
Manual de um Bon Vivant (fracassado) – O poder da pesquisa
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O Somir se reserva ao direito de implicar com os textos e não publicá-los. Sally promete interceder por vocês.
Manual de um Bon Vivant (fracassado) – O poder da pesquisa
Se um dia vocês forem à Paris, na França, sugiro que passem pelo Crazy Horse, um dos melhores cabarés da cidade. Lindas mulheres, shows deslumbrantes, drinks na medida, tudo isso você encontra no lugar. Quando fui lá pela primeira vez, me senti na obrigação de sair com duas das meninas da casa e no final da noite eu havia gasto uns 5 mil euros, no mínimo. De qualquer maneira, vale a pena conhecer. Essa pequena introdução é para demonstrar que antes de tomar qualquer decisão na sua vida, faça uma pesquisa sobre o assunto, tenha o máximo de informação possível antes de entrar em campo. Informação é poder e ter embasamento na tomada de decisão deixará sua vida executiva mais fácil e feliz.
No meu caso, quando decidi sair do Brasil, a escolha mais óbvia era os Estados Unidos, um país que todos são meio que obrigados a conhecer e aceitar. Mas acontece que eu acho os Estados Unidos um país brega, de pessoas xucras e sem o mínimo de classe. Apesar deles saberem fazer um bom marketing e empurrarem qualquer tipo de bugiganga, principalmente para os brasileiros idiotas que teimam em viajar para a ridícula Miami, não é um país aonde eu me via trabalhando, por mais que eu soubesse o valor que as verdinhas possuem. Então fiz uma breve pesquisa sobre taxas de impostos e encontrei as Ilhas Maldivas, que servem de paraíso fiscal para alguns políticos corruptos do Brasil.
Meu primeiro passo foi abrir uma conta offshore, depois comprei uma propriedade em Malé, a capital do país. Minha intenção após me mudar para lá, era investir em alguns negócios na Índia, principalmente empreendimentos de brasileiros que queriam investir no mercado indiano. O primeiro baque para a maioria dos investidores era o tempo, já que na Índia o andamento de um negócio costuma demorar meses para ser concretizado. Como a sociedade deles é dividida em castas, não há muitos motivos para que os indianos sejam ambiciosos a ponto de quererem crescer dentro de uma empresa ou no comércio local. Como os brasileiros demoravam para se acostumar com os costumes indianos, meu primeiro trabalho no exterior foi o de representante executivo para um grupo de empresários do Brasil.
Aí vocês podem me perguntar: ei, não faz sentido, porque escolheu a Índia, um país tão brega, de pessoas xucras e sem o mínimo de classe, assim como é os Estados Unidos? Bem, pelo simples fato do desafio e também porque é um país em plena expansão, além de ser bem próximo da China que também me interessava. Tá bom que a Índia é um país de gente feia, com costumes estranhos e que é difícil se acostumar com a imundice do rio Ganges, mas após superar isso, é uma país sem limites para qualquer estrangeiro, já que não precisamos nos limitar a uma determinada casta social.
E foi então que tive meu primeiro deslize, já que sou canhoto e tradicionalmente a utilização da mão esquerda na Índia é apenas para limpeza íntima. As pessoas me olhavam bem estranho quando eu levava a mão esquerda para cumprimentá-las e teve uma vez em que………….. Nossa, que estranho, tem alguém tocando a campainha da minha casa, só um instante.
SOMIR
Toquei a campainha várias vezes antes de ser atendido, mas finalmente ele apareceu na porta. Pareceu não acreditar no que via, mas finalmente disse:
_O que você está fazendo aqui?
_Tive tempo para ver o IP do seu computador. Descobri que a localização dele estava em Pedreira e até aonde eu me lembrava, era para onde você se mudou após sair da escola. Não foi difícil juntar que dois mais dois são quatro. – respondi.
_E o endereço da minha casa?
_Não há segredos em cidade pequena, meu caro. Com seu sobrenome em mãos parei na primeira praça que vi, me fiz de perdido procurando pela família Pavanni e uma senhorinha muito simpática me explicou como chegar aqui.
_Ah… é….
_Ângelo, você foi muito ingênuo achando que eu não descobriria sua farsa. Uma vez fracassado, sempre fracassado.
Nesse momento ele entrou em pânico e tentou me comprar:
_Somir, por favor, não conta pra ninguém. Eu faço o que você quiser, te dou o quiser. Dinheiro eu tenho, essa parte é verdade!
_É claro que não vou contar, de que me interessa sua vidinha de menino criado a leite com pera? Só vim até aqui para ter certeza que eu estava certo e, olha só, eu estava. Além disso, o dinheiro nem seu é, é da sua avó, seu mimadinho de merda.
Não aguentei, ri na cara dele.
_Além do mais, você deveria ter dados exemplos melhores nos seus textos, você não imagina a quantidade de reclamações de pessoas que leram aquelas porcarias. Fora o fato que são situações claramente tiradas dos livros que você mesmo indicou, faz-me rir.
Ele parecia desiludido, acho que eu estava pegando pesado demais.
_Vamos fazer o seguinte, deixarei você postar mais um texto no site e será o último. Porém, nele você tem que falar sobre sua verdadeira vida e não essa literatura de fundo de quintal que você criou nessa cabeça oca. Combinado? – perguntei.
_Mas Somir….
_Ou isso ou eu mesmo escreverei sobre você. Qual prefere?
_Eu escrevo!!!!
