
Introdução – Cultura branca.
| Sally | Desfavor Bônus | 52 comentários em Introdução – Cultura branca.
Dentro do nosso calendário lúdico, ontem foi o Dia da Exclusão Social, “uma data criada para excluir minorias e maiorias vitimizadas e ridicularizá-las”. Decidimos fazer uma semana temática, cada dia falando sobre um grupo, mas sempre como se estivéssemos falando do homem branco hetero, afinal, é só sobre ele que se pode falar sem ter sérios problemas no Brasil.
O problema começou quando eu enviei meu primeiro texto ao Somir. Calmamente ele me explicou quais seriam as implicações de postar aquilo e o quanto seria contraproducente. Não por querer seguir uma linha politicamente correta ou por ter medo dos desdobramentos (esse trem já partiu, são 15 anos implorando por um processo), mas por ser contraproducente para com os leitores.
Ao que tudo indica, algumas mudanças sociais estão acontecendo em uma velocidade tão rápida que acabam nem sendo percebidas, mas, mesmo sem ser percebidas, influenciam a percepção das pessoas do que é tolerável ou não. E, na percepção do Somir, meu texto seria um grande “inaceitável” que, em vez de cumprir sua função, geraria resistência em todos, inclusive no leitor do Desfavor, não por culpa do leitor, mas por um mecanismo inevitável.
O que consideramos aceitável ou inaceitável sofre uma influência direta do meio no qual vivemos: sociedade, entorno, momento histórico e muitos outros fatores. Como vocês sabem, eu saí do Brasil no começo de 2020, portanto, meu entorno é completamente diferente do de vocês. No meu mundo, eu posso escrever e recitar esse texto problemático em praça pública sem maiores problemas e pode ser até que receba alguns aplausos. Não é o caso do Brasil.
Sabe aquele discurso que a gente sempre faz dizendo que não se educa na porrada? Que não é obrigando uma senhorinha conservadora a ver dois homens se beijando que se elimina preconceito e se gera inclusão? Pois é, walk the talk, chegou a hora de colocar em prática nosso próprio discurso. Se meu parceiro de blog me diz que está fora do tom atualmente vigente no Brasil, então vamos rever nossa estratégia.
Não se combate o politicamente correto escrevendo palavras duras que certamente vão chocar quem as lê, sejam elas verdadeiras ou não. Só se gera reatividade, rejeição e faz com que as pessoas corram para o outro lado. E não é isso que queremos. Pessoas reativas acabam lendo de má vontade, não entendem o que estão lendo por estarem furiosas, acabam focando apenas nos pontos ruins que reforçam suas crenças sobre o que você escreveu.
Como eu disse, não é falta de fé no nosso leitor. Eu não estou dizendo que o leitor do Desfavor seja politicamente correto, sabemos que não é. Estou dizendo que a linha que não se pode cruzar em matéria de comportamento social e discurso é dinâmica, ela muda o tempo todo de acordo com a realidade do ambiente no qual você está e, neste exato momento, ela está retrocedendo no Brasil. Se você não pensa racionalmente nesse mecanismo, pode acabar afetado por ele sem perceber.
Por isso, o que era uma semana temática de humor duvidoso vai virar um exercício de reflexão. Queremos chamar a sua atenção para isso: o quanto o recuo dessa linha te afetou? Talvez tenha te afetado mais do que você imagina, sem perceber. Talvez agora que você pense nisso perceba que está te empurrando para um lugar que você não quer ir.
“Mas Sally, como vou saber?”. Simples, o texto inaceitável será publicado amanhã, seu medidor é: se você tivesse lido o texto de quarta sem ler este texto, teria achado ele inaceitável? Se você só tolerou, compreendeu ou não se ofendeu com o texto de quarta graças à explicação de hoje, sua linha foi recuada junto com a do país. O que você entende tolerável regrediu.
Não é uma crítica, ok? Por mais que a gente tente, essa linha traçada pelo grupo social que nos cerca acaba entrando na nossa realidade, sem que sequer se perceba. O lado bom é: você é senhor da sua linha, pode colocá-la onde quiser, independente do entorno. Talvez tenha que guardar algumas coisas para ambientes controlados, mas, no seu pensamento, ninguém manda.
