
Tóxicos passivos.
| Sally | Flertando com o desastre | 6 comentários em Tóxicos passivos.
Neymar deu vexame mais uma vez. Obviamente não pretendemos esmiuçar os detalhes dessa enorme baixaria, para isso existe a mídia convencional. Vamos aproveitar o rebosteio criado por “Menino Ney” (33 anos) e chamar a atenção para uma sutileza que seria de mais difícil compreensão sem este exemplo concreto: fazer merda não é sinônimo de se sabotar. Se sabotar é um degrau a mais.
Merda todo mundo faz, mas se sabotar é sintoma. Se sabotar é tóxico, mas quem se sabota nunca se acha tóxico. No Brasil o conceito de tóxico é restrito a meia dúzia de atos de violência física e psicológica e quem se sabota acaba sendo vítima e recebendo afagos, o que impede que a pessoa assuma sua parte de responsabilidade no evento e melhore.
Eu lembro de outro escândalo de Menino Ney, quando ele levou uma moça até a França e a coisa acabou em um esmerdeio danado dela acusando-o de agressão e vazando um monte de coisas pessoais. Também lembro de ver o comentário de outros jogadores famosos e mais velhos dizendo que isso “todo jogador sempre fez” e que Neymar provavelmente fez uma cagada enorme para que a mulher protagonize esse escândalo, pois nunca tinha dado problema para nenhum jogador em anos.
Percebem que não é apenas fazer merda? Fazer merda é trair a esposa, fazer merda é ser famoso e marcar algo confidencial com uma desconhecida, fazer merda é comer garota de programa sem camisinha. Neymar vai além. Ele se sabota. Ele “dá liga”, ele se sente atraído, ele cria situações com pessoas que claramente tem potencial para desgraçar a sua vida. E isso, meus queridos, também é ser tóxico.
E como no caso dele é tudo muito exagerado, muito grotesco, a gente olha e diz “Pqp, o Neymar é muito burro”. Mas, todos nós nos sabotamos às vezes, fazendo algo que previsivelmente causaria grandes problemas. Talvez seja mais sutil, talvez seja em menor escala, talvez você faça pouquíssimo, mas não custa aproveitar a oportunidade para olhar um pouquinho para onde nós nos sabotamos. E se for muito frequente, saiba que você também é uma pessoa tóxica.
Vamos falar de outro caso, também para fins didáticos. Na semana passada a atriz/youtuber Kefera divulgou um vídeo de si mesma chorando e narrando como sofreu uma relação abusiva nas mãos de uma mulher. A mesma Kefera que comeu o cu de um menino no programa da Fátima Bernardes acusando-o de “mansplaining”. A mesma Kefera que militou fortemente por feminismo, aquele feminismo bem errado, que coloca homem como agressor.
Por qual motivo estou trazendo essa história? Porque quando todo mundo é tóxico, o mais provável é que o tóxico seja você. O problema eram os homens, aí ela se relacionou com uma mulher e… os abusos continuam. Tem algo na pessoa que dá liga com pessoas abusivas e, spoiler, quase sempre é o fato da pessoa ser abusiva também.
Nessa hora todo mundo pula: “Tá querendo culpar a vítima?”. É que não existe vítima, não é um homicídio, no qual uma pessoa com zero participação no evento é emboscada em um beco escuro e esfaqueada por causa de um relógio. Estamos falando de relações consensuais, de pessoas que escolheram se colocar nessa posição e que se sentiram atraídas por pessoas com esse perfil.
Só que no Brasil, tóxico é só o que bate, o que grita, o que ameaça, que eu chamo de Tóxico Ativo. Mas existe também o que eu chamo de Tóxico Passivo, quem se sente atraído por esse outro tóxico (ativo). Só que no Brasil ele o tóxico passivo não é visto como tóxico, é visto como apenas uma vítima. Pois bem, permitam-me provar meu ponto.
Ser tóxico não é só ser agressivo, gritar ou bater. Fuçar as coisas do outro, seja um bolso de calça, seja um celular, é tóxico. Fazer qualquer tipo de chantagem, especialmente emocional, é tóxico. Fazer qualquer tipo de manipulação, ainda que não seja buscando o mal do outro, é tóxico. Usar de artifícios para conseguir mais atenção também é tóxico. Mentir é tóxico. Distorcer é tóxico.
Querer que o outro viva a vida em função de você, como em uma simbiose, é tóxico. Usar as informações que o outro te confidenciou para atacá-lo em um momento de briga ou discussão também é tóxico. Reclamar das pessoas para amigos, em redes sociais ou em ambiente de trabalho é igualmente tóxico. A lista é enorme.
Mas no Brasil, estas características ganham outro status. É “amar demais”, “ser intenso”, “se entregar demais” ou o que quer que a pessoa escolha usar como eufemismo. Na real, é tóxico, mas se camufla com algum sentimento nobre para ser socialmente aceitável.
