. Silêncio. O funcionário me aparece com a lagartixa ainda viva nas mãos e pergunta “A Senhora deseja que mate ou que apenas a retire do quarto?”. Porra, desde o começo eu pedi para matar, mas ele me obrigou a dizer mais uma vez. Peço para ele matar e ele esmaga a lagartixa com um jornal. No dia seguinte não se falou mais no assunto.

REGIÃO CENTRO-OESTE – Estou vendo TV, no final do dia, quando ela aparece. Estava escondida atrás do móvel da TV. Pego o telefone e ligo para a recepção:

Sally: “Boa tarde, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui no meu banheiro, teria como mandar alguém para matar ela para mim?”

Hotel: “Vou verificar”

Quarenta minutos depois, batem na porta. Acho importante contar que passei os 40 minutos encolhida em um canto do quarto vigiando a lagartixa. Abro a porta. Uma mulher entra e começa a espantar a lagartixa. Eu peço para ela matar. Ela diz que “não precisa, ela já está indo embora” e coloca a lagartixa para fora pela janela.

No dia seguinte, ela estava lá novamente. Por sorte, eu estava indo embora no mesmo dia. Deixei minhas malas na recepção e passei o dia na rua.

REGIÃO NORDESTE – Juro para vocês que o que vou escrever aqui é verdade. É bizarro demais para acreditar, mas juro que foi assim mesmo que aconteceu. Cheguei ao hotel, peguei as chaves do quarto e fui me acomodar. Acho importante contar que de todos os hotéis, esse era o com maior número de estrelas. E o mais caro de todos os eventos aqui narrados. Abro a porta do quarto e fico paralisada de medo: vejo uma lagartixa ANABOLIZADA, gigante e gorda me olhando. Por aquelas bandas, eles a chamam de “Calango”. Visão do inferno. Nem tive como pegar o telefone para ligar para a recepção, porque não tive coragem de passar por cima dela.

Dei meia volta e fui andando até a recepção. Estava apavorada, porque era realmente grande. Cheguei na recepção dando meu faniquito de mulherzinha, que costuma colar bem:

“AAAiiii moçoooo, me ajudaaaa! Tem um bicho enorme e horríveeeel no meu quaaaartooo!!!”

O funcionário arregalou os olhos, abriu um armário e pegou uma peixeira. Naquela hora eu pensei “ACHO que ele vai ficar puto quando souber que é uma lagartixa”. Ele me acompanhou até o quarto, entrou e ficou procurando. Leiam o que se segue imaginando o sotaque do funcionário:

Funcionário: “Óóóóliiii, tô vendo nãããão, acho que já fooooi emboooora”

Sally: “Ali, moço! Ali! do lado da cama, no chão!”

O Funcionário fez cara de espanto e apontou para a lagartixa com cara de interrogação.

Sally: “É moço! É! MATA! MATA!”

O Funcionário inclinou a cabeça para um dos lados e ficou em total inércia contemplativa por diversos minutos. Quando eu estava quase tendo um AVC, ele disse:

“Mato nãããããããoooo”

Sally: “Como não? Porque não?”

Funcionário: “É bicho liiindu di Deeeus”

Sally: “E EU, MOÇO? EU NÃO SOU LINDA DE DEUS NÃO! PELO AMOR DE DEUS, MATA ESSE BICHO”

Funcionário: “Maaaaatooo nãããããão”

Entrei no quarto puta da vida. Eu teria que passar vários dias por lá. Ao contrário do resto do Brasil, a lagartixa de lá era arrogante e insolente, não respondeu a meus pisões e não se afastou nem se escondeu. A dona do quarto era ela. Abri a mala e comecei a jogar coisas nela. Joguei uma bola de meia e ela nem se mexeu, continuou me olhando com cara de desprezo. Podem rir, mas foi só quando atirei uma camisa da Seleção Argentina que ela se afastou.

Comecei a chorar. Na época, peguei o celular e liguei para o Somir, chorando e gritando. Ele não entendeu nada, demorei uns 20 minutos para me fazer entender. Ele disse que era um absurdo, que eles tinham que matar sim. Eu liguei para a recepção e pedi para falar com o gerente do hotel, expliquei o que estava acontecendo e ele disse que mandaria alguém. Mais de uma hora depois, bate uma mulher na porta. Digo a ela que a lagartixa se escondeu porque eu joguei roupas nela, que estava atras do armário e ela disse que quando ela saísse do armário eu deveria chamá-la novamente.

