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Maria vai com as outras.

Maria vai com as outras.

| Desfavor | | 13 comentários em Maria vai com as outras.

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Maria vai com as outras.

É bom termos ressalvas quando surgem movimentos como o #elenao, ainda mais num país criativo como o nosso. Sim criativo tanto nas artes quanto na malandragem. Estamos diante de um cenário politico ímpar, no qual diversos atores estão atuando visando convencer a plateia de eleitores. Diante disso é necessário certo pragmatismo e imparcialidade pra não se contaminar e alienar com discursos.

Pois bem, nasce nestes dias uma indignação coletiva à liderança da candidatura de Bolsonaro. Artistas globais passam a acusar o candidato de misoginia, racismo, homofobia e machismo. Defeitos que, na visão deles, ameaçam nossa já combalida democracia e as minorias.

É notório os excessos e posicionamentos de Bolsonaro -esclareço aqui que a cada juízo individual compete classificá-lo. Mas todos esses famosos sempre viram e sabiam dos defeitos deste candidato. Mas porque se mantiveram em silêncio quando o Bolsonaro louvou o coronel Ustra? Ou quando ofendeu (perdendo a razão) Maria do Rosário e a repórter da RedeTv? Ou quando deu declarações sobre os quilombolas e sobre os homossexuais?

Destas indagações acima podemos excluir que existe uma preocupação dessa elite artística com as pobres minorias. E muito menos ainda com a democracia, pois tivemos vários momentos de conflitos como o impeachment, reformas e até ameaças a lei Rouanet, e a maioria deles silenciaram – ocupados com sua vidinha de ostentação no Instagram. Enquanto isso, seu público era tolhido em direitos de todas as formas.

Mas porque esse #elenao tão tardio? Bolsonaro foi entrevistado no Jornal Nacional em 28 de agosto e ali já era favorito nas pesquisas e sua candidatura já estava em evidência antes das eleições. Ou seja, nada de novo para ninguém. A grande mudança estaria naquele embate. Bolsonaro enfrentou a Rede Globo, acusando a emissora de viver de bilhões do BNDES, e fora dela já ameaçou cortar também suas verbas publicitárias federais.

Oito dias depois da entrevista, Bolsonaro é esfaqueado por um (até agora) lobo solitário, e na semana seguinte começam as primeiras manifestações #elenao nas redes sociais. Manifestações acusatórias pedadas iniciaram-se contra um candidato hospitalizado, logo fora de campanha, que nem seus adversários políticos ousaram em fazê-lo. Agora diversos artistas se unem a favor de uma democracia que nunca se importaram efetivamente, aos minutos finais do segundo tempo do primeiro turno.

Engana-se que #elenao se trata de heroísmo cívico. Ou que seja até uma preocupação com a perda da lei Rouanet. A verdade é o que está em jogo são os bilhões via maior provedora da classe artística – Rede Globo – seja em pagamentos diretos, seja como vitrine. A Globo hoje alimenta artistas, inclusive aqueles que a chamam de golpistas, como José de Abreu e Letícia Sabatella. A lei Roaunet é apenas a ponta do iceberg do desvio do dinheiro público para manter privilégios de elites.

O desespero começa a tomar conta e o choro parece que será livre. O #elenao tardio e sua histeria coletiva é a evidência clara disso. Até uma terceira via esta sendo bajulada para fugir do destino que parece certo: Ciro Gomes estampa capa da revista Época e os comentaristas da GloboNews enfatizam que é o único que vence Bolsonaro num hipotético segundo turno – sendo que empacou nas pesquisas e subiu ridículos 1%.

Bolsonaristas passaram então a defender o seu candidato alegando que as acusações dos artistas eram falsas e de que seu candidato não era aquela adjetivação toda. Defendem que suas falas estam fora de contexto. Além disso desmerecer o movimento quanto a falta de moral que personalidades que participam do #elenao, como Anitta, Fábio Assunção, Daniela Mercury e outros tem. Ora, do lado de Bolsonaro a moralidade também não faz residência completa – há histórias como a do auxilio moradia, funcionária fantasma, de parlamentar improdutivo e discursos dúbios a seu desfavor difíceis de camuflar. O único ponto positivo do Bolsonaro é que ele assume e transparece quem é e o que quer – apesar de nas ultimas semanas mostrar uma tendência em flexionar o discurso pra diminuir sua rejeição.

A verdade é que, diante de tanta falta de personalidades pra presidência – e que tenha um projeto viável de país – nos resta nos abster de qualquer movimento alienante e dos discursos fáceis. Enxergar de cima ou de lado, e ver a boiada passar. E torcer pra que seja eleito um Nero, que coloque fogo nessa Roma toda. Quem sabe assim tenhamos alguma esperança de reconstruir a cidade e finalmente estabelecer uma civilização moderna por estas bandas.

Por: Anônimo


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