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Ditaburra.

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| Desfavor | | 7 comentários em Ditaburra.

+Caracas – As forças de segurança da Venezuela prenderam pelo menos 261 pessoas durante uma greve geral de 24 horas convocada nesta quinta pela oposição para protestar contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

A situação só tende a piorar entre hoje e amanhã. E claro, tem gente apoiando por aquidesfavor da semana.

SALLY

Mesmo que você seja um total alienado, deve saber que o pau está comendo na Venezuela já faz algum tempo. Porém, esta semana, a situação chegou a um ponto de status Desfavor da Semana. Está mais por fora do que bunda de índio? Não faz mal, estamos aqui para isso. Vamos dar uma geral no que está acontecendo.

Um governo opressor que força sua permanência no cargo contra todas as leis e princípios democráticos está em embate com um povo muito, muito emputecido. Os venezuelanos podem estra fodidos, sem recursos, sem instrução e até sem papel higiênico, mas, ao contrário dos brasileiros, ainda assim conseguem se organizar e ser combativos. Uma greve geral para protestar contra o atual Presidente Nicolás Maduro paralisou 92% do país. A resposta repressiva foi violenta: em apenas um dia mais de 250 pessoas foram presas. Além disso, há mortos e desaparecidos.

E, ser preso na Venezuela é uma caixinha de surpresas. As prisões acontecem clandestinamente, presos são torturados, mortos e não há recursos legais eficientes para combater isso, como costuma acontecer em qualquer ditadura. Apesar de Maduro ser amplamente defendido pelos esquerdistas do Brasil (inclusive por Dilma e Lula, abertamente) ele é sim um ditador. Não é o partido político que faz de alguém um ditador, existem ditadores de esquerda e de direita. É o desrespeito pelas leis e pela vontade popular que torna um líder um ditador. Maduro tenta aniquilar quem se opõe a ele das formas mais violentas e anti-democráticas possíveis.

Como costumam ser os ditadores, Maduro é um megalomaníaco psicopata. Já protagonizou diversos vexames, como por exemplo, dizer que conversou com seu antecessor, o igualmente hediondo (e falecido!) Hugo Chávez, que teria se materializado na sua frente, depois de morto, na forma de um passarinho. Na boa, eu não dou nem carteira de motorista para um sujeito desses, quem dirá o comando de um país. Segundo Maduro, Cháves falou com ele na forma de um passarinho, abençoando sua permanência no cargo de Presidente e dando conselhos políticos. Pelas coisas que Maduro andou fazendo, temo que o passarinho tenha é cagado na sua cabeça e ele reproduziu esta conduta na Venezuela.

Maduro vem utilizando diversos recursos ilegais para aumentar seu poder, de modo a silenciar os descontentes e persegui-los. Decretou um “estado de emergência” em benefício próprio, de modo a ampliar seus poderes de forma desmedida, por exemplo. Não vou aborrecê-los com detalhes técnicos, até porque, no final das contas, democracia é um representante legítimo do povo falando em nome do povo e faz tempo que se sabe que o povo não quer Maduro no poder. Esta greve com adesão de 92% da população, mesmo com risco de demissão, morte, prisão e tortura, deixa isso claro. Maduro não representa mais o povo venezuelano faz tempo!

Aí vem a cereja do sundae: enquanto todos os líderes mundiais repudiam Maduro, até mesmo o adorável Pepe Mujica, eterno Presidente do Uruguai em nossos corações, doce e sereno, disse que “Maduro está louco como uma cabra”. Adivinha qual é o único país de bosta que aplaude uma ditadura que proíbe que o povo fale o que pensa, sequestra, tortura, prende e mata sem qualquer respeito à lei? Isso mesmo, o Brasil. E o mais curioso é que ex-presos políticos, que passaram pela dor e trauma de tortura, estão aplaudindo Maduro, vide Dilmãe. Parece que de fato o sonho de todo oprimido é se tornar o opressor. Lamentável.

