Olimpíadas de Paris.

Esperamos o final das Olimpíadas, para não correr o risco de escrever uma injustiça: Paris foi um belíssimo exemplo de como o politicamente correto, o woke, o ecológico e toda a agenda progressista não funcionam na prática. É lindo de se defender na teoria, eu mesma chego a sentir uma tentação de defender em tese, mas na prática… é um desastre completo. Mas para perceber isso é preciso um tanto de maturidade e desistir de acreditar na fantasia de um mundo melhor sem um preço caríssimo a se pagar por isso.

Supostamente estas Olimpíadas forma pensadas para causar a menor agressão possível ao meio ambiente. Esquecendo por um instante toda a poluição surreal que o deslocamento dos envolvidos (atletas, comissões, público, staff, etc.) dá para dizer que de fato foi o evento mais sustentável dos últimos tempos. Mas… a que custo?

Vimos atleta dormindo em banco de praça pois o calor em seu quarto era insuportável (para não agredir tanto o meio ambiente, não havia ar-condicionado na maior parte das instalações). Vimos proteína animal insuficiente no refeitório, o que além de causar muitas reclamações, não nutriu adequadamente os atletas. Vimos alimentos que, na tentativa de dispensar conservantes, congelamento e outros processos, estavam estragados, como por exemplo peixe com larvas, hortaliças contaminadas e até ovo podre.

Esse é o preço de não agredir o meio-ambiente: menos comida, comida nem tão gostosa e menos proteína animal. Sim, gado poluí absurdamente. Você aí de casa, topa comer carne de vaca uma vez por semana? Ou uma vez por mês? E não ter legumes, verduras e frutas o tempo todo à sua disposição, pois plantar uma variedade grande para congelar e abastecer lugares nos quais esses vegetais não cresceriam também poluí e gasta água para um cacete?

Toparia passar calor, pois climatizar todos os ambientes fechados do seu país geraria muito consumo energético e poluição? Toparia dormir naquele calorzinho gostoso, sentindo gota de suor escorrendo pelas costas, barata entrando pela janela, mosquito zumbindo no ouvido? O planeta já está bem mais quente e isso não será revertido nos próximos cem anos. Você topa passar calor para não ver melhora, apenas para evitar uma piora?

Vamos falar sobre a cerimônia de abertura. Eu realmente estou pouco me lixando para o que foi aquela cena que alguns dizem que simulou a Santa Ceia e outros dizem que não. Realmente não me interessa o que estava simulando ou qual divindade inspirou o ponto é que não era local nem momento para isso. Um evento supostamente de união dos povos, no qual deveríamos ser nutridos por um espírito olímpico e deixar nossas diferenças de lado acabou sendo usado para chocar, polarizar, submeter as pessoas à força para algo que nem todas estão preparadas para ver.

“Mas Sally, quem não está preparado para ver isso é um preconceituoso e tem mais é que ser exposto à força”. Já conversamos sobre isso em outro texto. Não se educa as pessoas assim, na marra, no choque, na força. Isso não gera nada de bom, muito pelo contrário, as pessoas tendem a criar mais resistência e preconceito ainda. Sem contar que, pode chamar de conservadora, eu não gostei de ver genitália não solicitada, muito menos de um sujeito que estava dançando ao lado de uma criança. Não havia necessidade daqueles testículos. Eu não quero ver o saco alheio. Isso é realmente tão condenável?

Fora que, foi hipócrita e contraproducente. Fariam com Maomé? Colocariam um Maomé traveco? Não colocariam, pois no dia seguinte tomariam uma bomba nos cornos. Que mensagem isso passa? “Vamos zoar quem não bate de volta”. E que mensagem isso passa? “Temos que bater de volta para não sermos zoados”. Sempre vai ter um maluco descompensado para pensar assim. É por isso que não se deve fazer. Não sai nada de bom e ainda pode sair muita coisa ruim.

Meus mais sinceros parabéns a todos os envolvidos. É um evento esportivo, tem que deixar todas as religiões de fora. E de preferência, não expor genitália quando tem criança ao lado, quando tem criança assistindo ou quando eu estiver assistindo, pois, como já dito, não quero ver o saco alheio.

O mundo não é o seu umbigo nem a sua bolha. Quando se faz uma cerimônia mundial, que vai passar em todos os países em horário sem restrição etária, é desejável tomar alguns cuidados. Quer dizer que certos temas, pessoas ou atos são proibidos? Não. Quer dizer que a forma como são exibidos tem que ter alguns cuidados para não chocar e gerar o efeito rebote de resistência que tanto prejudica a inclusão. Ah, outra coisa: quando você diz que Lady Gaga vai cantar na cerimônia, isso significa que ela estará lá, não se anuncia isso se ela cantar de um telão.

