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Des Troia – Final

Des Troia – Final

| Somir | | 5 comentários em Des Troia – Final

Semana da Exclusão Social: Na semana de união entre amor e exclusão, o desfavor conta a história secreta de Troia.

DIANTE DO PORTÃO DE TROIA:

SOLDADO: Mas, senhor…
ALICÁRIS: ABRE ESSA MERDA AGORA!
SOMIRENA: Ouvi dizer que esse PlayStation é o maior sucesso na Rota da Seda.
SOLDADO: Senhor, me parece um truque extremamente ób…

Alicáris empurra o soldado enquanto Somirena começa a puxar a alavanca que destrava as enormes engrenagens do portão da cidade. Enferrujado por anos de inatividade, a enorme estrutura de madeira e metal lança no ar um estrondo que vira todas as cabeças de Troia.

CAIPIRÍAMO: O que vocês estão fazendo?
ALICÁRIS e SOMIRENA: PlayStation! PlayStation! PlayStation!
CAIPIRÍAMO: Exército! Já para os portões!

Os dois amigos espremem-se pela primeira fresta disponível, correndo desesperadamente em direção à gigantesca caixa de madeira esbranquiçada diante da cidade. Os soldados troianos logo vêm ao resgate, armas e escudos preparados.

Em vão. Diante de Troia, não há mais nem sinal do gigantesco exército de Menesally que ocupara o local por mais de uma década. Caipiríamo aproxima-se de Alicáris e Somirena, que inspecionavam minuciosamente o presente recebido.

CAIPIRÍAMO: O que, em nome de todos os deuses, é esta aberração?
ALICÁRIS: Tecnologia, pai. Você não entende… olha, Tiago, tem até entrada para ventilação.
SOMIRENA: Esse pessoal do Oriente pensa em tudo! E olha que bacana, só na porta dos controles já daria para entrar uma pessoa!
ALICÁRIS: Nem sabia que faziam desse tamanho. Soldados! Levem para dentro!
SOMIRENA: Eu sou o jogador um!
ALICÁRIS: Não, eu sou!

Os dois começam a se espancar enquanto um Caipiríamo extremamente desconfiado observa seu exército carregar o PlayStation de Troia para dentro dos muros.

ALGUMAS HORAS DEPOIS, NA PRAÇA CENTRAL DE TROIA:

CAIPIRÍAMO: E aí? O que isso faz?
SOMIRENA: Não sei ainda.
ALICÁRIS: Não foi você que me disse que era a coisa mais divertida do mundo?
SOMIRENA: Sim, mas isso eu ouvi num fórum.
ALICÁRIS: Não é para acreditar em tudo que te dizem em Atenas!
CAIPIRÍAMO: E vocês trouxeram esse trambolho pra cá por que motivo?
SOMIRENA: Parecia uma boa ideia na hora.
ALICÁRIS: Ah, está ficando de noite mesmo. Bora encher a cara?
SOMIRENA: Amanhã a gente descobre o que isso faz.
CAIPIRÍAMO: E vai ficar aqui?
ALICÁRIS: Pai, acabou a guerra! Vencemos! Alicáris um, vadia de Esparta zero!

Os três começam a rir. Um som estranho começa a vir de dentro do PlayStation de Troia.

SOMIRENA: Ouviram isso?
ALICÁRIS: Veio de dentro daquele treco!
CAIPIRÍAMO: Parece um… um rosnado.
SOMIRENA: A gente deveria ver o que é…
ALICÁRIS: Mas só depois de curtir a noite! Vadias por minha conta!
SOMIRENA: Sei não essa parte, a Hm fica meio azeda quando eu vou praqueles lados.
ALICÁRIS: Puta que pariu, Somirena, quando neguinho nasce pra ser pau mandado, não tem jeito. Ela vai fazer o quê? Gesticular a noite toda?
SOMIRENA: Eu fico apegado… pela minha maldição, só posso aliviar com uma muda mesmo. São dez anos, né?
ALICÁRIS: Eu te disse que a gente podia cortar a língua da mulher que você quisesse, mas você fica cheio de dedos.
SOMIRENA: Só vamos avisar ela antes de ir. Ela nem vai ficar brava porque os irmãos dela estão lá.
ALICÁRIS: Porque você está preocupado em avisar ela então?
SOMIRENA: Custa, Alicáris?
ALICÁRIS: Vamos logo então… pau mandado da porra…

Somirena e Alicáris começam a se afastar.

