Questão atravessada.

Imaginemos a seguinte situação: o Brasil faz fronteira com a Palestina, e precisamos escolher se deixamos a fronteira aberta ou fechada. Sally e Somir não gostariam de ter essa fronteira, mas discordam sobre como lidar com a situação. Os impopulares invadem os comentários.

Tema de hoje: se o Brasil fizesse fronteira com a Palestina e fosse sua decisão escolher entre abertura ou fechamento de fronteiras, o que você decidiria?

SOMIR

Deixa aberta a fronteira. Para vocês terem uma ideia, a fuckin’ Venezuela faz fronteira com o Brasil e perto do resto dos países próximos, não somos o mais visado. Não é à toa: a bandalheira tupiniquim é uma forma de proteção.

Não somos mais uma terra de oportunidades como éramos em séculos passados, somos uma economia estagnada, endividada e pouco acolhedora para estrangeiros. Quase ninguém no mundo sonha em vir para o Brasil, a não ser que seja para ver praias e bundas por alguns dias das férias.

Tem diferença entre o seu país ser uma coisa mais organizada e rica como vários dos países europeus e os EUA e um país empobrecido e desigual como o Brasil. A cabeça de quem vai para país rico e a cabeça de quem vem para shithole menos shithole é completamente diferente.

Se o Brasil fizesse fronteira com a Palestina… ainda seria o Brasil! Vão fazer o que aqui? Tomar golpe do banco falso quando atenderem o celular? Não tem economia para sustentar células terroristas, e nem tem interesse nisso. Eles querem os países ricos, eles querem as loirinhas nórdicas.

Brasil? Brasil é país cagado cheio de criminoso evangélico. É outra frequência, é pobreza, é esgoto ao céu aberto, é terra vermelha, é mato sem fim. Esse povo não vem para cá para ficar aqui, vem como trampolim para os países arrumadinhos.

Pode abrir a fronteira numa boa que é capaz deles fecharem depois de um tempo. Porque os terroristas do Hamas podem até ser mais violentos, mas são muito mais inocentes que o bandido brasileiro. É gente com mentalidade de guerra, com alguma lógica e honra, mesmo que baseada em insanidade religiosa. Nossas facções começam a subornar eles por armas em quinze minutos de fronteira.

Meu ponto aqui é que não é à toa que países como o Brasil não sofrem com massas de imigrantes todos os dias: precisa ser um lugar desejável para o imigrante médio. Favela por favela, que fique na que as pessoas falam a língua dele. O Brasil segura o tranco de gente como os palestinos entrando porque no final das contas, perigam de ser mais honestos e decentes que o tirador de vantagem profissional que é o brasileiro.

Quem vem de lugar onde todo mundo está na merda não tem essa mentalidade da desigualdade que nem o nosso povo tem, essa ganância toda pela vida dos ricos. É gente que só de não tomar míssil na cabeça já começa a ver as coisas ficando muito melhores. É gente que vai agradecer a oportunidade de sair de onde é bombardeada com mísseis e drones americanos para viver sob o risco de bala perdida.

O Brasil pode até matar mais gente que países em guerra, mas a sensação de segurança é um pouco maior. O psicológico conta. Eu não enxergo células terroristas se desenvolvendo no Brasil, até porque assim que começarem a entrar locais nelas, rapidamente vai virar algo parecido com milícia ou traficante. O país degenera rapidamente quem tem muitos ideais.

Então, é mais provável que usem o Brasil como passagem para países melhores, que se ficarem aqui se aquietem por não estarem literalmente em guerra, e se resolverem se estabelecer na nossa comunidade… não vejo problemas muito maiores dos que já temos. Violência contra mulheres? Já tem. Preconceito contra gays? Já tem. Retardados religiosos? Não falta.

E digo mais, não aposto nem em atentados porque não vai gerar muita notícia. Francamente, tem diferença entre explodir Nova Iorque, Paris e São Paulo ou Rio de Janeiro, né? O mundo vai meio que dar de ombros, porque eles não dão muita bola normalmente para o Brasil. Lembrando que o último presidente americano que pisou no país foi o Obama. Cagam e andam para cá.

