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Feliz Dia do Troll!

Feliz Dia do Troll!

| Desfavor | | 20 comentários em Feliz Dia do Troll!

Feliz Dia do Troll, Impopulares!

Não achamos que muita gente vai acertar a palavra hoje, então comente para tripudiar!

SALLY

Este ano a pegadinha não veio na data, quando a maior parte de vocês já estaria alerta e esperando por algo. Ela veio antes. Durante toda a semana Somir e eu postamos os textos invertidos, isto é, cada vez que você pensava estar lendo algo escrito pelo Somir, estava lendo algo escrito por mim e vice-versa.

Não mentimos, não emulamos forma de escrita, não fizemos a menor questão de disfarçar. Escrevemos de coração como faríamos qualquer outro texto. Só que na hora de assinar, invertemos a autoria.

No Ele Disse, Ela Disse, a minha opinião foi publicada como sendo do Somir. O texto de terça, sobre não querer ter filhos, é a mais pura e sincera opinião do Somir, assinado como “Sally”. E o Guia de Memes é meu, não do Somir. E, ao que tudo indica, ninguém percebeu.

Fica a lição: nem sempre as pessoas vão nos enganar quando estamos esperando, às vezes as coisas acontecem em um tempo diferente do que imaginamos. Por isso, nunca é bom ficar no piloto automático. Se algo está parecendo fora de lugar, não ignore.

Este Dia do Troll vai te ajudar a perceber o quanto você está no piloto automático. Se você já é leitor do Desfavor, conhece um mínimo sobre a escrita de cada um de nós e tinha total condição de perceber que os textos estavam com a autoria invertida.

Se não pela escrita, pela abordagem do assunto. Quando eu perguntei ao Somir o que ele escreveria sobre Memes, ele disse que escreveria um texto filosofando se Meme era o conteúdo ou o compartilhamento do conteúdo. Um guia prático, direto e didático? Obviamente não era um texto dele.

Mas, na correria do dia a dia essas coisas passam batidas mesmo. Já esperávamos que ninguém fosse perceber. Porém, minha pergunta é: você ao menos sentiu que tinha algo errado, fora de lugar, incômodo?

Mesmo sem perceber racionalmente, você sentiu algum desconforto? Alguma vaga sensação de que algo não estava encaixando direito? Se sim, fica mais uma lição: escute sua intuição. Nunca passe por cima dela por achar que seu racional sabe exatamente o que está acontecendo.

Ao menos considere o que a intuição tem a te dizer, para só depois descartá-la. Observe o que ela diz. Compreenda. Dê nome para o que ela diz. E se, ainda assim, não fizer sentido, aí sim você descarta. Não ouvir é furada. Ouvir e não concordar é sagrado direito seu.

Se você não percebeu absolutamente nada fora do normal, sugiro que gaste qualquer cinco minutos para se perguntar se você não está vivendo demais no piloto automático e se não é momento de focar mais no agora. Quando não estamos com total atenção no agora, às vezes deixamos passar coisas importantes (não é o caso aqui) e gritantemente óbvias (é o caso aqui).

Para quem acertou a palavra-chave, que era “autoria” e conseguiu ler este texto no dia 17 de abril, meus mais sinceros parabéns. Para quem não acertou e só teve acesso a este texto no dia 18 de abril, quando ele foi liberado para todos, ano que vem você terá uma segunda oportunidade.

SOMIR

Foi uma longa conversa para pensar num ângulo para esse ano, as ideias até que fluem, mas sempre tem a questão de enganar sem quebrar a confiança. Esse é o tênue equilíbrio necessário para nossa data comemorativa. Os textos são reais, escritos como escreveríamos normalmente, mas com autoria trocada e algumas palavras com o gênero invertido para não ficar chamativo além da conta.

Então, em nenhum momento você leu e comentou sobre coisas que não pensamos, só pensou na pessoa errada da dupla escrevendo. A ideia deste Dia do Troll é falar sobre como “descritores” sobre uma informação que você consome não são exatamente confiáveis.

Dizer que o texto é meu ou da Sally, dizer que é feito por um homem ou uma mulher, que tem personalidade X ou Y, não quer dizer quase nada. Tanto que na hora de escolher os temas, soltamos ainda mais as amarras sobre que tipo de texto escreveríamos normalmente.

Porque tem algo aí sobre “lugar de fala” e essa mentalidade distorcida de muita gente que você precisa ser de um jeito ou de outro para falar sobre um tema. Ninguém nasce mais capaz de ter uma opinião válida sobre um tema, é experiência, estudo e inteligência para conectar os pontos. Eu entendo mais sobre aborto sendo um homem que a média da mulher brasileira, que por sinal, é contra porque alguém disse para ela que um ser mágico que mora nos céus vai torturar ela pela eternidade se não disser isso em público.

Não existe lugar de fala, não existe capacidade inata para falar sobre um tema, é tudo uma construção, e os mais diferentes tipos de pessoas podem construir isso através de estudo e prática. Por isso eu achei bacana falar sobre a parte de ter filhos, que homem raramente menciona, talvez até por ser sentir meio secundário no processo. Como eu não me consideraria secundário, pelos exatos motivos do texto, tenho a opinião que tenho.

Se mais homens se sentissem confortáveis para jogar fora preconceitos sobre o que é ou não é assunto seu, talvez tivéssemos menos crianças vivendo com mães solteiras. E toda mulher que começa a dar chilique quando homem quer falar de crianças por achar que “não é decisão deles” só está ajudando mais mulheres a serem abandonadas por homens que não querem saber de lidar com isso. Normalmente essa mentalidade de clubinho, de lugar de fala, só serve para atrapalhar qualquer causa.

Mais uma lição do Dia do Troll de 2025: perceber como o descritor sempre pode mentir, mas a ideia livre não. Não mexemos no estilo de escrita, não dissemos nada que não diríamos com nossos nomes aqui.

E sempre vale a pena prestar atenção no conteúdo que está consumindo, a gente sempre engana com coisas sem consequência, mas na vida tem muita consequência para consumir conteúdo adulterado. É um processo mental que você liga e nunca mais desliga, quando sentir algo quebrando o padrão, não podemos deixar um nome ou um “lugar de fala” desligarem nosso senso crítico. Pode acontecer o tempo todo.


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