
Melhore.
| Sally | Flertando com o desastre | 10 comentários em Melhore.
Faz tempo que tenho vontade de escrever este texto, mas não conseguia me expressar de forma didática o suficiente para que ele fique compreensível. Hoje acordei mais paciente, vamos tentar: o que você faz em resposta a uma agressão alheia não fala sobre a pessoa, fala sobre você mesmo. E o que quer que a pessoa faça com você, não justifica ou te avaliza a ser incorreto de volta.
Tempo de leitura: 7 minutos.
Resumo da B.A.: a autora desvalida toda a luta trans nos tirando a possibilidade de buscar por reparação e vingança.
É muito tentador pegar um comportamento escroto do outro e usá-lo como justificativa para fazer algo escroto de volta, como se a vida fosse essa barganha medíocre na qual se alguém erra você está autorizado a errar também.
Mas, no Brasil tem uma nuance a mais: não é só sobre uma oportunidade de ser escroto impunemente, é sobre uma suposta sensação de justiça. Nessas pequenas cabecinhas taliônicas, se não pagar na exata mesma moeda a pessoa se sente injustiçada, feita de otária, idiota. TEM QUE devolver na mesma moeda (ou pior) para que a pessoa fique “de alma lavada”, sinta que foi feita justiça ou sinta até, pasmem, que contribuiu para um mundo melhor.
Por exemplo, em um relacionamento uma pessoa te traiu. A coisa digna a fazer é se afastar e procurar ser feliz bem longe dessa pessoa desleal. Mas, muita gente acha que tem que “devolver”, tem que trair também. Tem que fazer a pessoa “pagar” pelo que fez. Tem que sacanear de alguma forma, pois se a pessoa te fez sofrer, ela tem que sofrer também para existir justiça. E, meus amigos, propagar sofrimento é sempre uma merda, inclusive para quem propaga. Sempre.
Essa mentalidade mostra não apenas uma índole perversa, meio sádica, como também uma enorme arrogância. Quem você pensa que é para punir ou ensinar os outros? As pessoas têm o sagrado direito de fazerem o que quiserem, inclusive de serem escrotas. A nós cabe querer ou não ficar por perto – e é melhor não ficar. Mas punir? Meu anjo, vai fazer terapia.
O curioso é que quanto mais a pensa dessa forma, de querer devolver, punir, ensinar uma lição, mais errada ela é. Uma pessoa boa, correta, de caráter não age assim. O pessoal mesquinho da vingança, o pessoal arrogante de “ensinar uma lição”, o pessoal doente de “se eu vou sofrer a pessoa vai sofrer também” não é feliz. Pode reparar, essas pessoas nunca são felizes. Estão sempre soterradas em uma pá de bosta emocional
O que o outro faz e o que o outro fala é do outro. Não pegue para você. O que o outro faz não é sobre você, por mais que eventualmente afete você. Mas tem gente que acha tudo é sobre si: “como teve coragem de fazer x coisa COMIGO?”. A pessoa fez por questões dela, pegar isso para você ou não é escolha sua. Achar que foi PARA você, é assunto para terapia. Você não é tão importante. A pessoa tem uma cabeça ruim, só isso. Se afasta e toca sua vida.
Mas, como sabemos, muita gente tem uma vocação para ofendido, para vítima, para ególatra, então, os erros dos outros são sempre um desaforo para com elas. E precisam ser punidos, afinal, quem a pessoa pensa que é para fazer uma escolha que gera sofrimento no floquinho de neve único e especial? “Fulano vai aprender a não fazer isso comigo!”. Não, meu anjo, raiva, vingança, agressão não ensinam, nada, apenas tornam sua vida pior. Quem vai aprender que isso não se faz é você.
Tornam a vida pior porque quem se comporta dessa forma jamais vai ser atraente para uma pessoa de bem, civilizada, bem-resolvida. Vai continuar atraindo mais gente mentirosa, sacana, escrota, que “precisa aprender uma lição”. Mesmo que faça em segredo.