E o terrorista médio sabe disso, sabe que é meio como explodir um bairro inteiro no Paquistão: falam um pouco no jornal da noite, mas já era. Até para ser alvo de terrorista precisa despertar interesse. O Brasil continuaria muito parecido com ou sem fronteira com a Palestina. Na verdade, a Palestina que rapidamente começaria a reconsiderar fronteiras abertas, porque os nossos bandidos parecem mais profissionais que os deles.

E quando os mais religiosos dessem de cara com a baixaria que é nossa cultura “majoritariamente cristã”, talvez nem tivessem coragem de cruzar a fronteira. Para o bem e para o mal, o Brasil é essa amálgama cultural cheia de desigualdade social que não faz ser um lugar atrativo para fincar raízes.

Eu acho que os palestinos iam enxergar a mesma saída que nós locais: o aeroporto. E mesmo assim, não é tão bom assim porque saída de brasileiro tem mais atenção em qualquer aeroporto do mundo, de tanta droga que carregamos mundo afora.

Eu queria que tivéssemos motivos para nos preocupar com uma fronteira dessas, mas eu acho que o país é desinteressante o suficiente para se proteger sozinho dessas coisas.

Para dizer que agradece a depressão, para dizer que iam preferir tomar bomba de Israel mesmo, ou mesmo para dizer que só odeiam os judeus porque não nos tem como vizinhos: comente.

SALLY

Se o Brasil fizesse fronteira com a Palestina e fosse sua decisão escolher entre abertura ou fechamento de fronteiras, o que você decidiria?

O mesmo que todos os países que de alguma forma já encostaram neles: fronteiras fechadíssimas, pois não vejo forma possível de controlar quando entra civil e quando entra terrorista.

Eu entendo o horror que é em matéria de direitos humanos fechar as fronteiras nesse tipo de situação, porém, na vida, muitas vezes tempos que fazer escolhas trágicas. Eu odeio a responsabilidade de infligir sofrimento, morte e tortura a inocentes, mas eu odeio ainda mais sujeitar meu povo, minha família, meus amigos a isso.

Então, meu ajudar encontra um limite: quando para ajudar tenho que causar dano ou colocar em risco aos meus, eu prefiro desistir de ajudar. Zero pretensão de te convencer de que essa é a postura certa, é apenas o que eu consigo dar no dia de hoje.

Nada do que se discuta daqui para frente é tão relevante quando essa premissa. Mas vale citar.

Não é como se o Brasil fosse um país evoluído, muito seguro e organizado. Segurança pública, por sinal, é um dos pontos que mais deixam a desejar. No dia em que cada paraguaio pegar um canivete, invadem o país. Não só o exército e uma piada de pintadores de meio-fio com arsenal defasado, mas as políticas de segurança pública envergonhariam a pior das republiquetas da América Central. Vocês acham mesmo que o país seria eficiente combatendo terrorismo do nível do Hamas?

O Brasil não dá conta de traficante analfabeto. Não dá conta de pai estuprando filha dentro de casa. Não dá conta de homem que faz ameaça pública em rede social e acaba matando a namorada. Não dá conta nem de saneamento básico. Como alguém pode achar que um país no qual quase metade da população caga na vala poderia adotar medidas para proteger sua população de terrorista?

Vai ter quem pense que o próprio brasileiro se encarrega. O brasileiro é vendido, qualquer pingado na conta de qualquer organização criminosa, do tráfico ao Congresso, geraria uma automática parceria. Eu não esperaria que qualquer autoridade ou figura de poder se posicionasse de forma contrária. Vamos combinar, sem receber nada já estão defendendo o Hamas, o Maduro e o Putin.

O povo, por sua vez, sofreria as consequências, como costuma acontecer. E dá para pensar em uma pá de consequências aqui, uma pá bem cheinha. Desde pessoas sem oportunidade recrutadas para as mais diversas funções em toda as fases, etapas e dinâmicas do terrorismo até pessoas escrotizadas e punidas por não rezar por essa cartilha. Imagina o que aconteceria com mulher de minissaia em morro, comunidade ou bairro dominado pelo Hamas ou por qualquer outro grupo terrorista.