A lagartixa saiu do armário. Eu avisei. A funcionária demorou uma hora e quarenta minutos para aparecer. A lagartixa já tinha se escondido novamente. Ela disse que não poderia fazer nada. Ligo novamente para a recepção e peço para trocar de quarto, explico o motivo. A recepcionista RI sem cerimônias e diz que todos os quartos estão ocupados, fazendo um acréscimo “Óóóóli, se a Senhora tem medo, melhooor que volte pro Rio, porque aqui tem em tudo quanto é lugaaar”.

Ligo chorando para o Somir novamente. Ele me explica que as lagartixas respiram pela pele (respiração cutânea) e que o melhor que eu poderia fazer seria ligar o ar condicionado no máximo, porque isso ressecaria a pele dela e ela teria que sair do quarto para algum lugar mais úmido. E ele também apelidou o calango de Fred.

Ligo o ar na temperatura mais baixa e vou para um shopping. Saindo do quarto, quando passava pelo parque que tinha na entrada do hotel, vi diversos calangos andando normalmente entre as pessoas, alguns até na beira da piscina.

No caminho para o shopping, vi calangos pela rua. Na porta do shopping tinha calangos também. Eu criei uma teoria: lá tem tantas moscas que as lagartixas estão hiper-alimentadas e ficam enormes. Juro para vocês, até mesmo em lugares fechados como shoppings tinha moscas por todos os lados.

Na volta ao hotel (eram dez da noite e o shopping estava fechando) entrei no quarto (gelado, por sinal) e não encontrei o Fred. Mesmo assim, dormi de tênis e toda coberta, para não correr o risco dele encostar em mim. E só dormi porque tomei um anti-histamínico que me deixa com muito sono.

No dia seguinte, ao acordar, encontro o Fred no chão do quarto, como se nada. Aquilo foi demais para mim. Gritei com o Fred: “O que você quer? O QUE VOCÊ QUEEER?” Liguei o ar em uma temperatura anti-Fred e fui tomar o café da manhã. Ao passar pela recepção um funcionário ainda fez piada com a minha cara “E aí? péééérdeu o medo du bichinhuuuu?”. Pensei: “Não, mas ganhei a convicção que do Espírito Santo pra cima eu não viajo mais”.

Voltei para o quarto, liguei para o aeroporto e mudei minha passagem para aquele mesmo dia. Fiz as malas e fui para a recepção, avisei que estava indo. Se recusaram a me devolver os dias pagos. Não faz mal, paguei para ficar longe daquele lugar. Tá valendo. Enquanto esperava o funcionário da recepção chamar um táxi (tudo é em slow motion), passa um casal gays na recepção, um era gringo e o outro nacional. O mesmo funcionário que tinha se recusado a matar a lagartixa me solta o seguinte comentário: “Óóóóóliii! Mas tem é que mataaar um cabra deeeeesses!”. Olhei chocada e respondi “Moço, o Senhor se recusou a matar uma lagartixa mas acha que tem que matar um ser humano?” e ele respondeu “Issssu não é geeenti nãããão!”. Eu, quase beijando minha passagem de volta disse “Quer dizer que o senhor mataria um colega seu?” e ele finalizou “Nãããão! aqui não tem freeescu não!!! Vem tuuudo de Péééérnambuco!”. Entrei no táxi sem nem me despedir.

No aeroporto havia calangos. Do lado de dentro. Antes de ir embora, no melhor estilo Carlota Joaquina, bati um sapato no outro e disse “Desta terra eu não quero nem o pó!”.

REGIÃO NORTE – Estou jantando em um lugar a céu aberto quando se aproxima uma lagartixa. Fico de olho, só esperando o atendente chegar para pedir para que ele mate ou chame alguém para matar. Faço um sinal e ele faz que sim com a cabeça, está acabando de servir uma mesa ao lado e depois vem. Fico de olho nela, essas pragas quando se escondem ninguém acha. Do nada, surge um bicho peludo que eu não sei identificar (talvez por ser míope ou talvez porque lá é cheio de bicho exótico) e COME a lagartixa. O atendente se aproxima e pergunta: “Pois não?” e eu respondo “Uma fatia de torta de chocolate, por favor”.

