Coisa feia…

A ideia era falar sobre os uniformes feios da delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris e o mimimi que veio das justas críticas que recebeu, mas os locais resolveram eclipsar a breguice tupiniquim numa cerimônia de abertura com um show de horrores disfarçado de representatividade.


Precisa dessa feiura toda? Desfavor da Semana.

SALLY

Mais uma vez o uniforme com o qual a delegação do Brasil vai desfilar é uma vergonha. Mais uma vez o Brasil escolhe passar essa imagem Blanka, aborígene, tropical, malemolente. Um país que teria tanto a mostrar e a oferecer, insiste no visual “selva” e em reforçar a visão estereotipada que o mundo tem dele que, só para constar, é negativa.

E não pode reclamar, pois se reclamar, é acusado de preconceito, xenofobia ou racismo. Isso mesmo, um uniforme que foi criticado em peso na internet, que teve a rara capacidade de unir esquerda e direita em uma única premissa (a roupa está horrível), não pode realmente estar feio. Não existe o direito de desgostar, se desgostou só pode ser hate, se criticou só pode ser preconceito.

Metade dos brasileiros culpa a Riachuelo “Bolsonarista” pela cagada. A outra metade desce o cacete no bordado o que mais parece ser uma onça com Síndrome de Down, feita pelas mesmas bordadeiras nordestinas que bordaram o vestido de casamento da Janja. E, quer saber? Eu concordo com todos!

Está tudo horrível, foda-se quem fez, foda-se em votou a pessoa que fez, foda-se em que parte do planeta mora. Nada disso pesou na minha avaliação. Enquanto ser humano com olhos, com noções básicas de simetria, harmonia e cores, eu acho uma bosta, independente de quem fez. Acho uma bosta pela roupa em si. Mas como todo mundo julga tudo de acordo com seus lacres e suas bolhas, as pessoas presumem que qualquer julgamento está contaminado por esse viés. Este não está: a roupa é horrorosa, vergonhosa, cafona, independente de cor, sexo, religião ou política.

Você pode ser temático, remeter à cultura, sem ser estereotipado, favelado e caricato. A delegação do Haiti tem uma roupa étnica muito bonita, por exemplo. A da Mongólia também. A roupa do Brasil toda me parece um lixo. Toda: a parte feita por bolsonarista e a parte feita por nordestino. Tá tudo uma merda, e não é sobre política, é sobre estética, sobre publicidade, sobre a mensagem que se quer passar ao mundo.

É o maior evento esportivo do mundo, todos os olhos estarão nos atletas. São poucas as ocasiões nas quais o mundo todo está te assistindo. O que qualquer marca decente teria feito? Uma roupa deslumbrante, bonita, bem cortada, com tecidos nobres, para mostrar que sabe fazer roupa boa e se posicionar no mercado. O que fizeram? Saia de R$ 39 para vender. Usaram Olimpíadas como vitrine para vender roupa vagabunda.

Sobre o bordado na jaqueta, poderia ter sido feito em Marte, por marcianos, que continuaria horrível. Tá tudo horrível: a onça está deformada, as cores são tenebrosas, o bordado está mal posicionado. Quer dizer, na minha opinião, o posicionamento é até bom, pois num desfile de delegação o público só vê a parte da frente dos atletas, então essa onça desconfigurada não vai aparecer, mas, se pensarmos em termos de valorizar o trabalho de quem fez, está uma merda. Olhe bem de perto para essa onça. Olhe nos olhos dessa onça normal e acima da média e me diga se está bonito.

Havaianas. Os atletas brasileiros vão desfilar de fuckin´ havaianas nos pés. Eu não tenho nada contra o chinelo em si, mas acho que existe lugar e momento para tudo. Você iria para o evento mais importante da sua carreira usando chinelos? Pois é, os atletas brasileiros serão obrigados a isso. E pior: o desfile foi planejado para ser feito em um barco (ainda não se sabe se a natureza vai permitir). Já tentou entrar em um barco de havaianas?

O tecido da calça masculina é tão vagabundo que dá para ver o forro do bolso da calça quando ela é exibida em vídeo. A saia tem uma aura evangélica, além de ser muito mal cortada a estruturada. Parte de baixo branca para desfile a céu aberto, quando não se pode ter certeza se vai chover ou não… o que as pessoas têm na cabeça? E, pela milésima vez, verde e amarelo é uma combinação ingrata, feia, cafona, tem que focar no azul e branco e deixar o verde e o amarelo só para detalhes.

Depois que o povo meteu o cacete nessa desgraça de roupa, os responsáveis diretos ou indiretos tomaram dois caminhos para tirar o corpo fora: o “não fui eu que fiz”, quando sabemos muito bem que mesmo quem não fez teve que fiscalizar e aprovar e o “isso é preconceito”, para calar a boca das pessoas na base do constrangimento. Ambos patéticos.