CAIPIRÍAMO: Vamos deixar uns soldados aqui, só por segurança.
ALICÁRIS: Hoje é festa! Soldados, ninguém paga vinho ou puta hoje nessa cidade! Vão na frente que a gente já alcança vocês!

Os soldados berram de satisfação e começam todos a correr pela praça, arrancando suas armaduras e abandonando as armas. Caipiríamo suspira, resignado.

NA CASA DE HM:

SOMIRENA: Cheguei!
HM: Hm!
SOMIRENA: Trouxe o Alicáris comigo.
HM: Hm…
SOMIRENA: Meu bem, já conversamos sobre isso.
HM:
ALICÁRIS: Eu e Tiago vamos comemorar o fim da guerra. Não espera acordada. Pronto, falamos, fui!
HM: Hm! Hm! Hm!
SOMIRENA: Calma! Calma os dois. Seus irmãos já chegaram?
HM: Hmhm.
SOMIRENA: Que bom, temos um presente para eles.
ALICÁRIS: Temos?

MAIS TARDE, NA PRAÇA CENTRAL DE TROIA:

A noite chega, a praça está cheia de populares comemorando, mas nenhum soldado à vista. O som da música e das risadas abafa a voz que vem de dentro do enorme PlayStation de Troia, no centro da festa:

MENESALLY: Jãoquiles, qual a nossa situação?
JÃOQUILES:
MENESALLY: A sua rainha te fez uma pergunta!
JÃOQUILES:
MENESALLY: Argh… Jãoquiles, eu duvido que você deixe de ficar em silêncio.
JÃOQUILES: Duvida que eu tome a cidade com o exército que você colocou aqui dentro?

Menesally sorri. Olha para os soldados ao redor, todos com os nervos à flor da pele. Lanças e escudos prontos. Fúria nos olhos.

MENESALLY: Jãoquiles, meu querido… eu… DU-VI-DO!

Jãoquiles berra e se joga em direção à abertura no topo do PlayStation de Troia, os soldados espartanos seguindo em êxtase. Em poucos minutos, a praça central de Troia está banhada pelo sangue dos populares. Rapidamente um grupo abre os portões para o resto do exército da rainha, que havia retornado sorrateiramente ao cair da noite. Com a maior parte dos defensores troianos entrincheirados nas estreitas ruas do distrito de prostituição da cidade, não demora muito até o cheiro do sangue se misturar com o de madeira queimada. Troia caíra.

Menesally, carregada por soldados numa liteira, não parece disposta a saborear o triunfo ainda.

MENESALLY: Quem me trouxer as bolas daqueles dois vai ganhar o próprio peso em ouro! Eu não saio daqui sem a minha vingança!

Os espartanos e aliados percorrem as ruas da cidade, procurando. Alguns minutos depois, voltam com um homem idoso, amarrado e cheio de hematomas.

SOLDADO: Rainha, o que fazemos com esse?
CAIPIRÍAMO: Tenha piedade!
MENESALLY: E piedade você terá. Afinal, não posso desperdiçar seus talentos, você vai me servir fazendo o que fez de melhor na sua vida.
CAIPIRÍAMO: Administrando reinos?
MENESALLY: Não, criando porcos! Levem-no para Esparta e coloquem-no trabalhando no chiqueiro real.

Os soldados saem carregando Caipiríamo. Ulisses, que acompanhava a comitiva real do solo, cutuca o braço de Menesally:

ULISSES: Rainha, não são eles naquela sacada?

Somirena e Alicáris estão no alto de uma construção. Somirena acena, Alicáris mostra o dedo do meio.

