Ética móvel.
A Presidência da República encontrou todos os 261 bens do patrimônio Palácio da Alvorada que estavam desaparecidos e que foram motivo de troca de farpas entre os casais presidenciais Lula da Silva e Bolsonaro. A disputa teve início durante a transição de governo, no início do ano passado, quando Lula (PT) e a primeira-dama Janja reclamaram das condições da residência oficial e apontaram que alguns móveis do patrimônio estavam faltando, quando Jair Bolsonaro (PL) e sua mulher Michelle Bolsonaro se mudaram do local. LINK
Baixaria, mentira, desvio de dinheiro público e é claro, munição para os bolsonaristas. Desfavor da Semana.
SALLY
O caso todos vocês conhecem: quando assumiu a presidência, Lula e Janja foram a público acusar Bolsonaro de ter roubado os móveis do Palácio do Planalto. Fizeram um escândalo em torno disso, falaram sobre o assunto por meses e, o que é pior, compraram novos móveis em regime de urgência, sem licitação, pois segundo ele era urgente por “estar cansado de ficar em hotel”. Então, com o seu dinheiro, gastaram uma cifra imoral sem qualquer necessidade. Apenas para cama e sofá gastaram seis dígitos.
Pois bem, os 261 móveis que teriam sido “roubados pelo Bolsonaro” apareceram. Todos eles. Todos estavam no Palácio do Planalto. Nunca saíram de lá. Mas essa informação só veio oficialmente a público por jornalista ter fuçado muito e descoberto a verdade, inclusive com contatos dispostos a confirmar o ocorrido… ou seja, a intenção era não divulgar.
Vamos das questões mais superficiais às mais profundas.
A vergonha. A leviandade. A vontade de falar mal do outro não importa se é verdade ou mentira. O descrédito. A postura leviana de um Chefe de Estado. Tudo isso já vem sendo relativamente bem explorado pela mídia. Vamos subir um degrau.
Atribuir um crime a alguém que não cometeu crime, é crime. Além da pena na esfera criminal, também gera um direito de indenização para a pessoa que foi falsamente acusada. Não que Lula vá ter qualquer problema criminal, fez coisa muito pior e os processos ainda estão aí, dormindo em berço esplêndido. Mas não apaga o fato de que é um criminoso. Não é uma imagem desejada para um Presidente da República, não é mesmo? Uma pessoa que não pensa antes de falar e acusa sem provas a ponto de cometer um crime.
Vamos subir mais um degrau. Como é burro. Se você quer ser desonesto, ao menos faça com competência. Se você quer incriminar um inocente, ao menos faça direito. Suma com os móveis. Bota fogo. Dá um jeito de desaparecer com a prova da sua mentira. Obviamente o ideal é não mentir, mas já que escolheu o caminho da mentira, mostre um pouco de competência. Nem isso. É com essa mesma incompetência que gere o país. Mas se falar isso, você é bolsonarista. Ou fascista. Ou ambos.
Subindo mais um degrau, compraram móveis por um preço caríssimo sem licitação. Os mesmos que reclamam que a classe média gasta demais, os mesmos que taxaram as blusinhas da Shopee, fizeram uma despesa grande, irresponsável e sem necessidade. Isso dá uma amostra de como essas pessoas gerem o patrimônio público. É perdulário, é preocupante, é impune. O Governo admitiu oficialmente que os móveis foram encontrados e nenhum pedido de desculpa ou satisfação foi dado à população. Eles acham que podem fazer qualquer merda que o povo vai ficar calado.
Subindo outro degrau: mais uma vez esses imbecilóides dão munição para que Bolsonaro se diga injustiçado e todas as acusações que pairam sobre ele (a maioria verdadeiras) sejam desacreditadas. É simplesmente asqueroso ser tão ganancioso, boquirroto e burro a ponto de limpar a imagem do Bolsonaro. É um câncer. A gente chega até a se perguntar se a intenção não é manter o Bolsonaro vivo para que o Lula talvez possa vencer mais uma eleição. Mas aí a gente olha para o histórico e vê que até para isso são burros demais. É burrice na sua forma mais pura e concentrada. É um diamante de burrice.
