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Perdedores da eleição.

Perdedores da eleição.

| Sally | | 14 comentários em Perdedores da eleição.

No espírito da nossa semana temática celebrando o Bullying, hoje vamos tripudiar daqueles que não conseguiram se eleger em uma eleição onde todos aqueles nominhos que mostramos na quinta passada entraram. Imagina você ser rejeitado por gente que vota em bandido e subcelebridade analfabeta!

Moderno Maximus e Mestre Dejair Canibal a gente entende que não tenham sido eleitos: receberam pouco ou nenhum apoio/recurso de seus partidos, tiveram uma divulgação quase nula e eram desconhecidos do grande público. Agora, imagina a dor de ter tudo isso e, ainda assim, ser recusado pelo eleitor, para que, no seu lugar, entre Juninho do Pneu.

É o caso de Antônia Fontenelle. Em um Rio de Janeiro que elegeu pérolas como Juninho do Pneu, Antônia não conseguiu se eleger. Tem dinheiro, tem fama, tem seu canal no Youtube, tem o respaldo de um grande candidato e, o mais relevante, é odiada pelo Felipe Neto, o que desperta uma simpatia natural pela moça em qualquer pessoa normal. Ainda assim, perdeu.

“Mas Sally, ela é protegida do Bolsonaro, isso detonou a candidatura dela”. Querido leitor, o Rio de Janeiro é Bolsonaro. Lá, Bolsonaro venceu com 51% das intenções de voto, Lula ficou em segundo lugar com apenas 40%. O fato de ser bolsonarista te ajuda no Rio. Além disso, outros bolsonaristas declarados como Pazuello venceram por lá.

Nisso que dá virar uma caricatura de si mesma, se comportar como uma histérica em uma cruzada moral desfilando virtude aos berros, controlando a vida alheia, apontando o dedo para mulher estuprada que não quis criar o filho que veio desse estupro. O resultado é esse: recebe menos da metade dos votos de Juninho do Pneu!

Concorrendo para o mesmo cargo, tivemos Andrea Sorvetão (para os jovens, a primeira Paquita da Xuxa). Ela sempre esteve presa nesse limbo das subcelebridades quando deixou de ser Paquita, mas, ser uma subcelebridade nunca impediu ninguém de se eleger, não é mesmo?

Mais ainda quando você é candidato pelo Rio de Janeiro, nesse caso ser subcelebridade e ser conservador são meio caminho andado. Mas nem assim… Andrea teve risíveis 1734 votos. Juninho do Pneu: mais de 70 mil votos. Hora de fazer uma reflexão sobre a própria vida, moça.

O ex-jogador da seleção brasileira Bebeto é outro que merece os nossos mais sinceros parabéns: em um país onde não é necessário nem intelecto nem habilidade política para se eleger, se esperava que um dos homens responsáveis por dar o tetra ao Brasil tivesse meio caminho andado, mas, parece até na política Romário é melhor do que Bebeto.

Não contente em perder para os mesmos que venceram Antônia Fontenelle, Bebeto conseguiu a proeza de, mesmo sem se envolver em nenhum escândalo ou berrar absurdos em suas redes sociais, ter ainda menos votos que Fontenelle. Pior: outro candidato também chamado Bebeto, teve quase o dobro de votos que ele, e nem dá para dizer que as pessoas se confundiram pois aparece foto na urna e o Bebeto original estava com o nome Bebeto Tetra.

Silmara Miranda (uma das loiras do É o Tchan) provou que nem mesmo uma boa bunda sozinha faz milagres. Lembrando que o Brasil nunca se acanhou em eleger mulher-fruta, modelos e subcelebridades cujo único apelo é o corpo. Acho que Silmara errou na estratégia: transmitiu uma imagem de pessoa séria.

Passou no concurso da Polícia Federal e atua como Chefe da Divisão de Comunicação da PRF. Aposentou os shortinhos e anda com o corpo coberto e cabelos presos. Pronto, o Brasil rejeitou. Tivesse usando um shortinho cor flúor e com um jingle com “tchu tchu pááááá!” no final, teria vencido. Ela recebeu apenas 2720 votos.

