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Ontocracia Evolutiva.

Ontocracia Evolutiva.

| Sally | | 41 comentários em Ontocracia Evolutiva.

Nada do que está neste texto saiu da minha cabeça, é uma mera divulgação das ideias alheias, mas, como não encontrei material em português sobre o assunto, achei que valia a pena compartilhar com vocês.

Não sei se vocês perceberam, mas a democracia faliu. Não apenas no Brasil, como nas Américas como um todo, até mesmo nos EUA. E as pessoas mantém um morto na mesa de jantar por “falta de algo melhor”. Bora plantar uma sementinha então. Desfavor Explica: Ontocracia Evolutiva.

Uma breve história sobre a falecida: como todos devem saber, a democracia se consolidou na Grécia antiga e a palavra significa “povo no poder” (demos = povo, kratos = poder). A moda pegou porque funcionava gostoso, funcionava bacana. Naquela época, naquela realidade… que seria Antes de Cristo, em um país dividido em várias Cidades-Estado, com pouca população, onde todo mundo podia participar efetivamente de todas as tomadas de decisões.

Assassinando a história e simplificando mais do que deveria para fins didáticos, a coisa acontecia mais ou menos assim: os Senadores debatiam entre si as questões que estavam afetando a população e precisavam ser reguladas ou revistas e depois iam até uma praça pública em dia e hora marcados para conversar com o povo que se interessasse sobre o assunto. Cada tomada de decisão passava por esse processo. O povo era ouvido e tinha inclusive o poder de vetar coisas que não quisesse.

Como modelo, é super bacana e funcionou maravilhosamente bem, Antes de Cristo, em cidades mínimas, com poucos habitantes e problemas de pequena complexidade. Convenhamos que pegar um sistema desse e tentar amoldá-lo à sociedade atual é pedir para dar errado. É evidente que mais de dois mil anos depois, de uma explosão demográfica e de uma diversidade cultural violenta isso não ia dar certo. É como querer empurrar um quadrado por um buraco feito para um círculo.

O que acontece hoje, na prática? O povo tem que votar em quem “mais” o representa, em um grande pacote de adesão. Você gosta da proposta do Fulaninho para educação, mas não concorda com nada do que ele pensa sobre segurança pública. Você gosta da proposta da Fulaninha para saúde, mas acha um horror como ela se posiciona no que diz respeito ao meio ambiente. Assim, somos obrigados a eleger pessoas que nos representam… pero no mucho. Por mais que nos representem em algumas questões, em outras certamente votarão contra nosso pensamento ou interesse. Isso não é democracia. Só recebe esse nome para tentar dar legitimidade a esse aleijão que criamos.

Mas, criou-se no inconsciente coletivo um mito de que o único sistema onde o povo tem representatividade é a democracia e que, aboli-la seria necessariamente tirar direitos do povo. Sempre. Em 100% dos casos. Única forma no universo do povo ser representado é a democracia, e não discorde de mim, se não você é ______ (complete com a ofensa que melhor lhe aprouver).

Esse tipo de crença limitante, provavelmente plantada de propósito pelos que tem interesse em que nada mude, nos atrofiou para pensar em outras possibilidades. Na boa? Existem infinitas possibilidades, hoje vou falar sobre apenas uma delas, mas tenho certeza de que, agora que vai destravar na cabeça de vocês que tem como fazer de outro jeito e povo continuar com voz, cada um de vocês consegue pensar em diferentes formas também.

Provavelmente cegos por esta crença limitante, em vez de romper com este sistema totalmente falido, as pessoas resolveram se adaptar a ele: cada vez mais vemos gente “aderindo” a um partido e se portanto como se você tivesse que concordar com tudo que eles dizem. E ai de quem abre a boca para discordar de qualquer decisão do partido ou do político: traidor, burguês, coxinha, mortadela, capitalista, fascista, nazista, taxista, ciclista… vão te chamar de tudo, até mesmo de coisas que não fazem sentido. Se você é do partido tal, tem que ser leal, aplaudir e defender todos seus posicionamentos.

