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Desfavor da semana: Pulseiras do Sexo.

| Desfavor | | 18 comentários em Desfavor da semana: Pulseiras do Sexo.


FONTE

O assunto rondava as discussões de cúpula do desfavor já faz um tempo. Quando surgiu a notícia das “pulseiras do sexo”, a própria definição da idéia já era um grande desfavor. Mas por motivos variados, acabávamos sempre deixando o assunto para depois.

Por sorte (modo de falar) uma garota de 13 anos de idade alegou ter sido estuprada em Londrina, PR, após ter sua pulseira preta arrebentada por um grupo de quatro rapazes mais velhos. Os rapazes rebateram dizendo que a garota estava lá por livre e espontânea vontade. As pulseiras que usava e o fato de saber o significado delas não ajudam muito na presunção de vítima. Mas, a lei diz que menores de 14 anos no Brasil não podem consentir quando o assunto é sexo. Seja lá qual for a verdade, foi um estupro do ponto de vista legal.

E ainda não chegamos no cerne da questão desfavorável: O que diabos a garota de 13 anos estava fazendo com essas pulseiras?

Somir

Pulseira preta? Pulseira roxa? Eu precisei me inteirar sobre o assunto, já que felizmente não mantenho contato com nenhum adolescente idiota. Vamos começar do começo: A idéia das “pulseiras do sexo” surgiu na Inglaterra, onde se configurou o jogo. Garotos e garotas utilizam o acessório em seus pulsos, nas mais diversas cores. Quem for capaz de arrebentar uma delas ganha em troca um favor. Um favor “afetivo/sexual” relacionado com a cor da pulseira arrancada.

Acho uma bobagem transcrever a função de cada cor, mas para fins argumentativos, lembremos que a pulseira preta significa sexo. Se um rapaz arrancar a pulseira preta de uma garota, ela fica “obrigada” a transar com ele.

Percebam o “obrigada” em termos. Se um velho balofo e fedido arrancar a pulseira preta de uma ninfetinha, ela vai dar para ele?

Pois bem, muito embora o conceito seja cretino, não é como se a pulseira fosse a culpada pela promiscuidade. É mais um de tantos códigos que adolescentes usam na sua interminável guerrinha social. As coisas continuam acontecendo seguindo uma certa ordem. Sexo é uma preocupação incrível nessa idade, e atualmente é algo ainda mais importante na definição do status social de um espinhento. É ÓBVIO que adolescentes, em sua maioria, usam isso para fazer pose e não se sentirem deslocados do grupo. Se decorrente do hábito conseguirem aliviar um pouco a pressão hormonal típica da idade, melhor ainda.

Mas não é como se as pessoas que usam essas pulseiras tivessem assinado um contrato com o diabo e fossem obrigadas a obedecer ao código sob o risco de perderem a alma… A gostosa burrinha da turma ainda vai continuar dando para o riquinho ou bandidinho da turma. O mundo não mudou. Não precisamos de medidas inovadoras para lidar com problemas decorrentes das pulseiras do sexo. Meninos e meninas criados por pessoas estáveis e inteligentes não vão fazer tanta besteira na adolescência quanto seus colegas criados por gente problemática.

E as leis existem por um motivo… Por mais que muita menina de 11, 12 anos de idade já seja sexualmente ativa hoje em dia, nada muda o fato de que nessa idade ainda falta desenvolvimento intelectual para disputar de verdade com adultos (razoavelmente inteligentes). É muito mais fácil pressionar uma garota de 12 anos a fazer algo que você quer SEM usar violência do que uma de 18. E além disso, a tendência do aborrescente de não assumir as responsabilidades de seus atos é grande.

Não é socialmente inteligente deixar pessoas muito jovens fazerem o que bem entenderem. Temos uma certa ordem para manter.

Claro que a própria noção de que uma pessoa usa um acessório cujo objetivo é demonstrar o quanto está disposta a ir sexualmente com (teoricamente) QUALQUER UM é absurda e “barata”. Eu deserdaria um filho que usasse uma dessas, não por promiscuidade, mas sim para aprender que eu não tenho nenhuma tolerância à comportamentos e atitudes de gente vazia e limitada.

Bom…

Imaginemos uma garota de 13 anos de idade, criada por pessoas inseguras e com dificuldade de assumir responsabilidades… Ela viu seus colegas usando as pulseiras do sexo. A idéia não lhe parecia problemática, e ainda por cima seria um bom jeito de ser mais aceita. (Acho que todos lembramos da importância disso nessa idade…)

Imaginemos então que quatro rapazes mais velhos arranquem sua pulseira preta e ela tenha que decidir rápido entre seguir com o jogo ou dar um escândalo para escapar da situação. Ela decide que vai se arriscar.