Sobre o “não fui eu que fiz”, tenho algo a dizer. Vocês têm ideia de quantas pessoas tiveram que aprovar esse look final para que ele comece a ser produzido? Muita gente olhou para essa desgraça e falou “Tá bonito, representa bem meu país, tá aprovado”. Eu acho pior aprovar essa merda sem ter feito, pois existia um distanciamento saudável do projeto para ver claramente a bosta que é. Mas estão tirando o corpo fora, com esse argumento de criança de dez anos: “já estava assim quando eu cheguei”.

Sobre o “é preconceito”, também tenho algo a dizer. Vocês percebem que se o que está feio, inadequado ou antiestético não for criticado, nunca vai melhorar? Amor pelo seu país não é aplaudir qualquer merda, é criticar o que está ruim até melhorar. Assim como uma mãe que só aplaude o filho cria um débil mental, um povo que só aplaude cagadas do Poder Público cria uma sociedade débil mental. Contratou a Riachuelo para fazer? Ficou uma merda? Manda refazer quantas vezes sejam necessárias ou contrata outra marca. Contratou bordadeira e ficou uma onça cubista? Idem.

Vocês percebem a falta de discernimento coletiva das pessoas que estão gerindo a sociedade? Pessoas que olharam para essa roupa e acharam que estava adequada, apresentável, digna de representar o país. Levemos e conta o seguinte: uma roupa é um vexame, mas não é tão grave. Imagina quantas outras escolhas sem discernimento essas pessoas fazem que acabam impactando a sua vida e você nem mesmo fica sabendo. E nada vai mudar se as pessoas aceitarem.

Tem que criticar se quiser que melhore. Não importa a razão pela qual a roupa está cagada: incompetência, corrupção, preguiça, péssimo gosto ou o que for. Tem que sentar o cacete. Criticar essa roupa não é bater no seu país, é bater em quem está emerdificando o seu país. Não se deixem calar, nem agora, nem nunca, por nenhuma tentativa de constrangimento: está falando mal do próprio país, é preconceito, é xenofobia, é o caralho. Critiquem.

“Mas Sally, não dava para fazer melhor do que isso”. Beleza, então desfila com a roupa de competição, que é o que muita delegação vai fazer. Certamente uma calça e uma jaqueta Adidas era melhor do que isso.

Temos que ter o direito a desgostar, a criticar, a falar mal, a apontar os erros sem que isso seja atribuído a preconceito, racismo, machismo, xenofobia, homofobia, posicionamento político ou o que for. A figura do “critiquei pois eu não gostei” tem que voltar a existir e ser válida. Exerçam seu direito a crítica até que todo mundo entenda isso.

Para dizer que a onça está com cara de quem fumou maconha, para dizer que o Nordeste não erra e se existe crítica só pode ser preconceito ou ainda para dizer que esse uniforme sintetiza muito bem o que é o Brasil: comente.

SOMIR

Estilista: “Qual é o objetivo dos uniformes da delegação brasileira?”

COB: “Nós queremos passar o conceito de cheiro de sovaco azedo.”

Estilista: “Pode deixar, eu tenho o visual perfeito para vocês!”

Eu queria fazer um texto só fazendo esse tipo de coisa, mas no meio do caminho tinha uma cerimônia de abertura… é hipérbole dizer que ela foi horrível, muitas partes foram interessantes, tinha uma estética “chique-decadente-techno” francesa que eu vi em vários pontos do evento, mas havia um elefante na sala…

Um elefante de barba e vestido. Vários, aliás. Eu não sei se foi tudo coordenado, mas em vários momentos dava a impressão de que toda aquela parte com drag-queens, travestis e similares foi algo colado em cima da cerimônia. Não sei se foi obrigação ou vontade de lacrar, mas claramente destoou.

Tinha uma ideia visual mais francesa por trás de vários dos elementos da cerimônia, o que é o esperado nesses casos: o país sede engole uma dívida escrota em troca de uma propaganda mundial poderosa. Discutível se vale a pena, muitos franceses não estão felizes com isso (tenha em visto os atentados contra o sistema de trens), mas existe essa lógica. Você vai fazer um show descaradamente ufanista, mas que ao mesmo tempo conquista a simpatia do resto do mundo. Soft Power clássico.

Mas de tempos em tempos, é como se escutássemos o disco riscando e a câmera cortasse para um bando de pessoas que se apresentam da forma mais chocante (permitida em TV aberta) possível. Cerimônia feita para agradar quem está assistindo corta para cerimônia feita para provocar o mundo, volta, corta, volta, corta… o que estão fazendo?