E essas pessoas tóxicas passivas no fundo, lá no fundinho, sabem que uma pessoa inteira, segura, bem-resolvida, não vai topar esse tipo de comportamento, esses joguinhos, esse descontrole. Para conseguir alguém que fique com ela, ela precisa encontrar uma pessoa igualmente com probleminha de cabeça, assim a pessoa 1) não tem moral para exigir um comportamento correto e 2) relutará mais em largá-la, afinal, é quebrado também. Por isso sempre dá liga com outra pessoa tóxica.
Não só fica, como permanece com essa pessoa. Todos nós podemos nos enganar e relacionar com uma pessoa tóxica, mas pessoas inteiras pulam fora no primeiro sinal de toxicidade. E não demora muito para aparecer. Quem nega, quem dá chance, quem insiste, também tem algo quebrado dentro de si.
E sempre, gente, sempre, sempre, sempre quem fica voluntariamente em uma relação abusiva tem um ganho secundário que compensa do seu ponto de vista. Não estou dizendo que seja consciente, mas inconscientemente compensa. Por isso a pessoa sabe que o outro é tóxico mas “não consegue” terminar. Acha que o outro vai mudar. Se engana. Fecha os olhos.
E, vejam bem, não estou falando da Dona Maria que tem 17 filhos e se largar no marido no interior de Moçoró do Cu do Mundo vai passar fome. Estou falando de quem pode sair, mas não sai, com a desculpa que for. E existem motivos inconscientes para a pessoa não ir embora.
O fato de estar com uma pessoa tóxica ativa dá crédito para a pessoa tóxica passiva fazer suas merdas, afinal, se o outro te encheu de bolacha, te esculachou ou gritou com você, ele não vai ter muita moral para reclamar que fuçaram o celular dele. Percebem?
Então, quando as pessoas dão liga com esses toxicões padrão, os ativos, que são abusivos, que fazem escândalo, que tornam pública a sua intimidade ou que dizem que vão te largar se você engordar, não é “azar”, não é “dedo podre”, não é “macumba”. É por ter algo de tóxico, ainda que seja passivo, na pessoa.
E não estou dizendo que nada disso seja consciente. Se fosse, a pessoa poderia resolver, pois perceberia o mecanismo. É inconsciente mesmo. Requer um enorme esforço, autocrítica e muitos anos de terapia bem-feita, ou seja, frequente e honesta, para melhorar. Mas, em vez de olhar para dentro e tentar resolver, a maioria se coloca em situações nas quais possa continuar sendo tóxica passiva, pois sua toxicidade será acobertada por outra muito mais barulhenta e reprovável.
Vamos usar como exemplo estes dois famosos, correndo um risco de cometer uma enorme injustiça, pois não os conhecemos nem sabemos absolutamente nada sobre suas vidas ou sua intimidade. São apenas chutes meus, hipóteses para fins diáticos que, verdadeiros ou não, servem para fazer entender a mensagem deste texto.
Kefera é uma pessoa que declaradamente “adere” aos namorados. Se o namorado é alpinista, ela compra material de escalada e vai escalar. Se o namorado é Chef, ela vai comprar e fazer tudo referente à cozinha. Já se mostrou uma pessoa desmedida. Quando caiu para o feminismo, foi excessiva em tudo (nas falas, na aparência, na militância). Agora que está na maromba, continua excessiva, parece fazer disso sua vida. O que ela é acaba se transformando na fase em que está vivendo.
Não sei se tem alguma verdade no que eu disse, mas se tem, são comportamentos tóxicos. Antes de saber quem somos, de ter individualidade e de nos tornarmos pessoas que amamos, admiramos e respeitamos, não dá para ter relacionamento saudável. Pessoas inseguras, traumatizadas ou sem individualidade não vão dar liga com pessoas seguras, bem-resolvidas e independentes. Vão dar liga com pessoas tóxicas.
Neymar claramente não quer mais saber de futebol, mas, por algum motivo interno ou externo, parece não conseguir botar um ponto final na carreira. A forma (inconsciente) que encontra de não jogar, de não ser convocado, de tentar não ser visto como a esperança da Seleção Brasileira é destruir sua imagem de uma forma catastrófica, respingando em todos que estão à sua volta.
Não sei se tem alguma verdade no que eu disse, mas tem, são comportamentos tóxicos. A pessoa precisa destruir tudo, criar um terremoto, uma tsunami de merda para fugir de uma obrigação sem parecer que está fugindo. Uma pessoa sem capacidade de dizer “não”, de colocar limites, de tomar as rédeas da sua vida e decidir o que não quer fazer, nunca vai dar liga com uma pessoa segura, bem-resolvida e independente. Vai dar liga com pessoas tóxicas.
Eu tenho certeza de que, neste ponto do texto, vocês já pensaram em algumas pessoas tóxicas passivas que conhecem. Pessoas que, aos olhos da sociedade, são vítimas, são coitadas, são azaradas, mas que, olhando mais de perto, são apenas outra forma mais sutil de toxicidade, pois, além de todos os ganhos secundários, o Brasil recompensa qualquer um que se coloque no papel de vítima.
A vítima, por mais chata que seja (e as vítimas são sempre muito chatas) acaba recebendo muita atenção, afagos e um belo desconto na hora das críticas. Quase ninguém tem culhões de apontar os erros de uma pessoa que está aos prantos contando como sofre, como o outro foi horrível para ela, como a vida é injusta. É uma chantagem emocional que cola muito bem.