“Mas Sally, vocês estão fazendo experiências com a gente?” Desde 2008. Conversamos por bastante tempo. A ideia inicial era cancelar a semana temática, deixando apenas o “Ele Disse, Ela Disse”, que de fato mexe com homem hetero branco e, portanto, não gera qualquer problema. Descartaríamos meu texto e faríamos uma semana normal. Porém, isso seria se render a uma imposição que consideramos injusta, portanto, não pareceu a melhor solução. Por mais que cem pessoas odeiem, uma pode se beneficiar.
Depois pensamos em inverter os temas: Somir escreveria sobre meu tema, já que ele tem mais diplomacia e consegue escrever as exatas mesmas coisas que eu, mas sem causar ira, raiva, choro e ranger de dentes. Porém, isso seria trair o Desfavor. Se um texto precisa ser reescrito de forma mais branda, se perde todo o propósito do blog.
Então, essa foi a forma que encontramos de postar textos problemáticos sem que eles tenham um efeito rebote negativo no nosso leitor e, ao mesmo tempo, de convidar vocês para essa reflexão. De todas as soluções, nos pareceu a melhor. Em outros tempos postaríamos o texto e foda-se, mas desta vez queremos o feedback de vocês: se tivessem lido o texto de quarta sem ler este, sua percepção dele ou sua reação a ele teria mudado?
Retroceder não é uma opção, Desfavor nunca será um blog fofinho. Mas enfiar as coisas goela abaixo de quem a gente acha que pode estar reativo ao assunto também não é mais uma opção.
Não respeitamos essa linha idiota do que pode ser dito, muito menos os idiotas que a recuaram, mas respeitamos o efeito que isso tem na cabeça e na vida do leitor, pelo qual temos enorme carinho e consideração. Ninguém fica indiferente ao seu meio. O recuo da linha afetou cada um de vocês, só não sabemos o quanto. Amanhã vocês vão me contar.
Ficou decidido que o melhor a fazer era alterar o formato da nossa semana temática: em vez de dois textos críticos, cada um de nós vai fazer um texto introdutório e, no dia seguinte, o texto crítico, assim podemos receber um feedback de vocês sobre como se sentem com esse tipo de conteúdo. É possível, inclusive, que o recuo dessa linha tenha afetado vocês de uma forma completamente diferente do que imaginamos: o leitor pode estar ainda mais puto, sedento por conteúdo considerado “incorreto”, graças ao entorno opressivo.
“Mas Sally, porque vocês pensam que nós leitores podemos nos incomodar se, apesar de todos os textos que vocês já escreveram, continuamos aqui?”
Há uma tendência de que qualquer coisa dita contra supostas minorias já comece a ser lida com a desconfiança de preconceito, pois isso vem sendo incutido na cabeça das pessoas. Todos os dias em portais de notícia, em redes sociais e até na vida real, se grita “preconceito” para tudo. O racismo está distorcido, banalizado, deformado.
Sabemos que isso se origina de grupos que querem ostentar virtude em benefício próprio: “olha como eu sou nobre, eu sou contra preconceito, eu vejo e logo aponto e critico, olha como eu sou legal”. Todos nós estamos cientes de que essa patrulha existe e que qualquer um de nós está sujeito a ela. Bem ou mal, uma adaptação a esse mundo patrulhado é necessária.
Por questões de sobrevivência, as pessoas passem a viver de acordo com o que essa patrulha impõe, ao menos nas aparências, afinal, custa muito caro ser chamado de preconceituoso e sofrer um linchamento virtual, pode custar inclusive seu emprego, seu sustento. Muitas vezes não dá para peitar, tem que vestir uma máscara de dançar conforme a música. E muitas vezes a máscara acaba se confundindo com o que a pessoa é, por puro costume. Já aconteceu comigo e certamente pode acontecer com vocês.
