
Direito à ausência.
| Sally | Flertando com o desastre | 87 comentários em Direito à ausência.
Tá grande, tá chato e tá reflexivo. Se quer se divertir, volta na sexta.
Grupos de whatsapp. Talvez eles sejam uma das coisas que eu mais odeio e desprezo na minha vida. Um sonho de consumo seria nunca ter que participar de grupo algum. Mas, infelizmente, o mercado de trabalho já descobriu os grupos de whatsapp e te violenta, te obriga, te coage a participar deles. Atentem para o plural: deles. O que poderia ser um grupo só, acaba virando muitos. Tem o grupo oficial do trabalho/empresa, tem o grupo oficial do seu seu setor, tem o grupo oficial do seu setor menos o chefe, que é para poder reclamar, tem o grupo panelinha do seu setor… Tem também o grupo da família(e desse eu escapei). Tem grupo de tudo quanto for atividade coletiva que você participar: pessoal da academia, pessoal do curso, pessoas da puta que pariu. Quantos grupos você tem hoje no seu celular? Pois o meu, do trabalho, é o único e ele já me enlouquece.
O grupo em si não é uma má ideia, é uma forma de enviar uma mensagem de uma única vez para várias pessoas ao mesmo tempo. Em tese, parece bacana. Mas, como tudo em que brasileiro põe a mão no meio digital, virou uma avacalhação. Em um grupo de 20 pessoas, um filho da puta começa, assim que acorda: “bom dia!”. Pronto! Seguem-se 19 “bom dia” em resposta. E essa porra apitando, me fazendo parar tudo que eu estou fazendo e olhar, porque a babaca aqui acha que ninguém vai usar algo de trabalho para dar bom dia. Mas usam. É uma falta de profissionalismo, de seriedade, de objetividade… esculhambação total. Sinto mal estar físico às vezes.
É um reflexo do que acontece ao vivo: pessoas sem a menor pertinência temática, discernimento ou adequação. Um festival de coisas desinteressantes, desnecessárias e que não me acrescentam em nada. A pessoa tem uma diarreia mental incontrolável, se ela pensa, se ela acha, se ela viu, ela tem que compartilhar. A pessoa não para por um segundo para refletir se aquilo interessa aos destinatários, se aquilo acrescenta, se aquilo de qualquer forma vale a interrupção do Estado de Fluxo que vai causar. Não, não. Neguinho recebe foto de um macaco usando óculos, acha engraçado e te manda. Assim, eu vivo meus dias de semana: extremamente estressada, sendo interrompida pelas maiores babaquices do mundo de cinco em cinco minutos.
Eu passo meu dia garimpando grupo. Aquela merda apita e eu paro o que eu estou fazendo e pego o telefone com a certeza de que é alguma imbecilidade. E 99% das vezes é. Mas eu sou obrigada a olhar, pois existe o 1% das vezes onde é algo relacionado a trabalho e é importante (e Murphy não falha, vai ser justamente na vez em que eu não olhar). Eu classifico isso como uma violência: eu sou obrigada a ler a babaquice alheia todo santo dia, ela é imposta a mim. Sem sacanagem, eu renderia pelo menos o dobro do que rendo no trabalho se não tivesse que parar para ler o “social de whatsapp”.
Mas essa Shinny Happy People não entende, eles nunca vão entender. São pessoas que tem medo de ficar sozinhas com seus pensamentos. São carentes e covardes, por isso sentem um alento a cada bipe que o whatsapp dá, pois erroneamente se sentem amados quando procurados. Coitados, mal sabem eles que são apenas palco para a exibição egóica daqueles que enviam as mensagens. Nesse pacto perverso a coisa se prolifera, em uma espécie de neurose complementar: aquele que quer plateia com aquele que teme ficar só se retroalimentam.
Enfim, é aquele comportamento típico de pessoas burras: achar que aquilo que as agrada também agrada todo mundo. O primeiro sintoma da burrice é esse, desconhecer as diferenças. Assim, a certeza de que esses energúmenos não sabem o mal que estão me fazendo, muito pelo contrário, acham que estou achando bonito, me faz tirar forças do cu para continuar aturando essa violência no trabalho. Convenhamos, não há opção.
