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Mea culpa.

Mea culpa.

| Desfavor | | 67 comentários em Mea culpa.

Segunda-feira, 18:50 do dia 17 de Abril de 2017. Somir recebe um áudio no WhatsApp:

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E agora, as nossas desculpas:

SALLY

Oie. Tudo bom?

Hoje não é texto, é uma conversa direta com você (sinta-se olhado nos olhos). Sabe ontem, o Dia do Troll? Pois é, a gente simplesmente esqueceu.

Não tem pegadinha, não tem joguinho, não tem teste. A gente esqueceu de verdade. Eu só lembrei no final do dia, quando fui aprovar os comentários e várias pessoas estavam especulando onde estaria a pegadinha do Dia do Troll (equivalente nosso ao 1° de abril, data onde sempre enganamos os leitores com algo). Não fosse isso, eu nem lembraria.

Sabe aquela sensação dos tempos de colégio, quando você chega na sala de aula, tem prova e você não sabia? Sabe aquela sensação de quando você sonha que está pelado na rua? Sabe aquela sensação de sentir a alma escorrendo pelo pé? Pois é, foi isso que eu senti. Na mesma hora mandei este belíssimo áudio para o Somir, que desdobrou em uma conversa da qual eu vou poupá-los. Sim, esta é a minha voz. Sim, esta é a forma como eu falo com o Somir. Um pequeno agrado de presente para vocês, pela vacilada que eu dei.

Sim, foi uma vacilada. Na vida temos uma quantidade de tempo e energia limitada e a distribuímos conforme nossas prioridades, tal qual atributos do jogo The Sims. No momento, por motivos que não convém especificar em nome da minha privacidade, não consegui manter o mesmo nível de atenção e cuidado que normalmente tenho com o Desfavor. E o Somir, vocês sabem, eterno pai relapso, inclusive se encontra em uma das suas muitas fases de abandono. Espero que entendam, eu não tenho uma rede de segurança, eu sou a rede de segurança. E quando a rede falha, acidentes acontecem.

Sim, eu tenho bons motivos para não conseguir estar tão focada no meu filho querido que é o Desfavor. Minha cabeça estava em outro lugar, e uso o verbo no passado, pois acho muito feio o que fiz e acredito que o susto vai servir para me fazer priorizar novamente.

Mas, nunca aceitamos esse tipo de desculpas de vocês, não é mesmo? Quando alguém esquecia o Dia do Troll era tiro, porrada e bomba, além de uma bela lição de moral. Então, democrática que sou, acho que merecemos uma punição por ter esquecido algo que nós mesmos sempre batemos o pé que não era para esquecer.

Em parte fico feliz, pois vejo as criaturas superando os criadores. Vocês estão atentos, estão espertos, aprenderam a manter a guarda alta mesmo a longo prazo. Vocês conseguem antever altíssimos graus de filhadaputagem, mesmo quando o intervalo entre o golpe é de um ano. Meus amores, vocês me matam de orgulho!

Então, vai, vocês merecem. Vocês podem escolher uma punição para mim e para o Somir (individual ou conjunta, como acharem melhor) e sugerir nos comentários. É livre, não precisa se identificar e podem sugerir quantas vezes quiserem. Nós vamos selecionar as que consideremos as cinco piores ou mais engraçadas viáveis e coloca-las em votação, vocês votarão na punição final. Só tem uma regrinha básica: não pode nos identificar nem violar nossa privacidade. Mandem ver.

Mesmo sem moral para isso, vamos falar de prazo: dois dias para deixar sugestões de punição, apenas nos comentários deste texto e mais dois dias para votar aquelas que nós vamos selecionar. Dependendo do grau de dificuldade, entregamos pronta semana que vem ou na outra.

Desculpem mesmo. Não priorizei vocês como deveria. Lição aprendida.

SOMIR

Eu estou me preparando para esse momento a vida toda. Eu seria um tremendo mentiroso se dissesse que estou chocado ou especialmente envergonhado por MAIS uma vez que eu esqueci de algo importante. Não tenho orgulho nenhum, mas com o tempo a gente se acostuma à decepcionar as pessoas. Prefiro quando não acontece, mas com certeza tenho bem mais costume do que a Sally.

Confesso até que seria fácil arranjar desculpas ou mesmo tentar reverter tudo como parte da trollagem do dia… não sei se seria muito verossímil, mas o potencial está aqui. E já que estamos nessa para abrir o coração, começo dizendo que a Sally teve que brigar um tanto comigo para eu parar de insistir em criar uma história ao redor desse esquecimento para simular que foi proposital. Alguns de vocês acreditariam, outros fariam vista grossa por via das dúvidas, duvido que muitos fossem chamar o blefe.

E, eu ainda acho que isso poderia ter sido feito. Não é que a Sally me convenceu que seria um desastre e explodiria na nossa cara, é que eu acabei notando como seria uma coisa merda de se fazer, mesmo se escapássemos ilesos da mentira. A mentira do Dia do Troll é pra ser muito melhor que uma fuga de responsabilidade barata dessas. A verdade é que esse esquecimento é sintoma de algo bem ruim que não pode continuar acontecendo: tomar o desfavor como garantido.

Eu estou em mais uma das minhas patenteadas fases difíceis onde não tenho foco pra muito mais do que sobrevivência básica (e olhe lá), Sally anda com muito menos tempo que o habitual, mesmo no padrão de esforço dela. Uma combinação perigosa, onde eu faço uma mea-culpa dupla: quando a coisa fica complicada, eu dificilmente consigo fazer a cobertura. Pra mim não foi só o esquecimento – que francamente não me dói tanto depois de tantos anos sendo famoso por viver numa realidade paralela – foi também não ter feito o papel de protetor do desfavor num momento atolado da Sally, como eu deveria fazer. Ela sempre garante o funcionamento aqui quando eu estou fora de órbita, deveria ter ficado mais esperto. Estou acostumado a eu me sentir mal nessas situações, quando a Sally entra junto é estranho e incomoda muito mais.

Mas, merda feita. Esquecemos o Dia do Troll, que era meu feriado preferido. Peço perdão pelo lapso, e estendo o meu desejo de compensá-los com uma punição, se não para desfazer o que já foi, pelo menos para gerar conteúdo interessante para quem estava contando com o Dia do Troll. Não é nada, não é nada… é alguma coisa. Espero não ter esquecido mais nada…


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