Não dá para sair combatendo o mundo, e nem acho que seja esse o caminho. O que importa é o que está dentro de você, seus valores, seus critérios, sua cognição. E é sobre isso: queremos te convidar a se lembrar o que está dentro de você, para não viver no piloto-automático, se confundindo com a máscara que você precisa vestir para sobreviver nesse ambiente bosta.
Não tem reação “certa” ou “errada”. Você pode olhar e chegar à conclusão de que a linha tinha que recuar sim. Da mesma forma, você também pode olhar e chegar à conclusão de que ao recuarem essa linha você recuou sem perceber e não quer isso, quer empurrar a linha da liberdade de expressão cada vez mais para frente.
Usem o texto como um termômetro. Não reajam no piloto automático, no efeito manada, no mainstream. Como já diria sua mãe: você não é todo mundo. Se vocês fossem todo mundo, estariam aqui na coluna “Ei, Você”, não nessa.
Estamos te dando um balizador para que você calibre sua balança da forma que entender melhor e não permita que um entorno histérico paute o que você pode pensar ou não. É, basicamente, uma oportunidade de reflexão. Qualquer decisão é válida, desde que seja sua, consciente, pensada e não automática sem perceber.
É provável que se soltássemos o texto sem este disclaimer, ele fosse visto como grosseiro, desnecessário e até preconceituoso. É provável que uma leitura rápida, superficial ou reativa leve a essa conclusão, afinal, já se estabeleceu um caminho neural que leva qualquer crítica a desembocar em preconceito. É inevitável, é algo subliminar, inconsciente.
Na realidade, a intenção do meu texto é justamente o oposto: “ei, você não é inferior, você pode ser muito melhor, mas para isso, precisa mudar de atitude. Tanto tempo se passou e você ainda não percebeu que assim não está dando certo?”. O problema é que não está escrito assim, tão fofinho, está com um humor ácido demais para ser sequer considerado humor. Em todo caso, o conteúdo deveria se sobrepor à forma, mas sabemos que isso quase nunca acontece.
É isso, as circunstâncias tornam necessário um texto explicativo antes de publicar uma postagem que seria perfeitamente normal no Desfavor (tem coisa bem pior aqui). Não por vocês serem burros, mas por acreditarmos que esta reflexão que estamos propondo é mais valiosa do que o próprio texto.
Espero que todos entendam a proposta, leiam com neutralidade e possam observar o quanto o recuo social da linha do aceitável os afetou – e se estão de acordo com isso. Seja lá qual for a escolha, que venha da consciência, não por osmose, imposta por um grupo hipócrita que comanda o país.
E depois contem para a gente: o que é aceitável para você mudou? Nos vemos amanhã.
Para dizer que eu sou preconceituosa mesmo sem ler o texto, para dizer que não entendeu absolutamente nada ou ainda para dizer que quer morar onde eu moro: sally@desfavor.com
Li o texto de hoje e não achei racista. O que interpretei foi uma crítica – bastante pertinente, por sinal – ao comportamento vitimista de um grupo. E sinceramente, esta crítica pode ser aplicada a praticamente todos os movimentos sociais. Histeria punitiva é contraproducente, por mais justo que pareça dentro da mentalidade de uma pessoa com baixa autoestima e pouca aceitação de si própria. O resultado final é sujar uma causa válida e fazê-la parecer vitimismo sem sentido.
Exatamente. Obrigada, Paula!
O curioso é que o texto de ontem gerou muito mais fúria e comentários que o texto de hoje. Parece que o medo desperta um gatilho bizarro na militância! Não sei o que estavam esperando para o texto de hoje, mas não deram um pio!
Não tente exibir suas virtudes para os outros através das palavras que diz. Deixe-os perceberem por si mesmos suas virtudes ao observarem suas ações.
Sim, o mundo se melhora pelo exemplo, não pelo discurso.
Mas tem gente que é tão carente de atenção que precisa desfilar sua verborragia por onde passa, para aplacar uma vida triste.
Concordo 100% com vocês dois.