Dá para reclamar? Não dá. Se você reclama, é uma pessoa mal humorada, de mal com a vida, amarga. Porque o mundo é assim: a inclusão só é imposta contra aqueles que criticam a maioria. Criticou uma maioria dominante? Você é intolerante, babaca e arrogante. Tem que aprender a conviver melhor e respeitar as diferenças! Curiosamente na hora de reverter para as minhas peculiaridades (necessidade de silêncio e paz, por exemplo), não obtenho essa mesma premissa de aprenderem a conviver melhor e respeitarem as diferenças. Não… quando é comigo, sou mal humorada, de mal com a vida, amarga e quem tem que se adaptar sou eu. Então tá.
E tem que responder rápido, viu? As pessoas se ofendem, se preocupam, causa estranhamento demorar para responder. Se presume que o whatsapp é uma ferramenta imediata, a pessoa usa já contando que você vai responder na hora. No começo eu fazia questão de demorar um ou dois dias em todas as respostas, para adestrar as pessoas que esse seria meu tempo, pois talvez assim desistissem de me importunar sistematicamente com suas coisas desinteressantes. Mas descobri que custa mais caro, pois quando você não responde, as pessoas perdem completamente a noção e ficam te cobrando uma resposta.
A cada apito que o whatsapp dá sinto um arrepio que me percorre a coluna. Uma raiva enorme começa dentro de mim pensando por qual motivo idiota me interromperam: “qual é a imbecilidade agora?”. Abro, depois de assassinado meu Estado de Fluxo e constato uma corrente desejando uma ótima semana, uma foto imbecil que alguém com humor nada refinado achou engraçadíssima (seguido da risada de mongoloide KKKKKKKK), uma mensagem irrelevante que não tinha qualquer urgência ou qualquer outra coisa que poderia esperar ou poderia se dita por qualquer outro meio. Acreditem, tem uns amentais que chegam a enviar whatsapp para avisar que te mandaram um e-mail. Isso na minha cabeça só se justifica quando você precisa de uma confirmação de recebimento imediata daquele e-mail.
Tudo isso me parece sintoma de uma única coisa: egoísmo. As pessoas são tão egoístas que chegam a ser mal educadas. Elas dispõe de um mecanismo para te acionar de imediato, que só deveria ser usado com ponderação e sabedoria, afinal, você não vive à disposição da pessoa. Mas não, elas te acionam por qualquer merda. São imediatistas, mal educadas, mimadas, sem noção e se querem alguma coisa de você, tem que ser na hora, foda-se se vão te atrapalhar. Se querem falar, contar uma piada, dar bom dia, foda-se, vão impor isso a todo mundo e você que pare o que estiver fazendo para ver o maravilhoso “bom dia” da pessoa, pois sim, ela se acha tão interessante.
E com isso, surge um novo fenômeno que me preocupa: o fim da ausência. Não temos mais o direito de estar ausentes. Se você por um acaso tem faniquito (como eu tive recentemente) e desliga seu celular um final de semana todo, as pessoas ficam histéricas querendo saber o que aconteceu com você. Dá mais trabalho explicar que você está bem e só queria um pouco de paz na segunda-feira pela manhã do que aturar a paunocuzação .constante com celular ligado. Pensei bastante e eu não quero abrir mão do meu direito de estar ausente.
No grupo do trabalho eu não mando, mas no meu telefone pessoal sim. E essa palhaçada acabou. Comecei a excluir não apenas do meu celular, como da minha vida, gente que não me permite estar ausente. Confesso, a faxina me trouxe alívio. Plus: é bom que as pessoas sintam a minha falta, valoriza meu passe e elas tem a oportunidade de vislumbrar seu eu faço falta ou não, o que pode ser determinante para decisões futuras que elas tomem a meu respeito. Não tem maior verdade do que aquela que diz que as pessoas só dão valor quando perdem.