Ainda no ramo “fracassos do Axé”, temos Netinho (ô Miiiiiila, mil e uma noites de amor com você…), que, se candidatando em casa, na Bahia, onde ser cantor de axé é o auge da admiração que alguém pode alcançar, conseguiu perder.

Pode ser um castigo de divino pelas músicas chiclete que ele joga nos nossos ouvidos desde a década de 90? Sim, músicas como “Capricho dos Deuses”, “Mila” e “Preciso de Você” não podem passar em branco se existe um Deus justo. Mas, considerando o mundo atual, é mais provável que tenha sido a incompetência dele mesmo.

Netinho tem fama, é considerado um representando raiz da música baiana e ainda tem história de superação depois de encher o cu de bomba e ter um câncer por causa disso. Tudo inútil, teve pouco mais de 30 mil votos. E olha que o que tinha de música chiclete para criar jingle não era pouco não…

Sarah Pôncio, uma das protagonistas do escândalo envolvendo a maravilhosa família Pôncio (não me peçam para explicar, é complicado demais, tem uma postagem nossa com um infográfico explicando) e celebridade na web (tem quase cinco milhões de seguidores) mostrou que a família Pôncio é capaz de tudo: até de perder uma eleição tendo fama e dinheiro.

Com uma dívida de mais de um bilhão em impostos, a habilidade em conseguir eleitores não foi tão boa quanto a de driblar a Receita Federal. Sarah conseguiu apenas 26 mil votos, enquanto outras subcelebridades menos famosas, como Thiago Gagliasso, passaram dos 100 mil votos. Sugiro fazer da vida um reality show, a família Pôncio tem potencial para se tornarem os Kardashian brasileiros. Aí sim periga ganhar.

Lembram de Ariadna Arantes? Se não lembra, você subiu no meu conceito. Foi a primeira transsexual a participar de um Big Brother. Ela também se candidatou e tinha tudo que precisava: é bonita, é minoria, é ex-BBB. Por menos que isso Jean Wyllys se elegeu (é feio de dar dó). Inclusive, a foto que ela escolheu para aparecer na urna, olha, se mostrasse para metade dos homens que eu conheço, eles iam.

Infelizmente ela não conseguiu nem 5 mil votos. E não dá para falar em preconceito, já que Erika Hilton, também trans, conseguiu ser eleita para o mesmo cargo, no mesmo estado, com mais de 250 mil votos. Fica a dica para você, ex-BBB que quer se eleger: seja feio e cuspa na cara dos colegas, o povo parece aprovar.

É com muita dor que anunciamos que Dr. Rey não conseguiu se eleger. Desfavor torce pelo Dr. Rey desde o dia em que ele, em um rolê totalmente aleatório, pegou um avião e foi bater na porta da casa do Bolsonaro pedindo o cargo de Ministro da Saúde. Achamos de uma proatividade incrível: um presidente novo se elege e a pessoa, que nunca o viu na vida, vai até a casa dele querendo ser Ministro – mesmo sem morar no Brasil.

Dr. Rey poderia trazer muita transparência ao Congresso, a julgar pelas camisetas que veste, mas o povo não concordou conosco: ele conseguiu pouco mais de 4 mil votos, enquanto candidatos homenageados no nosso Anula Eu, como Barba, passaram dos 100 mil. É simplesmente inacreditável a falta de senso de humor do brasileiro: um bom mandato ninguém vai fazer, mas ao menos Dr. Rey seria um alívio cômico interessante para os próximos 4 anos.

Alexandre Frota também naufragou. Tem fama, tem aquela veia barraqueira que o brasileiro médio tanto ama, sabe falar como o povo e para o povo mas perdeu para candidatos como Jorge Wilson Xerife Consumidor, Oseias de Madureira e Vitão do Cachorrão. Nem os filmes pornôs que ele fez foram tão humilhantes.

A culpa é do pornô? Não, ele se elegeu muito bem mesmo depois de ter feito filme pornô. A culpa é das merdas que fala? Não, ele se elegeu muito bem falando merda. Na verdade, a única coisa que mudou foi ele ter dito que ama o Caetano Veloso… de fato, todo castigo é pouco para quem fala uma bosta dessas. Frota teve menos da metade dos votos de Vitão do Cachorrão.