Welcome to the jungle.

Dedico esta postagem à Camilla, que sugeriu o tema via e-mail.

O povo pediu. E o povo manda em mim. Hoje vou me arriscar em um tema ingrato: como esquecer aquele Zé Ruela que claramente não quer mais nada com você. O tema é ingrato porque não existe uma fórmula para esquecer alguém. Aqui me aventuro eu, em um estelionato intelectual, tentando ajudar. Mas já adianto que não devolvo o dinheiro se não funcionar.

A situação é a seguinte: ele caga e anda para você, não te trata como você merece e dá sinais de descaso e falta de consideração o tempo todo. Mas, por algum mecanismo bizarro você continua gostando dele, cada vez mais. Sim, Minha Amiga, isso é um desfavor. Mas quem nunca passou por isso?

Tudo que posso fazer por vocês, tentando não cair na auto-ajuda, é dar algumas dicas, que PARA MIM funcionam nesse momento de merda onde você passa por uma situação tão… de merda difícil. Mas veja bem, não são dicas para amenizar o sofrimento não. São dicas para não involuir. Render-se nunca, retroceder jamais.

NÃO TENTE EVITAR O SOFRIMENTO

Infelizmente (ou felizmente?) não existe uma máquina no estilo “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” que apague o Zé Ruela da sua mente. Seria bom? Não sei, o sofrimento é necessário. O doce não seria tão doce se você não tivesse provado do sabor amargo. Quem tenta correr do sofrimento sempre se ferra, o sofrimento corre mais e te pega. Ok, este parágrafo está brega…

O que quero dizer é que se você gosta de um animalzinho e chegou à conclusão de que ele não gosta de você e se dispôs a esquecê-lo, tem que aceitar uma premissa: VOCÊ VAI SOFRER. Ora, sofrer faz parte do processo para esquecer alguém. Nem pense em fugir do sofrimento, uma hora ele chega. Aceite de bom grado, vivencie o sofrimento porque ele é o meio que vai permitir que você feche o caixão do Zé Ruela.

Não estou dizendo que tem que se deprimir e ficar em casa chorando. Só estou dizendo que não adianta se entupir de remédios, bebida ou qualquer outro meio que “anestesie” ou disfarce o sofrimento (a menor que exista uma indicação médica para tal). É varrer a poeira para baixo do tapete.

Isso evita que você se pegue chorando seis meses depois, por causa de uma “angústia arquivada” que você não deu vazão quando tinha que dar. Também ajuda a não ter uma recaída quando encontra o Zé Ruela, porque as coisas ficam mais bem resolvidas dentro de você. (mesmo assim, algumas vezes acontece)

Sofrimento passa, (antes do que a gente imagina) e não mata. Só tem medo de cair quem não sabe levantar. Sofra, vivencie a perda. Mas estipule-se um prazo razoável para isso. Você deve se conhecer e saber mais ou menos o tempo que dura seu luto. O meu, para relacionamentos costuma durar um ou dois meses.

CERTO – Se permitir sofrer e chorar por umas semanas e/ou se entregar completamente à dor por poucos dias, até decidir que chega, que a vida continua.

ERRADO – Passar toda a semana com o mesmo pijama sem sair, estudar ou trabalhar, agarrada a aquela camiseta que ele esqueceu na sua casa, que você fica cheirando de tempos em tempos para lembrar dele e só sair de casa para ir à Tenda de Mãe Rita de Ogum, que traz a pessoa amada em três dias para doar R$300,00 para esta senhora.

RESPEITE SEU LUTO

Aceitou que vai sofrer? Ótimo.

Agora tenha em mente que você tem todo o direito de sofrer da forma que quiser. Uso a mim mesma como exemplo para explicar o que quero dizer: minhas amigas criaram uma lenda urbana de que quem sofre por amor tem que sair e badalar, isso cura tudo. Já me obriguei muito a sair estando triste e isso me era muito desagradável. Aprendi a me respeitar e ignorar essa imposição social de “você tem que sair, não vou te deixar em casa e não aceito não como resposta”. Elaboro meu luto no meu cantinho e só boto o nariz para fora quando a ferida já está parcialmente cicatrizada. Ninguém melhor que você para saber qual a melhor forma de superar. Não aceite fórmulas dos outros, o que dá certo para uma pode não dar para outra.