Esse tipo de mentalidade transborda, as pessoas sentem. É complementariedade. Além disso, a pessoa que faz merda sente culpa, ainda que em um nível inconsciente, sem perceber, e procura quem a puna. Para piorar, por vocação, a pessoa “punidora” também procura, ainda que inconscientemente, gente que faça merda, para que ela possa exercer seu papel “punidor”, que foi o que ela escolheu como função, a persona que vestiu.
“Mas Sally, Fulano fez tal coisa comigo, tem que ficar impune?”. Não. Nem vai. Se é algo que violou a lei, que se aplique a lei à pessoa. Se não, não se preocupe que a vida se encarrega.
“Ah tá, lá vem esse papo de lei da atração”. Não. Lei da atração é uma ignorância sem tamanho para pessoas iludidas que não querem se fazer responsáveis pela própria vida. É lei da matemática mesmo, meu anjo. Não existe probabilidade matemática que permita uma pessoa sacanear um monte de gente ao longo da vida e nuca, em momento algum, após décadas, encontrar um maluco mais maluco do que ela que ferre com sua vida. Vai acontecer. Só que provavelmente você não vai ver, pois estará seguindo com sua vida. Não é porque você não viu que não aconteceu.
Impune a pessoa nunca fica. Até pelos efeitos que essas escolhas provocam na vida. Ninguém legal vai se aproximar dela e permanecer ao seu lado. “Mas Salluy a pessoa mente”. Ok. Não dá para enganar todo mundo o tempo todo, uma hora a verdade aparece. E na primeira red flag, pessoas inteiras, dignas, bem-resolvidas vão pular fora. Só vai ficar gente de baixa autoestima, gente descompensada, gente doida. E a pessoa com essa mentalidade fodida vai dizer que ela “dá azar”, que só atrai gente assim. Não é azar. Chama “consequências dos meus atos”.
O que você é, os seus valores, a sua ética, não podem estrar atrelados ao outro e o que o outro faz. Seja bom, seja correto, seja digno, independente do outro ser um lixo. E se o outro te magoar, lide com isso como uma pessoa adulta, se retirando da vida dele e sabendo que o que o outro faz ou fala é do outro, não seu. O fato do outro te tratar como lixo não faz de você um lixo. Faz do outro um lixo. Não se comporte como lixo.
Esse desespero adolescente de devolver o sofrimento não tem lugar na vida adulta. Fazer o outro sofrer de volta não vai mitigar o seu sofrimento, a menos que você seja muito ferrado da cabeça. Nesse caso, procure ajuda, não dá para ser feliz enquanto se tem a cabeça ferrada.
E com isso não quero dizer que as pessoas tenham que aturar tudo sorrindo. Perceba: se você está com uma xícara de café na mão, alguém esbarra em você e você derrama o café, por qual motivo derramou o café? “Porque me empurrara, Sally!”.
NÃO. Você derramou o café porque tinha café dentro da xícara. O que extravasa é sempre o que temos dentro de nós. Ninguém coloca café na sua xícara, as pessoas só te empurram. Se uma atitude escrota do outro fez transbordar algo péssimo, esse algo péssimo é todo seu. E isso precisa ser visto e melhorado.
Então, sim, se o outro foi desleal, desonesto, escroto, te magoou, tá tudo bem em dizer isso à pessoa, mas mantendo sua dignidade, sua ética, seus valores. Não se rebaixando e se tornando a mesma merda que a pessoa foi, tentando magoar, agredir, sacanear, que por sinal, você está criticando. Percebem que não faz sentido criticar algo que o outro faz e fazer exatamente o mesmo?