Agora vamos para o último degrau, que, na minha opinião, é o grande desfavor sobre esse tema: não apenas a militância, mas boa parte das pessoas, estão cuspindo falácias, manipulações e forçando argumentos para tentar fazer parecer que Lula não fez nada de errado, que não aconteceu nada tão grave, que no final das contas a culpa ainda é do Bolsonaro.
Tem zilhões de argumentos circulando e eu não vou dignificá-los citando-os aqui. Por mais que desgostemos profundamente do Bolsonaro (e inclusive por isso), é simplesmente doentio não reconhecer a culpa do Lula. É alavancar um retorno do Bolsonaro abraçar essas teorias. O culpado é o Lula e não é assim tão difícil de perceber.
Falar merda sem pensar e por interesse próprio? Nada de novo. Fala para mulher negra que ela vai a evento para batucar ou para arrumar marido, fala que Israel faz o mesmo que Hitler, fala bosta o tempo todo. É uma metralhadora de merda. Nesse caso dos móveis foi apenas mais uma vez, mais uma mentira descarada para tentar se promover e provar seu ponto. Mas a gente não espera que brasileiro médio saiba detectar padrões.
Desonestidade e mau uso do dinheiro público? Nada de novo. Por mais que uma parcela anencefálica da população goste de acreditar que Lula foi inocentado dos processos que respondia, ela não foi. Tem provas cabais contra ele. Essa compra de móveis caríssimos sem licitação foi só uma pequena amostra do comportamento padrão de oprimido virando opressor, do pobre deslumbrado e sua acompanhante que se porta como uma garota de programa igualmente deslumbrada. Lula está se portando assim debaixo do nariz de vocês e nada acontece. O recado que se manda é: pode fazer mais.
Burrice? Certeza da impunidade? Nada de novo. Lula reescreve a história desde sempre, nega que tenha dito coisas que estão gravadas em vídeo, promete uma coisa e não cumpre e fica tudo por isso mesmo. No primeiro dia de governo ia acabar com os sigilos? Enfiou uma porrada de sigilos esta semana. Na primeira semana de governo ia acabar com o orçamento secreto? É recordista dele e o utiliza com muito mais frequência que o Bolsonaro. Estaria mais capacitado para gerenciar uma crise de saúde? Brasil bateu dois milhões de casos de dengue, sendo que o número real deve ser muito maior, pois não há teste para todos. Segundo me foi informado, o apelido do Lula no país é Presidengue.
E nada acontece. E continua sendo defendido pelo povo. Lula pode mentir e ser desmentido quantas vezes for, que nunca é um mentiroso. É um equívoco, uma imprecisão, uma frase tirada de contexto. É um problema estrutural, é perseguição de bolsonarista, é tudo menos culpa do Lula.
Vocês são burros para um caralho. Quem acredita no Lula e quem está calado, inerte, sem fazer nada diante de tanto desaforo. Igualmente burros. Vocês são piores do que Lula e Bolsonaro, pois ao menos Lula e Bolsonaro obtém algum benefício agindo assim. Vocês só tomam no cu e mesmo assim continuam cúmplices. Nada que aconteça no Brasil daqui para frente me comove, o que quer que venha, não importa o tamanho da trolha, é um aprendizado pelo sofrimento que vocês mostraram ser muito necessário. Vejam bem o que estão fazendo (ou não fazendo) e depois não reclamem.
Para dizer que todo sábado é isso agora, texto esculachando, para dizer que não pode fazer nada (mentira) ou ainda para perguntar sobre a Palestina ou o Milei: comente.
SOMIR
Com o caso bem explicado, deixa eu dar um depoimento de brasilidade aqui: apesar de acreditar que eu sou uma pessoa responsável na média, se olhar bem de perto os sinais de relaxamento tupiniquim estão todos lá. Deixar coisas para a última hora, tolerar falhas e atrasos, acreditar que depois dá-se um jeito… tem algo no ambiente que torna mais fácil viver com níveis baixos de esforço na sociedade brasileira.
E isso acumula em largas escalas, a gente vive num acordo silencioso de relaxamento um com o outro, o que fatalmente influencia como nossos políticos agem. Mas não se enganem, por mais escrotos e incompetentes que sejam as pessoas eleitas e indicadas para cargos públicos, tudo começa nas menores escalas. Nós somos parte disso.