Para contrastar com as ameaças de morte, comentários patéticos que involuntariamente provam diversos pontos que tanto Sally quanto Somir elaboraram ao longo dos anos de Desfavor, só vim deixar isso aqui: não acho que você seja o tipo de pessoa em necessidade de validação de ninguém, Sally, porque tudo que você escreve transborda segurança/personalidade forte e muita gente te admira mesmo sem te conhecer, incluindo a que cá te escreve. De toda forma, obrigada por se expressar tão bem e ser tão verdadeira. Sinto muito sobre as ameaças desse bando de desocupados.
Inclusive acho que é a primeira vez que comento no Desfavor mesmo lendo o blog há anos, mas fica aqui meu apreço pelo imenso trabalho que vocês colocam no blog e pelo compromisso em serem coerentes com quem vocês são (e poucas coisas estão mais em falta do que isso). Que venha o texto de hoje (e um dia, Sally, ainda vou te escrever um e-mail, porque o Desfavor é um dos pouquíssimos blogs que eu leio e em muitíssimos momentos me senti mais acolhida pelos seus textos do que por qualquer tatibitati de “descontruídos”- dos quais eu estive por perto por vários anos e, num geral, ironicamente são mais carentes de empatia do que muita gente injustamente acusada de muita bobagem por essa turminha).
Enfim, obrigada a vocês!
Muito obrigada pelo seu comentário, me faz ter esperanças!
Eu sempre aviso quando vem essas ondas de militância: não vou parar e quero ver alguém me parar.
Com todo esse suspense já acessei o Desfavor umas 10 vezes hoje para ver se o texto já foi publicado.
Ainda não fui e já recebi duas acusações educadas de racismo (devidamente publicadas) e uma dez não tão educadas (devidamente não publicadas), uma delas contendo ameaça de morte. O amor venceu! Tava demorando para esse tipo de coisa voltar a acontecer no Desfavor, foram quatro anos de paz, agora vem quatro anos de fúria.
A falta de educação
Vários comentários com o mesmo IP?
Tá solitária a sua causa para voce precisar vir aqui postar com vários nomes diferentes: Karen, Edu, Anonimo, etc
Sally, quem se importa com o nome num forum anônimo? No entanto, no IP, você está coberta de razão: é simplesmente patético emular diferentes nomes para parecer que minha tese tem suporte de diferentes pessoas quando, na verdade, só eu penso assim. Desculpe, fiz um papel ridículo.
Sei que você nunca, em 15 anos de desfavor chamou nenhum negro de “macaco”, pois, se o tivesse feito, eu apontaria o texto e o trecho agora. Como procurei e não achei, acho honesto me retratar em vez de me valer de acusações genéricas que não tem provas.
Peço perdão ao Desfavor, o melhor blog do Brasil, pela minha ignorância.
Gente, eu tô rindo demais… ficou uma gracinha minha obra
Adorei! Ficou muito boa a sua edição! Achou que ia me ofender? A única coisa que ofende é quando chamam negro de macaco, mas eu sei que você nunca fez isso, pois se tivesse feito, eu poderia apontar exatamente o texto e o trecho, te desmoralizando. Infelizmente procurei bastante, mas não consegui encontrar um único texto em todos os 15 anos de blog onde você chame um negro de macaco. Peço perdão novamente pelas acusações infundadas, pois sei que acusar alguém de um crime que não cometeu (no caso, injúria racial) também é crime (no caso, crime de calúnia).
E não é que é crime mesmo? Imputar fato criminoso a alguém é crime de calúnia. Só não se pune se a pessoa que acusou puder provar o fato criminoso, isto é, um texto onde claramente eu chame negros de macacos. Se isso não existir, além de crime, também nasce a obrigação de pagar uma bela indenização cível.
Aproveita para editar teus próprios textos: não li os textos mas achei legal pegar como bait textos que possam favorecer meu ponto. Mas agora que li, vi que em nenhum momento vocês chamam negros de macacos, tanto é que não posso apontar um único trecho no qual esta frase seja dita direcionada a uma raça em específico. Como tenho tempo livre, estou aqui para receber atenção, pois não tem pessoas no mundo real que possam me dar atenção, uma vez que, pela minha inconveniência de me impor em ambientes nos quais não sou uma pessoa queria, acabo me colocando em situações de rejeição. Também sei que quanto mais comento, mais engajamento dou ao Desfavor, por isso estou firmemente empenhado em fazer com que vocês sejam cada vez mais populares!