Uma sociedade sem uma boa educação, sem acesso ao básico para uma existência digna, fica escrava do mais forte ou do que paga mais. Uma sociedade assim é a que mais precisa de proteção contra aqueles que usam dinheiro e força bruta para impor sua vontade. Seria uma irresponsabilidade abrir fronteiras quando tem um grupo terrorista acuado, atacado, encurralado por outro país.

Não digo que eles não fossem entrar de qualquer maneira, provavelmente entrariam, pois as fronteiras do país são muito extensas e quem as vigia é muito incompetente. Mas ao menos meu nome não entraria para a história como a pessoa que permitiu isso.

Percebam que com algo muito menor já gerou um problema muito difícil de resolver: para quem não sabe, as grandes facções criminosas que dominam o Brasil, como o CVV e o PCC, surgiram quando tiveram a brilhante ideia de encarcerar juntos presos políticos e bandido comum.

Os presos políticos, pessoas com conhecimento, noções de estratégia e boa escolaridade, acabaram instruindo os criminosos o suficiente para que eles se organizem e se consolidem socialmente. Repito: preso político, gente de classe média, gente como a gente. Imagina quando se expuser o brasileiro a terrorista, internacionalmente treinado, com décadas de estrada.

Vocês entendem que o brasileiro é uma esponja de merda? Ele absorve o que não presta, o que dá dinheiro fácil, o que dá poder fácil com uma rapidez incrível. Não se coloca um povo desempoderado perto de canalhas que podem lhe dar poder fora da lei. É uma mistura explosiva, literalmente.

O país já não tem problemas suficientes não, gente? Vocês estão achando que tá tranquilo, que tem margem para mais merda, para mais crime, para mais atuação fora da lei que o Poder Público não consiga controlar?

“Mas Sally, você não gosta do Brasil, não faz o menor sentido defender esse fechamento de fronteiras”. Faz sim, pois eu gosto de mim, da minha consciência tranquila e do meu nome. Não serei eu a criar um problema desse tamanho e depois dormir tranquila. Não serei eu a gerar um desgraçamento enorme que vai ficar para sempre vinculado a uma decisão minha. Se acontecer, talvez eu faça piada, talvez eu faça um Meme, talvez eu ache até um lado positivo na situação, mas partir de mim a decisão? De jeito nenhum.

Um primeiro passo muito importante para sair da merda, seja uma pessoa, seja um país, é parar de atrair mais merda para si. No momento em que você para de rolar na bosta, fica mais fácil se limpar. Tenham noção das coisas, ou será que agora é preciso uma grande retórica para convencer de que não é uma boa ideia encher o país de terrorista?

Em tese pode ser divertido conjecturar algumas coisas. Na prática, todos sabemos o tamanho da merda que daria.

Para dizer que o Hamas não é um grupo terrorista (não, eu que sou), para dizer que quando nem o Egito te quer é sinal de que tá ruim a coisa ou ainda para dizer que deixaria entrar sim pois o Brasil tem que acabar: comente.

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Comments (2)

  • Fico com a Sally nessa. O Brasil já é o seu próprio pior inimigo: é esculhambado demais, é insignificante no cenário internacional, não dá conta de vigiar nem de proteger nada, abre as pernas a troco de qualquer pouca bosta, não cansa de passar vergonhas homéricas perante o resto do mundo e acumula problemas novos às centenas sem ter resolvido os seus antigos e que parecem eternos. Se tivesse hipotéticas fronteiras abertas com a Palestina, tudo o que já é muito ruim ficaria, sem dúvida, muito pior.

  • “O país já não tem problemas suficientes não, gente?”

    De novo, embora em situações diferentes, não consigo deixar de pensar quando Menem vendeu a alma pro Hezbollah…Perdeu o filho e centenas de outras pessoas perderam a vida…

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