E já que o assunto é religião, existe um documento chamado “Carta Olímpica” que basicamente diz o que pode e o que não pode durante os jogos. Ele assegura o direito à liberdade de expressão de atletas e comissão técnica, com algumas ressalvas.

A Regra 50, que fala sobre atletas e participantes no geral, diz que nenhum tipo de demonstração ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida nos locais oficiais das competições, instalações ou outras áreas relacionadas ao evento. Isso inclui a Vila Olímpica, as cerimônias de entregas de medalhas, abertura e encerramento. A determinação, segundo o COI, foi criada para garantir que o foco do evento seja o desempenho dos atletas, o esporte e os princípios de unidade e universalidade dos Jogos.

Uma atleta brasileira comemorou sua medalha dizendo, em libras, “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Está contra as regras. Foi punida? Não, pois o evento todo estava contra as regras, inclusive a abertura. Não tiveram moral para punir. Pouco importa qual era o quadro parodiado, nenhum Deus, entidade, divindade deveria ser citado. Está contra as regras. E certamente te algo sobre o saco alheio nas regras também, eu é que não tive paciência de ler tudo.

E nem vou começar a falar sobre a questão racial, o que eu vi de atleta comemorando fazendo alusão a isso… Não pode. “Ain racista”. Não pode para nenhuma raça. Mas que inferno.

Vamos falar sobre as medalhas? Eu entendo a ideia de usar materiais menos agressivos ao meio ambiente, eu entendo a ideia de tentar reciclar, eu entendo tudo que me disserem… desde que isso não ande de mãos dadas com a Louis Vuitton, uma marca que deve causar mais dano ao planeta (e aos humanos, pois trabalho escravo) do que toda a indústria brasileira. Entregar medalha Louis Vuitton e querer sustentar a pose de eco-friendly e humanista não dá. O resultado está aí: medalha descascando antes mesmo das competições acabarem e megacorporação poluente prestigiada. Pior dos mundos.

Vamos falar de outra polêmica? Atletas femininas com excesso de testosterona. Concordo que não tem que ir escrotizar a tia nem chamar ela de homem, mas, desde sempre, atletas com excesso de testosterona são desclassificadas de competições (inclusive olímpicas), seja este excesso por causas naturais ou não, pois geral uma desvantagem desproporcional.

“Mas Sally, quer dizer que a pessoa não pode competir só por ter nascido assim?”. Não. Em outras Olimpíadas (inclusive aconteceu com duas atletas nas Olimpíadas anteriores em Tóquio) elas têm a opção de tomar medicamentos que deixem seus níveis de testosterona no patamar aceitável, que torna a competição justa e proporcional.

Pela primeira vez, isso não foi pedido. O resultado todos vimos, uma baita covardia que não foi boa nem para a atleta que venceu, pois acabou mundialmente execrada em redes sociais. Sendo ela homem, mulher ou alien, o povo não gosta de ver covardia e fica puto. Spoiler: o grosso do ganho de um atleta não vem de medalha, vem de publicidade. Acreditem, não foi bom nem para ela.

Vamos falar do Rio Sena? Prometeram que ele estaria despoluído (nós inclusive avisamos repetidas vezes que isso não seria possível). O troço estava imundo. Imundo num nível de ver tolete boiando (tem foto e vídeo, não é um achismo meu). Eventos foram adiados por vários dias sucessivos dada a sujeira. Era visível pela cor da água a nojeira putrefata. Quando a coisa apertou, resolveram fazer mesmo assim.

Nem mesmo as fotos de vários atletas vomitando ao terminar a prova bastaram. A imprensa correu para dizer que era muito comum ver vômito nesse tipo de competição, devido ao esforço excessivo. Nem mesmo atleta dizendo que encostou em tolete, que sentiu o cheiro a merda, ou foto deles nadando ao lado de uma saída de esgoto que desembocava no local da prova bastou. Passaram pano o quanto puderam.

Quando finalmente atletas de diversos países começaram a ser hospitalizados por infecções, quando finalmente encontraram coliformes fecais no pulmão de seres humanos, aí o assunto morreu. Ninguém pediu desculpas. Ninguém admitiu que aquilo estava imundo. Ninguém teve a hombridade de assumir o erro. Países retiraram seus atletas das competições. Tem atleta hospitalizado até hoje. Imagina só se isso acontecesse nas Olimpíadas do Rio, o tanto que não estariam batendo.

