
Pokémon vai!
| Desfavor | Desfavor da Semana | 22 comentários em Pokémon vai!
+Pokémon Go é o novo jogo grátis da famosa franquia com lançamento para iPhone, iPad (iOS) e Android, mas a princípio não deve chegar ao Windows Phone. O jogo já está disponível para download em alguns países, como Austrália e Estados Unidos, mas o game está bloqueado no Brasil enquanto não ocorre o seu lançamento oficial.
O lado nerd está curioso pelo jogo, mas todos os outros estão vendo problemas com a febre causada por ele. Desfavor da semana.
SALLY
Sim, Olimpíadas são e serão um desfavor que vai fazer história. Mas no momento a imprensa parece estar na mesma página do Desfavor, então, não precisamos dar o destaque de Desfavor da Semana ao que está acontecendo, você pode ler tudo em qualquer jornal ou revista. Vamos falar de outro assunto ainda inédito no Brasil e que promete causar muita confusão e acidentes: Pokemon Go.
Pokemon Go é um jogo para celular que se diferencia dos demais pela forma como lida com a chamada “realidade aumentada”, que seria, a grosso modo, uma junção da realidade virtual com o mundo real. Funciona da seguinte forma: o mundo é seu campo de jogo. Você abre o jogo através de um aplicativo no seu celular e, em conjunto com o GPS, tem que coletar Pokemons que estão na rua. Isso mesmo, o jogo te obriga a sair de casa para procurar os Pokemons, que você pode localizar pela tela do seu celular à medida que se desloca. Bom, Somir vai explicar melhor o jogo, (se não se suicidar com o cumprimento do direito de resposta que estamos gravando), pois a parte técnica não é meu forte.
Nada contra o jogo. Desde pequena eu sou #TeamNintendo, amo tudo que a Nintendo faz e provavelmente não vai ser diferente com Pokemon Go. O que me preocupa é o impacto social que ele vai ter no Brasil. Se, em países civilizados com pessoas instruídas já estão acontecendo atrocidades cometidas por jogadores cegos de ambição loucos para caçar Pokemons, não quero nem pensar no que vai acontecer aqui.
Os Pokemons são distribuídos pelo mundo de uma forma randômica, sem levar em conta algumas peculiaridades de cada local. Por exemplo, na Bósnia pessoas ávidas por caçar um determinado Pokemon acabaram se enfiando em uma área que era um campo minado, remanescente da guerra. No Japão, foram se enfiar em Fukushima, ainda radioativa, quando descobriram que um Pokemon estava pelas redondezas. Por todo o mundo foram relatados acidentes de transito por pessoas que interromperam seu trajeto de carro para pegar um Pokemon.
Antes de criticar, gostaria de lembrar que jogos podem ser extremamente viciantes e é muito fácil ter o discernimento atenuado quando se está naquele frenesi, naquele estado de fluxo, no calor do jogo. E é justamente aí que reside meu medo: no Brasil, as pessoas não costumam ter discernimento para nada, então o efeito do Pokemon Go vai ser avassalador. O pior é que vai respingar em todo mundo, pois o jogador viciado não prejudica apenas a ele mesmo, pode causar acidentes envolvendo inocentes.
Um plus para o Rio de Janeiro, e também a razão não oficial pela qual a Nintendo não lançou o jogo aqui para as Olimpíadas: o Rio é um grande campo minado de favelas. Todos os bairros, até os mais caros, tem uma favela em algum lugar neles. Se botar um Pokemon em uma área perigosa, é certeza de centenas de jogadores estrangeiros, que não estão cientes do grau de perigo do Rio, vão até lá pegar a porra do Pokemon e serão metralhados. Não tem conversa, no Rio, dependendo de onde você entre, é executado na hora a tiro de fuzil. Pode estar super seguro em uma esquina mas se virar à direita morre. Difícil de imaginar, mas aqui é assim: favela e luxo, segurança e perigo, podem estar a um quarteirão de distância.
O brasileiro médio não tem preparo para jogar Pokemon Go. Obviamente jamais serei a favor de nenhum tipo de censura, então, que venha o jogo. Mas é inevitável me preocupar pensando em Pokemons (entenda-se, para a filosofia do jogo Pokemons são prêmios) espalhados randomicamente em qualquer ponto da cidade. Não vai prestar. Vão se enfiar onde não devem, vai morrer gente, vão causar acidentes. Ainda mais quando pensamos que hoje muitas crianças tem acesso a smartphone e certamente vão querer ir para a rua jogar, afinal, ir para a rua é a única forma de jogar.