Isso é tão Brasil… Tortura, morte, sequestro e prisões arbitrárias são condenáveis DESDE QUE seja contra pessoas que pensam como eu. Se atrocidades forem cometidas contra pessoas que pensam de forma contrária a mim (portanto, automaticamente meus inimigos, como ousam discordar de mim!), nesse caso, eu aplaudo. Sério, Brasil? A Presidente do PT e criminosa investigada pela Lava Jato Gleisi Hoffmann, manifestou esta semana seu “apoio incondicional” a Maduro. Depois dessa, só posso entender que quem vota no PT é a favor de ditadura, tortura, sequestro, assassinato e censura. Esquerda a qualquer preço é uma versão suja e vagabunda dos Bolsomitos, é apenas o outro lado de uma moeda muito, muito cagada.

Enquanto isso o povo venezuelano está sendo perseguido, ameaçado, nas mãos de um Presidente louco que além de conversar com um passarinho edita leis em benefício próprio conferindo-lhe poderes ilimitados para cometer qualquer tipo de atrocidade e o Brasil, como suposta potência e país vizinho, em vez de ajudar, aplaude. Vilão é o Trump, pois é capitalista de direita, já que se fosse Maduro a fazer as mesmas coisas, seria aplaudido. Os socialistas de smartphone, que viajam para o exterior, que se comportam como capitalistas sonhando com o carro do ano posam de esquerda às custas de morte e tortura de um povo vizinho. Isso é Brasil, o importante não é ser, é parecer ser.

Enquanto continua convencionado que é cool ser de esquerda e que, por ser de esquerda vale tudo, esse tipo de barbárie será endossada. Quem é contra ditadura, é contra ditadura, não importa quem seja o ditador. Petista é, na verdade, contra a oposição: se eles estiverem no poder podem fazer o que quiserem. E os militontos, coitados, sem capacidade de raciocínio, abraçam esse radicalismo e propagam essa ideologia torta. Indialogáveis, intransigentes, inflexíveis. Companheiro Maduro, por ser de esquerda, certamente tem bons motivos para estar censurando, prendendo, torturando e matando seus opositores.

O pior é que esses idiotas acham que falam em nome do povo e, arrogantes que são, acham que sabem o que é melhor para o povo. Um povo que nem papel higiênico tem, que passa escassez de comida, que tem gente sequestrada, torturada, desaparecida. Sério mesmo? Esquerdinhas heróis precisam compreender que ele não sabem o que é o melhor para o povo. O próprio povo disse o que pensa, com uma adesão de 92% a uma greve geral. Como pode um socialista de iphone brasileiro querer acreditar que ele sabe melhor o que é melhor para essas pessoas?

Fica aqui registrado o vexame duplo: a involução da América LatRina, com a volta de uma ditadura escancarada e assassina e o Brasil como “potência” (quando comparado à Venezuela…) que publicamente apoia essa barbárie. Para finalizar, um povo cu que está disposto a votar em quem endossa ditadura, desde que seja do seu partido. Dá vontade de chorar…

Para dizer que Companheiro Maduro deve ser tão cachaceiro como Lula para ver passarinho falar, para dizer que Venezuela só serve para fabricar Miss ou ainda par fazer um trocadilho com Maduro e podre: sally@desfavor.com

SOMIR

Não vou mentir que tenho minhas reservas em relação ao sistema democrático, mas democracia, por mais problemática que seja, ainda é menos pior que as outras opções. Até porque as outras opções não costumam ser capitaneadas por pessoas capazes o suficiente. Considerando a média das pessoas que recebem o poder em regimes democráticos, o melhor mesmo é que esse poder esteja atomizado ao ponto de vários desejos estupidamente egoístas dos representantes de um povo estupidamente egoísta mantenham-se em equilíbrio. Contentar-se com pouco? Sim. Mas pouco é o que tem pra hoje.

A situação caótica que vive a Venezuela é prova viva como o material humano do qual o poder é composto passa por cima de qualquer ideologia: tanto esquerda como direita geram ditaduras igualmente desinteressadas no bem comum. A utópica ideia do déspota esclarecido – um ditador absolutista que não só entende as necessidades de seu povo como as torna realidade através de suas ações – não combina com a vida real. Está no centro do sistema autocrático o desejo pela manutenção do poder. Sem isso uma ditadura sequer tem função.