O que você deve pedir para suas amigas (e uma boa amiga já o faz, mesmo sem pedido), é que sejam fiscais do bom senso. Tem que respeitar sua forma de viver o luto sim, mas quando a coisa ultrapassa os limites do bom senso, tem que te sacudir. Ficar duas semanas sem badalar é aceitável, ficar dois meses trancada em casa não. É nessa hora que entram as amigas. Porque nessas horas de sofrimento a gente perde o bom senso.

CERTO – Não sair porque sabe que vai chorar em público e vai se sentir humilhada.

ERRADO – Sair e contar com detalhes toda sua história para aquele infeliz que te aborda casualmente na boate dizendo “Oi Gata, tudo bem?”: “Não, não está nada bem, o João, aquele safado, sabe o que ele fez? (…)”

AFASTE-SE

Ele é uma pessoa bacana? Você quer ser amiga dele? Ótimo. Mas tem que esperar passar uns meses. Eu acho muito difícil e doloroso conviver com alguém que você gosta e que não está retribuindo (ao menos não como você gostaria). Torna tudo mais difícil. Se poupe.

O chato é que tem alguns Zé Ruelas que não querem se afastar. Sim, eles gostam de saber que você está lá no banco de reservas, pagando paixão. E se puderem, vão fazer de tudo para te manter ali. Seja firme, forte e educada: “Desculpa, Fulaninho, também gosto muito de você, podemos ser amigos em um futuro próximo, mas agora não dá, porque seria doloroso para mim. Se você gosta de mim, peço por favor que não me procure nem me ligue por um tempo, eu te procuro quando estiver pronta para ser sua amiga”.

E não atenda o telefone quando ele ligar. Não responda torpedo. Não responda e-mail. Não recompense essa atitude canalha dele de sabotar seu processo de luto. Se responder uma vez, ele vai fazer sempre.

CERTO – Recebeu um torpedinho dele? Apague. Você não vai passar por mal educada porque já explicou a situação para ele de forma clara. Mal educado é ele, que não respeitou seu pedido.

ERRADO – Receber um e-mail dele e responder com 200 linhas explicando porque não vai responder o e-mail dele.

QUEIRA ESQUECER

Nietzsche saúde! disse, em uma simplificação muito tosca, que na verdade nós não gostamos de outra pessoa, nós gostamos DE GOSTAR de outra pessoa. Concordo em parte. Já me vi muitas vezes apegada ao sentimento que tinha pela pessoa. Reflita se você não gosta de gostar dele e quais são seus ganhos secundários nisso. É cômodo? Porque você insiste em alguém que não quer ficar com você? É bom ter as pessoas te mimando porque você está triste? Isso te desvia a atenção de outras tristezas maiores? São mil possibilidades. Pense e tente descobrir as suas. Desvendando o ganho secundário você quebra esse mecanismo que te aprisiona a essa situação de sofrimento.

Ninguém é inesquecível. Tem que querer esquecer. Não alimente esse sentimento. Ponha na sua cabeça que não deu, ele não quer e você tem e VAI esquecer.

CERTO – Quando bater aquela sensação de que você nunca vai esquecer, bote o lado racional para dominar a situação e pense “Parece que não vai passar nunca, mas VAI PASSAR. Passa para todo mundo, vai passar para mim” e segure as pontas até passar.

ERRADO – Ignorar os 327 sinais que ele deu de que está cagando e andando para você e se apegar a um único sinal duvidoso como fonte de esperança: “Ele disse que me vê como amiga, que quer ficar sozinho, mas poxa, ele também disse que meu novo corte de cabelo está bacana, ele deve me amar…”

FALE

Amigas servem para isso. É normal que você fique monotemática por um tempo. Fale, fale, fale. Quando colocar tudo para fora vai se sentir melhor. Fale até cansar. Eu acho que falar sem parar ajuda a mulher a elaborar a perda. Não tenha medo de aborrecer a sua amiga, um dia pode ser ela no seu lugar e você vai estar lá para escutar. Faça sua amiga responder mil vezes a mesma pergunta. Fale. Ligue de madrugada para ela e fale.

Mas veja bem, só para grandes amigas.

