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Des Classificados

Des Classificados

| Sally | | 154 comentários em Des Classificados

Fase ruim? Está se sentindo um bosta? Nada dá certo? Acontece. Acontece com todo mundo, até com quem hoje está muito bem sucedido, só que a maioria das pessoas não conta. A forma como o Brasil lida com o fracasso é contraproducente: fracasso é vergonha, é algo para se ocultar, depõe contra quem fracassou. Países mais civilizados encaram fracasso como experiência. Neles, é bem provável que uma pessoa que já fracassou várias vezes seja contratada no lugar de uma ainda sem vivência e sem fracassos, pois entendem que quem fracassou aprendeu o que não fazer.

A ignorância nacional nos faz sentir muito mal com o fracasso e, por consequência, também nos acovarda para tentar coisas novas, pois o medo de fracassar aterroriza, como se aquela fosse a única oportunidade da vida da pessoa: se fracassar nunca mais vai se recuperar. Você tem todos os dias da sua vida para levantar e tentar novamente. Mas o entorno faz questão de marretar qualquer intenção de correr riscos.

Há uma infinidade de frases, quase que pragas, para te desestimular a voar mais alto: “não faça isso, o mercado está em crise”, “não faça isso, emprego está difícil de conseguir”, “melhor nem tentar, esse mercado está saturado” e até mesmo “releva, segura seu relacionamento, que homem tá difícil no mercado”. Raramente alguém te dá um sorriso, um incentivo ou apoio para projetos que impliquem em riscos. A covardia é institucionalizada no Brasil. O bom é se acomodar para não correr riscos. Só tem um porém: quem não corre riscos não cresce e, um dia, essa acomodação cobra um preço.

Assim, a maior parte das pessoas ficam onde estão, por medo. Dar um passo rumo ao desconhecido já é assustador por si só, quando a pessoa finalmente tira forças do cu para fazê-lo, vem a família, os amigos e quem mais tiver acesso à sua intenção e começa a assustar uma pessoa que já estava com medo, jogando na sua cara previsões pessimistas. Super normal que quem já estava assustado desista. Um verdadeiro desfavor esses “arautos da razão” que nada mais são do que matadores de sonhos. Ninguém diz “confio em você e se der tudo errado, eu vou estar ao seu lado e te ajudar, corre atrás do que você quer e conta comigo nessa jornada”.

Por isso hoje eu venho aqui dizer a quem é leitor do Desfavor: Confio em você e se der tudo errado, eu vou estar ao seu lado para te ajudar, corre atrás do que você quer e conta comigo nessa jornada. Saco cheio de ser escrotizado no emprego? Quer sair de um casamento merda mas tem medo do que pode acontecer? Quer dar algum passo em alguma direção que todo mundo acha errado? Vem falar comigo.

Não sou rica, muito menos famosa, muito muito menos poderosa, mas talvez eu possa te ajudar. E se puder, vou. Vim ao mundo para dar asas e não para cortá-las. Não quero ser essa pessoa que mata os sonhos dos outros por não acha-los um plano seguro, quero ser a pessoa que ajuda a viabilizá-los, que aplaude quem tem a coragem de correr riscos e ajuda aparando arestas, aconselhando sobre a melhor forma de fazê-lo e, se puder, sendo a rede de segurança para escorar a pessoa se ela cair.

Neste país cagado infelizmente contatos costumam valer mais do que competência, ao menos em um primeiro momento de contratação ou de viabilização de um negócio. Ninguém aqui é muito social, se fosse, não suportaria ler os nossos textos. Obviamente, quem está aqui faz tempo se identifica com nosso desprezo pelas convenções sociais, evasão de privacidade e hipocrisia social. Mas, quer saber? Em oito anos garimpamos um grupo bacana de pessoas e agora nós mesmos podemos nos ajudar, tipo uma maçonaria de gente mal humorada.

O que eu proponho é que façamos um pacto de um impopular não medir esforços para ajudar outro impopular. Juntos, passamos de 50 mil, com 98% do público no Brasil, e todos nós já mandamos a preocupação com anonimato para a puta que pariu, então, porque não ajudar uns aos outros?