Demorará muito tempo para que esse conceito seja massivamente assimilado no Brasil, mas você pode começar hoje: o erro do outro não autoriza o seu. Errar de volta não ensina nada a ninguém, não diminui sua dor/humilhação e não impede que isso aconteça novamente. Só te torna uma pessoa pior. Apenas isso. Te torna igual a quem você diz criticar. Te torna uma pessoa sem valores, que se for sacaneada, se transforma em uma escrota. E com isso só gente bosta vai querer ficar ao seu lado.
O que o outro faz fala somente sobre o outro. Se isso te fez sentir otário, idiota, imbecil ou qualquer outra coisa, isso está em você e você precisa olhar para isso e trabalhar essa questão. Bateu, doeu? Pega que é teu! Tem que tirar o foco do erro dos outros (que é problema dos outros) e começar a perceber onde isso dói na gente, pois é sempre onde dói na gente que temos que trabalhar.
Essa dor é uma plaquinha que a vida coloca, para te orientar onde investir seu tempo observando e corrigindo algo. Não é “ser otário” não se descabelar quando alguém te sacaneia. A pessoa mentiu para você? Te enganou? Poxa, que merda de pessoa ela é e que merda de vida ela vai levar, pois ninguém que seja saudável da cabeça fica ao lado de um mentiroso.
O castigo dela será te perder. E é um baita castigo. Se você acha que não, que não é um baita castigo e que merece um castigo maior, talvez você tenha baixa autoestima. O maior castigo de todos é te perder. Não tem castigo maior do que esse. Reconstrói essa autoestima aí.
Acreditem, dá para não levar para o pessoal o que fazem com a gente. Sim, dá para não se ofender e não ficar com raiva. E isso não é ser otário, é ser maduro. Se alguém está em uma piscina de diarreia e atira merda em você, você pula na piscina, se cobre de bosta até o pescoço para atirar merda de volta? Eu sinceramente espero que não.
Esse desespero em “devolver” geralmente está relacionado a uma baixa autoestima, a não reconhecer seu próprio valor, a não ter estrutura para a vida, que te obriga a reagir dessa forma boba, tipo bicho acuado que ataca. Podemos ser melhores do que isso. Mas também pode estar relacionado à pressão social para não parecer “fraco”, “otário”, “frouxo”. Deus me livre desse entorno, se esse é seu entorno, mude de amigos.
Spoiler: ser digno e não baixar o nível nessas horas dói e humilha muito mais o outro, pois a sua luz mostra ainda mais quão na escuridão a pessoa está, por contraste. E ainda torna mais dolorido para a pessoa te perder. Quanto melhor você for, mais merda a pessoa vai se sentir. Quanto mais correto seu comportamento for, mais na merda a pessoa vai se sentir. Seja infinitamente superior.
Acostume-se a repetir o mantra “não é sobre mim” quando alguém fizer algo escroto com você. Obviamente, se seus direitos foram violados, existe a lei e se a pessoa é tóxica para você, tem que se afastar. O “não é sobre mim” é interno, na sua cabeça, e não te impede de agir para impedir que essa pessoa continue te prejudicando. Mas internamente, não permita que aquilo que a pessoa fez doa, te abale, te chateie. As coisas têm a importância que escolhemos dar a elas. Sim, você é assim de poderoso, só não percebeu isso ainda.
E não é sobre atitudes. Uma pessoa pode tomar as exatas mesmas atitudes com a cabeça no lugar certo ou com a cabeça no lugar errado. Uma pessoa traída, por exemplo, pode se separar ciente de que aquilo não foi sobre ela, de que a pessoa é uma fodida de cabeça e vai se ferrar muito na vida e que ela não quer isso para si e vai reconstruir sua vida e ser feliz. Uma pessoa traída pode se separar com ódio, falando mal do outro, traindo antes de se separar, cultivando ódio, rancor e mágoa. Não é apenas sobre o que se faz, é sobre em que lugar está a sua mente.
