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Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

| Sally | | 59 comentários em Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

Um paragrafozinho de experiência pessoal e depois prometo que vamos para a parte científica, ok?

Quando ainda trabalhava em uma grande multinacional e fazia viagens ao exterior a trabalho, algo me surpreendeu: países aos quais eu ia com uma expectativa negativa, como por exemplo, o Panamá, me pareciam maravilhosos e me traziam uma paz e um bem estar incríveis. Não havia nada ali que justificasse social ou culturalmente o quão bem eu me sentia, no entanto, minha vontade sempre era ficar e não voltar ao Brasil. O auge disso se deu no passado, quando vivenciei a experiência mais inexplicável da minha vida: fugi do carnaval indo para Ushuaia, a última cidade do planeta. Quando desci do avião e pisei no chão, todas as ideias se assentaram, se acomodaram na minha cabeça. Senti uma clareza, uma serenidade e um aumento de consciência que nunca antes havia experimentado. Além disso, outros sintomas físicos que vou narrar mais adiante. Então, eu atesto empiricamente tudo que vou escrever daqui para frente. Desfavor Explica: Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

Antes de mais nada quero dizer que não estamos falando de uma teoria da conspiração ou de uma especulação não comprovada. A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (caso queiram pesquisar em inglês: SSA – South Atlantic Anomaly) é comprovada, isto é, existe. Fato. O que se discute é sua causa e o impacto que ela tem em humanos. Como foi descoberta recentemente se considerarmos o tempo da ciência (década de 40/50) ainda tem muita coisa mal explicada. Vamos tentar entender esta belezura?

O planeta Terra tem um campo eletromagnético que o protege, entre outras coisas, de radiações externas, como por exemplo, a que vem do sol. Até aí, normal, inclusive desejável, pois se não tivéssemos essa proteção, não seria viável para seres humanos a sobrevivência neste planeta. Então, imagine um grande escudo invisível, como uma capa de chuva, um filtro eletromagnético, que repele parte da radiação solar, filtrando o que chega até a gente, protegendo a Terra. Bancana, né? Mas, ao que tudo indica, algo desconfigurou – e não temos o telefone do suporte para pedir ajuda.

Para entender esta belíssima danação cósmica, precisamos entender como esse campo eletromagnético, nosso “escudo”, funciona. Simplificando de forma tosca, quando esses raios nocivos vêm do espaço, são “barrados” por esse filtro, porém, não é uma cancela de condomínio onde um porteiro pergunta: “vai aonde, senhor?”. É algo um pouco mais violento.

Estes raios que vêm em direção ao nosso planeta colidem com átomos e moléculas da atmosfera terrestre, é como um grande acidente de carro envolvendo veículos muito, muito pequenos. Desta colisão, simplificando bastante, surge um lixinho, escombros do que sobrou (papo técnico: nêutrons que se desintegram em prótons e elétrons), que acabam entrando na nossa atmosfera terrestre.

Se caíssem por igual, espalhados por todo o planeta, como uma chuvinha homogênea, estaria de boa. Só que não. O resultado desse impacto de concentra em determinados pontos, o que mostrou que nesta região, o magnetismo é bem maior. Esses pontos atraem não somente esse “lixo” resultado de colisão como também partículas vindas do sol que conseguiram furar o bloqueio (papo técnico: íons hélio) e outros. Assim, se percebeu que existe um “buraco” no campo eletromagnético que nos protege.

Esta área que acumula porcarias cósmicas se chama Cinturão de Van Allen. Tanto o campo magnético maior como o acúmulo de lixo cósmico afetam a vida daqueles que passam muito tempo nessa região e, olha que bênção, uma das partes mais problemáticas do Cinturão de Van Allen está bem acima das nossas cabeças, pairando sobre o Brasil, como mostra a ilustração desta postagem. Meus queridos, nunca mais se gabem de que no Brasil não há terremotos, tem algo que pode ser bem pior: uma anomalia eletromagnética tenebrosa!

