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Plantão OlimPIADAS – 3

Plantão OlimPIADAS – 3

| Sally | | 84 comentários em Plantão OlimPIADAS – 3

As Olimpíadas das aparências continuam. Enquanto a imprensa nacional insiste em ressaltar a hospitalidade do carioca e a beleza do Rio de Janeiro, nos bastidores, coisas muito feias acontecem.

Quero começar falando do acidente que matou o técnico de canoagem e feriu de forma grave (e deve matar) um medalhista, ambos da Alemanha. Um taxista bêbado (sim, no Rio existe a figura do taxista bêbado) porrou com tamanha força o veículo onde eles estavam, que causou estragos graves. Mas, como sempre, o pior estrago é o sistema de saúde pública.

Como manda o protocolo, foram levados a um hospital público, pois socorristas não podem te levar a um hospital particular. Eles tiveram a infelicidade de cair no Lourenço Jorge, hospital referência da região mas, ainda assim, um lixo. Simplesmente não havia neurologista e ambos estavam com sérias lesões na cabeça. Pela falta de neurologista, tentaram transferi-los para outro hospital, o Miguel Couto.

Ocorre que, a maravilhosa morosidade e burocracia carioca com a qual todos nós sofremos, deu as caras. Como ninguém sabia quem eram, acabaram recebendo tratamento padrão. O hospital Miguel Couto não aceita transferência sem um exame (salvo engano, uma tomografia) e o Lourenço Jorge não dispunha de ninguém para fazer essa tomografia. Resultado: pessoas que precisavam de socorro imediato sofrendo sequelas irreversíveis por causa do descaso e da demora de burocratas babacas. Só quando descobriram de quem estava tratando que decidiram conceder “privilégios” e priorizar o atendimento deles.

Essa gracinha custou a morte cerebral do técnico, que foi operado horas depois do que deveria, quando já era tarde demais. O atleta está mal, muito mal, especulam que pode não sobreviver, também pela demora e descaso no atendimento. Parece que os tais “leitos olímpicos” só servem para tirar vaga de quem precisa de atendimento, não é mesmo?

Ontem mesmo uma câmera aérea simplesmente despencou, ferindo sete pessoas, sendo uma delas uma criança de 11 anos. Uma câmera que estava suspensa por cabos de aço simplesmente despencou. O mais bacana é que, no mesmo dia, mais cedo, um dos dois cabos de aço que fazia a sustentação da câmera se rompeu. Mas disseram que estava ok, estava joinha, que o outro cabo sustentava de boinha e que não havia o risco de desabar. Pois desabou. Até o momento em que escrevi este texto, estavam proibidos de divulgar o estado das vítimas. A alegação, adivinhem, foi que ventou mais do que o esperado.

Claro, teve também violência. Não é só a Farça Nacional de Segurança que está levando tiro. Turistas também. Alvos de todo tipo de violência, algumas culminando em morte. Você leu isso em jornais nacionais? Não, né? Jornal brasileiro estampa que argentino foi assaltado pro traveco e ainda fecha com piadinha. Turistas estrangeiros vem sendo vítimas de todo tipo de violência e golpes. Salvo um atleta americano aqui ou um político ali, ninguém noticia quando gringo é alvo de violência urbana.

Mas nem só de violência vive o Rio de Janeiro. Tem também a precariedade. A água verde da piscina olímpica chamou a atenção do mundo. No começo não era nada não, era normal, uma variação normal da cor. Não colou. Depois, o vento teria trazido algas de uma lagoa que fica nas proximidades. Não colou. A imprensa internacional pressionando, técnicos de atletas estrangeiros gritando que aquilo era insalubre e que seus atletas não saltariam naquela piscina. A pressão foi muita, a própria imprensa começou a investigar o que aconteceu e descobriram que não eram algas porra nenhuma.

A verdade, que só veio à tona porque a imprensa internacional e as delegações estavam putaças fuçando, é que alguém, não se sabe por qual motivo, jogou 80 litros de água oxigenada na piscina. Isso mesmo. A água oxigenada reage com o cloro, impedindo que ele mate microrganismos, ou seja, a água que eles juraram ser inofensiva por cinco dias, estava na verdade imunda, já que o cloro estava com seu efeito reduzido. Além disso, estava turva, o que impediria a competição de nado sincronizado. Uma troca de água muito duvidosa, pegando água fontes duvidosas foi providenciada às pressas.

Suspeitas de bomba aos montes interditaram diversas competições. No meio do estresse, o Coronel que planejou o esquema de segurança das Olimpíadas desabafou dizendo que muitas diretrizes estão sendo ignoradas. A que ponto de cagação precisou chegar para ele dizer isso ao público? Tipo, “se der merda, aviso logo que a culpa não é minha, eles é que não estão me obedecendo”.

Em diversas competições o transporte público deixou na mão pessoas que tentavam voltar para casa, por terem fechado muito cedo. Graças a filas quilométricas para sair dos locais dos jogos, as pessoas não chegaram a tempo ao transporte público. Por sinal, há filas para entrar também, e não apenas para os jogos. O tempo estimado de fila para conhecer o Cristo Redentor é de cinco horas. Ah, sim, nem sempre há comida (ainda que cara) para todos.