Infelizmente durante a semana minha qualidade de vida cai vertiginosamente por causa do trabalho, ocasião onde não se pode desligar o celular. Mas os finais de semana são meu HappyPlace. São os momentos onde eu rendo, onde eu melhor consigo trabalhar e me sentir verdadeiramente em paz. Eu quero o direito de estar ausente e eu vou brigar pelo direito de estar ausente. E digo mais: eu acho que o fim da ausência não gera apenas um tremendo mal estar em mim, vai gerar também muita confusão e aberrações sociais.
Assim como pessoas usam Facebook para emular uma vida muito mais feliz e abastada do que a que realmente tem (e assim, aplacar muitas frustrações – em vez de fazer força para mudar a vida real fingem a vida que verdadeiramente queriam), as pessoas estão usando whatsapp para emular uma vida social que não tem. Desculpa, mas à exceção de quem mora longe (pois aí não tem outro jeito), se você falou comigo apenas pelo whatsapp nos últimos meses, não considero como se tivéssemos contato.
Amizade não se sustenta apenas por whatsapp. Hoje em dia parece que as pessoas se dão por satisfeitas, que consideram socialização válida, que consideram seu dever para com o amigo cumprido, apenas batendo um papo no whatsapp. Bem, estas pessoas estão agora fora da minha vida. Sem mágoas, lhes desejo bem, só não atendem meus requisitos para receber o privilégio de serem meus amigos ou de tomarem meu tempo disponível recebendo respostas minhas. Ou é real ou não é. Fingir que é real virtualmente não me satisfaz.
Mesmo para essas pessoas que se sentem amadas ao receber whatsapp, a conta vem. Ahh… chega uma hora que a conta vem. Já começo a observar algumas pessoinhas estressadas por manter a demanda social de whatsapp, dando sinais de F.O.M.O. A pessoa começa a surtar por não querer ficar por fora de nada, por querer saber tudo que estão falando em todos os grupos, por querer participar de tudo e, com isso, começa a se portar de formas nada saudáveis. Leva o celular para a cama e cada vez que ele apita, ela olha, mesmo que esteja dormindo ou prestes a pegar no sono. Não é o celular que serve à pessoa, é a pessoa que serve ao celular. Uma vida em função de um celular? Não, obrigada. Eu quero ser livre. Drogas escravizam, sejam elas cocaína ou tecnologia. O que faz a droga não é o objeto ou a substância e sim o uso que você dá a elas.
É muito grave não saber sentir a ausência de alguém. É duplamente grave: Primeiro por não saber ficar sozinho com você mesmo e com seus pensamentos, um procedimento necessário, indispensável, para refletir, crescer, se conhecer melhor. Segundo por desaprender a lidar com a ausência do outro, que eventualmente vai existir mais cedo ou mais tarde, nem que seja na forma da morte. Vejo novas gerações sofrendo quase que de forma patológica de angústia por separação. Acho péssimo. O que me leva a um novo twist no texto: o “me time”.
Na falta de expressão melhor, peguei emprestada essa dos americanos: “me time”. Em uma tradução livre, seria o tempo diário que você reserva para você mesmo. Não sei vocês, mas eu tenho uma necessidade (atenção ao termo: é necessidade) de “me time” diária. Já tive relacionamento que envolveu coabitação e lhes digo que não é fácil explicar a necessidade do “me time”. E sem direito à ausência, não há “me time” possível. Para mim, sem “me time” não há qualidade de vida. Por isso eu faço questão absoluta do meu direito à ausência, para preservar o meu sagrado “me time”.
Não há tempo só meu se o whatsapp está apitando. Não há tempo só meu se tem alguém que não para de falar comigo. Não há tempo só meu se eu não posso estar sozinha comigo mesma, em silêncio fazendo aquilo (ou fazendo nada) que eu quiser. E é graças a esse “me time” que eu atribuo o rendimento em escrita que vocês (até mesmo Somir) tanto elogiam (spoiler: frequentemente chego a escrever dez textos por dia). Isso só é possível porque eu paro ao menos uma hora do meu dia para olhar para dentro de mim mesma, me conhecer melhor e refletir sobre o mundo.