Somos humanos, somos falhos e sujeitos a sentimentos pequenos. Não estou dizendo que temos todos que ser espíritos de luz que ao descobrir algo escroto como uma traição ou um golpe temos que ficar indiferentes e pensamos automaticamente “quem perde é ele, vou ser feliz”. Eu sei que existem momentos de raiva, de ódio, de pensamentos ruins. Com todo mundo. É normal. O que eu proponho aqui não é que você não sinta isso, é que não se deixe dominar por isso, que lute contra e que não permita que esse momento de treva norteie seus atos.
Quando você faz dieta, deixa de ter vontade de comer doce, picanha e batata-frita? Não, né? Você tem vontade, mas não o faz por saber que é melhor para você não fazer. É uma escolha. Se faz um esforço para tentar ficar na melhor escolha, pois se sabe que no futuro isso terá uma recompensa que vale à pena.
O mesmo se aplica à nossa postura quando alguém nos sacaneia. Dá vontade de revidar? Provavelmente. Vai ser bom? Não, pois vai te transformar na mesma bosta que a pessoa que te sacaneou, vai criar um padrão ruim e vai normalizar atitudes bostas. Quem faz tudo que quer é bicho e criança, nós, adultos, temos a obrigação de racionalidade e de fazer as melhores escolhas.
É uma construção. No começo é realmente muito difícil, como qualquer coisa nova que a gente começa. Quem começa academia não levanta 100kg na primeira semana. Começa com 10kg e vai melhorando com o tempo. Comportamento também é assim. Você vai domando sua mente, se educando, se moldando para fazer o melhor, o correto, o digno. E quanto mais você faz, mais fácil fica fazer e mais você consegue fazer.
O problema é que esses bostinhas gurus e coaches místicos tentam convencer que existem pessoas iluminadas como se isso fosse um dom. Se você não é assim, que pena, compre meu curso e aprenda respiração e mentalização para enriquecer, pois você é um merda. Essa gente faz um desfavor às pessoas comuns, pois impede que elas vejam que tem total condição de mudar sozinhas. É que se as pessoas souberem que podem mudar sozinhas, que é só persistir e colocar seu foco nisso, ninguém compra esses custos bosta deles.
Então, tenha em mente que um eventual “eu não consigo me comportar assim” não é uma sentença permanente. Você não consegue se comportar assim agora. Mas um dia vai conseguir. É o começo de uma trilha que, se você quiser, pode escalar até chegar ao topo. Não consegue agora? Tá tudo certo. Dá um pequeno passinho nessa direção. Depois, você tenta dar mais dois passinhos nessa direção. Quando você menos esperar, estará no caminho certo ou até completará a trilha.
E um passinho muito importante nessa direção é ter cuidado com as bostas que você fala. Ficar repetindo que tem que se vingar mesmo, que se a pessoa fez a outra tem todo o direito de fazer de volta, que quem não devolve é otário é uma receita para ficar estagnado nesse lugar. O primeiro grande passo para mudar algo indesejável que está em nossa cabeça é parar de repetir coisas que fortaleçam esse comportamento indesejável.
“Mas Sally, eu penso assim, o que posso fazer?”. Desconstruir esse pensamento. E o primeiro passo é parar de ficar repetindo isso. Ajuda muito se você parar de retroalimentar essa mentalidade. Mesmo que você ainda sinta, procure não afirmar essas coisas para você e para os outros. Aos poucos sua mente vai se abrir para outras possibilidades e você vai conseguir ver as coisas por outros pontos de vista. E se possível, se afaste e gente que pensa assim. Alcoólatra não pode ter amigo que bebe quando está tentando controlar o vício.
“Mas Sally, eu não quero, eu quero ficar falando mal, com raiva e me vingar, eu gosto disso”. Beleza, viva assim então. Mas depois não atribua a “azar” quando coisas ruins acontecerem, quando gente que não presta se aproximar de você ou quando as coisas derem errado. Pessoas boas, decentes e dignas não vão querer ficar perto de uma pessoa que fala mal dos outros, que é movida pela raiva e que se vinga.