Talvez uma pessoa lá de São Paulo consiga te ajudar a trabalhar na área em que você quer, seja com contatos, seja com conselhos. Talvez uma pessoa de Minas se interesse por comprar um produto que você vende. Talvez uma pessoa de Curitiba tenha uma rede social com milhões de seguidores que possa ajudar a divulgar seu trabalho. As possibilidades são infinitas e eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para ajudar. Sim, além de fazer açúcar, a união faz a força.

Um texto muito bom do Murilo Gun foi, como ele mesmo costuma dizer, o “jab” que faltava para que eu venha aqui hoje fazer esta sugestão. No texto ele diz que todos nós participamos de “comunidades”, ou seja, somos ou nos sentimos parte de um determinado grupo unido por algo em comum. Normalmente um adulto participa de forma ativa em três comunidades, na média. Exemplo: comunidade da família, comunidade dos colegas de trabalho e comunidade da academia. Com o tempo, tendemos a nos acomodar nas comunidades que já temos e não procuramos novas, o que é empobrecedor. Murilo sugere que nos empenhemos em participar de pelo menos cinco comunidades, e aqui estou eu seguindo o conselho de um dos meus curadores de conteúdo e colocando em prática sua sugestão.

Segundo entendimento dele, para que possamos dizer que se trata de uma comunidade é preciso um contato próximo (físico ou online) e uma forte coesão de interesses, objetivos e ideias. Temos tudo isso. Ao final ele propõe uma reflexão: de quais comunidades você realmente participa e qual foi a última vez que você acrescentou uma comunidade nova na sua vida? Independente de qualquer opinião de vocês sobre minha proposta de hoje, esta reflexão já valeu o texto.

O mais difícil nós já conseguimos: peneirar pessoas com pensamento bem diferente do padrão e geralmente muito mal interpretado. Reunir estas pessoas em um lugar com regularidade. Conversar, conhecer um pouco sobre cada um e até estreitar laços pessoalmente (spoiler: aquela a quem eu chamo de minha melhor amiga hoje eu conheci aqui, nos comentários do Desfavor). O que falta para a gente se unir e começar a se ajudar é apenas formalizar isso em um espaço que seja ao mesmo tempo seguro e que possibilite a comunicação.

A forma como isso vai ser feito precisa ser pensada e conversada e queremos a participação de vocês para montar esse projeto. Esse “DesClassificados” tem que ser um meio onde as pessoas anunciam o que quiserem: produtos, serviços ou até pedidos de socorro por quererem mudar de emprego ou de área ou de vida. Vale qualquer pedido de socorro, anônimo ou não. Pode vender sabonete, pedir emprego, pedir conselho ou qualquer coisa na qual precisemos de ajuda. O problema central não é a forma, é a disponibilidade de vocês em levar isso adiante.

Então, o que estou perguntando não é se vocês acharam a ideia legal. É obvio que a ideia é legal, quem não quer uma safe net com número de cinco dígitos de pessoas? O que estou perguntando é se vocês tem disposição e vontade para fazer isso funcionar. O lado bom é ganhar o respaldo de muitos aliados pelo país, mas isso tem um ônus: se doar, doar parte do seu tempo e se empenhar para ajudar “estranhos”. Botar a coisa para funcionar e depois ninguém usar é foda. Hardwork, Papai, como diz meu querido curador. Então peço que reflitam se querem formar essa rede de segurança e arcar com o ônus que ela implica, que é ceder seu tempo e se mobilizar para ajudar pessoas, para, em troca, ser ajudado quando precisar.

Quero usar os comentários desta postagem para ouvir vocês, principalmente no que diz respeito aos termos da execução dessa máfia que vamos criar. Até que ponto vocês querem anonimato? Qual seria a melhor forma disso funcionar? Sugestões, ideias e críticas são muito bem vindas, acredito que juntos podemos construir uma formação de quadrilha bacana. E, se achar a ideia uma bosta, não se acanhe em falar.

Não custa esclarecer: Somir está totalmente de acordo com a ideia e vai participar. Aguardo a opinião de vocês.

Para deixar sua opinião, para dizer que ninguém aqui tem mais nada a perder ou ainda para ir xingar o Murilo Gun por ter inspirado essa ideia maluca: deixe seu comentário.

(Nota do Somir: vendo Monza 89… digo, estou acompanhando os comentários pra pensar num bom sistema para botar isso em prática com o nível de anonimato que parecer melhor… quem tiver ideia técnica de como montar isso, sugira também.)


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