Nomes de Candidatos 2024 – Parte 5
Estava na dúvida sobre qual seria o melhor lugar do Nordeste para fazer nossa maravilhosa pesquisa de cunho antropológico. O Google me ajudou: pesquisei “pior IDH do Nordeste” e saiu nosso vencedor. Hoje, no Anula Eu Piores Nomes de Candidatos (PNC para os íntimos): Maranhão.
Devo confessar que, apesar das baixas expectativas, eu consegui sair decepcionada. Deixo aqui nosso mais sincero agradecimento à família Sarney por transformar esse local em algo tão precário e nos fornecer este material de qualidade.
O simples nome dos Municípios já mereceria ser incluídos na lista. Você sabia que existe Amapá do Maranhão? Nem Amapá original deve ter muito orgulho de ser Amapá, imagina um spin-off.
Tem de tudo um pouco, meus queridos. Municípios com nome de difícil pronúncia e compreensão, como Axixá e Apicum-Açu, Municípios com nome que exala subdesenvolvimento, como Brejo da Areia e até Municípios que despertam risos, como Nova Iorque.
“Mas Sally, não seja preconceituosa, você nem conhece o lugar para falar mal”. Com a graça do bom Deus eu não conheço o lugar, minha cota de karma eu resgatei quando morei em Salvador e no Rio de Janeiro, não quero conhecer mais nada do Espirito Santo para cima. Em todo caso, não estou falando mal nem do lugar nem das pessoas, estou falando mal do nome escroto, e para isso, basta conhecer o nome.
Para aqueles que se recusam a acreditar em uma realidade tão sombria para o país, é só consultar os nomes dos candidatos aqui e perder toda e qualquer fé no Brasil.
Sem mais delongas, pois o Maranhão e enorme e muito fragmentado.
Na categoria “mudou para pior” temos os candidatos que escolheram trocar seus nomes de batismo ou acrescentar a eles nome igualmente runs ou ainda piores. É o caso de Caibim (se chama José), Cibitinho (se chama Elizeu), Xexeu da Capeloza (se chama Manoel Alves), Buguelo Turismo (se chama Antonio da Silva), Curto Hoots (se chama Moacyr Costa) e Nhoré (se chama Luis Fenrnando Costa).
Temos ainda Cavador (se chama Antonio), Fifon (se chama Adaílson), Nenovo (se chama José), Fuica (se chama Valdemir), Caboça (se chama José), Makenhau (se chama Jucivaldo de Souza), Chibe (se chama Alex), Cacita (se chama Gerson), Bajuca (se chama Raimundo), Cacate (se chama José) e Jhinsaymon (se chama Elivanaldo e acho que podemos considerar um empate).
Na categoria “alimentos” temos Azeitona (spoiler: é azeitona preta), Célio do 50 Bis (na minha cabeça é sobre o chocolate e não quero ser demovida da ideia), Professor Bombom, Wallyson do Frango, Moisés do Pé de Abóbora, Alan do Mingal (presumo a grafia errada).
Temos ainda Janio Hotdog, Chico da Balinha, Seu Zé do Churrasco, Cheiro Verde, Chocolate, Mandioquinha, Manoel do Alho, Totó do Pé de Jaca, Rei do Frango, Cafezinho, Lana Tempero, Azirlente Mulher da Picanha, Batata do Frigorífico, Filé do Brasil e Pedro da Melancia.
Na categoria “como isso pode te ajudar?”, temos candidatos que mudaram seus nomes de batismo ou acrescentaram a eles nomes que não contribuem em nada para transmitir expertise e capacidade para o cargo público que pretendem ocupar. É o caso de Dedé dos Brinquedos, Gogó de Ouro, Gracinha, Ligeirinho Taxista, Romildo do Pagode, Samuel Mototáxi, Enchente e Sandrinha do Açougue.
Temos ainda Valdete do Gas, Olhinho, Roxinha, Jeferson Bombadão, Vovô, Indio Enfermeiro (se chama Ivanislo e é mais branco do que eu), Dielson do Trator, Itamar da Cavalgada, Daniel do Bebedouro, Pagode, Antônio Polêmico, Damião dos Parafusos, Chicozinho da Limpeza, Gago Mecânico, Pai do Brega, Pelada, Pedim do Sabão, Guguette Cigana, Charnequinho e Doidão.
Na categoria “animais”, temos Grilo, Manelim das Galinhas (ele deve gostar muito mesmo dessas aves para seu apelido não recair sobre o tamanho do seu crânio), Nena do Peixe, Jabuti da Saúde, Chirley do Pavão, Marcos Gatinho (deve enterrar a bosta depois que caga, só isso explica).