“Mas Sally, eu quero ser uma pessoa que fala mal, que se vinga e que sente raiva, mas ter pessoas boas por perto, basta eu ser boa com as pessoas certas”. Não vai acontecer. Não é possível. Não é assim que funciona. Escolhe aí o que é mais valioso para você, cultivar esses sentimentos ou ter pessoas boas por perto. Provavelmente não era isso o que você queria escutar, mas te falando isso estou te poupando de uns dez anos de tentativa e erro para que você perceba isso sozinho. Por nada.
Entendam: este texto nem deveria ser necessário, e em muitos lugares com uma população mais desenvolvida, ele não é. É um texto te pedindo para ser uma pessoa decente. Que porra de país é esse no qual você tem que gastar saliva e argumentos para convencer alguém a ser uma pessoa decente? Por isso, nem se dê ao trabalho de retrucar. Estes conselhos não serviram para você? Beleza, não pega. Passa amanhã. Mas lembra de mim quando a vida ficar uma merda: não é azar, são suas escolhas.
Nossa, eu passei por essa dificuldade não faz muito tempo. Me custou cada grama do meu autocontrole não xingar a pessoa que estava sendo escrota comigo, não agredir verbalmente, só dar as costas e sair de perto. Xinguei até, mas depois, sozinha em casa. Tive muito orgulho por não ceder ao animal interior. Mas que difícil, meu Deus.
Parabéns, Ligia
E tá tudo certo se xingar também, somos humanos, às vezes não aguentamos. O grande problema é fazer com convicção, achando que está certa e repetir o comportamento como padrão.
Tem hora em que a gente não se segura mesmo…
Ótimos argumentos, entretanto fica a curiosidade: você sempre tratou com ética e de forma correta quem te sacaneou? Nunca sacaneou de volta? Nunca se vingou?
Gabi, a partir do momento que eu tive essa consciência, eu tentei não fazer.
Eventualmente ainda acontece de perder a calma, de ser grosseira ou algo assim, mas agora que tenho essa consciência, imediatamente dói e eu me sinto mal. Isso me ajuda a fazer cada vez menos.
Notei uma mudança de postura até com Haters aqui dos comentários. Você não dá mais palco, não alimenta tretas. Ficam só os comentários legais. Essa postura menos bélica tem a ver com sua evolução espiritual?
Gabi, eu não sei se dá para chamar de evolução espiritual, sei lá se isso é mais ou menos evoluído. Eu não tenho mais vontade, tempo e paciência para fazer. E, claro, com o passar dos anos a tecnologia ajuda, nos permitindo jogar direto para a caixa de spam mesmo quem tenta simular outro IP.
Eu estou nessa fase de sentir dor imediatamente depois de ser grossa ou perder a paciência com alguém. Mas melhorou quando percebi que muito disso vinha de acumular ressentimento por deixar as pessoas passarem dos limites comigo pra manter a paz, e depois não aguentar mais e reagir mal. Às vezes, um “não” pode ser dito de forma firme, porém educada, e ser desconfortável na hora, mas poupa stress e consciência pesada depois.
Nós somos humanos, erramos e nunca seremos perfeitos, especialmente quando convivemos com pessoas que não fazem nenhuma questão de tratar os outros da maneira certa. Mas podemos trabalhar em nós mesmas para que isso não nos afete a ponto de tirar nossa paz e impedir que melhoremos.
Sim, perfeição nunca será a meta, pois não vamos chegar lá, apenas ter consciência de qual caminho queremos trilhar e tentar ficar nele
Já dizia o Seu Madruga: “A vingança nunca é plena. Mata a alma e a envenena.”. E, se esse negócio de “olho por olho e dente por dente” não parar, vai chegar uma hora em que todos ficarão cegos e banguelas