Poxa, agradeço o empenho e a importância que nos é dedicada!
Essa pessoa que veio virtuar (quem fica provando virtude) usando varios nomes diferentes não percebeu que fazendo isso está provando o ponto da Sally?
Não percebeu, mas eu sou imensamente grata, pois a postura da pessoa demonstra o que eu quero dizer de forma mais clara do que qualquer texto jamais poderia!
Genial editar as respostas, e a pessoa ainda ficou insistindo. Fazia tempo que eu não ria tanto!
Aproveitando o comentário, li o texto em questão e não vi nada demais em relação ao que sempre foi publicado aqui, tanto pelo formato quanto pelos argumentos. Então, acho que ainda estou a salvo da maldição do recuo social da linha do aceitável (e assim pretendo me manter).
Morgana, o mais curioso é: todo o faniquito militante (não apenas na nossa querida pessoa editada) veio no texto introdutório. No texto principal, nada aconteceu! Parece que cada um projetou seus piores pesadelos aqui e partiu para cima com tudo, personalizado eles na gente. Uma experiência antropológica!
Fico feliz em saber que o entorno não te afetou!
Me lembro que nos primórdios do Desfavor teve um desfavor convidado em que foi postado fotos das filhas do Obama e em algum contexto que não recordo elas eram chamadas de macacas. Naquela época essa postagem não foi bem recebida.
Acho que todos amadurecem e ficam mais flexíveis, nem sempre é apenas a linha que foi empurrada para o lado goela abaixo.
Não sei se eu to doida, mas eu sinto a Sally diferente. Diferente por exemplo da época dos textos sobre o Fernandinho. É normal, ninguém é a mesma pessoa 5 anos depois, quem dirá 10 anos depois.
Os leitores também amadurecen (a maioria) e isso se reflete na aceitação dos textos.
Sim, em 5, 10 anos é natural que as coisas mudem muito. Em poucos meses não, em poucos meses é linha imposta.
Se o texto que suceder esse não for do nível daquele da Temanda Toddy ou da Amy Casa de Vinho, não consigo imaginar como será assim tão ofensivo.
Ana, eu sinceramente não vejo o menor problema nesse texto, mas, aparentemente, ele pode “deixar um cheiro de merda no ar”, causar constrangimento, ser entendido como um claro ataque criminoso…
Citei esses dois por serem textos que achei brutos, mas verdadeiros, e pra mim é isso que importa. É saber onde você tá pisando, é essa integridade.
“ah mas Ana, nunca leu nada aqui que tu achou forte?” claro que já. Mas aqui também me inspirou a parar e pensar porquê me ofendeu, e lidar com isso para que não me ofendesse mais.
Fora daqui, eu não me deparo com esses convites a autorreflexão com frequência, pelo contrário, maioria dos convites é pra se ofender, é pra usar carapuça de vítima ou comprar briga alheia. E eu falo por experiência própria: quer terminar numa emergência hospitalar tomando diazepam, continue por esse caminho.
E muita gente chega aqui odiando algo. A pessoa é atraída por algum texto que mete o pau no que também não gosta. Aí quando se depara com “ofensas” ao que gosta, aí não pode. Aí é “ofensivo”. E claro, existe a opção de argumentar. Leu algo que não curtiu? Argumente, ou faça como com as crianças que pedem esmola na rua ou com aquele amigo/familiar depressivo que procura sua ajuda fora do setembro lacre amarelo: “tô ocupado”, passe reto e esqueça em 3 minutos.
Quando nos deparamos com uma crítica existe essa encruzilhada: refletir ou se ofender. Refletir é doloroso, se ofender é recompensado. Então, adivinha qual é o caminho que a maioria toma?
