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Enquanto isso…

Enquanto isso…

| Somir | | 1 comentário em Enquanto isso…

Enquanto isso, no meio de uma plantação de cana, dois homens conversam no meio da madrugada:

HOMEM 1: Sei não… tá pequeno.
HOMEM 2: Ah, eu já não agüento mais cavar. Vai assim.
HOMEM 1: Cara, se der uma chuva já dá problema.
HOMEM 2: Relaxa, isso aqui é até frescura nossa, ninguém vai procurar por ela.
HOMEM 1: Porra, mas pelo menos deixa o nariz dela pra dentro da cova.
HOMEM 2: Quer cavar mais? Cava!
HOMEM 1: Não, deixa…
HOMEM 2: E a mala?
HOMEM 1: Cacete…
HOMEM 2: Vai pegar!

Um dos dois sai enroscando-se pelo canavial, não sem antes proferir uma série de palavrões.

MULHER: Oi?
HOMEM 2: Ai Jesus!
MULHER: Onde eu estou? Minha cabeça…
HOMEM 2: Fantasma!
MULHER: Quem é você?
HOMEM 2: Você não lembra?
MULHER: Lembra do quê? O que que é isso, um canavial? O que você vai fazer comigo?
HOMEM 2: Peraí…
MULHER: SOCORRO! SOCOOORROOO!

O outro homem volta correndo.

HOMEM 1: Que porra é essa?
MULHER: Ele vai me estuprar!
HOMEM 1: Sério?
HOMEM 2: Você disse que ela tinha morrido!
HOMEM 1: Não, você disse que ela tinha morrido!
MULHER: SOCORROOOOO!
HOMEM 1: Xii, moça, ninguém vai te escutar aqui não. A gente tá longe de tudo.
MULHER: O que vocês querem comigo? Leva o dinheiro, leva o celular, mas não me faz mal!
HOMEM 2: Isso muda tudo, cara.
HOMEM 1: Sim! Estamos livres!
HOMEM 2: É… não sei… ela viu a gente, né?
MULHER: Eu não conto pra ninguém, eu juro! Só me deixa ir embora!
HOMEM 1: Acredita?
HOMEM 2: Não, ela não parece desse tipo. Lembra a confusão com o noivo dela?
MULHER: O que vocês fizeram com ele?
HOMEM 1: A gente? Nada. Você fez.
HOMEM 2: E foi bem feio, viu?
MULHER: O que eu fiz?
HOMEM 1: Você disse que não queria nunca mais ver a cara dele e que agora ia ficar com a gente.
HOMEM 2: Ele ficou bem puto…
HOMEM 1: Ainda mais quando ela te beijou na frente dele, hahaha!
MULHER: Eu não fiz isso… não… vocês me drogaram?
HOMEM 2: Você drogou a gente. Fez a gente comprar pra você e ainda chamou ele de viadinho por não querer.
HOMEM 1: Eu só não curto essa…
HOMEM 2: Viadinho!
MULHER: Que droga que eu tomei? Quem são vocês?
HOMEM 1: Eu sou o…
HOMEM 2: Shh!
HOMEM 1: Hã?
HOMEM 2: Ela não sabe o nome da gente, melhor assim.
MULHER: Posso ir embora?
HOMEM 1: Acho que sim… se você não morreu.
HOMEM 2: Calma, calma… vamos pensar nisso direito.
MULHER: Pelo amor de Deus!
HOMEM 2: Pensa o seguinte, amigo… ela encheu a cara, procurou dois estranhos e passou a noite toda fazendo safadeza, com muita droga. Pior, ela terminou com o noivo e saiu com a gente, né?
HOMEM 1: Isso foi.
HOMEM 2: O noivo dela não estava com um carrão?
HOMEM 1: Estava sim.
HOMEM 2: Então o cara é rico ou bem de vida. Onde é que ela mora?
HOMEM 1: Naquele prédio bosta do centro.
MULHER: Vocês foram na minha casa?
HOMEM 2: Você disse que só conseguia cagar na sua casa, e precisava tirar a droga de dentro de você.
MULHER: Oi?
HOMEM 1: Foi por isso que eu não usei…
MULHER: Meu Deus!
HOMEM 2: Vamos continuar… ela é pobre, maluca e drogada. O cara é um playboyzinho que chorou e pediu uma chance quando ela caiu fora com dois estranhos.
HOMEM 1: Porra, verdade, foi bem feio.
MULHER: Ai!
HOMEM 2: Você realmente acha que ela não vai dizer que foi a gente que drogou ela e forçou ela a fazer tudo isso?
HOMEM 1: Mas aí é a palavra dela contra a nossa.
HOMEM 2: A palavra de dois homens pobres contra a da namorada de um riquinho que não vai querer perder a boquinha.
HOMEM 1: Caralho!
MULHER: Eu juro que não vou fazer isso!
HOMEM 2: Aposto que você prometeu muita coisa pro seu noivo também…
MULHER: Eu vou mudar, eu vou ser diferente!
HOMEM 1: Quando a gente achou que você teve overdose, viemos te enterrar aqui.
MULHER: Eu gravo! Eu gravo pra vocês! Eu digo que foi tudo culpa minha!
HOMEM 1: Aí sim! Pega o celular!
HOMEM 2: Peraí… vão achar que foi forçado!
MULHER: Não! Não! Me deixa ir! Eu digo pro meu noivo que eu vivo saindo pra fazer essas merdas, vai ter muita gente pra confirmar, minhas amigas, os caras que eu sempre pego… o meu traficante. Ninguém vai culpar vocês não, só me deixa viva!
HOMEM 1: E aí, deu?

Do meio do canavial, surge um homem incomodado com o mato sujando seu terno fino. A mulher fica em choque.

NOIVO: Deu sim. Pode terminar o serviço. E cava essa cova mais fundo que se der uma chuva ela sai boiando!
HOMEM 1: Eu disse!

Para dizer que foi um texto misógino, para dizer que foi um texto machista, ou mesmo para dizer que sempre achou que as duas palavras eram a mesma coisa: somir@desfavor.com


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