
Trocando as bolas.
| Desfavor | Desfavor da Semana | 14 comentários em Trocando as bolas.
+A filha de Angelina Jolie e Brad Pitti, Shiloh, de 11 anos começou o tratamento para mudança de sexo. O gênero sexual da herdeira Jolie-Pitt estava sendo especulado desde a infância e chegou a ser apontado como um dos motivos para o fim do casamento dos atores. Segundo a edição portuguesa da Caras , Shiloh começou a fazer substituição hormonal para impedir o desenvolvimento do corpo feminino. A menina, adepta do estilo tomboy, está sendo acompanhada por psicólogo duramente o tratamento hormonal.
Ok, a fonte é terrível e o assunto parece fofoca genérica sobre celebridades, mas é bem mais complicado do que parece, sendo ou não verdade. Desfavor da semana.
SALLY
Difícil saber quando uma informação sobre uma celebridade é verdadeira. Ao mesmo tempo em que a imprensa inventa, distorce e exagera para conseguir visualizações, as celebridades tendem a tentar esconder/preservar ao máximo sua intimidade e a de sua família. A notícia é verdadeira? Talvez sim, talvez não. Os desmentidos da notícia são verdadeiros? Talvez sim, talvez não. Mas esta realidade existe, portanto, a discussão continua sendo válida.
Em tese, Shiloh, a filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, estaria iniciando um tratamento hormonal, não para “mudar de sexo” e sim para interromper as mudanças que seu corpo sofreria com a puberdade. Ela não vai virar um homem, apenas estaria impedindo seu corpo de transformá-la em uma menina. Detalhe: com 11 anos de idade. Verdade ou mentira, existem casos de crianças pelo mundo que, ainda na infância já começam tratamentos hormonais e até cirurgias para tentar adequar seu corpo com aquilo que sentem em matéria de identidade de gênero. Esta semana tivemos também o caso de uma criança que ficou com o gênero em aberto, para ser decidido no futuro (outro desfavor).
Será mesmo que uma criança de 11 anos está pronta para dizer qual é sua orientação sexual? Será mesmo que pais devem autorizar que se modifique o corpo e hormônios de uma criança para atender a suas vontades e desejos? Se uma criança de 11 anos se sente com o sexo oposto ao de seu corpo, a hora adequada para realizar mudanças irreversíveis é ainda na infância?
Uma criança de 11 anos não pode sequer fazer uma tatuagem no corpo por um ato de vontade. Faz sentido modificar seu gênero? Faz sentido inundar a criança de hormônio para impedir que o peito cresça? Uma criança de 11 anos não pode fazer sexo, será mesmo que ela tem maturidade para decidir e/ou suportar uma escolha que afetará sua vida sexual para sempre?
Se você admitir que deve ser permitido que, por um ato de vontade da criança, endossado pelos pais, ela faça um tratamento hormonal para redesignação de sexo, por coerência, deve permitir coisas mais brandas também, como por exemplo, tatuar no corpo seu personagem favorito, casar, assistir a conteúdo proibido para menores e até mesmo fazer sexo se assim tiver vontade. O denominador comum é: coisas que é preciso ser adulto para fazer, pois exigem uma certa maturidade emocional, são irreversíveis e podem ser traumáticas.
A orientação sexual de uma pessoa não é mensurada pelas roupas que usa, pelo seu corte de cabelo ou pela sua aparência. É mensurada por aquilo que atrai a pessoa sexualmente falando. Você pode ter uma menina que durante a infância ou adolescência era meio “moleque”, brincava com meninos, se vestia com roupas não muito femininas, mas se sente sexualmente atraída por homens, mesmo sem se vestir de princesinha Disney na infância. Você pode ter meninas que são verdadeiras bonecas, com vestido rosa e maquiadinhas que sentirão atração sexual por meninas.
Daí eu te pergunto: como tomar uma decisão radical como esta com uma criança de 11 anos? O que uma criança de 11 anos sabe sobre sua atração sexual? Hora de discutir esse assunto, hora de traçar essa linha. Está acontecendo, mas ninguém ousa abordar o assunto de forma objetiva, pois, na real, acho que ninguém sabe o que dizer. Só para citar um exemplo: ano passado uma criança de 5 anos teve uma cirurgia de redesignação de sexo autorizada na Austrália.