Na média, eu lidei com um mundo de pessoas que me dava a opção de resolver as coisas depois ou mesmo deixava passar minhas falhas. Eu formei na mente a ideia de que isso era normal. Atrasei? Espero perdão e outra chance. Errei? É normal deixar passar e resolver depois. A gente que vive numa sociedade assim vai se contaminando. Como eu tenho um mínimo de vergonha na cara, eu realmente tento não repetir o erro e valorizar segundas chances.
O tempo me ensinou a ser um pouco mais caprichoso nas primeiras tentativas, mas lá no fundo da mente a ideia de que relaxamento não incomoda muito o brasileiro está sempre presente. É meio como se a gente já contasse com a segunda chance antes de tentar fazer algo. O que eu sempre imaginei que era confiança na minha capacidade de resolver o problema depois talvez fosse apenas relaxamento espelhado na outra parte.
Lidar com uma pessoa como a Sally foi um choque. Não porque ela não dá segundas chances, eu me beneficiei de várias, mas porque ela cobrava resolução imediata do problema. Não necessariamente sair correndo para fazer o que ela quer, mas lidar com o problema na hora. Às vezes era na forma de montar um plano para resolver a coisa na frente dela, às vezes na forma de alguma punição chata/vergonhosa, mas que pelo menos criava um senso de resolução imediato: errou, pagou.
Foi um choque porque ela estava demonstrando uma cultura diferente da norma brasileira: pagamento à vista. O brasileiro quer parcelar tudo, não quer pagar na hora pelos erros. E se a outra parte esquecer de cobrar as parcelas seguintes, melhor ainda, sai na vantagem. Com o tempo, em relações de trabalho, ao lidar com estrangeiros, eu também vi essa cultura diferenciada. Não é questão de confiar que você é uma pessoa bem-intencionada ou não, é esperar que você tenha responsabilidade imediata pelo o que faz. Gostar de você é algo totalmente separado.
E por que eu estou puxando essa tangente toda? Porque num país com uma cultura de responsabilidade, Lula teria que reembolsar os cofres públicos na hora que encontraram os móveis. Não teria conversa ou malabarismos argumentativos para justificar o erro: gastou dinheiro público à toa, devolve. Não seria nem polêmica. Se Bolsonaro e a mulher quisessem processar por calúnia, direito deles, mas a parte prática da coisa é que compraram móveis caríssimos à toa, sem licitação, e não precisavam.
Numa cultura séria com essas falhas, não seria nem questão de chamar Lula de ladrão ou questionar se ele tirou vantagem política disso, seria só um técnico do governo olhando uma planilha e dizendo que o dinheiro tinha que ser reembolsado por erro na hora de compra. Não é sobre gostar de Lula, Bolsonaro ou ninguém, é simplesmente sobre arrumar o erro na hora. Se Lula vai pagar com desconto no salário ou se vai ser perdoado da dívida, tanto faz. Sério, o elemento que demonstra a cultura torta do brasileiro é que não tem repercussão imediata.
Defenda-se, pague na hora, pague parcelado, troca por limpar calçada, sei lá, mas resolva imediatamente. Essa coisa de transformar em discussão política e tentar decidir qual lado é mais correto ideologicamente é apenas reflexo dessa cultura de “a gente vê depois, se você esquecer de me cobrar melhor ainda”. É isso que vai criando um sistema de incompetência e relaxamento no Brasil, a ideia de que você não precisa pagar pelo que faz de errado na hora.
A gente acaba achando que tem um fator de afeto e confiança relacionado com não te cobrar pelos erros, mas não tem nada a ver com isso. Você pode confiar sua vida numa pessoa e ainda sim querer que ela pague pelo que fez de errado na hora. Essa relação inversa entre gostar e cobrar é parte de uma cultura que beneficia o relaxamento, porque mesmo que você esteja com boas intenções, o tempo passa e o contexto muda. O que você deveria ter arrumado ontem pode ser impossível de arrumar hoje.
Quem pensa em correção de erros imediatamente não se expõe ao risco das condições mudarem no futuro. Colocar passionalidade onde ela não precisa estar é uma receita de falhas recorrentes. Lula não está certo ou errado por você gostar dele ou do Bolsonaro, o fato se sobrepõe ao sentimento: fez merda, gastou dinheiro nosso com dia de compras no shopping, acusou alguém injustamente e tentou esconder tudo até um jornalista trazer a verdade à tona. Os móveis não foram encontrados na Groenlândia, e sim no mesmo prédio. Qualquer um de nós resolvia esse problema em um ou dois dias de trabalho.