Ela não gosta do resultado. Ela volta para casa arrependida. Seus pais finalmente prestam atenção e a apertam. Adivinha só o que essa garota faria? Jogaria tudo nas costas dos outros. Os pais, que a criaram assim, obviamente entrariam no jogo.

E várias outras pessoas, cagando de medo de ter que assumir a responsabilidade sobre as pessoas que criaram, entram no jogo. Culpando os “estupradores” (que não devem ser grandes coisas também) e principalmente… as pulseiras.

“Quero só ver um objeto inanimado nos contrariar! É culpa das pulseiras!”

Os rapazes disseram que ela seguiu com eles por vontade própria. Eu não duvido. Não porque acho a garota uma vadia (talvez seja, mas esse não é o problema… mil vezes uma vadia que sabe o que quer do que uma puritana hipócrita) e sim porque o próprio fato de estar usando a pulseira já indica que não é uma pessoa que pensa muito nas conseqüências do que faz.

Eu não conheço os envolvidos, estou conjecturando sobre o que realmente aconteceu. Como eu já disse, existem várias formas de se pressionar uma adolescente a fazer algo sem o uso da força física. Tem gente que é criada para não conseguir dizer “não”. E surpresa: Várias usam essas pulseiras.

Boa educação e experiência de vida são de grande valia quando se tem que decidir se vale a pena seguir um grupo de estranhos para um local desconhecido com a promessa de sexo. Uma mulher razoavelmente centrada já saberia se isso seria algo de seu agrado ou não.

Não julgo as meninas que saem dando por aí, a buceta é delas. Agora, se vai aprontar uma dessas de acusar homens de estupro (sentença de morte na cadeia e grandes chances de morte social do homem), é bom que não seja para encobrir o fato de que se fez uma escolha, seguiu com ela e não gostou do resultado. A pulseira pode ser um bode expiatório também para o adolescente querendo se livrar das conseqüências do que faz.

É por isso que as nossas leis não defendem mulheres maiores de idade que consentem sexualmente e depois, por motivos alheios ao ato, resolvem lidar com isso culpando os outros. Uma hora ou outra temos que parar de limpar as cagadas dos pais que adoram enfiar gente nesse mundo sem a menor noção do que fazer depois.

Para dizer que deveriam inventar a pulseira azul e vermelha, que faria a pessoa chamar a polícia e acusar quem a estourou de roubo, para dizer que eu estou ficando velho (estou e adoro isso!), ou mesmo para fazer algum discursinho babaca reclamando da relativização de um “estupro”: somir@desfavor.com


Sally

Quando li as manchetes pensei logo em uma cena aterrorizante: “Adolescente é estuprada por usar pulseiras do sexo”. Imaginei um marginal agarrando uma menina no meio de uma praça deserta, à noite, tapando sua boca e arrastando-a para um canto escuro enquanto fazia sexo com ela apontando uma faca para seu pescoço. A palavra “estupro” faz a gente pensar em sexo sem consentimento e com violência.

Mas não foi bem isso que aconteceu. Em Londrina (depois carioca que é vagabunda, né? ahãn… hipocrisia? Oi?), uma menina de 13 anos conheceu alguns garotos em um ponto de ônibus, bateu um papo e foi embora. No dia seguinte se reencontraram e um dos meninos arrebentou sua pulseirinha preta, o que lhe daria como prêmio sexo. Cobrou da menina o direito adquirido ao arrebentar a pulseira e a menina aceitou, sem ser ameaçada, obrigada ou coagida, a acompanhá-los até a casa de um deles fazer sexo. Mais: fez sexo com três dos quatro que estavam ali. Vou te contar uma coisa, essa aí e PROFISSA, viu? Deixa muita vadia carioca no chinelo!

Se a menina concordou, porque é estupro? Porque o Código Penal presume que uma pessoa menos de 14 anos não tem discernimento para decidir se quer ou não fazer sexo com alguém, então, sempre que se fizer sexo com um menor de 14 anos, a lei presume o estupro, mesmo que exista o consentimento (juridiquês: estupro de vulnerável).

Bacana. Ela não pode fazer sexo, mas pode andar com uma pulseira na pata que significa “se você me arrancar ganha o direito de fazer sexo comigo”. Porque se os meninos forem responsabilizados, eu acho que, em algum nível, ainda que não no criminal, esta mocinha de 13 anos também deve ser responsabilizada.