A tolerância com o diferente abriu as portas para que a gente discuta esse tipo de situação, o que é muito bom, mas, por outro lado, a ditadura do lacre, da inclusão a qualquer custo, também intimida a colocar limites, pois qualquer negativa pode ser interpretada como opressão, intolerância ou preconceito. Pais que aplaudem e apoiam é fácil, é na hora de dar a trava, de botar limites para proteger que a gente identifica os bons pais. Hoje em dia se confunde ser tolerante e compreensivo com ser permissivo.
Acho criminoso cortar os testículos de um menino de 5 anos pois ele se sente menina. É uma mutilação, é uma decisão que deve ser tomada pela própria pessoa, uma vez adulta. Ruim ver seu filho crescendo e sofrendo por estar em um corpo com o qual não se identifica? Sim, muito ruim. Mas atitudes extremas e irreversíveis só para fazer cessar um sofrimento imediato demonstram mais falta de estrutura dos pais em lidar com sofrimento do que tolerância e inclusão.
Se Shiloh Jolie está de fato passando por algum tratamento hormonal para alterar seu corpo, bem, desculpem, eu acho um absurdo. Não se faz nada subjetivo e irreversível com uma criança de 11 anos. Banquem o sofrimento dessa criança e a ajudem a passar por isso da melhor forma possível até que ela tenha idade para entender sua sexualidade. Não é cool, não é moderno, não é legal fazer esse tipo de intervenção no corpo de uma criança.
Angelina conta em diversas entrevistas que Shiloh só responde se for chamada de John e que é impossível colocar um vestido nela. Por isso vão dar hormônios para a criança? Quando foi que os pais pararam de mandar nos filhos e decidir o que era melhor para eles usando sua experiência de adultos? Talvez seja cool ter uma filha transgênero, assim como foi cool pegar uma criança de cada canto do mundo e fazer de sua família um grande comercial da Bennetton.
Durante muito tempo leis e sociedade aceitaram pacificamente que a autorização dos pais era um aval sagrado para permitir que algo se faça com uma criança. Com o tempo, vida moderna e outros fatores, vemos pais sem tanto discernimento, mais focados no smartphone e na carreira do que nos filhos. Hoje, aval de pais não me tranquiliza em nada.
Então, uma decisão grave como esta não deve depender nem de Judiciário (falho, ineficiente e distante da realidade da criança) nem dos pais (vamos aceitar, bons pais de verdade são exceção hoje em dia). Para garantir realmente a segurança da criança, seu bem estar, não deve ser permitido redesignar sexo de criança até que ela vire um adulto e assim o decida. Não negocio, não abro exceção: conheço pais merdas o suficiente para me recusar a abrir essa porta.
Shiloh cresceu em meio a muitos irmãos meninos, certamente negligenciada pelos pais, ambos com histórico de abuso de drogas e álcool. Uma criança largada com a babá enquanto papai e mamãe passam 6 meses em set de filmagem, no meio de um monte de irmãos meninos. Vamos com calma antes de encher a criança de hormônio?
Se ela realmente quer ser um menino, bem, vai ter que esperar ter idade suficiente e compatível com a seriedade que esta decisão demanda. Pais não podem decidir isso pelos filhos, apenas a pessoa pode tomar essa decisão. Vai sofrer? Provavelmente. Por alguns anos. Mas se a intervenção for um erro, vai sofrer para o resto da vida.
Se criança pode decidir sobre questões envolvendo sexualidade, pode ter o direito de querer fazer sexo também. Tem certeza que devemos abrir essa porta?
Para ter medo de dizer um “ai” sobre a questão até mesmo aqui, para dizer que a única criança bonita do casal se estragou ou ainda para dizer que isso é praga da Jennifer Aniston: sally@desfavor.com
SOMIR
Quando conversei com a Sally sobre o tema de hoje, mencionei ser um vespeiro. O tipo de assunto que você cutuca só pra se arrepender depois, por causa das reações que gera. O desfavor, apesar de alguns arroubos autoritários, por vezes reacionários (porque ninguém é de ferro), costuma navegar por mares bem mais liberais que a média brasileira, ou mesmo mundial. O estranhamento e as críticas sobre o tema de hoje não partem de uma base de moral religiosa ou coisas do tipo, não somos defensores da tradicional família ou patrulheiros de genitálias alheias… mas, algo está bem mal resolvido nessa história de mudança de sexo. Ironia semi-intencional.