CERTO – Bateu aquela vontade de ligar para ele, porque nesse mesmo horário vocês sempre se falavam ou porque você viu algo que lembrou dele? Ligue para sua melhor amiga e FALE.

ERRADO – Falar para todo mundo, colocar no about me do Orkut “Estou sofrendooooo”, colocar no nick do msn “Tristeza sem fim” com a frase “esse amor que não passa nunca” e qualquer outra modalidade de ostentar sofrimento. Ostentar sofrimento ou felicidade é brega, soa falso e histérico. Poupe sua intimidade, se ame.

Para as mais assanhadas, eu recomendo um santo remédio: aulas de dança (qualquer dança, desde a vulgaridade do axé e funk, até a sofisticação de um tango) com um professor de dança LINDO (e geralmente eles são). É o “efeito Dirty Dancing”. Quem nunca teve um affair com um professor de dança não sabe o que está perdendo. Esquece o Zé Ruela em dez segundos… hahahaha

Quem morar no Rio de Janeiro entre em contato comigo, tenho muitos nomes e telefones. Desde já as convido para fazer muitas aulas de dança comigo! inteligência é o caralho! eu quero é homem gostoso, para ir a museu eu vou com amiga! hahaha

Dedico esta postagem à Vitória, que sugeriu o tema nos comentários da minha última postagem.

O tema da semana é: Como se cuidar de um animal de estimação.

“Nossa, que polêmico…” *bocejo*

Não tirem conclusões precipitadas, leitores e leitoras. A forma como uma pessoa trata seu animal de estimação diz MUITO sobre a personalidade dela.

Se eu quisesse um brinquedo, eu escolheria um que não caga.
Começo assim porque diferentemente da sessão passada, esta coluna não trata de mulheres frescas e homens racionais. Esta trata de um ideal.

Um ideal que só homens conseguem expressar corretamente: Liberdade.

Liberdade de ser o que é, liberdade de tomar suas decisões e assumir as responsabilidades por isso. Quem acredita nisso coloca esse ideal em prática em todos os campos da sua vida.

E o seu animal de estimação é um reflexo direto do seu compromisso com a liberdade. Eu sempre preferi gatos a cachorros. Questão de gosto e questão de admiração pela espécie… Um gato não vive em sua função, um gato compartilha um ambiente com você.

Pra mim essa é a graça do animal. Ele é honestidade pura, ele é escroto quando quer, ele é carinhoso quando precisa e quando você o trata mal, ele some de perto de você. Eu gosto de desafios… Não tem a menor graça ser querido por um animal que vai gostar de você apesar de praticamente qualquer problema.

Fidelidade pra mim é mérito e não obrigação. Faz se quiser, porque se for por qualquer outro motivo, não vale nada.

Não estou advogando a causa de gatos serem melhores que cachorros, já tive cachorros antes e eles tinham personalidades incríveis. Sim, animais têm personalidades.

Eu adoro isso. A minha CARA companheira de blog não. Sally gosta de animais de estimação carentes e sem a menor fagulha de espontaneidade. Um desfavor…

Eu critico a Sally aqui, mas essa crítica pode ser estendida para a maioria das mulheres. Já perceberam como animal de estimação de mulher é um NOJO? Chatos, ciumentos, inseguros e vingativos. E isso é culpa DIRETA de vocês, CARAS mulheres.

Vocês já viram algum animal selvagem com FRESCURA? Eu não. Mas experimenta colocar um cachorrinho na mão de uma mulher para ver como ele vai ficar…

“Mas desde quando cachorro é animal selvagem, Somir?”

Comeram cocô? O que você acha que um animal irracional vai ser? Ele nasceu selvagem e vai morrer selvagem. O máximo que dá para fazer é ensiná-los formas de tornar a convivência com você mais frutífera e agradável.

Ou vai dizer que não acham o máximo quando o poodle cor-de-rosa pula na frente de um pit-bull raivoso para proteger o dono? ISSO SIM É A NATUREZA DO ANIMAL!
E não essa coisa ridícula e vergonhosa de cachorrinho de madame. Acho até que quando um cachorro tem que defender A donA ele deve ficar dividido.

“Devo fazer a coisa certa ou continuar sendo uma peça de decoração para continuar sendo amado?”