Engraçado que no depoimento, acompanhada pelos pais, a menina disse que “não sabia muito bem” o que as pulseiras significavam. Porém suas amigas relatam que ela sabia muito bem – e como. Aliás, eu sei que chega até a ser clichê culpar os pais, mas porra, onde estavam esses pais que não perceberam que a filha usava as pulseiras do sexo? Os pais não sabiam? Lamento, ter filhos não é fácil, tem que estar sempre atento, sempre ligado, sempre esperto. Deveriam ter observado e fiscalizado melhor a filha. Ter filhos dá trabalho, se não quer ter trabalho, faça como eu e use camisinha.

Quanto aos meninos, bem, joguem pedras se quiserem, mas eu não acho que eles tenham feito nada de errado. Eles não sabiam que a menina tinha 13 anos. Convenhamos, tem umas potrancas por aí que você realmente não diz que sejam menores de 14. Trataram a menina da forma como ela se deixou tratar: uma pessoa que anda com uma oferta de sexo no pulso não pode chorar e reclamar por respeito.

Se ela ao menos tivesse se recusado a acompanhá-los… Mas não, ela foi por vontade própria. Talvez por medo de parecer infantil ou por medo de ser ridicularizada, vai saber. Mas com certeza não foi obrigada. Existem decisões judiciais relativizando essa presunção de estupro de menor de 14 anos, decisões que dizem que existem meninas de 13 anos e existem mulheres de 13 anos. O que se passa pela cabeça de uma menina que vai à casa de um estranho, que conheceu na véspera, disposta a fazer sexo? Façam um favor: punam os PAIS dessa criatura!

A notícia ganhou destaque na mídia e neguinho já está querendo mostrar serviço: “Justiça de Londrina proíbe o uso das pulseiras do sexo”. É mesmo? Então me digam, qual é a conseqüência jurídica para aquela pessoa que usar a pulseira? Porque dizer que proíbe é facin facin, só que proibição sem conseqüências não tem efeito nenhum. Quero saber qual vai ser a medida adotada se alguém descumprir esta proibição, porque tá me cheirando a um simples “cala a boca”. Proibir sem qualquer conseqüência acaba é por estimular mais ainda o uso das pulseiras.

Devemos culpar as pulseiras? Olha, pelo que tenho visto, meninas de 12, 13 anos estão fazendo sexo por aí, com ou sem pulseiras. Provavelmente essa menina já tinha feito sexo antes. Parece mais um problema de educação, de criação do que o uso das pulseiras em si. Adianta proibir as pulseiras, se os pais continuam perdendo o controle sobre seus filhos? Amanhã vão ser as “unhas do sexo”, onde cada esmalte simboliza um ato libidinoso. Daí proíbem os esmaltes de unha. Depois de amanhã será o “prendedor de cabelo do sexo” e por aí vai. Quem quer fazer putaria, arruma outros códigos. Burrice proibir as pulseiras.

Também não vejo como os meninos possam ter “se aproveitado” da “inocente” menina. Dá um tempo! A menina desfilava com um convite para o sexo no pulso! Vamos parar de chamar estes meninos de “marginais” e termos semelhantes? Podia ser o seu filho ou o seu irmão. “Mas Sally, a menina também podia ser sua filha”. Não, não. Se fosse, levava uma surra em praça pública e eu JAMAIS iria a uma delegacia foder com a vida de outras pessoas porque minha filha, contra tudo que ensinei, concordou em ir para a casa de um estranho fazer sexo com ele.

Vamos parar de ser hipócritas: ou cuida-se dos filhos, acompanhando de perto cada passo, cada aquisição, cada comunidade do Orkut, cada amigo, cada escolha, ou então se “entrega para Deus” e não se obriga que o Judiciário assuma papel de educador.

Outra coisinha: pressão em meninas muito jovens para fazer sexo SEMPRE existiu, independente de pulseiras ou outros adereços. Em qualquer festinha vai ter alguém tentando comer a sua Princesinha que até ontem brincava de boneca. Não tem como poupá-la disso, não tem como proibir. Tem como EDUCAR para que ela saiba dizer não e impor limites.

Uma pena que uma questão doméstica tenha que ser regulada pelo Judiciário. Uma pena que pais não consigam ensinar às suas filhas valores básico como, por exemplo, não fazer sexo com estranhos. Que merda, hein?

Para dizer que quando eu tiver filhos vou ter que engolir esse discurso, para me mandar usar a pulseira cor grená que simboliza sexo anal sem lubrificante ou ainda para dizer que você pretende fazer como eu e usar camisinha para todo o sempre porque colocar um filho neste mundo não dá não: sally@desfavor.com


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