Não é especulação, é uma constatação científica: o campo magnético da Terra é bem mais forte nessa zona do Atlântico Sul do que em qualquer outra região do planeta. É uma espécie de “magnetismo extra”, nesta área a potência é entre cinco a seis vezes mais intensa do que o normal. A coisa é tão forte que já causou danos a astronautas que estão no espaço parados por muito tempo acima dessa área. Não estamos falando de pequenas oscilações, é tão expressivo que cientistas do mundo todo se preocupam em tomar alguns cuidados quando satélites passam por aqui.

E não estamos falando de um satélite mal feito do Cazaquistão. Por exemplo, a Estação Espacial Interaciona precisou ser coberta por um revestimento especial antes de passar por esta área. A forte radiação afeta o funcionamento de eletrônicos no geral, muitos satélites simplesmente param de funcionar quando passam pela área. Para que vocês tenham uma ideia, o bicho pega de tal maneira que quando o Telescópio Hubble passa por cima das nossas cabeças ele é desligado, para evitar que a radiação distorça seus dados ou até mesmo afete seu funcionamento fazendo tudo pifar.

Obviamente que algo desta proporção tem efeitos também nos seres humanos, maiores ou menores, dependendo de sua sensibilidade. Sabemos quais são? Não sabemos quais são, olha que alentador! O que se sabe é que a intensidade do fenômeno está aumentando progressivamente. Ao que tudo indica, seu ápice de intensidade é uma região que fica exatamente acima de São Paulo e, em média, seus efeitos mais intensos são sentidos duas vezes ao ano: uma em fevereiro e outra entre setembro e outubro. O motivo? Foi mal, ninguém sabe.

O que se sabe é que de tempos em tempos o sol tem uns siricoticos (papo técnico: tempestades solares) para os quais o resto do mundo tem um guarda-chuva e nós nem tanto. Não estamos falando de ser atingidos por meteoros ou algo palpável, estamos falando de energia, magnetismo, radiação. Por exemplo, em agosto de 2012 o sol se emputeceu, provocando uma erupção tamanha que impactou o planeta Terra todo. Suponho eu que quem tinha menos proteção saiu com alguma sequela.

Quando se trata de efetivamente discutir o efeito em seres vivos, principalmente seres humanos, a comunidade científica não tem respostas. Com o perdão do termo pouco científico: seu cu que não nos afeta! Talvez quando tenha sido detectada pela primeira vez, na década de 60, não afetasse, nas agora, quase 70 anos depois e crescendo exponencialmente, acho muito improvável que não afete. Eu mesma sinto claramente a diferença ao me deslocar para regiões fora desta desgraça.

Há teorias da conspiração dizendo que é o ser humano quem causa isso, pois haveria algo oculto acontecendo na região encoberto pelos países. Olha, considerando que os países afetados são Brasil, Uruguai, Paraguai e parte da Argentina, eu sinceramente duvido. Dessa vez a culpa não é do ser humano, ao menos não de forma direta. Esses países não conseguem nem enviar um satélite para o espaço se quiserem. Além de teorias da conspiração, este fenômeno também inspirou a ficção, entre outros filmes e seriados, roteiristas dizem que se inspiraram na AMAS para criar o roteiro de Lost.

Esta área foi apelidada de “Triângulo das Bermudas Espacial”, graças aos eventos inexplicáveis que causa, em especial, desaparecimentos. Aeronaves e embarcações podem sofrer panes elétricas dependendo do momento e da exata localização. Há quem diga que o submarino argentino desaparecido no final de 2017 foi vítima deste efeito. Países civilizados reportaram que na data do seu desaparecimento foi detectada uma anomalia na região, decorrente da AMAS. Uma falha nos radares explicaria uma colisão e o desaparecimento do submarino. Não é algo novo, já aconteceu nesta área antes.

Você deve estar se perguntando por qual motivo não investigam este fenômeno um pouco melhor, afinal, parece algo expressivo. Olha, tentaram. A última vez foi em 2010. Criaram um projeto que custou mais de 800 milhões de dólares, enviando uma estrutura ao espaço para monitorar essas anomalias magnéticas, em uma missão curta, que duraria 60 dias e seria suficiente para entender melhor o que estava acontecendo através de um telescópio e de medidores criados para esta finalidade. Foi engraçado: assim que chegou perto da região, tudo parou de funcionar. O equipamento se perdeu. A missão foi um fracasso total. Não foi a primeira vez que isso aconteceu e provavelmente não será a última.