Sim, porque mulheres fazem isso. Fazem com animais irracionais e fazem com os racionais também. Só que os racionais ganham sexo ao invés de biscoitos quando deixam de seguir sua natureza…

Lembram que eu falei de fidelidade como mérito?
Qual a graça de ser amada por um animal que ficou tão INÚTIL que tem medo de ficar longe da dona por cinco minutos? Por que é isso que pessoas como a Sally fazem com seus bichos. Ela COM CERTEZA vai dizer que trata bem, nunca deixa faltar nada e que eu sou um monstro que não dá comida para o próprio gato. Tudo balela. Ela sabe que no final das contas, a única pessoa que realmente se importa com o bem-estar do animal sou eu.

Um gato, um cachorro ou um periquito, que seja… Nenhum deles é um brinquedo. Eles não são a sua Barbie para adultas. Eles são seres vivos com personalidades incríveis que podem ser desenvolvidas para o bem ou para o mal.

Exemplo? O meu gato, o Goiaba, que ilustra essa postagem.
(Sim, esse é o nome dele. Ele é um gato, animal irracional e está cagando e andando para o nome… Nisso eu posso fazer o que eu quiser.)

O Goiaba foi criado com a liberdade de sair quando quiser, de ficar perto de mim quando quiser e de tomar suas pequenas decisões. Resultado?

Ele nunca passou mais que algumas horas longe das vistas, NUNCA fez suas necessidades fora do lugar designado, está sempre limpíssimo e com o pêlo brilhante, nunca ficou doente, jamais arranhou ou mordeu alguém sem motivos honestos. (Por mais que ele precise ser pego pelo veterinário às vezes, eu acho justo que ele odeie…)

Goiaba tem personalidade, me cumprimenta com um miado toda manhã (UM miado), fica ofendido quando eu viajo, expulsa os gatos vizinhos do meu quintal, tem medo de crianças e ódio de veterinários. E ele gosta de mim. Não precisei forçá-lo em momento algum, simplesmente MERECI deixando ele ser ele e mostrando os limites.

Ah sim, Goiaba gosta da Sally também. Mas gosta porque manda nela. Ele foi criado para ser independente, mas não ignora carinho. Sally se derretia por ele, grudava no bicho e enchia ele dessas comidinhas viadas para gatos. Goiaba foi criado para ser esperto, ele que não ia deixar de explorar o elo-fraco da casa. Me mata de orgulho!

Agora, perguntem para a Sally o que os animais de estimação DELA fazem além de cagar em tudo quanto é lugar e dar escândalo por qualquer coisa…
Está na cara quem cuida melhor do seu animal.

Animal não é brinquedo.


Aposto que Madame tentou desmerecer minha forma de agir com animais de estimação. Típico.

obs: Madame = Somir

Eu tenho muito claro na minha cabeça que bicho é bicho e gente é gente. Não sou favorável a excessos no trato de animais de estimação e não acho que eles sejam um instrumento para suprir carência dos seres humanos.

Entendo como excessos você colocar um bicho na mesa de jantar para comer com você, dar beijo na boca do animal, pintar as unhas do bichinho, dar leite condensado para ele comer e vesti-lo com roupas ridículas. Se bem que, dependendo da raça e do lugar onde se vive, uma roupinha é NECESSÁRIA, pois animais de pêlo curto, especialmente cães pequenos, podem até mesmo morrer de frio. Mas tem uma diferença entre um casaco funcional e uma roupa de cinderela.

Respeitadas normas básicas de bom senso e higiene, não vejo a menor necessidade de manter um distanciamento frio do animal de estimação, como o faz a Madame de cima. Não vejo grandes dramas, por exemplo, em dormir com um gato aos pés da cama. Mas aparentemente isso é o fim do mundo, se no meio da noite seu gato sobre na cama e você não o chuta contra a parede, você é “Maluca, sem noção e Felícia”.

Não vejo problema em dar carinho a animais de estimação. Não vejo problema em dar carinho quando eles pedem. Animais tem necessidades afetivas. Se um gato ou um cão está pedindo sua atenção, não custa nada brincar dez minutinhos com ele. Quem pega um filhotinho e o separa de sua mãe deveria pensar muito bem nisso. Não é o animal que vai suprir sua necessidade afetiva, é VOCÊ que vai ter que suprir as dele, porque você o tirou de sua família.

