
Brinquedos Modernos 2
| Sally | Flertando com o desastre | 29 comentários em Brinquedos Modernos 2
Em 2013 escrevi um texto indignado sobre os brinquedos modernos e, acreditem, menos de cinco anos depois, já tem material para uma continuação. Ah, o crescimento exponencial… para melhor ou para pior, as coisas mudam cada vez mais rápido.
Bons tempos os de 2013, onde o que me indignava era o inocente Rex Pum Pum, um brinquedo onde as crianças se divertiam recolhendo as fezes de um cachorro. Mal sabia eu o quanto a coisa podia piorar. Sim, tem coisa pior do que ter como lazer catar excrementos. Que tal tomar um jato de água de privada na cara?
Esta é a dinâmica do maravilhoso jogo “Banheiro Maluco”. Funciona da seguinte forma: se brinca com um mini vaso sanitário (tabuleiro é para os fracos, os fortes se divertem da privada) com a estimulante tarefa intelectual de sortear números e puxar a descarga quantas vezes estes números indicarem, até que alguém toma um jato de água do vaso na cara. Tenho coisas a dizer sobre isso.
Deixando de lado a irrelevância intelectual deste brinquedo, que apenas ensina crianças a puxar alavancas, algo que chimpanzés e orangotangos fazem sem precisar de estímulo algum, fico me perguntando o que se aprende com isso. Talvez seja uma preparação para a vida adulta das meninas, como levar um jato na cara sem se assustar ou gritar. Talvez seja uma preparação para a vida nerd dos meninos, assim, quando colocarem sua cabecinha no vaso sanitário do colégio e eles tiverem que suportar sucessivas descargas dadas pelo pessoal dos esportes, já tem prática.
Também me pergunto como esta finesse em forma de brinquedo ornará um quarto infantil. Extremo bom gosto um vaso sanitário exposto em uma prateleira ou estante. Torço que no volume 2, para aumentar a dificuldade e dar algum grau mínimo de desafio, sejam inseridos toletes plásticos na água que borrifa a criança, assim ela ao menos desenvolve algum reflexo de se proteger ou fechar os olhos quando sólidos voam em direção a sua retina.
A Barbie, aquela piranha, continua na vibe de empoderamento, mas agora também ganhou toques de politicamente correto. Da saudável Barbie Noiva dos anos 80, que cuidava da casa, ia ao salão de beleza e à piscina, migramos para uma Barbie profissional, como por exemplo, a Barbie veterinária de 2013. Agora além de profissão, ela se especializou. Por exemplo, temos a Barbie Tratadora de Pandas (sim, é esse o nome). Já o Ken, que tinha uma profissão, agora é apresentado em versões pouco masculinas como por exemplo o Ken Fashionista, que vem, além da puta cara de viado, com roupas (de viado) e acessórios (de viado).
Ken viado é o de menos, a Barbie engordou, dificilmente ele iria querer alguma coisa com ela. Sim, temos a Barbie Plus Size. Ela também se masculinizou com profissões duvidosas como a Barbie Bombeira, Barbie Jogadora de Futebol, Barbie Artes Marciais e até a Barbie Elvis. Isso mesmo, pegaram um ícone da música que era homem e transformaram em uma mulher. Ficou algo muito próximo a Pabllo Vittar. Imagina se fosse ao contrário, a merda que não ia dar.
Os acessórios da Barbie acompanharam esta triste decadência. Se antes ela ia ao salão, tomava um banho de espuma ou à piscina, a Barbie moderna vem com coisas como Home Office, uma estante com computador para trabalhar. Se fodeu, acabou a vida boa, Barbie! Vai ter que trabalhar feito uma condenada. O salão agora será usado pelo Ken, que é Fashionista.
Já sabemos onde isso termina, certo? Nos próximos anos veremos Divã de Psicanalista da Barbie, para ela aplacar a angústia de trabalhar muito e não ter tempo de cuidar dos filhos, Consultório Psiquiátrico da Barbie, onde ela frequenta para pegar remédios para dormir em função da insônia por problemas financeiros e Escritório de Advocacia da Barbie, onde ela vai para se divorciar do frouxo metrossexual que virou o Ken.
Se em 2013 eu me choquei com uma Baby Alive que cagava, em 2017 me choco com a regressão, já que a escatologia continua a mesma. Sim, era repulsivo uma boneca cagar mas ao menos ela usava o vaso. Agora temos a Baby Alive Fraldinha Mágica, um trágico espetáculo escatológico ficcional.
Funciona assim: você dá uma mamadeira para esse aborto plástico (continua tão feia como a de 2013, parece vítima de microcefalia) e ela imediatamente se mija e fica repetindo incessantemente “Pode trocar a minha fraldinha?”. Mas não pense você que a fralda é trocada. Não. Você deve abrir a fralda e secar o lado de dentro com um paninho. E só. Reaproveita a mesma fralda para o resto da vida. Deveria se chamar Baby Aliveberg.