Em primeiro lugar, precisamos decidir uma coisa: o gênero de uma pessoa a define como pessoa? Existe uma verdade inata sobre um ser humano que só pode ser compreendida através de sua aparência ou maneirismos? Características físicas femininas ou masculinas definem quem é você? Porque essa escolha básica sobre como enxergar o outro vai cobrar coerência na hora de analisar o caso de uma troca de sexo, especialmente numa criança. Você pode ter uma opinião diferente, mas eu vou continuar escrevendo aqui partindo do princípio que homem ou mulher é tão válido para julgar uma personalidade quanto a cor do cabelo.
Evidente que o que é fisicamente evidente não pode ser relativizado dessa forma, dependendo dos cromossomos que você recebeu da loteria da vida, vai terminar com um tipo de aparência ou outro, e é bobagem fingir que não existem diferenças entre ter corpo masculino ou feminino, mas você atribui coragem, carinho, honestidade ou inteligência a um tipo de genitália ou outra? Espero que não, porque não faria o menor sentido. Somos todos bem mais complexos do que isso. A sua personalidade pode ser moderada pelo tipo de corpo que você tem, mas o ser humano intelectual que você é tem uma gama quase infinita de possibilidades, muitas delas surpreendentes para quem julga um livro pela capa.
E é aqui que eu toco o vespeiro: partindo desse princípio que nossas personalidades e escolhas vão muito além da aparência sexual, mudança de sexo não deixa de ser uma forma glorificada de cirurgia plástica. Essencialmente estética, não ignorando o poder que uma mudança estética pode ter na qualidade de vida de uma pessoa, é claro. Sou favorável ao direito das pessoas fazerem cirurgias plásticas, portanto sou favorável às cirrugias de mudança de sexo. Quer mudar o layout? Direito seu. Mas está mais do que na hora de colocar em perspectiva toda essa coisa de homem preso em corpo de mulher e vice-versa. Peraí… ou nós atribuímos personalidades definidas de acordo com a aparência de uma pessoa ou não. O meio termo está claramente criando problemas.
Se eu alegar que sou uma pessoa bonita presa no corpo de uma feia, o Estado deveria pagar pelas minhas plásticas? Digo que toda minha personalidade está alinhada com ser muito bonito, sempre me achei irresistível, mas por um crime da natureza contra o meu eu verdadeiro, as pessoas não me acham tão atraente assim. Eu sei que se você tem uma relação difícil com seu sexo de nascença ou se importa com alguém que tenha, deve estar ficando azedo(a) com o caminho que estou tomando, mas vamos sair melhor dessa argumentação que entramos, mesmo se você não concordar comigo. Estou comparando algo claramente fútil como querer ser mais bonito com algo que consome e inferniza a vida de tanta gente por aí por um simples motivo: será que essas pessoas com problemas de identidade sexual sequer tiveram a chance de serem vistas e julgadas por algo além de seu corpo?
Quem disse que um tipo de personalidade combina ou não com seios? Quando não havia a possibilidade de tratamentos hormonais ou cirurgias, uma mulher mais “macho” era justamente isso. Vista como fisicamente mulher, mas com uma personalidade mais alinhada com o sexo oposto. Quem disse que essa pessoa precisaria renegar sua aparência “natural” para ser feliz? O que me preocupa nesse tema é a bagunça entre a ideia progressista de que uma pessoa pode ser o que ela quiser com todo o ranço reacionário de ter que se conformar a uma personalidade baseada na sua aparência.
Numa sociedade onde essa questão não está resolvida, como saber se uma pessoa que se sente mal com seu corpo está enxergando algo errado numa característica física sexual ou se está pressionada demais pela ideia de que alguns comportamentos e decisões de vida só podem existir de acordo com uma dessas características? Ou seja: o problema é ter seios ou o problema é a expectativa alheia sobre ter seios? Porque em ambos os casos, a troca de sexo vai ter sido um procedimento estético. Seja por incômodo com a própria aparência (assim como quem não gosta do nariz) ou seja por incômodo com a aparência vista pelo outro (como quem coloca silicone para ficar mais atraente para os homens). Direito de todos controlar o próprio corpo. Mas precisa ser adulto pra fazer isso. Vai operar nariz ou botar silicone em criança agora?
Não deixamos crianças fazerem esse tipo de coisa por alguns motivos: crianças não são suficientemente informadas sobre a realidade, não tem desenvolvido ainda o conceito de responsabilidade (é uma das últimas coisas a aparecer) e são extremamente influenciáveis por outros adultos que podem ou não ter o melhor interesse delas em mente. Quem garante que a mãe não influenciou para ser mais “diferentona” ainda para a sociedade?
