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FAQ: Coronavírus – Fucked Asked Questions – 4

FAQ: Coronavírus – Fucked Asked Questions – 4

| Sally | | 16 comentários em FAQ: Coronavírus – Fucked Asked Questions – 4

– remedio comprovado contra covid qual o nome quero toma

Remédio que gere benefícios comprovados só existe um, não sei se é sobre ele que você está falando, mas pela referência, vou presumir que é a Dexametasona, mais conhecida como “Decadron” nas farmácias. Mas, se você ler o que eu tenho para te dizer, você não vai querer tomar não.

Como já explicamos em outros textos, quando o corona te pega de jeito, a maior parte dos danos ao seu organismo não vem do vírus, e sim do seu próprio corpo, tentando combater o vírus: o sistema imunológico surta e começa a atacar tudo e todos. Esse desespero por se livrar do vírus faz o corpo produzir uma inflamação absurda que detona o bom funcionamento do organismo (papo técnico: tempestade inflamatória).

O Decadron é um corticoide (papo técnico: glicocorticoide) que ajuda a conter essa reação inflamatória. Então, ele é ótimo para neutralizar esse surto do sistema imunológico e impedir que seu corpo detone seu corpo, em estágios avançados da doença.

O problema é: quando você pega covid, quando você está nos estágios iniciais da doença, você PRECISA que essa reação inflamatória aconteça no começo, pois é ela que vai tentar conter o vírus. Na maior parte dos casos, o corpo dá conta do recado sem “surtar”, portanto, o melhor a fazer é deixar o corpo tentar resolver e se livrar do vírus. Se, por uma infelicidade, ocorrer essa tempestade inflamatória, aí sim é benéfico tentar conter as defesas do organismo.

Então, somente quando a coisa evoluí, se ela fica exacerbada, exagerada, desmedida (ou seja, quando você já está hospitalizado), aí é preciso fazer com que essa reação pare. Antes desse estágio, ela é sua aliada. Fazer com que ela pare no momento em que ela é necessária (quando a pessoa ainda tem sintomas leves do vírus) é jogar contra o seu corpo.

Vamos pensar no seguinte exemplo: você está subindo uma montanha, dirigindo um carro. Há duas etapas, a subida e a descida. Se o freio funcionar mal na descida, você corre um sério risco de morte, pois pode perder o controle do veículo e bater. É preciso parar esse descontrole e a solução mais plausível é puxar o freio de mão, como medida emergencial. Pergunta óbvia: em que momento você puxa esse freio de mão?

A solução é puxar o freio de mão quando está subindo? Claro que não, quando você está subindo você precisa do carro sem nada que o impeça de andar. Só na descida, quando/se a coisa sair do controle é que se puxa o freio de mão. Tomar Dexametasona nos estágios iniciais da doença (ou de forma preventiva) é puxar o freio de mão na subida: não ajuda e ainda atrapalha.

Se você tomar Dexametasosa de forma “preventiva” ou aos primeiros sinais de covid-19, você impedirá o seu sistema imunológico de combater o vírus, portanto, vai estar reduzindo as chances do seu corpo vencer essa batalha. Como já dissemos, na maior parte dos casos, o corpo dá conta sozinho, não tire as ferramentas dele.

Portanto, quando/se você precisar de Dexametasona, pode ter certeza de que você não estará em condições de escolher tomá-la. Alguém vai dar para você, na UTI. Nem sonhe em tomar por conta própria, pois aí sim você poderá estar comprando sua passagem para uma internação hospitalar.


– chupa argentina oms disse que vacina testada no brasil é a mais avançada

Vocês se espantariam se soubessem quantos nesse estilo aparecem por aqui. Não sei se é pelo posicionamento político do presidente argentino, pela rivalidade antiga ou simplesmente por desgostarem da minha pessoa, mas todo dia tem um. Independente do motivo, acho que é hora de tratar dessa obsessão com a Argentina. É meio patético apontar o dedo para outro país sendo epicentro mundial da pandemia.