Alguns brinquedos são universais e atemporais, não mudaram. Mas o lacre é onipresente, então mudou a abordagem. O cagaço de acusações de machismo é tanto, que os brinquedos tidos como “de menina” agora sempre tem um menino-álibi na embalagem, para tentar elidir a raiva feminista. Mesmo que o nome seja CASINHA FLOR TOP e que seja um fogãozinho para cozinhar e uma pia para lavar uma louça, coloca um menino na porra da embalagem, se não vai render textão. Por sinal, na maioria dos casos o medo é tanto, que tiram a menina e colocam só o menino para vender o produto.
Ora, se gritaram tanto contra estereótipos como “lugar de mulher é na cozinha”, por qual motivo estão propagando o novo estereótipo de não poder colocar meninas ilustrando qualquer brinquedo que remeta a uma atividade doméstica? Agora querem criar o estigma que lugar de menino é na cozinha? Chega a dar tristeza de ver o desânimo na cara desses meninos que estampam caixas de mini máquinas de lavar roupa, mini ferros de passar roupa e outras utilidades domésticas. É visível que a criança está putaça de estar ali. Vai crescer e se tornar fashionista.
Meus mais sinceros “boa sorte” para você que cria filhos que tomam jato de privada na cara e acham divertido ou que tem como referência masculina o Ken Fashionista. Você tem uma tarefa e tanto pela frente…
Para me chamar de preconceituosa, para me informar sobre outros brinquedos igualmente escrotos ou ainda para dizer que eu preciso ver o que andam fazendo em matéria de brinquedos para pets: sally@desfavor.com
Mais um: uma lhama de pelúcia que rebola ao som de música
https://www.youtube.com/watch?time_continue=17&v=6agWZu4js84
Da série “Mais um brinquedo para a Sally ficar ‘perplecta’”… Vi esse comercial na TV hoje cedo enquanto tomava meu café da manhã – que ”apropriado”! – e fiquei de boca aberta:
KK Móvel Sim! Um carrinho de controle remoto em forma de cocô e que também emite sons de peidos! Vejam o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=OKfG5zaVJz4
Pra que isso, gente…
Deixa a Barbie fazer cosplay de Elvis, gente… Qual o problema?
“(…) Escritório de Advocacia da Barbie, onde ela vai para se divorciar do frouxo metrossexual que virou o Ken.” -> Eles já se separaram (há anos), Sally. Ken levou um chifre. -> http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u69176.shtml
Fui procurar o link de alguma matéria para mandar sobre isso e achei isso aqui -> http://entretenimento.r7.com/jovem/noticias/apos-sete-anos-barbie-reata-namoro-com-ken-20110215.html Ou seja, Ken voltou para o armário.
“Casinha Flor Top” que nome escroto.
O sorriso forçado do menino na embalagem… Eu ri, mas meu coração diz que é errado.
O pior é que é bem isso, tenho uma colega de trabalho que deu uma cozinha de brinquedos e panelas de plástico de aniversário para o filho dela. A cara de alegria foi a mesma que do menino na embalagem. Ô dó. E eu nem sou muito de me compadecer de crianças. Melhor ainda foi a cara de desgosto da avó, hahahaha, queria ter filmado. Minha colega foi a primeira pessoa da turma do lacre que vi comprando algo que alardeia – se bem que ela ainda é “pseudo” lacradora, começou com a encheção de saco recentemente, provavelmente logo ela para, uma vez que quem chilica não consome.
Foda-se o que a criança gosta/quer, né? O importante é lacrar!
Nem todos os pais compram esses lixos, não. … tem muios país conscientes e percebo um movimento contra o consumo dessa lixaiama toda. Há esperanças, gente!!
Pelo que vejo, os pais com bom senso são minoria, isso abala minhas esperanças.
Falando em “movimento contra o consumo dessa lixaiama toda”, mas desviando – só – um pouquinho do assunto, já viram o que aconteceu recentemente com a Marvel Comics? A “Casa das Idéias” resolveu aderir com força ao politicamente correto e incluiu o conceito de “diversidade étnica” em vários de seus gibis de super-heróis. O resultado foi uma grande queda nas vendas e reclamações da empresa quanto ao “conservadorismo” de seus consumidores. Enquanto isso, o povinho “lacrador” que a Marvel queria agradar nem sequer lê quadrinhos!
O povo lacrador não consome. Os publicitários já estão descobrindo isso.
Algumas coisas sobre o texto (que me fez mijar de rir na parte da barbie fudida de trabalho e ken viadaço):
1. Hoje sou feminista, mas isso não me impede de reconhecer que brincar de barbie não me fez nem um pouco submissa a homem, eu adorava, inclusive tinha várias barbies, a casa, cavalo. Meu sonho de consumo infantil era o carro, salão e banheira. Quando meu primo vinha brincar comigo participava das brincadeiras com a barbie tranquilamente, sem recriminações.