Temos ainda Joaninha, Cabeça de Pombo, Célio Rei do Cavalo, Manoel Junior Cabra da Roça, Curió, Oncinha, Camarão, Pinguim do Povo, Peixe Galo, Chiquinho Papaleguas, Chica Saruê, Pinto das Panelas, Cachorro Louco, Pinto, Mosquito, Zé Calango, Mano Leão, Cobrinha, Socorrinha Formiguinha, Branco Coelho, Lobão e Sapo.
Na categoria “se fosse eu a chamar assim teria problemas” estão aqueles candidatos que optaram por nomes que podem ser considerados ofensivos. É o caso de Ronaldo Cabeção, Neguinho Boia (eu sabia que não afundava!), Cheiro, Neguim da Vila, Preto do Timóteo, Gordim das Máquinas, Pretinho de Bacabal, Zé Curto e Queimado.
Temos ainda Nega do Bar, Nego Lindo, Preta de Jeremias, Preto de Vadico, João Pretinho, Gordo do Quinduía, China Taxista, Neguinha Marreca, Pretim Aristide, Bola, Careca, Cinzento, Nato Gordo, Baixinho do Fusca, Chinês do Salão, Josias Gordinho e Cabelo Duro.
Finalmente, na categoria “q”, aquela tão bizarra que não conseguimos compreender nem classificar, temos Nubia Foto Legal, Nó Cego, Veinho da Inchada (sim, com “i”), Pelado da Baixa Grande, Pelado Peroba (pelo visto usar roupa é opcional no Maranhão), Pinheirinho e Porrudo. Peço por gentileza que se algum leitor souber o que significa “porrudo” guarde para si mesmo.
Senta e respira fundo que ainda tem muito parágrafo nessa categoria: Tan Tan Tan, Reporter Poliça, Baixinho Jerumenha, Delson da Caxuxa, Neném do Tucum, Forasteiro, Magão da Pisadinha, Xaxim, Bilí da Lagoa dos Ciganos, Pacotinho, Zé Fogoio, Fraqueza e Pé de Punho.
Continua: Gau e Banca, Luzileide Mole do Mata a Fome, Zorro Publicidade, Arrumadinho, João Bucho Louco, Tchabal de Lauzinho, Toy do Povo, Mocinha de Sanfoneiro, Reporter Gabigol, Tiago Pankadão, Amadeus do Apito, Manjurão do Povão, Ricardo Reis O Palhaço Gari, Nagibe Toyoteiro, Gli Ponto Com, Machão, Natal do Mojo, Rosa de Fuscão, Cabiludo (com “i”) do Tiririrical, Cacique Pistola e Toin Nacional.
Mais: Tucum das Bananeiras, Big Brother, Neném do Lula, Douglas Por do Sol, Molhado, Aurineia de Cabecinha, Carlos Machuca (que foi considerado inepto por uns detalhezinhos envolvendo alfabetização, mas ainda cabe recurso), Cheirinho de Valdivino, Nem Sextou e Currupira (com dois “r”).
Mais ainda: Dr. Cheleleu, Nonato do Mamãe Não me Acha, Irmão Peroba, Coconho, Tá De Mais, Xinxin, Tchô Sem Terra, Fit Fit e, para finalizar, o microencefálico João Mangueirão.
Nem sei o que dizer. Esses tipos de nomes (tanto de candidatos como de localidades) deveriam ser proibidos. Mas, em vez disso, parece que o que é proibido no Maranhão é ter pescoço.
“Nossa Sally, quanto nome teve hoje”. Pois é, querido leitor, e a melhor parte você não sabe: o TSE divide os nomes dos candidatos por Município (tem que acessar cada Município e ver quem são os candidatos de lá) e também classifica os Municípios por ordem alfabética. No texto de hoje eu consegui fazer os Municípios que começam com as letras A, B e C. E encheu. Não cabe mais nada.
Isso mesmo, só três letras. Vocês podem imaginar a imensidão que ficou para trás?
Não precisa imaginar, querido leitor, pois eu sou uma corna devotada a este blog e eu mesma contei quantos Municípios ficaram faltando no Maranhão: 153. Em termos de números, isso significa que se eu usasse minhas duas colunas semanais incessantemente, de hoje até 31 de dezembro, não conseguiria abarcar todos os candidatos bizarros do Maranhão.
Então, nunca se esqueçam, o que vocês estão vendo aqui é uma pontinha do iceberg. É por amostragem. A realidade, meus amores, é muito pior.