Vamos ao cerne da questão: quando a OMS disse isso, falava sobre a vacina de Oxford e o “avançada” se referia ao estágio de testes no qual a vacina se encontra, ou seja, é a vacina que está mais adiantada no processo de testes. Isso não quer dizer que tenha tecnologia melhor nem que vá ser descoberta primeiro, pois, como já falamos, uma vacina pode se mostrar 100% eficiente em tese, mas, na hora de testar em humanos que irão ser expostos à doença, simplesmente não conseguir proteger.

Um exemplo didático: dois cozinheiros estão fazendo bolo. O primeiro está cozinhando um bolo feito de bosta de cavalo, enquanto o segundo cozinha um bolo de chocolate. O primeiro começou a cozinhar meia hora mais cedo que o segundo, portanto, grandes chances do seu bolo ficar pronto antes. É correto dizer que o primeiro cozinheiro está mais avançado que o segundo, mas isso não torna seu bolo melhor que o do segundo, garanto que qualquer pessoa preferiria esperar mais meia hora e comer um bolo de chocolate.

Não estou dizendo que a vacina de Oxford seja um bolo de merda, ok? Estou dizendo que nem sempre estar mais avançado significa SER mais avançado. Pode ser que ela dê certo (tomara) e que se mostre a melhor vacina do mundo (tomara). Porém, é um tanto quanto patético querer rivalizar com outro país interpretando errado uma fala da OMS.

Além disso, é uma visão muito macaquita chamar a vacina de Oxford como “a vacina testada no Brasil”. Meu caro floquinho de neve único e especial, essa vacina está sendo testada na Europa, África, EUA e Ásia. O Brasil é só mais um país, não é O País. Mania de quererem se sentir importantes quando não são…

Ainda sobre as vacinas: hoje existem duas vacinas sendo testadas no Brasil e uma sendo testada na Argentina. Não vejo motivos para rivalizar, tomara que TODAS sejam 100% eficientes, pelo bem dos nossos bolsos inclusive. Se apenas um laboratório conseguir essa façanha, vou te contar que o preço não vai ser muito bacana. E se for o laboratório chinês, as chances do presidente de vocês pagar por essas vacinas para o povo é quase zero, você vai ter que desembolsar muito mais de um salário mínimo da sua carteira para pagar. Então, vamos torcer para que todos obtenham sucesso?

E, se for para comparar quem está mais “adiantado” em matéria de tecnologia, podemos falar especificamente das vacinas que serão testadas em ambos os países, e vocês tiram suas próprias conclusões.

As vacinas que serão testadas no Brasil são conhecidas como Oxford e Sinovac (a Sinovac é a chinesa) e funcionam mais ou menos da mesma forma, com algumas pequenas diferenças.

A Vacina de Oxford tem como princípio injetar no corpo um pedacinho do vírus destruído, portanto, morto, portanto, incapaz de infectar o organismo. Colocam esse pedacinho de corona dentro de outro vírus (papo técnico: geralmente usam o adenovírus, um vírus respiratório comum) e injetam esse vírus, para que ele transporte o pedaço de corona e o apresente ao sistema imunológico. Assim, o corpo aprende que o corona é inimigo, sem precisar enfrentar o corona vivo.

É de fato uma vacina promissora, é um passo seguro. O adenovírus desperta uma resposta imune boa, já deu certo com outras vacinas que estão no mercado, o que aumentam as chances de o processo dar certo dessa vez também. Tomara que funcione.

A Sinovac também é produzida com o coronavírus inativado, portanto, zero chances de infectar alguém (sempre importante repetir isso). Como o vírus morto não chama tanto a atenção do sistema imunológico, uma vez que não é visto como um perigo, sempre se mistura algo para atrair a atenção. Ao contrário da de Oxford, eles não vão usar um outro vírus como isca, e sim alumínio, que é algo seguro e que “acorda” o sistema imunológico. Assim, nosso corpo identificaria o pedacinho de corona morto como um “inimigo”, o atacaria e aprenderia como combatê-lo, sem precisar enfrentar o vírus vivo. Também tem grandes chances de sucesso.

Na Argentina, a Pfizer vai testar uma vacina, um pouco diferente das que estão sendo testadas no Brasil. A vacina da Pfizer é “de RNA mensageiro”.

Para fazer esta vacina, o laboratório extrai o material genético do vírus (papo técnico: RNA), transforma isso em algo que nossas células entendam e depois se injeta essa “tradução” no nosso corpo, para ser absorvido pelas células, de modo o organismo “aprenda” a se defender.