Também entendo parte da responsabilidade de ter um animal cuidar dele. Estou maluca? Não, né? E quando falo em cuidar, me refiro a alimentar (que tipo de monstro esquece de dar comida para seu animal de estimação? S _ _ _ _ ), dar as vacinas necessárias (quem é o irresponsável que não vacina seu animal? S O _ _ _ ), dar banho nele (que tipo de pessoa porca não dá banho no seu bicho? S O M _ _ ) e mantê-lo em segurança (quem é que deixa seu animalzinho na rua, sumido por dias? S O M I _ ).

Alimentar, cuidar da saúde, da higiene e da segurança é ser fresca? Ok, então talvez eu seja.

Mulheres costumam ser mais sensíveis e ter mais facilidade para demonstrar afeto e carinho do que homens (exceto essa nova horda de homens com sutiã). Não vejo sinal de fraqueza em fazer meu animal feliz. Nem espero que o homem se porte da mesma forma que eu, só que ME PERMITA que eu me porte assim sem uma infinidade de deboches e ironias.

E para a relação com o animal (o de estimação, não o Somir) funcionar, o ser humano tem que ser o alfa da matilha. Animais precisam de limites, é assim que eles vivem na natureza. Então, quando seu namorado diz para você “Não dou banho no Goiaba porque ele não gosta” (Goiaba = um gato que vive em uma casa com quintal), é normal que você fique chocada. Como assim “não gosta”? E gato por acaso tem que gostar ou deixar de gostar de uma coisa que é necessária? No momento em que eu entrei na loja e comprei ele e o separei da mãe, cabe a mim zelar pelo seu bem estar e sua saúde. Ele VAI tomar banho, gostando ou não, porque quem sabe o que é melhor para ele sou eu.

É um verdadeiro desfavor gente que compra um animal de estimação e espera que ele viva da forma como mais lhe agrade. Se nossos cães fossem auto-suficientes, não estariam andando com coleiras. Se jogar veneno no chão, o cachorro come. Dá para lavar as mãos e dizer “Olha, ele comeu porque ele quis, a escolha foi dele, não posso fazer nada”?

O afeto “em excesso” só faz mal quando não vem acompanhado de disciplina. É um desfavor gente que pensa que tem que gostar “mas não muito” do seu animalzinho se não ele fica mimado. Pode gostar muito, dar carinho o dia todo, desde que coloque limites quando necessário (tipo, vai tomar banho mesmo se não gostar do banho).

O que Madame escreveu pareceu coerente? Pois então perguntem quando foi a última vez que Goiaba tomou uma vacina… ou melhor, perguntem SE alguma vez na vida esse gato já foi vacinado… E perguntem também o porquê… “Goiaba não gosta de subir no carro para ir ao veterinário”.

Depois sou eu que mimo os bichos, né? O gato não gosta de subir no carro? Qual a opção mais coerente: fazer valer sua condição de alfa e botar ele no carro, se preciso for, debaixo de cacete, porque é para o bem dele, ou deixá-lo exposto a doenças e expor a vizinhança também? Eu não mimo bicho, eu sou carinhosa e afetuosa, mas quando precisa, tenho pulso firme. Perguntem ao Goiaba, que era tido como “um gato quase-selvagem, impossível de dar banho” se ele não tomou vários banhos nos tempos de ouro do meu reinado por ali? Impossível? Impossível é meu cu! (com trocadilhos, por favor). Madame, com 1,80m acha impossível dar banho no gato, no entando, a mocinha aqui, com um metro e meio, lavou e passou o gato dele. Ainda sequei com secador.

Como o Somir, existem vários cometendo o mesmo erro! Peço aos homens adeptos desse entendimento equivocado que reflitam e tratem melhor seus animais de estimação, porque o segredo para uma boa educação não é economizar na atenção e no carinho e sim se dar ao trabalho (porque é um trabalho do cacete) de educar. É muito mais fácil e cômodo dizer “Ele não quer…”. Mas criar um animal dá trabalho, se não quer trabalho nem tente. Existem coisas que independem do querer do animal, o querer do dono é soberano. Caso contrário, cuidado, em breve seu animal pode estar te levando para passar em uma coleira…

Eu sinto falta do Goiaba…