
Jeitinho argentino – 4×1 Edición
| Sally | Desfavor Bônus | 8 comentários em Jeitinho argentino – 4×1 Edición
Tínhamos outra postagem pensada para hoje, seria o texto sobre a Bíblia do mês de março. Mas, diante da realidade, se fez imprescindível vir aqui compartilhar com vocês a reação do meu povo ao jogo de terça-feira. Sim, na nossa escala de valores argentino xingando tem prioridade sobre Deus.
Vamos contextualizar? A Seleção Argentina foi jogar no Brasil e, entre outras coisas, foram desrespeitados na rua, no hotel, no aeroporto e até seus familiares apanharam da polícia dentro do estádio, a ponto dos jogadores saírem correndo do campo e se atirarem na arquibancada para tentar defender suas mães e esposas que estavam levando cassetete na nuca. Ali, a coisa já não estava muito boa.
O novo confronto já seria tenso. Imagine que sua mãe, sua irmã ou sua filha te acompanham em uma viagem de trabalho sua e os colegas de uma empresa rival chamam elas de piranhas, atiram objetos nelas e, para piorar, elas acabam apanhando da polícia local. Com que carinho você receberia essas pessoas quando chegasse a hora delas irem à sua empresa?
A hora do Brasil vir à Argentina chegou. Já havia se passado um tempo, a coisa já tinha esfriado, dava para tentar fingir que nada tinha acontecido. Fizeram isso? Não. Raphinha, jogador da Seleção Brasileira, disse publicamente em uma entrevista que estavam vindo dispostos a bater nos argentinos, fora e dentro de campo.
Depois de todas as edições desta coluna que vocês já leram, acredito que conheçam um pouco melhor a cabeça do argentino. Vocês podem imaginar a putez que o argentino estava sentindo? Se normalmente, pela simples rivalidade, o argentino já ofende de forma desmedida, imagina depois de tudo isso, nesse contexto e jogando em casa.
As ofensas em redes sociais ultrapassaram todos os limites. Até eu fiquei um pouco assustada. Por isso, selecionamos apenas aquilo que acreditamos ser engraçado ou útil de se ouvir aos brasileiros, pois nossa intenção aqui não é ofender nem magoar. Quem quiser ver as mais pesadas, basta buscar por termos relacionados ao jogo no X, a única rede social na qual ainda se pode ofender alguém.
Acredito que a coluna de hoje não sirva apenas para rir, mas também para refletir sobre esse comportamento de se ofender com tudo e como isso está criando esses adultos mimados incapazes de performar bem. É insustentável continuar assim.
Com vocês, o argentino.
Vamos começar com pessoas que foram civilizadas e levantaram pontos válidos. Seus argumentos foram escutados? Claro que não. Foram trucidadas por brasileiros e acusadas de racismo aos berros, mas elas realmente têm um ponto.
“Esses macacos fazem o que querem, quando você vai ao Brasil, seja da seleção que for, argentino, uruguaio, paraguaio, etc. A polícia te espanca, dentro do estádio eles te humilham, te provocam, mas, cuidado! Não ouse dizer nada em resposta pois começam a choramingar sobre racismo. Que ser nefasto o brasileiro”
“A polícia brasileira bate nos familiares dos jogadores: os brasileiros fingem que nada está acontecendo nada tal qual cachorro estuprado.
Um macaco argentino faz gestos de macaco: choram alegando racismo
(tentativa de falar português)”
“Proponho que em vez de agredi-los fazendo um gesto de macaco, xinguemos e batamos neles até dizer chega. Parece que esse tipo de violência, a violência física, não incomoda tanto aos brasileiros. Eles inclusive a praticam e não fazem tanto escândalo por causa dela.”
“Os macacos já começaram a chorar. Mas quando a polícia do Brasil espancam famílias estrangeiras com mulheres e crianças, fingem demência. Símios”
Talvez isso não chegue até o brasileiro, mas não estamos falando de um pensamento exclusivamente argentino. A maior parte dos países vizinhos pensa assim. Porém, a maior parte dos países vizinhos não é composto por pessoas tão bélicas, abusadas e encrenqueiras, então, não sei se diriam isso na cara de um brasileiro.
É uma fama bem ruim de se ter e, além disso, é um modo muito ineficiente de se trabalhar, como mostram os resultados dos últimos anos. Eu sei que é tentador, que é um atalho, mas vocês estão ficando com uma imagem muito ruim pelo mundo. Os meninos mimados na barra da saia da mãe, que o Somir escreveu no texto de ontem, estão incomodando as pessoas. E quando você não educa seu filho, de dois um: ou param de te convidar para os lugares, ou aparece alguém de fora do núcleo familiar para impor limites, geralmente de forma nada gentil.