A questão do preconceito está muito mal resolvida na cabeça do brasileiro. Preconceito é dizer “você é inferior pela cor da sua pele”. Dizer “essa postura está atrasando a vida de todo mundo” não é preconceito. Mas, novamente, quem se ofende é recompensado, então…
acho que o que acontece é que o público (no seu caso o seu leitor) percebe o TOM. Você muitas vezes, mesmo que sem querer, demonstra preconceito real contra certos grupos de pessoas. Aí causa um estranhamento e um desconforto. Quanto aos processos, você é sábia em ficar no anonimato. Se tivesse seu nome e sua cara no Twitter ou outra rede social falando várias coisas que fala aqui, já teria sido cancelada e processada.
O Leo Lins tem uma explicação muito boa para o humor negro que funciona e o humor negro que não funciona. Ele fala que o público percebe o preconceito real. Vale pra comédia e pra textos politicamente incorretos também: https://www.youtube.com/watch?v=zZdLSGytRc0
Desculpa, mas uma pessoa só percebe o tom de algo escrito se for médium.
O que sim acontece (e é muito mais complicado das pessoas admitirem) é que elas projetam o que tem dentro delas (pensamentos, medos, vivências) em palavras frias, dando o tom que elas querem, que elas temem, que elas esperam.
Preconceito real tem quem deixa de falar isso ou aquilo sobre determinado grupo por supor que vai ofender por ser verdade. Sinto te dizer, mas o preconceito que você lê nos meus textos está dentro da sua cabeça. Mas é mais fácil projetar ele em mim, né?
Concordo 100% com a explicação do Leo Lins: tem lugar para falar as coisas. E se eu não puder falar em um lugar que é meu e eu criei, onde mais poderei falar? Trancada no banheiro?
Sally, com todo o respeito, sem querer te ofender, mas você parece ser racista em vários de seus textos, tanto com negros quanto com nacionalidades específicas. Parece ser racista na forma com que enaltece europeus e chama de símios os negros, os brasileiros. Talvez seja porque no seu país o racismo seja algo normal. Também não sou caga-regras, não quero de jeito nenhum te dizer que tem que parar de ser racista, mas que você parece racista, parece. Posso estar errado. Desculpa se ofendi.
Não me ofende em absoluto pois você está falando sobre a sua interpretação do que eu escrevo. Isso fala sobre o que você tem dentro de você, não sobre mim.
Leio o desfavor desde o primeiro dia. Me mostra uma postagem que a Sally chama negros de simios.
Parece que a ofensa realmente está na cabeça do ofendido, principalmente se for militante branco de esquerda.
Não mesmo. Jamais.
“Símio” é um termo para designar uma pessoa que porta de forma animalesca, primitiva, sem inteligência e sem educação. Inclusive eu chamo os amigos do Somir assim, todos mais brancos do que a minha geladeira.
Mas, é como eu disse, a pessoa escuta/lê seletivamente catando coisas que lhe permitam desfilar sua virtude
O triste é que o Somir tinha razão: o texto de hoje de fato vai dar uma tremenda dor de cabeça. Que triste
Eu estou te reconhecendo de outros comentários dizendo a mesma coisa sobre essa suposta superioridade europeia que vê nos textos. A gente repetidas vezes disse que a ESTRUTURA SOCIAL de países europeus é melhor, quem quer enxergar diferenças inerentes genéticas enxerga superioridade racial nesse pacote. Já pensou que existem pessoas que podem ver países de pessoas de cores diferentes fazerem coisas diferentes e não enxergar que é a quantidade de melanina na pele que está criando essa diferença? Porque você está lendo os textos de duas pessoas que já passaram dessa macacaquice de achar que cor de pele tem significado profundo e estão olhando para o desenvolvimento cultural diferente das nações.
*cri… cri… cri… criiiiiiiiiiii
Ao Somir ninguém responde, né?
Somir, vocês podem falar o que quiserem, não tem ninguém proibindo não. Podem gostar mais de branco, menos de negro, ninguém tem nada com isso. Bizarro demais num fórum anônimo vocês ligarem para IP, para nome falso que a pessoa coloca, para a coerência do que a pessoa anônima fala. A interpretação de vocês é muito defensiva, querem o anonimato só para vocês, dos outros talvez queiram CPF e RG. E dependendo do que falarem para vocês, duvido que não vão querer processar. Vocês parecem racistas, mas se não são, tudo bem.