Além disso, teremos as situações que, embora não sejam perigosas, são desrespeitosas. Se calhar do jogo meter um Pokemon em um lugar onde não convém muito movimento ou algazarra, como ocorreu em um museu em homenagem ao Holocausto ou em cemitérios, situações de inconveniência tomarão proporções assustadoras. Centenas de jogadores correndo, gritando e jogando em um ambiente que deveria ser sóbrio me parece uma visão do inferno.
E se, por um azar do destino, um desses Pokemons estiver nas proximidades da sua casa, trabalho ou qualquer lugar onde você deseje um pouco de paz, bem, prepare-se. Já há relatos de bairros pequenos que ficaram infestados de gente por causa do jogo, a ponto da população se mobilizar e começar a agredir os jogadores para espantá-los de lá. Se em países civilizados as pessoas já estão perdendo a compostura, bem, imaginem por aqui.
Além desses danos mais palpáveis, inúmeras teorias da conspiração rondam o jogo. O fundador de uma das empresas responsáveis pelo jogo (Niantic inc.) teria ligações com a CIA e o Departamento de Defesa dos EUA e muitos especulam que atrair idiotas com Pokemons seja uma forma de conseguir controlar e saber onde cada um está. Supostamente, ao concordar em baixar e usar o aplicativo, você não permite que te localizem apenas pelo GPS, como também daria total acesso às suas contas pessoais no Google e à câmera do celular do usuário. Convenhamos, se for verdade, é mais deprimente pela isca boba do que pela espionagem. O mundo pode estar trocando sua privacidade por um Pokemon? Que merda.
Apesar da pressão, a ideia é segurar o lançamento no Brasil. Talvez não seja possível, já que os Hues estão começando a ficar revoltadinhos em redes sociais pressionando sem parar. Até o Prefeito Eduardinho mandou recados para a Nintendo em suas redes sociais desde o mês passado pedindo Pokemon Go nas Olimpíadas. Aparentemente ele quer ver gringo fuzilado entrando onde não deve atrás de Pokemon.
Mas, de qualquer forma, mesmo que não seja agora, em breve Pokemon Go chega ao Brasil, e quando chegar, todos vocês tem que estar cientes dos problemas que vão chegar junto, para não serem pegos de surpresa. Sem juízo de valor, acho relevante discutir e tentar antever o que nos espera.
Para comentar antevendo as merdas que irão acontecer, para dizer que está tão cansado que quer Pokemon Stay ou ainda para dizer que esse jogo é uma ode a Darwin: sally@desfavor.com
SOMIR
Você sabe que consolidou a fama de nerd com todos a sua volta quando é perguntado sobre o Pokémon Go a cada conversa que se estende um pouco mais. O aplicativo realmente fez um sucesso estrondoso e até mesmo gente que não é de dar bola para essas coisas parece pelo menos curiosa sobre o tema. Então, vou fazer aqui a mesma coisa que fiz na vida real: ser nerd elitista chato que vê problemas nessa febre de realidade aumentada.
Como jogo, parece meio besta até. Talvez porque seja, não funcionaria tão bem sem ser suficientemente simplório para atrair tantos gostos ao mesmo tempo. Você sai na rua, procura os pokémons, captura, evolui e põe pra lutar contra outros jogadores. O sistema que permite essa jogabilidade e a forma como se capitaliza em cima dos jogadores que sim, são impressionantes. A empresa que produziu o jogo já fazia algo parecido há um bom tempo, mas evidentemente sem uma franquia tão poderosa por trás. A ideia estava madura, faltava a isca. E, basta ter memória pra saber como os bichinhos da Nintendo tem esse poder.
A ideia de monetizar um jogo supostamente grátis cobrando por vantagens dentro dele passa longe de ser nova, focando naquele ponto ideal entre interesse pelo jogo e falta de saco pra conseguir seus objetivos apenas jogando mais para cobrar por itens e elementos especiais. O pulo do gato está em colocar o “mundo real” dentro dessa mecânica. Pokémon Go não só permite que você compre itens que trazem vantagens para você mesmo quanto para tornar um local mais vantajoso para todos os jogadores que aparecem por lá. Lojas espertas como as Starbucks já sacaram isso e estão sempre mantendo suas dependências lotadas de pokémons.