_Bom garoto! E nem tente mais me enganar mandando mensagem anônima me ofendendo, que descobrirei na hora. Tenho alguns podres seus que posso soltar a qualquer momento no site, como sua fama com a cenoura naquela cidade….
_Aquilo não fui eu!!!!
_Sei, sei, só não imagino como outra pessoa acabou pegando a fama, mas sei muito bem sobre suas intimidades com certos… alimentos.
_Tá bom Somir, já falei que vou escrever, o que mais você quer?
_Nada não, só isso mesmo. Adeus, espero nunca mais ver essa sua cara de tanga frouxa.
Achei que ele ia chorar. Fui embora antes que isso acontecesse.
É… bem, voltando ao nosso assunto de hoje, devo confessar que pesquisa é tudo. Tem algumas pessoas que são capazes de pesquisar tudo sobre sua vida, principalmente se essa pessoa for um stalker com algum conhecimento em tecnologia da informação. Se essa pessoa em questão pesquisou mesmo sobre mim (sim, eu pesquisei), saberá que nunca fui um executivo bem sucedido, nunca sai do país a trabalho e que não conheço Paris…. Todo o dinheiro da minha família vem da minha avó, uma famosa cantora de ópera que ganhou muito dinheiro às custas da ditadura militar. Uma coisa é verdade, eu sofria nas mãos de Somir e Chester na escola (mereceu por ter sido esnobe em escola pública e naquela época não existia “mimimi” de bullying). Hoje sou um mero funcionário público e trabalho nos Correios. Algumas cartas enviadas pelos Correios são anônimas e não chegam aos destinatários, ficando assim no arquivo morto. Após algum tempo, se possível essas correspondências são devolvidas, senão são jogadas foras, mas antes são abertas por medida de segurança. Numa dessas correspondência encontrei um malote de livros, que serviram de inspiração aos meus textos. Também abri muitas cartas de amor, cobrança e propaganda sem importância. Se descobrirem que peguei essas coisas posso ser demitido, por isso peço encarecidamente que essa parte seja retirada do texto (claaaaaaaaaaaro).
Em uma dessas cartas havia a história de um homem bem sucedido, que escrevia para sua ex-esposa chamada Kalinka. Na carta, ele demonstra muita arrogância e desprezo pela mulher, já que aparentemente ela o tratava como um zé ninguém que vivia às custas dela. Na carta ele contava como havia se tornado um homem de sucesso, rico e que ela nunca veria a cor do dinheiro. Peguei a história desse homem, misturei com alguns conceitos científicos de psicologia dos livros, adicionei um pouco de minha própria história e fiz o que vocês leram nos últimos textos. Ainda não sei como o Somir descobriu meu celular e nem porque pediu para que eu escrevesse (assim como você mesmo escreveu, ‘porque eu posso’). Se ele me odeia tanto assim, deveria ter me deixado em paz, já que nem sabia da existência desse blog (mas depois que descobriu, lotou nossa caixa com comentários haters anônimos, quase que crio um monstro). Me arrependo de um dia ter perdido meu tempo com isso aqui (eu também, mas tocar o Desfavor sozinho me fez tomar decisões precipitadas. Vivendo e aprendendo). Vou finalizar com uma história real minha, de quando estudava com esses dois babacas (oi? isso não estava combinado).
Era uma manhã de verão, quando cheguei na escola. Para não ser sacaneado, eu tentava sempre chegar antes dos dois, mas de alguma maneira, Chester sempre chegava antes de mim. Somir chegava mais tarde, isso quando não perdia a primeira aula. Nesse tempo, eu ainda não tinha certeza que eles me zoavam, então ainda tentava conversar com eles. Nesse dia fui falar com o Somir sobre um jogo que eu havia acabado de comprar:
_É cara, o jogo é muito bom e difícil, tem um chefão que é um dinossauro……
Eu estava realmente empolgado com o jogo, mas eles não prestaram a mínima atenção (ele ficou falando dessa porcaria de dinossauro por horas a fio). Ao invés de conversarem comigo, eles começaram a brincar de ver quem socava o outro mais forte. Sem chegarem a uma decisão final, decretaram que eu iria ser o juiz e ver qual soco seria mais forte. Primeiro foi o Chester, que me deu um soco razoavelmente forte. Depois Somir, com um soco realmente forte. Todos sabem que Somir não sabe perder, mas o Chester não sabe brincar. Ele é muito sem noção e me deu um soco bem no meio da cara, me deixando sem ar e com o nariz sangrando. Saiu muito sangue e os dois ficaram em pânico. Covardes, fugiram sem me ajudar (ajudamos sim, mas sua memória seletiva não deve se lembrar que o levamos ao hospital e ainda terminamos o dia tomando chá com sua vó, que nos mostrou fotos bem interessantes sobre sua infância). Essa é a dupla que vocês estão acostumados a ver aí no site, para minha sorte não conheci a Sally (para a sorte dela, você diz).
SOMIR
Bom, chega dessa choradeira. A vida continua, o Desfavor toca o barco. Já me basta o Alicate enchendo o saco, deixa eu acabar com o texto desse mané antes que eu tenha mais dor de cabeça. Uma coisa eu garanto, vocês nunca mais o verão aqui….
Por: Ângelo Pavanni
Pensando bem, convida o Ângelo nmais não…
É. Vocês me pegaram.
Hahaha, Somir na escola estadual é uma coisa que eu nunca vou conseguir acreditar.
Essas duas últimas semanas foram uma experiência… Interessante, eu acho.
Daria pra abstrair bastante coisa do que se passa na cabeça do Somir, eu acho…