Assim, em vez de adaptar um sistema de governo que claramente não se encaixa mais na nossa sociedade faz tempo, nós é que estamos tentando nos amoldar a ele. Percebem que não te jeito disso acabar bem? Por isso, de uns tempos para cá eu estou realmente torcendo contra, querendo que tudo dê bastante errado, querendo que Dr. Rey vença as eleições presidenciais e vá às reuniões da ONU com suas camisetinhas transparentes mostrando os mamilos.

Espírito de porco? Inconsequente? Alienada? Não, estrategista. Quanto mais debilitado e ineficiente o atual sistema estiver, mais fácil derrubá-lo e colocar outra coisa mais adequada em seu lugar. A partir de hoje Desfavor declara guerra à democracia. Tem jeito melhor de fazer.

Como eu disse, são muitas opções. Hoje vou falar da Ontocracia Evolutiva, mas ao longo do ano podemos falar de outros. Obviamente não dá para traçar todo um plano concreto de funcionamento de um sistema complexo como este dentro do meu limite de quatro páginas, então, vou falar das diretrizes gerais e se vocês quiserem, continuamos a conversa nos comentários.

O termo também vem do grego: onto = ser , kratos = poder. Quer dizer, cada um tendo um poder como indivíduo, não como coletividade. “Mas Sally minha mãe me ensinou que a união faz a força, você quer desmobilizar o povo e enfraquecer as massas! Hitler, fascista, nazista, economista, baterista!”. Para. Respira. Toma uma maracujina. Eu quero que cada um se represente, acabar com os intermediários, que são o câncer do sistema, pois além de não nos representar, nos tomam direitos e infraestrutura, se corrompendo, roubando e agindo em causa própria.

Você pode estar sentindo uma resistência forte, pois isso rompe com tudo que aprendemos, desde a infância. Nosso sistema educacional funciona assim: a criança escuta, a professora fala, pois aquele que sabe menos deve ouvir aquele que sabe mais, pois quem sabe mais, quem conseguiu chegar lá, quem está no comando é quem está apto a te dar as respostas certas.
Escreve na prova de ciências que a função do esqueleto é conquistar o castelo de Greyskull para você ver o zero que você toma. Não se recompensa criatividade, não se recompensa, caráter, não se recompensa nem sequer esforço: ou você repete aquilo que “quem sabe” disse, ou você é reprovado. Claro que estudo é importante, conhecimento é importante, mas criou-se uma supervalorização intelectual. Há coisas tão importantes como o saber, coisas como caráter, ética, altruísmo e outros.

Então, eu, você e todos os que estão lendo este texto aqui com a gente agora, crescemos com esse mindset: a professora sabe mais, por algum motivo ela está lá, devo ouvir o que ela diz. Isso nos preparou para um mercado de trabalho onde o patrão sabe mais, afinal ele chegou a um cargo de chefia, por isso você deve ouvir e acatar o que ele tem a dizer. Nossa vida é basicamente essa, ouvir quem supostamente tem mais conhecimento que a gente e acatar o que a pessoa diz. Pois é, talvez seja hora da gente desapegar dessa hipervalorização do conhecimento. Tem mais conhecimento que eu? Dane-se, eu tenho outras coisas tão valiosas quanto. Eu também posso decidir.

Nesse condicionamento que vem desde a infância, a gente toca essa democracia distorcida: votamos em quem achamos que tem mais preparo, mais conhecimento, mais condições e delegamos a eles as nossas escolhas. Quando tem que decidir algo importante, você não vota. Quem vota é o Deputado que você elegeu, que talvez nem tenha, naquela questão, o mesmo entendimento que você. Vamos deixar que ele decida, afinal, ele deve ter mais conhecimento daquilo.

Mas, na verdade, deixamos que ele decida pois disso vem um ganho secundário que o brasileiro adora: se der errado, a culpa não sua. Delegar responsabilidades te exime de arcar com o risco da decisão. Aí ficamos no sofá reclamando de como fazem tudo errado, como são incompetentes. Mas nós não fazemos nada, apenas delegamos.