Porque de um ponto de vista artístico, provocação é uma forma de expressão, às vezes a ideia da arte é te deixar desconfortável, te forçar a pensar sobre o que não costuma pensar. Mas não estamos falando exatamente de uma performance artística comum, não? É uma abertura de Olimpíada, não uma peça de teatro autoral. O mundo parou todo para assistir um país “dançar para ele”, precisa ter noção de adequação.

Sim, eu sei que é complicado separar o que é gosto pessoal do que seria adequado para passar num evento desses. Eu estou pensando nisso, o fato de eu achar um marmanjo de barba e peito peludo vestido de mulher e todo maquiado uma imagem feia não quer dizer que seja uma visão universal, certo? Bom, aí é importante prestar atenção nos detalhes. Quem viu ao vivo na TV ou na internet, na maioria dos países ocidentais, viu apresentadores e comentaristas falando como eram cenas de representatividade, como era algo corajoso, poderoso…

Mas ninguém apareceu dizendo que era bonito, né? Na hora que a bandeira olímpica veio a cavalo com a Torre Eiffel ao fundo, a maioria das pessoas comentou como era uma cena bonita. O monumento iluminado, a grandiosidade visual, a simetria, o estilo. Eu achei a cena dentro do Louvre muito estética, com as personagens das pinturas pulando das molduras indo para a janela ver o desfile das delegações. Mesmo que o gosto dos franceses em várias dessas cenas não bata muito com o seu pessoal, é relativamente simples perceber quando a coisa é feita para agradar e quando não é.

E esse é um problema recorrente com a ideia de representatividade, que ela se basta. Mas a representatividade deveria ser um meio, não o fim. Queremos representação para que mais pessoas na sociedade possam fazer parte das coisas boas da vida. Que tenham direitos e participação. Mas como tudo nessa vida, precisa chegar a algum lugar. Esse tipo de representação provocativa e, francamente, malfeita (que nem o uniforme brasileiro), não chega no objetivo real da situação em que se inclui a pessoa diferente.

Faltavam grupos excluídos em grandes eventos? Então coloca eles no grande evento, mas não dessa forma “zoológico” como se convencionou fazer. Aquele povo super “empoderado” na cerimônia estava numa jaula durante o evento todo. Qual a conexão com o resto? Estavam incluídos mesmo? Porque o mundo inteiro viu cenas bonitas e bem ensaiadas intercaladas com um bando de gente berrante tendo ataques epiléticos aleatórios. Piorou a imagem, não melhorou. E repito, não incluiu. O cidadão médio achou horroroso.

E para deixar ainda mais complicado, resolveram dar uma sacaneada na única religião permitida de ser sacaneada fazendo uma versão “circense” da pintura da Última Ceia, cheia de gente feia e zoada, simulando uma imagem muito querida pelos cristãos. Eu tenho zero respeito pelo misticismo religioso, argumento por impedir pessoas que acreditam em deuses de votar (eu já melhorei como pessoa, mas nem tanto), e mesmo assim eu sei que é uma ofensa barata. E pior, uma ofensa barata que vai para a conta de um grupo que já é perseguido por religiosos.

Aposto que estavam todos felizes de lacrar com o cristianismo, não vou ficar chamando de coitadinhos, mas quem organiza isso sabe muito bem o que está fazendo. Tanto que com a religião que realmente bate de volta eles estão mansinhos. Queria ver colocar uma drag com um turbante e dizer que é Maomé… o país pegaria fogo. No máximo uma discussão sobre hijabs, mas ironicamente, é mais seguro mexer com mulher em assuntos islâmicos, os malucos dessa religião meio que entendem regular o que mulher pode vestir…

Seja como for, no final do dia o status quo acaba mantido. Quem tinha preconceito contra mulheres, gays, negros, árabes e afins continua tendo, alguns até empoderados pela forma desastrada como os franceses lacraram. Quem não tinha fica preso num sorriso amarelo dizendo que é superbacana e poderoso ver aquela gente feia agindo de forma bizarra.

Não seria a hora de pensar em inclusão de forma mais… publicitária? Ao invés de ficar vendendo a imagem que as pessoas “diferentes” vão entrar no meio do que a gente gosta para deixar tudo mais feio e agressivo, por que não focar em gente menos torta da cabeça? O gay médio não é essa arara demoníaca hipersexualizada. Para quê ficar repetindo essa merda de estereótipo o tempo todo? Inclusive, durante a transmissão da CazéTV no YouTube, o gay assumidíssimo chamado para comentar foi muito mais crítico à preguiça intelectual e técnica dessa parte do evento do que os outros participantes, todos presos na obrigação de “achar inclusivo”.

Esse rei está nu. A forma de vender inclusão está diretamente relacionada com uma ideia de baixo nível de qualidade e um medo generalizado de cobrar resultados. Ninguém evolui assim, tanto que é justamente na era de mais lacração da nossa história que fascistas e reacionários começam a retornar com força no cenário político mundial.