MENESALLY: Você volta comigo hoje! E se eu não decidir te matar, você vai ter que treinar muuuuito para perder essa barriga horrorosa!
SOMIRENA: Alicáris disse que é sinal de prosperidade.
MENESALLY: Venha já aqui!
SOMIRENA: Você não manda em mim!
MENESALLY: Você… você teve outra?
SOMIRENA: Dez anos, né? E você está sem moral pra falar porque eu fiquei sabendo dos seus rolos. Né Ulisses, seu fura-olho?

Ulisses disfarça. Menesally fecha a cara.

MENESALLY: Você volta pra Esparta vivo ou morto!
SOMIRENA: O que você diz, Alicáris?
ALICÁRIS: Eu digo o seguinte… CHUUUPA MOCRÉIA!

Alicáris vira de costas, levanta a roupa e mostra as nádegas, com um alvo desenhado. Ele e Somirena rapidamente voltam correndo para dentro da casa. Menesally berra para os arqueiros, que começam a disparar flechas flamejantes na direção da construção de madeira. Logo o fogo toma conta dali também. Os soldados começam a comemorar ao ouvir gritos vindos lá de dentro. Menesally não se abala.

MENESALLY: Traz o corpo! Eu só acredito vendo o corpo!

Os soldados correm para dentro da construção, agora em brasas. De dentro, arrastam dois corpos severamente carbonizados. Ulisses se aproxima, verificando cuidadosamente.

ULISSES: São eles. Mesmas roupas, mesmo tamanho… parabéns, minha rainha. Você teve sua vingança servida e agora pode seguir em frente com a sua vida.
MENESALLY: Tudo graças ao seu plano. Ulisses, você me deixou muito impressionada…

Para o desespero dos soldados que a carregavam, Ulisses é chamado para fazer companhia à Menesally na liteira. A noite segue em selvageria, mas ao nascer do sol, Troia já começava a se reconstruir. Os exércitos de Menesally se retiraram nos dias seguintes, após o funeral de Jãoquiles, que desafiado a disputar uma competição de coices com uma mula local, acabou ferindo o calcanhar e sangrando até a morte.

Menesally voltou para Esparta, de onde reinou por mais muitos anos, sempre acompanhada por Ulisses.

MESES DEPOIS, NUMA ALDEIA JAPONESA:

ALICÁRIS: Eu realmente não estou entendendo esse código de honra.
SOMIRENA: Foda-se, a gente está no Japão! Pena que já saiu até o quatro, mas a gente ainda não conseguiu usar o PlayStation.
ALICÁRIS: Falando nisso, você nunca me disse como percebeu o plano da Menesally…
SOMIRENA: Eu te disse mil vezes, mas você nunca presta atenção. O plano foi do Ulisses, ele que me contou num encontro secreto antes de colocarem o PlayStation de Troia lá. Ele queria que eu sumisse para ficar com a rainha, eu não queria viver uma vida saudável com alguém que cuidava de mim, todos ganhamos. Coff! Coff!
HM: Hm!
SOMIRENA: Ninguém mandou os seus irmãos pegarem as roupas que demos para eles.
HM: Hm!
SOMIRENA: Tá, a parte de prender eles na casa não foi tão escolha assim… mas águas passadas, não é mesmo? Cunhado não é parente.
HM: Hm…
ALICÁRIS: Não escutei nada… mas… sabe o que eu estava pensando? Aquela vadia da Afrodite me prometeu um amor verdadeiro, mas nada até agora!
SOMIRENA: Esquenta não, amigo. Daqui a pouco você acha a mulher certa… enquanto isso eu te arranjo as erradas! Bora tomar saquê até a gente começar a falar japonês?
ALICÁRIS: Só se for agora! O que eu faria sem você, meu amigo?
SOMIRENA: Menos merda!

Os dois começam a rir. Hm suspira e se levanta, sabendo que não adianta esperar acordada.

FIM

Para dizer que o amor vence todas as barreiras, para dizer que Somirena vai ser piada eterna, ou mesmo para dizer que só aqui pra isso ser final feliz: somir@desfavor.com


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