É um erro prático, malicioso ou não. E erros práticos tem que ser resolvidos de forma prática. Não tem discussão política aqui, gastou dinheiro que não é seu sem consentimento do dono, devolve ou compensa de alguma outra forma. E na hora. Porque a notícia esfria e o povo nunca mais cobra. E aí, é negócio, né? Imagina se você sempre pudesse parcelar suas compras, mas que não precisasse pagar as parcelas? Brasil é assim.
O problema é que um mercado de caloteiros nunca consegue construir nada além de dívidas. É um desfavor por tudo o que a Sally disse e é um desfavor ver como a cultura desse povo vai fazer com que Lula escape livre da responsabilidade pelo que fez, assim como Bolsonaro escapou da imensa maioria das dele. É um sistema confortável para quem é incompetente e para quem é corrupto. E todos nós fazemos parte dele.
Para dizer que vai me cobrar à vista pelos contos que nunca terminaram, para dizer que sempre soube que eu era um brasileiro médio, ou mesmo para dizer que o brasileiro tem que acabar: comente.
Christiane
Essa Canja tem uma cara de 50 centavos e que coragem beijar a boca do Fuhrer dos picaretas, deve ter
estomago blindado pra aguentar o fedor de pinga com mofo!
Anônimo
Depois de um tempo, acostuma e nem liga mais…
Anônimo
Mais um exemplo da ética móvel do Brasileiro Médio.
Hoje se explica do cara ter morrido numa grana alta pra sair da cadeia, né?
Charles D.G.
Vou morrer dizendo: Mulla está se entregando a mesquinharias como essa discussão estúpida por causa de móveis (na qual ele está se comportando igualzinho aos EUA quando o assunto é guerra do Vietnã) devido à Jonja, e só por causa dela. Mulla é burro velho, cansado, faz quase 60 anos que tá nisso de luta política e não deveria mais estar fazendo cagadas nessas alturas do campeonato. Entretanto, ele encontrou essa Junja e pronto: está como moleque babão com a primeira namoradinha, fazendo merda sobre merda pra impressioná-la. E todos nós estamos nos ferrando por causa desse embucetamento senil, horrível pra idade dele.
E ainda tem outra, hein? Essa mulher, sendo socióloga, comunista, feminista, trapista, alpinista e muitos outros “istas”, com um discursinho vitimista (olhaí mais um “ista”) sempre na ponta da língua, é quem está modulando todo o discurso da esquerda pra fazer parecerem “erros” e “aprendizados” os tropeços que o burro velho está dando justamente por causa dela. É manipulação brutal que chama? Deste modo, não há setor de comunicação oficial/institucional que dê jeito, porque entre este e o Mulla há a barreira intransponível da Jenja, que deforma/inverte todos os fatos pra que o PT/(extrema-)esquerda sempre tenha razão. Certeza que ela devorou aquele livro do Schopenhauer sobre dialética erística!
Prevejo, já para estas eleições, uma avalanche à direita nas principais prefeituras. E para 2026, um tsunami de direta caindo sobre o Brasil.
Pelo menos isso será realmente culpa do Mulla.
Paula
Eu limito a quantidade de vezes por dia que checo sites de notícias porque eles detonam a saúde mental, mas fui procurar esta e não achei nem uma letrinha miúda. O povo brasileiro já se acostumou tanto a ser roubado que uma coisa escancarada e grotesca como essa não vira notícia mais. Provavelmente, passará em brancas nuvens e o casal Lule sairá impune. Além do mau uso de dinheiro público não ser corrigido, ele sequer será considerado como erro pela maioria das pessoas.
Anubian
Fico imaginando se esse jornalista independente que conseguiu vazar a história dos móveis não vai acabar tomando na jabiraca por cometer um grade atentado contra o estado demandiocrático de direito… e com certeza, não era pra ter vindo a público, inclusive a imprensa de assessoria deu zero divulgação pra isso… e os que ainda se propuseram a comentar em redes sociais ou lugares mais fechados, ainda disseram que o verdadeiro problema era a possibilidade do Bolsonaro capitalizar em cima desse “deslize”.