Hoje a tecnologia permite que todos tenham voz, como bem provaram as redes sociais. E se a gente usasse isso para outras coisas, além de ficar brigando com o coleguinha que discorda da gente, pedindo nudes e postando selfie? E se, em vez de fazer o povo no poder, a gente colocasse o indivíduo no poder e cada um pudesse decidir sobre cada questão? E se, para decidir qualquer coisa que te afete, fosse necessário ouvir a sua opinião, dispensando assim aqueles que supostamente te representam, como por exemplo, Deputados?

E se cada questão fosse submetida a uma votação online, com aviso prévio e tempo para o povo debater os prós e os contras em redes sociais criadas especialmente para isso? E se, do seu celular, do seu tablete ou do seu computador de casa você pudesse, todas as manhãs, ao acordar, votar naquilo que te afeta? E se, pela primeira vez em muito séculos, nós fossemos os responsáveis se algo desse errado?

Tecnologia para isso existe. “Ah Sally, mas é óbvio que vão…”. Desculpa, vou te interromper por aqui mesmo. Sim, muita coisa pode dar errado. Sim, pode ser corrompido, distorcido, pode tudo. Mas se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida, é que medo não deve ser fundamento para nenhuma escolha ou decisão. Pode acontecer um bilhão de problemas? Pode. Isso é motivo para continuar com um sistema obsoleto que não nos representa? Não. Segue o baile. Implementa o troço e vai corrigindo os problemas. Até porque, problema por problema, a democracia tá cheia deles.

E, não se enganem, o principal problema durante muito tempo será o Brasileiro Médio decidindo. Sairão atrocidades que até o diabo vai duvidar. Normal, um povo condicionado desde a primeira infância a delegar, a abaixar a cabeça para professor, patrão e político, vai se embananar aos montes quando ele for o responsável por decidir tudo. E, se querem saber, é um mal necessário. O brasileiro tem que passar por esse perrengue para aprender a decidir, para aprender a se responsabilizar. Uma hora aprende, a próxima geração, que vai nascer com esse novo mindset vai se sair melhor, a outra melhor ainda, até que um dia a coisa flui. Ninguém chega na academia pegando o peso máximo no primeiro dia, não é mesmo?

Deu medinho? Em mim deu, na primeira vez em que ouvi tudo isso. Fomos criados para seguir líderes, somos um passarinho com cara confusa quando alguém abre a portinha da gaiola, somos lideres-dependentes. Mas calma, que dá para criar uma rede de suporte para fazer o sistema funcionar da melhor forma possível. Por exemplo, para começar, o sistema de votação teria que ser bem simples, como um referendo, para que as pessoas digam apenas “sim” ou “não”, com uma pergunta clara, expondo o projeto de lei, mas resumindo-o em uma pergunta, pois a gente sabe que o povo não vai ler muitas linhas.

E, como não precisaríamos mais dessa tonelada de gente nos “representando”, poderíamos praticamente extinguir os políticos da forma como os conhecemos hoje. Seriam necessários burocraticamente, para fazer as leis e submetê-las à votação, mas não teriam mais qualquer poder de decisão. Com isso, enxugaríamos a máquina pública e sobraria um dinheirinho, que com certeza nós saberíamos utilizar de forma melhor. Chega de Ministérios inchados, de assessores parlamentares, de motoristas. Chega dessa estrutura como a conhecemos hoje, político tá lá para implementar o que o povo decidiu, eles não decidem mais nada.

Não haveria um Presidente da República e sim órgãos por assuntos de conhecimento e interesse. Quer dizer, se você é médico e acha que a medicina do país está indo pelo caminho errado, você pode se candidatar para ser uma liderança temporária em um projeto nesse grupo, com o compromisso de colocar em prática projeto que resolva o problema, com subsídio público. Porém, há um prazo fixo para concluir os projetos, improrrogável, e se, ao final, você não tiver apresentado o projeto concluído, funcionando e sendo eficiente para a sociedade, além de ter que devolver o dinheiro, é destituído do cargo e não pode voltar a se candidatar a ele por X tempo. Se o projeto for entregue no prazo previsto e for eficiente, pode se candidatar novamente para o cargo.