A vítima recebe acolhimento incondicional, não importa a pá de merda que ela tenha feito nos bastidores, às vezes até maior e mais tóxica do que a do tóxico ativo. A vítima recebe muitas visualizações em suas redes sociais. A vítima recebe tudo que deseja, geralmente relacionado a atenção e imunidade.
E uma vez estabelecidas no papel de vítimas, se tornam intocáveis, afinal, que tipo de monstro criticaria uma pessoa que está sofrendo, que está chorando e que sofreu um comportamento tóxico? Não pode. Já vem o pessoal do cabelo colorido berrar que você culpabiliza a vítima. Então, meus queridos, o melhor a fazer é se afastar rapidamente de vítimas, pois elas são tóxicas. E depois se perguntar por que você deu liga com uma pessoa assim. Teu algo seu espelhado ali, algo que precisa ser resolvido.
Sim, vitimização é uma, apenas uma das características das pessoas tóxicas. Estas pessoas tóxicas passivas costumam ter algumas características em comum: baixa-autoestima (pois sabem que o que fazem é feio/errado e temem ser descobertas), tendem a ser extremamente críticas (se apontar os defeitos dos outros o tempo todo pode ser que não percebam os dela), tem necessidade de vitimização (para constranger os demais a criticá-las e acabar com seu disfarce) e estão sempre envolvidas em problemas, confusão ou escândalos, os quais elas nunca acham que são culpa delas.
Voltando ao Neymar, que foi a introdução deste texto, percebem que todo mundo nesse meio come puta adoidado e é só com ele que dá merda? “Mas Sally, ele é mais rico que os parças, por isso vão nele”. Não. Tem muito jogador rico que fez coisa até pior e nunca ninguém ficou sabendo. Neymar parece procurar inconscientemente mulher que vai desgraçar a vida dele para sabotar sua carreira.
“Mas Sally, nem foi o Neymar quem contratou a moça”. Ok. Tinha 20 mulheres ali, por algum motivo ele deu liga com essa e ela se sentiu confortável para fazer isso com ele. Nunca é azar, nunca é acaso. Quando é repetido, é método. Ainda que seja inconsciente, mas é método. Talvez Neymar tenha medo de voltar aos gramados 100% e fazer vexame, saindo para a história como uma decepção. Talvez ele prefira ser desconvocado (como foi) e não correr esse risco.
Talvez ele treine menos, treine errado, não treine, beba, sabote seu corpo, por um desejo inconsciente de se lesionar, para não voltar a jogar. Vai saber… Mas Neymar é um problema do Neymar. Deixa ele, vamos olhar para nós.
Então, se é que dá para tirar algo de bom desse festival grotesco de baixarias, é isso: olhe para você a para as suas relações e veja se você não tem comportamentos tóxicos passivos. Os ativos são fáceis de identificar, mas os passivos não, pois são socialmente tolerados.
Olhe para você e veja se você “atrai” pessoas tóxicas, se isso se repete na sua vida. Se sim, tem algo tóxico em você que encaixa ali e precisa ser visto, trabalhado e sanado.
Por fim, essa história nos deixa um último aprendizado: também aprendemos que o brasileiro não tem qualquer noção de métodos contraceptivos, pois a moça publicou um vídeo dizendo que não tem chances de estar grávida do Neymar pois “fez xixi depois do sexo” e isso impede a gravidez. E ainda tem gente que duvida das buscas da coluna “Ei, Você”.
Neymar é um verme! E todos aqueles que batem palma pra ele são vermes também! Assim como asão todos os seus “parças” e as piranhas que até pisam no pescoço da mãe pra dar pra ele e tentar levar alguma vantagem depois.
E tenho dito…
Precisamos parar de aplaudir adultinhos imaturos, quer sejam barulhentos e agressivos, quer sejam passivos e manipuladores. Gente com menos maturidade emocional que uma criança pequena não deveria ter poder para influenciar as pessoas, muito menos ocupar cargos públicos.
Eu faço parte de uma minoria na Psicologia que acha que vítima de verdade é a que estava na hora errada no lugar errado, não a que chora e faz beicinho pra galera. Quem procura algum aliado para dar o troco na porrada, eu entendo. Mas usar coitadismo para ter carta branca pra fazer merda, eu acho sintoma. A turma woke já percebeu os ganhos secundários e pressiona para julgamentos serem feitos não com base no que a pessoa fez ou deixou de fazer, mas sim em um supertrunfo do coitadismo, ou seja, a quantas categorias de grupos oprimidos você pertence. Esse supertrunfo tem um nome bonitinho e, na pseudociência pós-moderna travestida de ciência, de inspiração em Foucault e Derrida, faz parte do pacote imposto pelo lobby que cancelou Jordan Peterson no Canadá.
Sinceramente, esse bostinha do Neymar e as pessoas que causam esses esmerdeios frequentes na vida dele bem que se merecem…
O problema é que ganham fama. Vão para A Fazenda e depois viram vereadoras
E se achava com moral de falar do Adriano no início da carreira.