Kid Bengala é outro que falhou miseravelmente, totalizando 10 mil votos (o que, em São Paulo, é muito pouco). Mas nesse caso, eu compreendo: em um país onde político fode com o povo esse tipo de candidato assusta. Ser fodido por político comum é uma coisa, ser fodido pelo Kid Bengala deve ser muito, mas muito doloroso.

Deixando os famosos de lado, vamos para aqueles que tinham ainda mais obrigação de se eleger: os políticos profissionais. Pessoas que tem prática, tem conhecidos no meio, muitos inclusive com experiência em vitórias, morreram na praia nesta eleição.

É com muita dor que comunico que nossa maior referência em fotos de candidatos ficou de fora: José Serra, que há tantos anos nos propicia Memes e postagens maravilhosas com suas fotos em campanha, não conseguiu se eleger.

Idade? Não creio, Serra tem 550 anos, quando tinha 545 votavam nele. Pelo visto, o brasileiro exige cada vez mais presepada, cada ver mais candidatos performáticos e a falta de energia vital do Serra não cativou muitos eleitores.

Serra, o pai dos medicamentos genéricos, não foi eleito em um estado que elegeu Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Ricardo Salles, Feliciano, Mario Frias e Tiririca. Triste para o Serra? Sem dúvidas, mas mais triste ainda para o Brasil.

Imagina que final de carreira: quem um dia teve chances de se tornar Presidente da República, hoje perde eleições menores para Tirirca. Serra teve pouco menos que 90 mil votos, enquanto Eduardo Bolsonaro teve quase 750 mil votos. Novamente: mais triste para o Brasil.

Fernando Collor, a fênix da política brasileira, que conseguiu se eleger muitas vezes e muito bem depois de sofrer um impeachment, dessa vez não vingou. Não venham me dizer que os escândalos de corrupção foram os responsáveis, pois desde que sofreu o impeachment, em 1992, foi eleito Senador mais de uma vez.

Collor concorria ao cargo de Governador de Alagoas, um local que, além de ser seu reduto eleitoral, é dominado por sua família, composta por políticos e pessoas influentes. Tem dinheiro, tem a aparência física que um brasileiro espera de um político e tem a capacidade de emular um discurso. Ainda assim, recebeu apenas 14% dos votos. Tá de parabéns, Fernandinho.

Bem, nosso espaço está terminando. Tantas subcelebridades que ficaram de fora (perdão, Renata Banhara!), mas, a vida é assim, cheia de percalços e de limites de quatro páginas. Passamos a ideia geral, que é: em um país que elege qualquer merda, quem não se elegeu deveria estar bem preocupado.

Finalizo dizendo que se as pessoas citadas neste texto não fossem eleitas por serem despreparadas, por falta de afinidade com o povo ou por qualquer outro motivo lógico de rejeição eu não faria um texto tripudiando e sim parabenizando o povo brasileiro. Mas não é o caso.

A total falta de critério entre os eleitos mostra que não foi rejeição ao bizarro, ao despreparo ou à cara de pau, foi pessoal mesmo, pois elegeram um bando de bizarros e despreparados e cara de concreto. Este texto é sobre os piores dos piores, que não conseguiram simpatia de um povo que vota metade no Bolsonaro, metade no Lula.

Então, meus mais sinceros parabéns aos incompetentes que, tendo dinheiro, tendo fama e tendo um país com pessoas sem qualquer critério ou padrão de qualidade não conseguiram se eleger: vocês não têm como descer mais baixo.

Deveria ser tema de terapia ser rejeitado pelo povo brasileiro, pois, puta merda, ô povo que aceita qualquer bosta. Vocês, que foram rejeitados por gente que votou nas pessoas sobre as quais falamos na quinta-feira passada, recomendo tirar uns dias para refletir sobre sua existência e seu propósito.

“Mas Sally, você queria que eles fossem eleitos?”. Claro que não, no caso, eu só quero tripudiar mesmo. Feliz dia do Bullying! (é amanhã)

Para dizer que o mais humilhado continua sendo o Ciro, para dizer que o político mais humilhado do momento é o Putin ou ainda para dizer que o dia do bullying só está completo se vier o fã-clube de algum desses políticos faniquitar nos comentários: sally@desfavor.com


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