Estes grupos seriam municipais ou estaduais, e poderiam ter a participação de quem quisesse colaborar de alguma forma com o projeto ou que quisesse apenas fiscalizar se o dinheiro público está sendo utilizado da forma correta. Porém, os projetos só poderiam ser conduzidos por quem tivesse conhecimento na área, chega dessa esquizofrenia democrática de colocar um engenheiro como Ministro da Saúde. Todos os projetos, bem como seu andamento, seriam tornados públicos online, assim como sua prestação de contas. O jornalismo entraria em festa, seriam criadas até publicações para fiscalizar quem está fazendo direito e quem não.

Desta forma, se algo der errado porque o projeto é ruim, porque não está sendo executado da forma correta ou seja lá por qual motivo for, em vez de reclamar do seu sofá, você é co-responsável, por não fiscalizar, por não contribuir, por não fazer absolutamente nada a respeito. Quem vai ser premiado com poder é gente que faz, não gente que “detém saber”. Quem executar projetos de sucesso tem a possibilidade de se candidatar novamente. O mundo está precisando mais de gente que faz do que de “doutor”. Tem criança de 14 anos resolvendo problemas sérios, acabou a era onde o diploma media a capacidade de alguém.

Em um devaneio ainda maior, presumindo que esta ideia de descentralizar poder por competências desse certo e centenas de grupos das mais diversas áreas se formassem em cada estado brasileiro, nada impediria que estes grupos fossem interligados pela tecnologia, uma espécie de crowdfunding de ideias, um colaborando com o outro, somando esforços.

Um grupo no Acre descobriu um jeito de tornar água do mar potável? Porque não criar mais grupos em outros estados para difundir esta ideia pelo Brasil? Um grupo de Curitiba está trabalhando na cura do câncer? Porque não divulgar isso e se grupos de outros estados, ou quem sabe, até de outros países, quiserem se juntar para ajudar estarão cientes do que está sendo trabalhado? Já pensou que bacana o mundo aderindo à Ontocracia Evolutiva e os mais diversos grupos dos mais diversos assuntos trocando informações, unindo forças e complementando conhecimento? Já pensou se o mundo vira esse grande Orkut prático?

Assim, extinguiríamos partidos políticos e tiraríamos o poder das mãos dos políticos, que seriam meros burocratas cumprindo a vontade do povo. Nós decidimos, eles executam a burocracia para isso virar lei. Também deixaríamos quem sabe sobre cada assunto agir nesses grupos de projetos e nos conectaríamos muito mais ente todo o Brasil (e com o mundo) do que através dos nossos pomposos representantes de hoje. Sem contar que isso reduziria os gastos públicos de forma drástica, sobrando mais dinheiro para projetos que realmente podem melhorar a vida das pessoas.

Eu sei que é complexo e que seria necessário normatizar tudo isso, mas possível é. Seriam necessários infinitos ajustes ao longo do processo, seriam indispensáveis inúmeros mecanismos de fiscalização para coibir favorecimentos, corrupção e tudo de errado que se costuma fazer. Mas possível é. Assim, estaríamos recompensando pessoas com boas ideias, gente que faz, gente que pode promover melhoras na sociedade.

Então, reveja seu mindset e, em vez de rejeitar de cara algo tão novo e me apontar nos comentários tudo que poderia dar errado, dê um passo além e proponha como solucionar o problema que você encontrou.

É isso, achei importante compartilhar com vocês. Espero que abra algumas mentes e sirva para perceber que, no mínimo, há vida representativa além da democracia. Se gostou compartilhe, fiz questão de escrever com uma linguagem decente para que possa ser compartilhável.

http://rid.la/onto

Para dizer que no Brasil seria Antocracia Evolutiva, para dizer que precisa de um tempo de reflexão para conseguir opinar ou ainda para dizer que está topando até Monarquia para botar um fim a este sistema falido: sally@desfavor.com


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