Percebam que o tom não é de ódio, é de saco cheio.
Aqui a brincadeira ainda está aceitável. Pegaram o Vinicius Jr. e botaram de Branca de Neve, para chamar de negro (assim como a atual protagonista), para dizer que é delicadinho como uma princesa e para insinuar que é uma decepção, assim como o filme da Disney foi.
O argentino acha um absurdo a importância que Vinicius Jr. dá às provocações racistas de torcidas, acham ele chorão e acham que ele tira proveito disso para se fazer de vítima. Frequentemente se comenta o desfavor que é colocar o foco todo em uma babaquice de torcedor de modo a ofuscar o futebol em si.
Imagina se cada vez que um colega de trabalho ou um funcionário da concorrência te provocasse você ficasse desestabilizado e sua produtividade caísse, prejudicando a toda sua empresa. É sobre isso. Um adultinho tem que ser inteiro, maduro e centrado, não pode comprometer seu rendimento profissional por causa de provocações de estranhos.
Não é dos humores mais legais e refinados, mas ainda passa.
“Otamendi, você já está quase se aposentando, faz sinais de macaco para o Raphinha e o Vinicius. Se você fizer isso eu tatuo seu rosto em toda a área das minhas costas”
Aqui as coisas começam a sair do controle. E foi difícil achar esta imagem de transição, pois nós, argentinos, vamos de zero a 100 muito rápido.
Percebam que não é uma ofensa de cabeça quente, em caixa alta, desconexa e com muitos palavrões. Tem um plano de ação aqui. A pessoa escolheu o Otamendi, que é o mais violento e sem noção dos jogadores, calculou seu tempo de aposentadoria para se certificar que é o que teria a carreira menos prejudicada e ainda ofereceu uma contraprestação, tatuar as costas todas com o rosto do jogador.
Brincadeira infeliz, mas em tom de provocação. Não é que a pessoa ache os brasileiros macacos, a pessoa só quer que os brasileiros que faltaram com o respeito aos argentinos fiquem chateados, como punição ou vingança. Não é saudável, mas é esperado.
“Argentino morto de fome
Falklands
5 Copas do mundo”
“ok”
“Macac…”
“Nãããããão” (chorando)
“Um brasileiro branquelo chorando e alegando racismo de um argentino marrom. Nação espiritualmente destruída”
“Um negro como eu chama de macaco um brasileiro branquelo e o brasileiro chora. Estão na lona, dentro e fora do gramado. Adoro”
Aqui o dedo já entrou na ferida. Temos a ofensa dentro da ofensa. O argentino chama o brasileiro de macaco e depois ridiculariza o brasileiro por ter se ofendido ao ser chamado de macaco.
Não sei se vocês chegaram a ver esse vídeo, mas o argentino que faz gestos de macaco tem a pele muito escura. É curioso ver um argentino de pele cor de papelão fazendo um brasileiro branco chorar por supostas ofensas racistas. É muito fácil ofender e desestabilizar um brasileiro, vocês precisam rever isso urgentemente.
Percebam que uma das postagens é de outro argentino que se diz negro, rindo do branco que se doeu. Duas pessoas de pele escura que estão ok com esse tipo de humor e uma pessoa de pele muito branca se ofendendo e chorando. Me parece que tem algo de muito errado acontecendo.
“Os brasileiros nos odeiam como se nós, argentinos, fossemos totalmente racistas e eu não os culpo, pois, se eu pudesse, amanhã eu os receberia no Estádio Monumental com sons da selva, com todos dançando como macacos, jogando banana neles e gritando ´Macacos’”
“A cara de um sujeito que será linchado e enforcado no Cristo Redentor”
Ok, aqui as coisas saíram do controle. Não está nem nos 10% de intensidade das postagens médias sobre esse jogo, mas já basta para ofender muitíssimo.
Tem o clássico de printar a tela quando um jogador brasileiro está caindo, para fazer parecer que ele está andando como um macaco e fazer piada com isso. Tem projeção, deles achando que o Raphinha seria linchado e enforcado no Cristo Redentor (pois é isso o que o argentino faria com um jogador que protagoniza esse tipo de vexame). E tem argentino fazendo o pacote completo do esculacho macaco.
Parece que o argentino desistiu de se explicar. Quer pensar que é racismo? Beleza, o argentino acaba de vestir essa camisa, como quem diz “quer me constranger a falar as coisas me acusando de racista? Você que se foda, pego para mim a fama de racista e continuo falando”. Se a intenção era usar para constranger, sinto informar, estão até vendendo camiseta “foda-se se você acha que eu sou racista”.