Eu sei que parece simples: não é justo prender uma pessoa num corpo que não condiz com sua auto-percepção. Mas esse tipo de justiça não costuma ser dispensado a crianças, pelo bem delas. Uma criança não pode dirigir um carro, por mais que queira, que aprenda e que consiga criar as adaptações necessárias. Uma criança não pode consentir sexo, por mais que diga isso em alto e bom tom para todos ao seu redor. Uma criança não pode nem fazer uma tatuagem! E pode mudar de sexo? Já existem casos de gente que se arrependeu de mudança de sexo, gente que fez isso por motivos impulsivos… e mesmo que eu acredite que esse tipo de pessoa não seja a maioria que quer trocar de sexo, mesmo assim: quem melhor para tomar uma decisão que vai se arrepender depois que uma criança?
Ou o mundo muda o suficiente para aceitarmos as personalidades das pessoas independentemente de sua aparência sexual, ou sempre vamos ficar nessa zona de incerteza. E na falta de segurança, não deixamos crianças fazer!
Para dizer que eu sou inimigo da causa, para me chamar de reacionário, ou mesmo para dizer que ainda está triggered pela minha comparação com plástica: somir@desfavor.com
Nenhuma decisão que afeta o futuro de uma criança devia ser tomada por terceiro.
Batismo, profissão ou cirurgia de mudança de sexo — qualquer coisa que afete a vida dela para sempre — cabe somente a ela decidir, pois as consequências também seriam sofridas apenas por ela.
Concordo, mas… Vai dizer isso para os pais!
Assisti um filme muito bom sobre esse assunto, uma criança que nasceu com os 2 sexos, e aos 15 anos, sem saber ao certo o que sentia (ou queria), os pais deram início a uma busca para solução, uma “definição” do sexo, digamos assim.
Um filme que aborda a complexidade da questão, mas de uma maneira bem delicada.Vale a pena assistir e tem no youtube legendado (o filme é argentino):”XXY”
“(…)Estou comparando algo claramente fútil como querer ser mais bonito com algo que consome e inferniza a vida de tanta gente por aí por um simples motivo: será que essas pessoas com problemas de identidade sexual sequer tiveram a chance de serem vistas e julgadas por algo além de seu corpo?
Quem disse que um tipo de personalidade combina ou não com seios? Quando não havia a possibilidade de tratamentos hormonais ou cirurgias, uma mulher mais “macho” era justamente isso. Vista como fisicamente mulher, mas com uma personalidade mais alinhada com o sexo oposto. Quem disse que essa pessoa precisaria renegar sua aparência “natural” para ser feliz? O que me preocupa nesse tema é a bagunça entre a ideia progressista de que uma pessoa pode ser o que ela quiser com todo o ranço reacionário de ter que se conformar a uma personalidade baseada na sua aparência.
Numa sociedade onde essa questão não está resolvida, como saber se uma pessoa que se sente mal com seu corpo está enxergando algo errado numa característica física sexual ou se está pressionada demais pela ideia de que alguns comportamentos e decisões de vida só podem existir de acordo com uma dessas características? Ou seja: o problema é ter seios ou o problema é a expectativa alheia sobre ter seios?”
O Somir aí fez um gol de placa. Quando li isso, pensei exatamente na influência dos adultos mais próximos às crianças (majoritariamente os pais) na formação da concepção de masculino e feminino nas mentes das crianças e no quanto este caminho pode ser tortuoso quanto mais a família for adepta de idéias preconcebidas a respeito da natureza corporal do homem e da mulher versus o que se espera do comportamento de um homem e de uma mulher, desprezando-se a individualidade de cada homem e de cada mulher. A sociedade em geral tem um modelo de comportamento masculino e outro para o feminino que, mais frequentemente do que se pensa, foge da realidade de boa parte da população por “n” razões. Existem famílias que, entretanto, não acompanham esta realidade e acabam insistindo em padrões de comportamento dos sexos que insistem em impôr aos próprios filhos e os resultados podem ser desastrosos. Espera-se que a menina seja mais dócil e mesmo submissa e do menino, que seja mais dominante e cheio de iniciativa (nisso muitos acabam empurrando o menino para ser um verdadeiro “machão”, com todas as consequências que vemos todo dia ). Uma menina, por exemplo, mesmo sendo menina, pode ter um comportamento mais proativo (e mesmo violento) enquanto que um garoto pode ser mais sereno e obediente. Tanto um quanto outro podem receber cargas e mais cargas de pressão psicológica dentro do próprio lar durante a mais tenra infância, pois os próprios pais não aceitariam os filhos do jeito que eles são, pelas personalidades deles serem conflitantes com o que eles esperam dos respectivos sexos deles e, sendo assim, acabam empurrando tais crianças (mesmo que sem querer) para a confusão de gênero, visto que não seriam adequadas para o gênero que nasceram, porque, afinal de contas, “onde já se viu, menina brincando de carrinho e menino brincando de boneca”?