Vamos falar de deslocamento? É extremamente hipócrita receber centenas e mais centenas de aviões diariamente de pessoas que, ao chegar, pegarão centenas e mais centenas de carros para ir para suas acomodações assistir ao evento e fazer discurso de regular transportes e poluentes para os atletas. Além de uma quantidade insuficiente, o transporte também era sem ar-condicionado, o que gerava exaustão por calor em atletas que estavam alojados em locais distantes à competição e precisavam viajar uma hora no calor extremo.

Vários atletas, inclusive brasileiros, tiveram que esperar horas ao sol depois dos treinos pois não havia transporte para levá-los de volta a suas acomodações. É o evento mais importante da vida da pessoa, ela precisa estar com seu físico na melhor das formas. Certamente não ajuda ser abandonado debaixo de um sol escaldante. Mas pega bem, então, fizeram.

Ok, mas pelo menos o material humano era bom? Deveria ser, né? Estas pessoas bondosas ecológicas e politicamente corretas tentando salvar o planeta e as minorias… só que não. As cagadas (ou seria má-fé?) se estenderam ao material humano também.

Vimos juiz de surf com imparcialidade comprometida, por sinal, o sujeito já tinha sido citado em uma carta de protesto da CBSurf à Associação Internacional de Surfe e, ainda assim foi chamado. O grau de descaramento foi tanto que Pedro Scooby e seus dois neurônios conseguiram provar a malandragem e o juiz foi afastado.

Também vimos juízes da ginástica artística errando feio, despontuando uma atleta romena de forma errada e só percebendo o erro dias após a entrega da medalha. A cagada alterou o resultado do pódio. Uma americana teve que perder a medalha de bronze. E em vez de dar medalha para ambas, tomaram a medalha da americana, que já havia subido ao pódio, comemorado, levado a medalha para casa e deram para a romena que havia sido injustiçada. Bizarro.

Teve vista grossa para caso de doping. Agência Mundial Antidoping divulgou que a Agência Antidoping Americana cometeu diversas fraudes e doping, tendo permitido por anos a participação de atletas que usavam substâncias ilegais. O que foi feito? Nada. Teve até atleta saindo para comprar cocaína nestas Olimpíadas. Parece que ter um suposto bom coração e fazer um suposto discurso correto não te torna competente, não é mesmo?

O que dizer da “cama anti-sexo” da vila olímpica? Um troço escroto, desconfortável, que deixou muito atleta com dor e rendimento prejudicado e… inútil. Desde quando o jovem precisa de cama para fazer sexo? Em que mundo colocar uma cama feita de papelão impede os jovens com o corpo mais em forma do mundo de fazer sexo em qualquer outro lugar? O cérebro carcomido pela tese parece incapaz de pensar nas consequências práticas de cada escolha.

Se queriam cuidar da questão sexual, deveriam ter prestado mais atenção em outros setores. Vimos atletas e membros de comissão técnica sendo expulsos e até presos por assédio sexual e até tentativa de estupro.

Foi pouco divulgado pela mídia, mas se você procurar nomes você vai encontrar. Por sinal, se você procurar por nomes, vai entender tudo, inclusive o motivo de não divulgação. Por exemplo, pesquise por Mohamed Ibrahim El-Sayed, que saiu preso da vila olímpica. Essa notícia tinha chegado até você? O caminho mais curto para não ter um crime divulgado é se chamar Mohamed. Fica a dica.

E já que estamos falando do assunto, vale relembrar que para sediar os jogos Paris “removeu” centenas de imigrantes da cidade. Entidades de defesa dos direitos humanos afirmaram que os franceses estavam promovendo uma “limpeza social” e, quem realmente está comprometido com a causa, ficou indignado. Quem só finge que está comprometido com a causa está batendo palma para os amiguinhos woke e dizendo que estas Olimpíadas foram lindas.

Inegavelmente, ofereceu belos cenários, que foram explorados à exaustão, na tentativa de camuflar todo o resto. Lindo ver competição na beira da Torre Eiffel, lindo ver competição nos jardins do Palacio de Versalhes, mas como tudo dessa cultura woke escrota, é só aparência, em essência, estava tudo cagado.

Usam uma bela aparência para tentar provar que dá para fazer um evento bom e sustentável. Não dá. Tanto instalações, como infraestrutura como material humano foram uma merda. É isso o que você quer para o planeta em larga escala? Eu não.

Não tem como defender, foi incompetência e canalhice do começo ao fim. Desde coisas pequenas, como hastear a bandeira de cabeça para baixo na abertura, tocar o hino errado e até anunciar a delegação errada, até coisas maiores como “limpeza social”, prejudicar o rendimento dos atletas em nome de lacração e acobertar casos de abuso sexual.

Entendam de uma vez por todas: no modelo de sociedade que construímos, para ter conforto a única opção, até o momento, é depredar o planeta. Você prefere viver com conforto e depredar o planeta ou com desconforto e conservar o planeta?