Não é bonito comparar jogador com macaco, mas, convenhamos, menos grave do que espancar mãe com filho de colo. Menos grave do que matar torcedor a tiros. Menos grave do que declarar publicamente que vai dar porrada dentro e fora de campo. “Mas Sally, racismo é crime”. Bater nos outros também.
Como bônus, deixo vocês com algumas postagens do Milei. Em uma delas ele compartilha uma paródia de uma música do Roberto Carlos nada abonadora para a Seleção Brasileira. Em outra postagem ele diz que foi uma covardia mórbida, cogitando como teria sido pior se o Messi estivesse em campo. Por fim, ele postou uma mensagem debochada em português.
Por fim, terminamos com este bônus, que mostra um elogio, ainda que de forma meio tosca (que é como os argentinos elogiam):
“Olha esse mutante, irmão. Você chamava ele de macaco e ele sozinho te enfiava 3 gols. Como o Brasil decaiu”
Ele está elogiando o Adriano e o que era a Seleção Brasileira. Um eventual esculacho era combustível, não freio. E ele está certo.
Entendam: com essa palhaçada de fazer escândalo por racismo o brasileiro não está conscientizando ninguém, está dando importância a o que não deveria ter. E está passando vergonha, criando uma geração fraca, de bebês chorões que estão se transformando em chacota mundial. Apenas parem.
O lado positivo é que o futebol, essa perda de tempo total, está ficando menos popular nas gerações mais jovens. Não que elas tenham encontrado algo útil pra fazer, mas pelo menos tem chance.
F, não é de hoje que se fala em decadência e diminuição da popularidade do futebol brasileiro. Veja estes três vídeos, que são parte de uma edição do programa “Documento Especial”, veiculado pouco depois do fiasco que foi a participação da selecinha na Copa de 1990, na Itália. Mesmo naquela época já se dizia que o outrora tão glorioso futebol verde-amarelo “não era mais aquele”, ainda que os rproblemas apontados e o contexto social, econômico e político fossem diferentes. E, como o brasileiro médio em geral adora gozar com o pau dos outros e não gosta realmente de esporte mas de “ver o Brasil ganhar”, a molecada de mais de três décadas atrás vinha preferindo o vôlei, por causa da geração medalha de ouro na Olimpíada de 1992, em Barcelona, e a Fórumla 1, com o Ayrton Senna no auge da carreira.
Os links para os vídeos:
Parte 1 – https://www.youtube.com/watch?v=BorR0mkfeCo
Parte 2 – https://www.youtube.com/watch?v=A5bfLoGceNc
Parte 3 – https://www.youtube.com/watch?v=nCU_crOFzzo
Talvez a crise atual do futebol seja pior, com esses jogadores enzos, mimados, imaturos e sem culhões. Até porque violência de torcidas, crime correndo solto, custos de ingressos proibitivos para os mais pobres e direção incompetente sempre foram de praxe por aqui…
Falta culhões a essa cambada de meninos que jamais viram homens. Simplesmente vergonhosa essa postura frouxa, covarde e ridícula. Essa selecinha – e na verdade, também grande parte da atual geração de jovens brasileiros – não passsa é de um bando de MARIQUINHAS provocadores que não se garantem, ameaçam sem conseguir cumprir ou bancar e depois, quando não seguram o rojão, dão piti e “lloran racismo” até irritar todo mundo. Ou, para resumir com um dito popular: “Se não sabe brincar, não desce pro play”.
O Pelé, que no início da carreira era chamado de “Gasolina” e foi cobrado várias vezes a se posicionar sobre racismo e outros temas espinhosos, falou muita merda sobre um monte de coisa durante a vida, mas acertou ao dizer em uma de suas últimas entrevistas o que cito abaixo:
“Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, toda partida teria que parar. (…) Durante os meus mais de 20 anos de carreira, aprendi a entender as ofensas pelo fanatismo dos torcedores e jogadores. Na emoção, durante os jogos, o torcedor e o jogador desabafam, ofendendo as mães e também pelo lado do racismo. (…) No fim dos jogos, todos vinham me pedir desculpas.”
Incrível como se pode decair tanto…
Tá feio.
Essa postura de vítima cola no Brasil, todo mundo com peninha do Vinicius Jr, todo mundo revoltado, mas no exterior está todo mundo de saco cheio
“tal qual cachorro estuprado”, desculpa mas eu ri.
Essa é uma expressão normal na Argentina?
infelizmente sim
“Falta culhões” Realmente. E essas duas palavras já resumem tudo…
E, mais uma vez, os Enzos estragam tudo…