Semana que vem voltamos. Se tiverem preferência de Estado, por favor, deixem nos comentários. E se tiverem preferência de nomes para o Histórias de Vida, também.
Para dizer que está deprimido e rindo, para dizer que está rindo e deprimido ou para deixar sua sugestão para o Histórias de Vida: comente.
Etiquetas: eleições, piores nomes de candidatos
Charles D.G.
Eu não consegui rir e nem ficar deprimido. Eu fiquei, sim, na parte baixa da catatonia, negativamente mesmerizado e muito, muito envergonhado de compartilhar o título de “brasileiro” com esse povo. Será que, se eu for na embaixada respectiva, conseguirei pleitear uma cidadania do Lesoto ou do Butão? Até do Suriname serve…
Paula
Sempre que leio essa coluna, perco alguns minutos do meu dia pensando nos candidatos que têm nomes de batismo relativamente normais e escolheram adotar nomes bizarros. O que os levou a fazer isso? Uma mistura de falta de bom senso com história de vida vergonhosa? Bullying severo e com direito a porrada que causasse confusão mental? São muitas possibilidades…
Sally
Provavelmente eles são mais conhecidos em suas localidades pelo nome vergonhoso e não sofrem qualquer pressão social para construir uma nova imagem com um nome decente: conseguem se eleger com um nome vexatório mesmo.
GILCO COLHOS
Sally, a Nova Iorque do Maranhão não é a única cidade do Nordeste brasileiro com nome gringo. No interior da Bahia, a cerca de 350 Km de Salvador, tem uma chamada… Filadélfia! Até a forma informal de se referir aos dois lugares é parecida. Enquanto a metrópole do Estado da Pensilvânia e ex-capital dos EUA é conhecida como “City of Brotherly Love” (“Cidade do Amor Fraterno”), o município baiano, ao menos de acordo com a Wikipedia, tem como lema “Irmãos que se Amam”. Mais: assim como a sua “contraparte” norte-americana, esse lugar de quase 18 mil habitantes no meio da caatinga brasileira também tem a sua escadaria famosa com um monumento. Olha aí:
Philadelphia, Pennsylvania, USA:
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Filadélfia, BA, Brasil:
https://i.ytimg.com/vi/ZVbYaXsvoLw/maxresdefault.jpg
UABO
Hahahahhahaha…
GILCO COLHOS
Eu estou encafifado com o “Cabelo Duro”. Por que será que ele escolheu esse nome? Será que ele não gosta de pentear? Quando ele passa na baixa do tubo o negão começa a gritar? Será que ele usa a música do Luiz Caldas como jingle de campanha? São tantas perguntas…
Sally
Não sei, mas com certeza me acusaria de racismo se eu chamasse assim
GILCO COLHOS
Para o “Histórias de Vida”, indico o “Zorro Publicidade”. Eu vi a foto dele no site do TSE. Sim, eu me dei a esse trabalho… Agora imaginem ele aparecendo no horário político a caráter, todo vestido de preto, com direito a “sombrero” e até capa, imitando o saudoso Guy Williams e traçando um Z nas paredes com uma espada…
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/NORDESTE/MA/2045202024/100001983121/2024/07234
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQl7MqSQ1Iuv5C78DgjoPrH6ef_VlJw6ePqxeYq7CEONqeDximGmyTa73LvCSwQPGSuNFh5dJTgDwS-XaHG-ysfGjAkIHdI6f21nQ4DE0eoesRxGPuWnPlqwizZbfOCWcDAknu6ViPSlfP/s1600/zorro1.jpg
W.O.J.
Boa sugestão, Gilco.
GILCO COLHOS
“Xexeu da Capeloza”… Não acredito que um candidato adotou ISSO como nome de urna! Por favor, me corrijam se eu estiver errado, mas “xexeu” não significa “fedor a bacalhau de buceta mal lavada” no dialeto nordestino?
UABO
Argh! Que horror…
Charles D.G.
“Xéxeu” é uma das mais célebres “histórias” do maravilhoso Carlos Zéfiro. E o tema é justamente esse: uma garota fedida descobrindo o “amor”!
UABO
Carlos Zéfiro… O dos “catecismos”, né?
W.O.J.
Lendo o que a Sally escreveu sobre haver uma cidade chamada “Nova Iorque” no Maranhão, eu me lembrei de um comercial de TV do começo dos anos 2000, de uma operadora de celular, em que se dizia que “o sinal pega em qualquer lugar, até em Nova Iorque”. Mas não se tratava da Big Apple, claro, e sim dessa minúscula (4.320 habitantes!) localidade no interior maranhense. Dados co Censo do IBGE de 2022…