Sim, parabéns pra quem fez o jogo, vão ganhar dinheiro até não saberem mais o que fazer com ele, foram anos aperfeiçoando o sistema e criando mapas de localizações com sugestões de jogadores, conseguiram uma marca perfeita para alinhar com a proposta… parabéns mesmo! Foi uma tacada comercial de mestre. Mas isso não quer dizer que não tenhamos problemas para considerar aqui.
Estendendo as preocupações da Sally: como o sistema do jogo foi bolado até para que empresas pudessem atrair consumidores usando itens especiais, e como no Brasil os bandidos são mais criativos que a média… quanto tempo até um morro carioca bem barra pesada estar apinhado de pokémons e itens especiais? Se o McDonalds pode fazer isso nas suas lojas, todo mundo pode fazer. Isca de incauto pronta. E o engraçado é que mesmo nisso é capaz do Pokemón Go transformar o mundo real numa analogia dos universos virtuais: na maioria dos jogos com mapas extensos e múltiplos jogadores ao mesmo tempo, existem áreas seguras onde as recompensas são baixas e áreas perigosas/caras onde os ganhos podem ser muito maiores. Lógica derivada do mundo real, virtualizada e devolvida pro mundo real. O que se perde no meio do caminho é o senso de auto-proteção: não é mais seu avatar que sofre as consequências.
Um prato cheio para a análise do comportamento humano. Além disso, não podemos ignorar o elefante (ou pokémon equivalente) na sala: tem muita gente finalmente saindo pra rua por causa de um jogo de celular. O mundo real era muito chato até ter um bicho virtual pulando na tela, até a realidade virtual criar um atrativo para a visão da pessoa no que está fora da tela. Por um lado o jogo ajuda muitas pessoas a tirarem a bunda do sofá, mas por outro… mantém elas olhando para a vida através do olho de uma câmera.
Então, cuidado com a ideia de que pelo menos de alguma forma esse tipo de realidade aumentada pode aproximar as pessoas, vamos lembrar que estamos na fase inocente da história. Ainda não se está explorando o lado negativo das interações humanas que acabou enfiando todo mundo dentro de um mundo virtual pra começo de conversa. Não vimos ainda nem uma fração das histórias assustadoras relacionadas com pessoas distraídas por um jogo indo até locais perigosos e lidando com gente mal intencionada.
A fase do encantamento passa, porque não é um Pikachu na tela que muda o mundo. Depois dessa fase, vem a da busca por segurança, provavelmente capitaneada pelas empresas que vão tentar ganhar dinheiro em cima da mania dos jogadores. Sem contar a fase dos imitadores, que vão inundar o mercado com versões da mesma coisa, virtualizando a interação do ser humano com o mundo virtual a cada esquina.
E aí, vamos perceber que no fundo não faz diferença pra ninguém além de nós mesmos conhecer mais a vida real, porque quem conseguir prender sua atenção e pegar seu dinheiro vai sempre tentar tornar o processo mais fácil. E já provamos que o mais fácil é manter a pessoa quietinha no seu canto, sem gastar um centavo com nada além do minimamente necessário, cheia de renda disponível para o que não é… real.
Curioso com o que vai acontecer no Brasil. Mas no fundo… já sabemos como essa história de Pokémon acaba: quando começam a aumentar demais a oferta, a coisa vai perdendo a graça.
Para dizer que eu estou sendo chato por esporte, para dizer que está torcendo pra sair no Rio agora, ou mesmo para dizer que quem joga Pay2Win merece se foder muito mesmo: somir@desfavor.com
Vcs vão mesmo jogar isso? Eu não baixo nem de curiosidade. Fico de cara quando vejo adultos jogando joguinho. Pra mim é coisa de cruança, quase como a moda dos livrinhos de colorir.