Eu só tenho um pedido para os outros progressistas desse mundo: parem de dar votos para o Bolsonaro do seu país. Porque toda vez que acontece uma lacração porca dessas, é o único resultado real.

Para me chamar de algum ista, para dizer que achou poderoso e inclusivo (mas não bonito, né?), ou mesmo para dizer que só curtiu a bandeira ao contrário: comente.

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Comments (12)

  • Hosmar Weber Júnior

    A cerimônia representa características culturais deles, e vejam pelo melhor lado de todos, essa cerimônia tá fazendo os crentelhos morrerem de xilique (sem motivo), querem mais uma razão para elogiar essa Olimpíada? Eu não vejo a hora do malafaia se exaltar quando for falar sobre o assunto e soltar a franga com aquela voz de marreca

    • Eu achei desnecessário, não é sobre ficar feliz com a irritação alheia, é sobre uma cerimônia que deveria ser de união dos povos gerando atrito. É sobre uma sociedade que deveria aceitar pessoas LGBT mas, ao serem expostas a um homem adulto com os testículos de fora dançando ao lado de uma criança criam uma resistência ainda maior. Essa cerimônia só serviu para fortalecer e espalhar conservadorismo. Não se educa a pessoa no choque, esfregando na cara, isso só gera resistência.

  • Ai ai, no país da Anitta, botar as minas pra desfilar com essa saia grande e larga de crente foi pacabá! Seria mais autêntico um layout que elas usam em baile funk mostrando o corpo todo, ia dar bem mais ibope.

  • A Mongólia é um país relativamente pobre, sem contato com o mar, cercado pela China, Rússia e Coreias. Ou seja, só gente louca. Um país cuja demografia é baixa. Ainda assim fizeram lindas peças.

    Haiti, preciso comentar? Também fizeram um trabalho muito bonito.

    O Brasil com condições consideravelmente melhores, entregou ISSO. Um país que diz focar em educação, cultura e representatividade. Mas, claramente, não o faz. Ele foca em estereótipos do brasileiro. A identidade do povo se perde, e receio que seja por culpa do próprio povo, que se odeia e prioriza atalhos.

    Meu ponto é: o brasileiro fica muito em economia e dinheiro, mas está deixando outras áreas em branco. Mesmo quando ele quer resolver as outras áreas, quer fazer pelo menor esforço possível. Simplesmente tacar as pessoas em instituições de ensino, simplesmente dar marmita, assistencialismo, etc. Não é bem assim que funciona.

    Eu pessoalmente acredito que estética urbana e cultural está ligada a forma de pensar e agir de um povo. Se algo é muito feio, é porque há algo de feio essa sociedade. É como sentir febre, costuma indicar infecção (aí é descobrir onde). Aqui não creio que dinheiro ou instrução seja o problema, como eu disse, países com muito menos fizeram mais.

    Parece uma união disfuncional do Capitão Planeta: excesso de foco em economia, autopreconceito, baixa instrução de base, dogmatismos religiosos, baixa autoestima, “jeitinho”… Aí resulta nessa coisa feia.

    • O golpe deu certo

      É pior ainda. As peças parecem vindas da ponta de estoque da Riachuelo. Só deram o toque de merdas no bordado pra gourmetizar a peça e tentar faturar quando o shame desse as caras.

  • Sally e Somir, eu também detestei o uniforme da delegação do Brasil e a lacração na abertura da Olimpíada. Vocês foram certeiros em seus respectivos textos. Tanto que eu concordo totalmente e nada mais tenho a acrescentar.

  • Uniforme horrendo de tudo. Intragável.

    Da abertura, gostei da amazona na água, do balão com o fogo olímpico e da Céline Dion cantando. A torre Eiffel também ficou bem bonita iluminada, me deu vontade de estar lá

  • O problema nem é o quão feio é, e sim como isso se repete.

    O choque contra isso que vemos mundo agora é bom, porém dá voz não só a críticas, mas a aberto preconceito que acaba sendo avaliado como justo.

    Não esperava algo diferente, mas não deixa de ser triste que o pêndulo irá com força total pro outro lado e, mais uma vez, deixemos de ficar no meio por cobiça dos que achavam que só inclusão não era o bastante.

  • Quanto aos uniformes o Brasil passa oq sempre passou, aquela coisa mal feita, de jeitinho, meio desleixado…pq no Brasil alegria = desleixo. Seja carnaval com tudo mundo pelado, suado e sambando, seja essa vibe mamãe vou pro culto. Brasil não consegue passar imagem de bom gosto.
    Colocasse um adorno de frutas na cabeça ia fechar a imagem com perfeição.
    De resto, a arte vive em ondas, acho que agora estamos numa era meio grotesca e bizarra de tudo.

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