A vacina foca em um dos receptores cruciais para o funcionamento do Sars-CoV-2 (papo técnico: RBD). Traduzindo para o português, o material injetado entra nas células do nosso corpo e dá instruções sobre como produzir uma das proteínas que compõe o vírus. Quando a célula produz essa proteína, o organismo a identifica como um corpo estranho a ser combatido e a ataca. Ou seja, é uma vacina onde não é necessário injetar um vírus inativado na pessoa.

Vamos para exemplos concretos, que sempre ajudam mais na compreensão. Na vacina testada no Brasil, eles levam o criminoso desacordado para que o cão de guarda o cheire, assim, se um dia ele tentar entrar, o cão o reconhece e saberá que deve atacá-lo. Na vacina testada na Argentina, levam as roupas usadas do criminoso para que o cão de guarda as cheire.

As chances de dar certo da vacina da Pfizer, testada na Argentina, provavelmente são bem menores, uma vez que é algo totalmente novo, não há, até o momento, vacinas com essa metodologia. Estão testando um método vacinal que nunca foi feito por um motivo: se der certo, é muito mais fácil, seguro, barato e rápido de fazer essa vacina.

Se der certo, vai ser “o achado”. Conseguir uma vacina usando apenas material genético seria um grande salto. Quando surge um vírus novo, é relativamente fácil obter material genético, portanto, seria bastante fácil começar a produzir uma vacina também. Seria um belo legado para futuras pandemias, provavelmente nunca mais precisaríamos fazer muitos meses de quarentena, pois o material para a vacina poderia ser rapidamente providenciado.

Além disso, é muito mais fácil e seguro usar uma proteína do que manipular o vírus e inativá-lo. Imagina a quantidade de laboratórios pelo mundo que terão que mexer no vírus e a quantidade de acidentes que isso pode causar. Acidentes acontecem com quem tem pressa, a humanidade já passou por isso antes.

Quando se utilizava vacina inativada para a poliomielite, na pressa da produção, alguns lotes acabaram saindo com vírus “mal inativados”. O resultado foi que as crianças vacinadas pegaram pólio. Considerando que terão que fazer, pelo menos, sete bilhões de doses, eu ficaria mais tranquila se fosse com uma proteína do que com um vírus inativado. Principalmente se fosse uma vacina fabricada no Brasil, país que coloca à venda anticoncepcional de farinha.

Se a vacina da Pfizer der certo, é possível que em próximas pandemias se consiga produzir uma vacina em questão de meses ou até semanas. Elas também serão muito mais baratas. Portanto, eu considero uma vacina bastante evoluída, apesar de achar mais improvável que ela dê certo do que as outras, cuja técnica é a tradicional e já deu certo várias outras vezes.

Tomara que todas funcionem, tomara que seja possível combinar todas, tomara que tudo vá rumo ao que é melhor para a humanidade.


– átila iamarinho mentiroso previu um milhao de morte ate agosto

Antes de mais nada: Atila não tem acento e o sobrenome é “Iamarino”.

Se tem uma pessoa à qual eu sou solidária é ao Atila Iamarino, viu? Se esforça para produzir bom conteúdo gratuito simplificando questões complexas e recebe um monte de pedrada em retorno. Sobre essa frase, temos três pontos a esclarecer: um sobre a “previsão do atila”, outro sobre o teor dessa projeção e outro sobre o número de mortos.

Sobre a “previsão do Atila”. O Atila Iamarino não fez nenhuma projeção de mortos, ele apenas divulgou o resultado de um estudo feito pelo Imperial College os Science, Technology and Medicine, ou Imperial College London, como é mais conhecido. É uma instituição britânica com muita tradição no estudo de ciência, engenharia e medicina que, por diversas vezes figurou entre as dez melhores universidades do mundo. Mas é óbvio que brasileirinho vai querer questionar qualquer coisa que vá de encontro com o que ele deseja ler, mesmo que venha de uma das dez melhores universidade do mundo.

Esclarecido o ponto que a projeção não é “do Atila”, não é uma opinião ou achismo dele e sim um estudo científico que ele apenas divulgou, se os números não baterem não é “o Atila” que está errado e sim um estudo internacional. Falemos sobre o conteúdo. É extremamente desonesto colocar esse número como “a projeção de mortes”. Este era apenas um dos muitos cenários possíveis que o estudo previu.