Oi? A gente mencionar IP é um jeito de mostrar quando a pessoa está fingindo ser mais que uma para simular mais suporte ao que diz do que realmente tem. A gente usa IP para evitar que pessoas distorçam as enquetes, por exemplo. E que fique claro, a gente não liberaria NEM o seu IP para as autoridades se pedissem (salvo num crime real, se alguém vier postar pornografia infantil aqui eu mesmo pesquiso quem foi e mando pra PF com um lacinho colorido pra pessoa se foder muito).
Agora, por opinião? Iam ter que resolver a treta com a justiça de um país que provavelmente nem usa e-mail nas suas repartições públicas para te pegar. A gente defende anonimato até de quem está enchendo nossa paciência com acusações completamente infundadas.
Somir, achei que mencionavam IP porque se importavam com identidade de anônimo num fórum anônimo, o que não faz sentido para mim. Enfim, vi o texto de hoje pelo qual fizeram tanto alarde, mas falaram de branco, tá tudo certo, não tem racismo, fiquem com a paz de nosso senhor Jesus Cristo. E não sejam racistas, não chamem negros de macaco, porque é crime! De resto, falem o que quiserem e sejam felizes.
A Sally estava certa mesmo, não vale a pena subir o nível para discutir com você; porque seja lá que papo seja o seu, só gira em falso e repete a mesma coisa sem avançar a conversa. Você é um GIF animado…
Pior que agora a Sally vai ficar mandando “não disse?” o dia todo no meu WhatsApp, saco.
Não disse?
Racismo = negros são inferiores, negros são incapazes, negros só serve para ser escravo, negro tem que ganhar menos etc etc etc
Criticar negros ou movimento negro não é racismo. É tão difícil de entender?
Justamente. Quando alguém fala qualquer uma dessas coisas racistas que você citou a título de piada, não tem graça, pois não é piada, é racismo.
Muito diferente de uma crítica a um comportamento, a um hábito, a uma postura.
Se você puder desenhar, uma pegada mais didática e lúdica, acho que seria necessário. Desenha que a gente publica.
Na verdade o vídeo do Leo Lins é esse: “se a plateia sentir que você foi preconceituoso não vai ter graça” https://www.youtube.com/watch?v=Yn7VudWlXfM
Vou repetir o que eu disse no comentário anterior, com outras palavras: o racismo (ou a ofensa) falados estão na cabeça do ofendido.
Uma mesma frase pode ser piada para um, ofensa para outros. Tudo vai depender da escuta, e a escuta depende do que a pessoa tem dentro dela. Não tem coisa melhor para te dizer o que a pessoa tem dentro e esconde do quer a forma como ela interpreta um texto.
Se é uma pessoa preconceituosa, principalmente daquelas preconceituosas enrustidas, que juram que não tem preconceito, a pessoa vai escutar (ou ler) vendo preconceito e, fatalmente não vai achar graça. O racismo, o preconceito, a ofensa, está dentro da pessoa.
Bom, parabéns,
Vários comentários com o mesmo IP?
Tá solitária a sua causa para voce precisar vir aqui postar com vários nomes diferentes: Karen, Edu, Anonimo, etc
se o racismo
Vários comentários com o mesmo IP?
Tá solitária a sua causa para voce precisar vir aqui postar com vários nomes diferentes: Karen, Edu, Anonimo, etc
Então quando
Vários comentários com o mesmo IP?
Tá solitária a sua causa para voce precisar vir aqui postar com vários nomes diferentes: Karen, Edu, Anonimo, etc
Não se combate o politicamente correto escrevendo palavras duras que certamente vão chocar quem as lê, sejam elas verdadeiras ou não.
De tanto biscoiteiro nas redes sociais forçando a barra com discurso de politicamente incorreto mirando naquele bando de hipócritas que tiram onda de bastiões da virtude (seja a direita, seja a esKKKerda), esse é um caminho que se esgotou.
Esse é um caminho que nunca deu certo, em momento algum.