2. Tive na infância, mas acho que nunca vou entender essa tara de criança por bonecos bebês. Não sei se isso é algo inerente à gente ou se o ambiente, propaganda, etc, faz com que fiquemos com vontade de ter, cuidar. Hoje vejo e penso: que hediondo. Tem tanta vantagem em não ter as preocupações de adulto que não entendo porque empurrar essas simulações nas crianças.
3. Em relação a ter menino nas caixas de brinquedo de fogão, por exemplo, não vejo problema. É uma merda que meninas sempre ganhem isso e meninos fiquem com coisas legais como carro, super heróis, etc. E também já ouvi amigos falarem que teriam adorado brincar de casinha quando eram crianças, mas que os pais nunca deram espaço para isso. Eu quis ter um desses laboratórios de química de brinquedo e nunca ganhei, então até penso que esse movimento é legal.
O grande problema é impor brinquedos. Vejo muita menina querendo brincar de casinha e a mãe não deixando e menino odiando esse tipo de brinquedo e recebendo mais e mais presentes domésticos. Sacanagem. Custa observar o perfil da criança e dar a ela o que ela gosta?
Crianças ainda brincam com brinquedos? Todas que eu vejo/convivo já usam tablets desde bebê, no máximo brincam com pelúcias ou algum treco hiper colorido da Fischer Price, e olhe lá.
Novos tempos.
A maioria vive à base de eletrônicos mesmo. Não os culpo, melhor um tablet do que tomar um jato de privada na cara… hahahaha
Posso estar redondamente enganado, mas me parece que brinquedos assim não ocupam mais um espaço tão grande nos interesses das crianças de hoje. Acho que hoje em dia as referências maiores das crianças são os super-heróis e super-heroínas dos filmes e seriados, e youtubers em geral (principalmente youtubers gamers). Resta saber se isso é bom ou ruim…
Crianças acima dos dez anos sim, mas os pequenos, os que ainda estão na fase dos desenhos animados, essses eu acho que ainda brincam com essas coisas.
Brinquedos educativos, que estimulam, ainda existem. Tipo kit de ciência, telescópio, jogos de raciocínio e afins.
Agora se vendem muito é outra história…
Acho que não. Criança hoje quer saber de eletrônico e pais querem saber de criança que não encha o saco, então, dão eletrônico para eles o dia todo.
Só para deixar claro.
O menino na caixa do brinquedo casinha flor “top” representa um pequeno Chef que, está preparando legumes e frutas importados para uma entrada leve. A pitssa, gourmet, com queijo de búfala virgem da noruega e massa de trigo advindo de moinhos de vento holandeses.
Em tempo.
Percebe-se que é alguém de estirpe, pois está com roupas modernas e calçado.
Já a mini aspirante a doméstica, empurrando a pia com a barriga, está lavando louça enquanto espera a máquina de lavar terminar de bater a roupa, para depois estender no varal.
A propósito da indumentária, veste-se como uma pequena empregada, de “brusa” de alça com babados (Não sei que tara esse “povo”-mulheres- tem com babados. Deve ser pra aumentar os seios.) A sainha curta está lá, cumprindo seu papel, e as sandálias já fazem ela se acostumar com o único tipo de calçado que conseguirá usar na vida.
Pra mim, parece bem normal e de acordo com os novos tempos.
Hahahahaha
Já já tem textão sobre isso!
Só descrevi a cena de acordo com os dias atuais.
hahahahahha alça com babados é o fim
Comercial do Banheiro Maluco: https://www.youtube.com/watch?v=fLwSegc91wE
É bom, é bom. Já vai preparando esses pulhas para quando o pessoal da atividade física pegar eles e enfiar a cabeça na privada da escola…
O pior é que se faz todo esse malabarismo para evitar “textão” e aqueles que decidem as compras – os pais, ou mães – não estão nem aí para o que dizem os justiceiros de plantão.
Rosinha para menina, azul para menino, bonecas a granel para as pequenas, e muita piscina e salão de beleza para as Barbies (sem o Ken). Quem compra é a vó, e ai de você, SJW, se reclamar de algo.
Afinal de contas, quem quer ter um doutorado e ser astronauta, quando se pode ter boa vida o tempo todo? Brincar de “home office”, se matar de trabalhar? Eu diria: tô fora!!!!
Acho que os pais são tomados por aquele efeito de pseudo-normalidade “todo mundo tem”, “todo mundo faz” e acabam não se impondo. Deixam o bom senso coletivo decidir os limites e a criação de seus filhos.
As pessoas não pensam, Sally – ou não gostam de pensar. E isso, por incrível que pareça, nos salva.
Puta merda, Sally… Inacreditável. Tive que parar a leitura pra procurar imagens no Google quando você mencionou a “Barbie Elvis” e as embalagens de cozinhas de brinquedo com imagens de meninos na embalagem pra evitar reclamação da turminha do lacre. É de fazer cair o cu da bunda! E ainda tem a privadinha que expele jatos de água na cara das crianças! Caralho, no que esta porra deste mundo está se transformando?
Não sei, mas eu realmente não gosto do que estou vendo…