O Imperial College fez projeções para diversos cenários: o que aconteceria se tomassem todos os cuidados possíveis, o que aconteceria se tomassem pouco cuidado, o que aconteceria se nada fosse feito… Em UM desses cenários, a previsão era de um milhão de mortos para agosto. Portanto, esse número não deve ser avaliado de forma isolada, como única projeção estipulada para o Brasil.

Essa previsão de um milhão de mortes era para um cenário com poucos cuidados. Não sabemos ao certo a extensão das medidas tomadas pelos Governadores e das medidas tomadas por parte da população (por conta própria). O problema é: não existem dados sobre quantas pessoas voluntariamente fizeram quarentena (já adianto que são mais do que parecem) e sobre quantas pessoas não fizeram e resolveram sair às ruas. Isso dificulta entender até o grau de cuidado que foi tomado no Brasil.

Infelizmente ainda não é possível avaliar o quanto essas medidas esparsas foram eficientes, uma vez que tá tudo uma zona do caralho no país e ninguém tem controle de índice algum. Portanto, fica muito difícil apontar o dedo e falar de erro ou acerto de projeções, uma vez que o Brasil não consegue nem entender o que foi feito.

É como se você fosse pescar e um biólogo calculasse que, naquele lago, naquelas condições, você pescaria 30 peixes. Você vai pescar, pega peixes, não conta quantos peixes pegou e fica apontando pro biólogo e dizendo que ele errou a conta. Como é possível saber se a projeção feita pelo Imperial College para cada cenário foi assertiva se não sabemos sequer por qual cenário o Brasil passou?

Sobre o número de um milhão de mortos, não foi um número alarmista nem um devaneio. Ninguém contesta que a letalidade do SarsCov2 é, em média, de 1% (na verdade, 0,9%, mas somos de humanas aqui, então vamos facilitar). A população brasileira atualmente é de 210 milhões de pessoas. Se NADA fosse feito (e não foi essa a realidade), 1% de 210 milhões seria pouco mais de 2 milhões de pessoas. Se pouca merda fosse feita, a letalidade seria de 1 milhão.

É apenas matemática, que parte de uma premissa que país algum no mundo contestou até agora. Em todos os continentes a taxa de letalidade gira em torno de 1%, não há controvérsia nesse sentido.

Por fim, para se contestar essa projeção do Imperial College, seria necessário saber também o número real de mortes. Sabemos hoje que a subnotificação de casos é enorme, há, pelo menos dez vezes mais casos do que o divulgado. Se o mesmo estiver acontecendo com o número de mortes, o Brasilzão já bateu um milhão.

Isso indicaria que as medidas que a população tomou por conta própria foram poucas e que um dos piores cenários se concretizou. Porém, se a maior parte da população ficou em quarentena, se esforçou para manter o isolamento social, pode ser que o número real de mortes seja menor.

Repito: sem entender as medidas preventivas que foram tomadas e o número real de mortes, é macaquice ficar refutando as projeções do Imperial College, lembrando sempre que as medidas preventivas não dependem só do governo, cada pessoa, por si, pode tomar os cuidados necessários. Como o Brasil tem zero controle sobre esses dados, não há parâmetros para questionar.

É vontade de desmerecer o outro mesmo. E é vergonhoso, Fulaninho da Silva, morador de Moçoró do Cu do Mundo, sem formação científica, questionando o Imperial College, que vergonha alheia gigante que sinto quando vejo algo assim.

Fico puta de ver gente jogando merda em quem está tentando levar informação científica de forma acessível e gratuita para todos. Dá vergonha do Brasil, não apenas pelos argumentos ridículos utilizados, mas pela ingratidão, pela falta de compreensão da ciência e do mundo, pelas certezas tiradas do cu que esse povo consegue ter.


Para dizer que o Atila Iamarino não fala o que você gostaria de escutar e por isso ele está errado, para dizer que deveriam fiscalizar as previsões do Osmar Terra que foram todas erradas ou ainda para dizer que está torcendo pela vacina chinesa para ver o circo pegar fogo: sally@desfavor.com


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