Tem também a macaquice local. Os cariocas estão sacaneando os turistas. Deve ser a primeira vez na vida em que conseguem se sentir superiores e estão botando para foder. Viralizou em redes sociais diversos atos de hostilidade, como o caso da brasileira que se recusou a dar informações em inglês para um americano. Ela afirmou saber falar inglês muito bem, mas já que ele vinha ao Brasil, ele teria que aprender português, já que quando brasileiro vai aos EUA tem que aprender inglês.

Isso é A CARA DO CARIOCA. Vira lata, complexado, esquerdinha de iphone na mão. Avisa para ela que inglês é um idioma universal, que todo mundo fala, ao contrário de português, que só lugares cagados falam. Além disso, puta que me pariu, pouco importa o que fazem ou deixam de fazer, se uma pessoa me pede ajuda e eu posso me comunicar com ela, eu VOU AJUDAR em vez de politizar e tripudiar. Vem logo, Estado Islâmico!

Um jornal americano disse que o biscoito de polvilho era sem gosto, “como toda a comida carioca” e pronto. Foi o show de ofendimento. Esquerdopatas surtando, puxando a cueca pela cabeça de histeria: “não gostam da nossa comida voltem para os EUA!”. Sim, porque só é permitido o privilégio de ficar neste inferno urbano se você achar TUDO bonito e maravilhoso. Se não, vai ser hostilizado. Críticas não são permitidas. Críticas são sempre motivadas pela inveja. Pronto, zilhões de postagens em redes sociais exaltando a comida carioca, que por sinal, é uma bela duma bosta mesmo.

Tem também as macaquices involuntárias. Recebi um vídeo (que parecia amador) da reação dos competidores de golfe ao verem capivaras desfilando pelo campo. Um misto de terror e estranhamento. Um deles perguntou, discretamente, em inglês, what the fuck era aquele animal. Quando responderam que era um “capivara”, ele perguntou se mordia. Golfe no meio das capivaras. Parabéns Brasil, transformando um dos esportes mais chiques em algo totalmente antiestético com grandes ratos gigantes transitando.

Tivemos também os fenômenos da natureza: ventou? Caiu coisa. Choveu? Alagou. Bateu o mar? Destruiu. Os jogos estão à mercê da mãe natureza. Muitas competições foram adiadas, outras tiveram que ser realizadas na base da gambiarra. A palavra “gambiarra” está sendo tão utilizada, que até criaram uma tradução para explicar aos gringos o termo em inglês: “Do The McGyver”.

Ao menos meia dúzia de construções olímpicas foram destruídas esta semana e remontadas às pressas, na base da gambiarra. Ontem mesmo um incêndio nas proximidades de área de competição causou a maior merda, pois além do incêndio, o vento trouxe muita fumaça. Uma chuva ajudou a controlar o que não teria controle em um dia comum.

Fora os estragos provocados pelo próprio carioca, até pedrada teve destruindo estação de ônibus olímpico. A baia dos cavalos (que valem mais do que o salário de todos nós reunidos) já teve diversas balas perdidas. Já pensou se matam um cavalinho daqueles? Perícias indicam que a bala veio de uma comunidade que fica nas proximidades. De quem foi a ideia de colocar os cavalos mais caros do mundo ao lado de uma comunidade? Olha, torce para pegar no tratador, viu? Se pegar no cavalo vai dar uma merda…

Enquanto isso, o Comitê Olímpico vendeu ingressos que já estavam vendidos, só parou porque o Judiciário interveio e mandou parar. Comprar ingressos e ter o assento reservado não significam muita coisa por aqui. A desorganização fez mais estragos: a imprensa vem sendo acomodada em assentos que já haviam sido comprados, redirecionando os pagantes para outros lugares, muito piores do que aqueles pelos quais eles haviam pagado.

A própria cidade representa perigo. Talvez vocês não se lembrem, mas quase um ano atrás eu passava diariamente por uma região onde estavam realizando obras olímpicas e contei aqui que não recomendava ninguém chegar perto, pois invariavelmente os trabalhadores estavam embriagados, trabalhando enquanto bebiam Skol. Pois bem, esta semana um bloco de concreto dessa construção simplesmente caiu, ferindo pessoas. Todas as obras olímpicas são um perigo, se não der uma merda muito grande, será apenas por sorte.

Conselho: leiam sobre os jogos olímpicos na imprensa internacional. Você vai se surpreender com a quantidade de coisas que não são ditas por aqui. Infelizmente não há tempo nem espaço para esmiuçar cada uma das atrocidades citadas aqui, mas na imprensa internacional isso é feito, com detalhes. Ah sim, as vaias continuam. Tá pouco?

Para dizer que é tudo muito bem feito pois quem escolhe se enfiar no Hell de Janeiro merece, para ter ainda mais nojo da esquerdice arrogante do carioca ou ainda para dizer que Brasil > Estado Islâmico em matéria de atentado contra as olimpíadas: sally@desfavor.com


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