Enquanto muitos passam por isso sem tantos problemas, outros podem acabar nisso aí que Somir descreveu: Pessoas que desenvolvem problemas de identidade de gênero por conta da não aceitação do comportamento individual em nome de um comportamento estereotipado e, por não enquadrar no estereótipo do sexo que nasceu, se sentir impelido a viver como o sexo oposto, não raramente de forma também estereotipada. Não deixa de ser uma possibilidade, acho que também deve ser analisada (por isso a família nestes casos deveria também procurar ajuda, pois também pode ser parte do problema), estudada, para que se possa encontrar mais e mais caminhos para se tratar estas pessoas com problemas de identidade de gênero da melhor maneira, com ganhos para todos os envolvidos, em todos os aspectos. É preciso entender que é possível menina ser mais proativa e menino ser mais calmo, que o fato de ser homem e ser mulher como constituiu a natureza não significa que deva se comportar e decidir assim ou assado baseado em gênero ou em sexo, mas sim nas próprias necessidades das pessoas, como indivíduos únicos que são. No dia em que isso for regra social, muita coisa, tanto no âmbito da sexualidade quanto em tudo mais será melhor resolvida.
“Não deixamos crianças fazerem esse tipo de coisa por alguns motivos: crianças não são suficientemente informadas sobre a realidade, não tem desenvolvido ainda o conceito de responsabilidade (é uma das últimas coisas a aparecer) e são extremamente influenciáveis por outros adultos que podem ou não ter o melhor interesse delas em mente. Quem garante que a mãe não influenciou para ser mais “diferentona” ainda para a sociedade?”
Olha aí, bem lembrado, Somir! Quando vi este trecho, não pude deixar de me lembrar do processa eu da Jangelina. Ela, que sempre paga de diferentona, tudo pose de mulher bem resolvida, que, no final das contas, é tudo fake. E o pior é quando ela usa crianças inocentes pra “aparecer”, como me parece ser o caso. Ora, em primeiro lugar, não se expõe crianças deste jeito na mídia, ainda mais em assuntos tão íntimos quanto sexualidade. Dá pra ver claramente que Jangelina atropela tudo isso aí em nome de… mais fama pra ela mesma. E o público (lacrador) aplaude, irrefletidamente, sem perceber que estão colaborando com algo que pode causar danos irreversíveis a uma criança inocente que sequer tem discernimento coerente sobre a própria sexualidade. Em segundo lugar, isto posto, não dá pra realmente confiar que ela, sendo criada por uma mãe destas em um ambiente destes, quando finalmente chegar à época da adolescência, irá realmente continuar com isso – inclusive porque não é incomum uma criança ter estas confusões a respeito de sexualidade e gênero (já que esta é uma fase na qual ela está em formação psicológica, de personalidade, dentre outras coisas), que passam quando ela fica adolescente e finalmente se acomoda e convive com o que a natureza lhes deu, e com sua própria personalidade e jeito de ser, independente de ser heterossexual ou homossexual (outra confusão que tanto a turma “reaça” quanto a turma do lacre faz, orientação sexual com identidade sexual). Logo, não faz sentido realizar uma mudança destas em uma criança, tratando-a como um ratinho de laboratório pra experimento. Uma criança não é um ser de experimentos, é um ser humano que vai crescer e vai enfrentar a sociedade lá fora, além de ter de lidar com ela mesma, suas qualidades, defeitos e dificuldades, que poderão surgir com escolhas deste tipo seno feitas por ela, sem que ela tenha chegado à idade do discernimento para realmente tomar a decisão que quer, que seja a melhor pra ela, de forma consciente.
Poxa, que bom que vcs escreveram sobre isto! E fico feliz mais uma vez pela abordagem de vcs. Parabéns, bravi!