Então, a pergunta é: como pesquisar algo que não pode ser observado nem medido, pois eletrônicos entram em pane quando chegam perto? Se você não sabe, não fique triste, os cientistas também não. Ao não entender o que é, desconhecem o efeito que pode causar em seres humanos. O que se sabe é que o magnetismo, por si, pode causar ou curar doenças. Não há estudos conclusivos, até porque, é tudo muito recente, a coisa só começou a ser investigada a fundo no que diz respeito à saúde humana em 1990. Mas, há, no mínimo, fortes indícios de que magnetismo pode sim afetar (para o bem ou para o mal) doenças relacionadas com: câncer, dores crônicas, regeneração de fraturas ósseas e algumas doenças psiquiátricas.

O que posso dizer da minha experiência pessoal: tive Chikungunya, uma versão forte, que me tirou das minhas atividades normais como academia, por mais de um ano. As dores frequentemente me impediam de desempenhar atividades rotineiras do dia a dia, como mastigar alimentos, desembaraçar o cabelo e até amarrar meus sapatos. Houve um período em que era tão penoso digitar que eu demorava cerca de quatro horas para finalizar um texto para o desfavor. Fiquei um ano com severas dificuldades de locomoção. No auge desta dor, no meio desse período, fiz uma viagem de 15 dias para Ushuaia no carnaval (fevereiro, lembram? Pico da dançação dos efeitos eletromagnéticos). Assim que pisei no solo, as dores desapareceram. Subi montanha, corri, pulei. Me senti extremamente bem, mental e fisicamente, como nunca antes havia me sentido. Ao voltar ao Brasil, voltaram as dores, que continuaram incapacitantes por mais seis meses.

Então, se você está sofrendo com algum destes problemas, eu sinceramente acho que vale uma tentativa de ir para um lugar do planeta menos eletromagnético zicado, nem que seja apenas para fazer a sua experiência e dizer se sente alguma melhora. Provavelmente os efeitos não são os mesmos para todas as pessoas, nem em igual intensidade, você só vai saber se tentar. Mas, acredite, vale a pena tentar, é libertador quando dá certo.

E, para finalizar, quero reforçar que este texto não é apenas para te deixar ciente de que o fenômeno existe, é também para sugerir que você escute seu corpo. Quando aconteceu comigo eu pensei “deve ser autossugestão”, “deve ser coincidência”, “não deve ser nada”. Eu não fui atrás de pesquisar, de entender, pois neguei qualquer possibilidade em primeira instância. Curioso, quem descobriu isso foi o rei dos céticos, o Somir, intrigado com as minhas mudanças físicas e comportamentais em certas viagens. Percebam, O SOMIR acreditou que tinha algo aí… confesso que me sinto uma idiota.

Sentei e bati no mapa acima todos os lugares para onde viajei na vida, dando notas de 0 a 10 conforme me sentia bem ou mal no local. Fato: quanto mais longe desse fenômeno, melhor eu me sinto física e psicologicamente. De onde vem a dúvida: será que meu desgosto com o Brasil não tem origem de um profundo mal estar eletromagnético que ele me causa? Quantas pessoas podem estar sofrendo com isso sem perceber? Quantas pessoas que nunca saíram do Brasil estão vivendo com o freio de mão puxado sem nem perceber?

Então, nem sempre é impressão, nem sempre é psicológico, nem sempre é sugestão. Seu corpo sabe mais do que você e fala. Escute. Estamos no olho do furacão de um fenômeno que não conseguimos estudar, sobre o qual sabemos muito pouco e que não entendemos o quanto nos afeta. Fiquem de olho, pode ser que valha a pena se afastar dele.

Para dizer que vale a pena sair do Brasil por coisas muito mais graves, para dizer que tem certeza que isso é culpa do Temer ou ainda para dizer que agora vai começar a se sentir mal por ficar pensando nisso: sally@desfavor.com


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