Maduro. Adulto. Fodão. Você não joga NENHUM joguinho? Acha que é isso que faz alguém um adulto?
se diverte patendo uma
> Tu baixa o jogo
> Só vai conseguir capturar o pokemon inicial porque se sair na esquina com o celular pra cima é assaltado
> Quase lugar nenhum tem wifi público, vai ter que usar os dados móveis e a franquia da internet vai acabar na velocidade da luz.
Acho bem inútil esse jogo pra brasileiro.
Karina, não consome tantos dados móveis não. Pode contar que vai ter muita gente comprando pacotes extras para jogar o dia inteiro.
Já saiu pokemon go no brasa. Aposto que o Somir já tá jogando e deve ser líder de algum estádio. APOSTO
Já saíram os primeiros assaltados também… hahaha
Pois é… E vem coisa pior por aí, bem pior…
Se eu soubesse que ia dar tanta merda essa parada de Pokemongos, tinha zoado lá atrás.
Pois é, eu to no time dos que querem Pokemon Stay! Hahaha!
Podia ter um Pokemon Stay, onde os Pokemons é que tem que te encontrar…
O que realmente me preocupa nesse jogo é se colocarem pokémons dentro de nossas casas. O que vai ter de invasão e furtos… ( já aconteceram casos desse tipo).
Imagina que delícia centenas de BMs tentando entrar na sua casa atras de um Pokemon? O Brasil não está preparado para esse jogo.
Se em países civilizados as pessoas já estão perdendo a compostura, bem, imaginem por aqui.
E as (micro)câmeras daqueles óculos (possivelmente também) ainda irão se popularizar…
Sem contar a fase dos imitadores, que vão inundar o mercado com versões da mesma coisa, virtualizando a interação do ser humano com o mundo virtual a cada esquina.
Muito (!) possivelmente ainda podem haver acidentes com inocentes…Que (tão) triste !
DSVS
Credo, pokemon… por favor, me digam que vocês não vão jogar isso. Vou ficar desapontada se duas pessoas inteligentes forem jogar esse joguinho de mongolóide.
Os ladrões estão é fazendo um favor ao roubar esse pessoal que vai procurar pokemons por aí.
Leona, jogaria sim, mas como um plus para me divertir quando tivesse que andar ou me deslocar por longas distâncias, como por exemplo, quando estiver no aeroporto do Rio esperando por um voo que está três horas atrasado, sem ter o que fazer. Daria um rolezinho para achar Pokemon. Mas jamais sairia de casa só para catar desenho animado.
“Além disso, não podemos ignorar o elefante (ou pokémon equivalente) na sala[…]” Equivalente: Snorlax, hehe. Era o meu favorito quando criança.
Em localizações à beira de mar é possível achar Pokemóns também. Em Vancouver, por exemplo, há pontos de spawn no fuckin’ meio da água. Pessoal lá pega balsa só pra se aproximar dos locais. Imagina isso num mar carioca de ressaca ou num mar recifense abarrotado de tubarões?
Não pretendo jogar isso, mas eu acho que não vai chegar tão cedo no Brasil. Só quando perder a graça e não for mais tão rentável nos países desenvolvidos. Sou #TeamNintendo, mas sou realista. Enquanto BR fica puxando saco, pessoal de lá nos vê apenas como cãezinhos comedores de restos. Mas divirtam-se :-)
Se monetizarem de forma eficiente, chega aqui rapidinho. Brasileiro é comedor de resto, mas é um dos que mais gasta com jogos no mundo.
Nossa, esse Prefeito Eduardo é mais iludido do que eu lendo fanfic dos casais das minhas séries.
Iludido nada, é um filho da puta safado mesmo!
Esse jogo já está atingindo níveis meméticos. Por exemplo, tem jogadores batizando os filhos com nomes dos bichos:
http://www.bbc.co.uk/newsbeat/article/36904034/parents-are-naming-their-children-after-pokemon-go-characters
E isso porque nem 20% dos bichos existentes foram implementados até o momento. Quando alguns dos mais populares, como Gardevoir e Lucario entrarem no jogo, prevejo as bizarrices aumentando consideravelmente.
Parece que o jogo também divide os jogadores em três facções depois de um certo ponto. Acho improvável, mas a estupidez humana tem potencial infinito. Imagina se começam a usar isso de pretexto pra “bule”. E vendo que tem molecada se matando por perder uma partida de futebol de videogame…
Já pensou terceira guerra mundial de facção Pokemon?