Não adianta reciclar seu lixo quando tem zilhões de indústrias poluentes funcionando. Parem com essa ilusão de eficiência, todas as medidas individuais são irrelevantes. Não se comportem como adolescentes imbecilóides que escolhem acreditar que estão salvando o mundo por ser a opção mais agradável.

Cá entre nós, tudo isso é só para inglês ver. Duvido que essa geração militante seja capaz de fazer os sacrifícios necessários para realmente salvar o planeta. Duvido que abra mão do seu smartfone trocado com frequência, da sua internet rápida e dos produtinhos por preço mais acessível. Apenas querem se sentir melhores, especiais, diferentes. Na prática, são os primeiros a chorar e dar piti quando tem que fazer sacrifício.

“Ain mas eu reciclo”. Não meu anjo, sacrifício de verdade, privação, aqueles que de fato fariam uma diferença para o planeta. Esses você não faria, eu te garanto.

Vão cagar no mato, eu estou velha e quero conforto. Quando as empresas poluentes forem neutralizadas eu desligo ar-condicionado. Quando não fizerem limpeza social eu valido atitudes pró-imigrantes. Quando despoluírem o Sena de verdade eu acredito em boas intenções ecológicas. Até lá, podem ir bem tomar no cu, que eu não preciso ostentar privação para me sentir boa pessoa.
Passar bem.

Para dizer que você também quer conforto, mas não vai admitir pois não pega bem (culpa cristã está virando culpa ecológica), para dizer que tudo de negativo que eu falei é fake news (negação agora encontrou uma bela roupagem) ou ainda para dizer que Paris está de parabéns pois não é qualquer um que consegue ser pior do que o Rio de Janeiro: comente.

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Comments (12)

  • Vendo o encerramento da Olimpíada de Paris, lembrei do encerramento da Olimpíada de Moscou.

    https://www.youtube.com/watch?v=GoTubQo92tI

    Olhando a cor do urso e seu formato, bem que Paris poderia ter feito a mesma coisa trocando o urso por um tolete, para simbolizar como mataram o assunto…Bem capaz dos amiguinhos woke se emocionarem com o tolete indo embora ainda assim.

  • Olimpíadas antes: “Citius, Altius, Fortius” (“Mais rápido, mais alto, mais forte”). Olimpíadas agora: “Wokeísmo, Lacração e Ecochatice”. Que merda…

  • Podem me chamar de sociopata, mas eu não dou a mínima pra sustentabilidade. Não procriei e não pedi pra nascer, então ligo o ar condicionado no talo e vou usar o planeta com tudo que tiver a me oferecer.

    • A questão nem é essa, a questão é ser inútil, pois nada do que se suprima de ordem individual vai compensar a agressão que grandes indústrias geram. É inútil de verdade, só serve para alguns se sentirem bons, virtuosos, superiores ou terem uma ilusão de controle que estão fazendo algo para melhorar o mundo. Inútil. Pega para si esse placebo quem precisa dele por questões pessoais.

    • Quem te chamaria! Estou quase na mesmíssima faz tempo, exceção de eu ter ganhado espaço em casa no descarte de (ex-)eletrônicos…

      Não passo mais perto daquele placebo nunca mais!

      Alguém tem/terá ar-condicionado (e grande veículo) sobrando? haha

    • Concordo com você. Eu posso até tomar algumas medidas de sustentabilidade que são fáceis pra mim, como dar prioridade a comprar coisas mais duráveis para consumir menos, caminhar mais e diminuir o uso de plástico. Até porque nem comecei a fazer isso por razões ambientais.
      Mas meu limite vai ser o meu conforto, pelo menos até que grandes corporações e o agro tomem suas medidas também para fazer a diferença. Dependendo de onde se está e do quão calor está, ar condicionado pode ser questão de saúde. Imagina o que esses atletas passaram! O corpo humano não funciona direito com tanto calor.

  • A nossa Olimpiada foi melhor, agora imagino como sera a Olimpiada de Los Angeles, a capital mundial do Wokeismo e Cracolandia.

  • “Vimos atleta dormindo em banco de praça pois o calor em seu quarto era insuportável (para não agredir tanto o meio ambiente, não havia ar-condicionado na maior parte das instalações)”

    De fato, alguns países, dentre eles os Estados Unidos, instalaram unidades de ar-condicionado por conta, desmoralizando a meta de baixa emissão de carbono. Um dos atletas visto dormindo no banco da praça era o italiano Thomas Ceccon, fotografado um dia depois de ganhar o ouro nos 100m costas (conquistou também outro bronze nos 4×100 livres). Sabendo desse perrengue (e de outros), as conquistas dos atletas ficam ainda mais valorizadas…

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