Então, tá na hora de abordar a coisa toda com as cores que ela tem: Eu li que tem um transtorno de identidade de gênero (disforia de gênero) que é o que daria esta sensação de alguém “estar preso no corpo de outro sexo”. Seria um transtorno relacionado a outros, de personalidade (e, diga-se de passagem, não foi excluído do CID – catálogo internacional de doenças – então deve ter uma razão para tal). Dito isto, me pergunto se a solução para estas pessoas (incluindo as crianças que têm esta condição psicológica, até mesmo o menino de cinco anos que teve autorizada a cirurgia de mudança de sexo na Austrália) não seria primeiramente um tratamento psicoterápico (vulgo “terapia”) ao invés de lançarem pessoas em idades cada vez mais precoces para mudanças tão ou mais definitivas do que uma tatuagem, mudanças estas que, se feitas em idades precoces podem trazer verdadeiros problemas quando a criança crescer e tornar-se um adulto e tomar consciência do que foi feito a ela (pessoas crescem e mudam por uma série de razões especialmente pra coisas nas quais elas não teriam a menor noção quando crianças como sexualidade, identidade sexual e a relação de sexo e gênero, dentre outras correlatas). A cultura do lacre deveria ser derrubada em nome da cultura da razão e do equilíbrio, para que pessoas possam fazer as melhores decisões não apenas as mais desejadas, porque nem sempre o que se deseja é e será o melhor pra si mesmas a longo prazo. Eu sei, é uma luta tremenda pra estas pessoas, ter de lidar com realidades conflitantes (o que ela quer e sente ser X a realidade nua e crua do que elas são de verdade) mas aí eu acho que a ciência deve exercer o seu papel e pesquisar o que de melhor estas pessoas devem receber, para o bem delas, sejam adultas, sejam (especialmente) crianças (as quais nunca se deveria administrar quaisquer medicamentos que produzam efeitos definitivos que mais tarde se revelarão problemáticos mas que a cultura do lacre impede de enxergar os males). Equilíbrio e sabedoria são ouro nestas horas. Hora de Jangelina (kkkkkkkk não me esqueci daquele processa eu) parar de pagar de lacradora e pensar no bem estar da própria filha, deixando que ela se desenvolva primeiro pra tomar decisões assim depois.
Meu medo é: por mais que a criança se sinta no corpo “errado”, não sabemos por quem será sua atração sexual. Se você promove uma mudança irreversível no corpo da criança e mais tarde ela se mostra com uma orientação sexual incompatível com essa mudança?
Veja o caso do Laerte: se veste como mulher, usa batom, gosta de ter aparência feminina, no entanto é casado e sente atração sexual por mulher. Não dá para presumir que por querer parecer um menino essa criança vai ser necessariamente lésbica.
Sim, Sally, exatamente! Aliás o caso do Laerte é exemplar, como também de meninas que adoram o que seria o mundo dos meninos não por ser lésbica, mas porque… gostam de homem. O fato de alguém vivenciar mais intensamente o que é atribuído ao sexo oposto pode ser simplesmente uma forma de mostrar o gosto pelo sexo oposto, não homossexualidade ou mudança de sexo.
O Somir trouxe um ponto de vista que nunca tinha passado pela minha cabeça. E ainda não sei o que concluir a respeito dessa ideia.
Quando li sobre o assunto, também me veio a “maldade” de achar que a Angelina Jolie acha tudo isso muito cool, que ia ser um show de lacração ela aceitar numa boa a transformação da filha.
De todo modo, independente do contexto em que esteja a pessoa, concordo que se trata de algo muito prematuro para ser decidido na infância.
* algo muito definitivo para ser decidido ainda na infância. (ia construir a frase de outro jeito antes e deixei tudo confuso)
E precisa tomar hormônio pro resto da vida, né? Isso não faz mal até pra adulto? Desde criança então…. Nada contra mudar de sexo, desde que não faça mal.
Pode fazer mal sim, mas se a pessoa é adulta, ela escolhe os riscos que quer correr.
eu hein, quando criança eu só me preocupava em brincar e estudar…
hoje em dia essa geração lacração fica sexualizando seus filhos pequenos (e filhos dos outros pois muitos são professores), arrastando eles pra ideologias malucas, relativizando pedofilia e drogas, forçando a barra, metendo na cabeça deles preocupações que crianças nem deveriam ter.
e depois falando que deixam os filhos serem como querem, é caralho que deixam!! eles são tão ruins quanto religiosos em se tratando de lavagem cerebral, filho virou panfleto ideológico.
daqui a pouco vai ser opressão não ser uma pessoa confusa, problemática e drogada (como todos os lacradores são)
Olha, eu já comecei a ouvir uns papos de que todos somos bi e, na verdade, os heteros seriam reprimidos, atrasados, pessoas desconectadas de si mesmas que ainda não conseguiram perceber isso.