E é mais ou menos o que vemos acontecendo no país vizinho: Maduro preso na ilusão de que a sua ditadura (e é uma ditadura clássica) é baseada numa coalizão popular, meio de completar uma missão passada por seu antecessor. É a ilusão de legitimidade que vai desestabilizando o país pouco a pouco: nada mais disruptivo do que pedir uma assembleia constituinte com a maior parte da população desesperada. Falta tudo na Venezuela, uma sequência de erros crassos da administração aliada à queda dos preços do petróleo arremessaram o país numa enorme crise onde até papel higiênico virou bem de luxo.

Relatos dos que estão por lá pintam uma cena tenebrosa: desde violenta repressão do Estado contra a oposição até mesmo descrições de prostituição infantil em troca de comida. Que uma variação negativa dos preços internacionais do petróleo (base da economia local) causaria uma crise, causaria. Poderia ser com Maduro ou com o líder da oposição ocupando o cargo de presidente, a diferença aqui é a forma de lidar com ela. Até mesmo o desastrado governo de Temer parece se coçar para mostrar algum resultado para a população. Mas Maduro, assim como seus colegas brasileiros recém expulsos do poder, continua politizando o impolitizável.

Tudo vira uma grande conspiração da “direita”, como se todos os problemas estruturais que assolam Venezuela e Brasil após péssimas administrações de supostos esquerdistas fossem tudo, menos culpa deles. Assim é bem mais fácil lidar com o fracasso do modelo populista de esquerda na América Latina. Maduro, Chavez, Dilma, Lula e afins só provam como os objetivos não estavam conectados com um desejo pela implementação da esquerda, e sim com a implementação do poder para eles e seus amigos. Talvez até pelo enorme despreparo dessas pessoas em seu entorno.

Sally já mencionou muito bem em outros textos como esse tipo de isolamento da realidade destrói as bases do poder desse tipo de político: cercam-se apenas daqueles que são falsos ou burros o suficiente para acreditar que o governo está fazendo algo de bom para a parcela mais carente da população. Fazer besteira com a certeza que é para um bem maior sempre é mais fácil no final do dia. Mas quando o poder fica ameaçado e a população parece irritada com as besteiras de seus líderes, toda essa ilusão de propósito torna-se paranoia política.

“Como assim um povo que não tem comida está ficando contra mim? Só pode ser um complô dos meus inimigos”. Se numa situação mais normal teria alguém do lado para apontar o problema óbvio, no mundo de fantasia do ditador que acredita ter apoio popular, a única voz que conta é a de um passarinho onde o espírito de seu mestre repousa. Ditadura já é um perigo em condições normais de temperatura e pressão, mas com um grupo de malucos em negação no poder, fica muito pior.

E com vários cretinos apoiando essa maluquice, sempre por motivos pra lá de egoístas, como tentar traçar paralelos para continuar reclamando do impeachment de uma parcela da corja de corruptos responsáveis por uma das maiores pilhagens a um país na história da humanidade, a ilusão de Maduro e seus podres só ganha força. É tão mais fácil analisar a situação pelo viés da direita e da esquerda do que fazer a autópsia de um Estado morto como o venezuelano que tornou-se o padrão.

Eu continuo sendo contra qualquer ditadura na qual eu não seja o ditador, porque é exatamente disso que a democracia nos protege: da ilusão de que alguém consegue resolver todos os problemas, ou mesmo que exista uma fórmula imutável de sucesso na administração pública. Direita ou esquerda, com certeza assume alguém que não pensa exatamente como você. Não existe consenso no autoritarismo, muito menos lados além do lado do ditador.

Maduro provavelmente é burro o suficiente para achar que vai se legitimar como líder vitalício do país através de votação popular. E ninguém vai dizer para ele o problema na lógica, de novo. Ninguém que ele não considere um inimigo, ao menos. Espero que o choque dele com a realidade não seja duro demais no povo local.

Boa sorte, Venezuela. Você vai precisar.

Para dizer que sempre dorme com política internacional, para dizer que Cunha nos salvou disso, ou mesmo para dizer que só Maduro para fazer o Temer ter uma comparação positiva: somir@desfavor.com


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