Como se fosse pouco ter que viver sendo atormentada por uma infinidade de debilóides que mandam coisas desinteressantes e me acionam por qualquer merda, isso só reforça meu sentimento de não pertinência a este país, a esta cultura. Quando abro o celular e vejo uma foto que não me causa a menor graça, além de ficar puta por ter sido interrompida, ainda lamento o quão fora da curva estou. Desesperança. Sensação de que vou morrer sozinha. Sensação profunda de inadequação e não pertinência. Meu nível de desprezo/desinteresse por outros seres humanos está tomando proporções que assustam a mim mesma. Neste carnaval vou sair fantasiada de Dodô.
Mas calma, queridos Impopulares. Se eventualmente algum de vocês está com medo de ter sido inconveniente comigo, podem relaxar. Se você está aqui é porque eu te acho interessante, caso contrário já estaria banido, pois eu não recebo na minha casa quem eu acho desinteressante. No dia em que eu te achar desinteressante você vai saber, apesar de que, duvido muito, a gente seleciona a ferro e fogo. Vocês são meu criadouro de amigo em cativeiro. Muito amor. Falando sério agora: não subestime a importância da ausência e do “me time”. Tá dado o recado.
Grupos de Whatsapp dão muito trabalho. Uma imensidade e videos, fotos e áudios pesadíssimos… Enxugo-os ao maximo. Mantendo apenas o da faculdade e o do trabalho.
Dão trabalho mesmo…
Pude ficar bastante tempo sem, mas voltei a (também) ter o do trabalho…
De vez em quando fico sem. Isto é bom para o cérebro lembrar que é possível viver sem Whatsapp.
Eu estava em 16, tomei abuso, eliminei 10, em dois meses vi que tinha aumentado novamente o numero de grupos, nessa ultima sexta fiquei so com dois. Um do trabalho, outro da minha familia (pais e irmãos)… Mas teve um grupo de amigos que me botava de volta. Passei dois dias nessa briga, pedindo para respeitarem minha vontade. Falei que iria bloquear o adm do grupo pra nao ser mais adicionada. Quando fui olhar, todos eram adm do grupo, menos eu por ser a fujona do grupo. Tive vontade de chorar… São amigos de infância, terminei aceitando pq estava me desgastando eu saindo e eles me pondo de volta.
Mas posso falar. Para quem chegou a 16 grupos e hj so participq de 3, onde apenas um é mais ativo… Descrevo com uma única palavra: Paz
E vai piorar para vários de nós…
Pelo jeito ta aí mais uma coisa que eu dei sorte. Trabalho na área de TI e só tenho 3 grupos: um oficial do trabalho, um da equipe que eu faço parte no trabalho e que só serve pra zueira, e um dos meus amigos mais próximos. O oficial do trabalho é sério de verdade, o da zueira se mandarem mais de uma ou duas mensagens por dia já é muito e o dos meus amigos é relativamente movimentado mas é de boa, visto que a gente compartilha mais ou menos do mesmo senso de humor e afinidades. Além disso, eu deixo meu celular no mudo/vibra, então mesmo se o pessoal abusasse eu não iria acompanhar tudo.
Fico pensando se essa sorte minha não tem a ver com a minha área de atuação. TI costuma atrair bastante nerd e gente que foge um pouco dos padrões. Já na sua área (Direito, né?) creio que ela atraia muita gente “normal” e brasileiros médios em geral.
Porra, mas TI não é mega importunado o dia todo?
Depende da área e da empresa, eu acho. Os grupos de whatsapp em que eu estou são apenas da equipe da qual faço parte, e os clientes se comunicam com a gente ou por e-mail ou por telefone. A empresa em que eu trabalho é do ramo de TI. Se fosse uma empresa de qualquer outro ramo de atuação, mas com uma “área de TI”, provavelmente teria muito mais encheção de saco visto que seria um monte de ignorante (leia-se usuários comuns) nos importunando por qualquer coisa.
Grupo oficial da República do Desfavor já ! rs
Jamais
“Desesperança. Sensação de que vou morrer sozinha. Sensação profunda de inadequação e não pertinência. Meu nível de desprezo/desinteresse por outros seres humanos está tomando proporções que assustam a mim mesma.”
– História da minha vida. – 2
Gente, eu odeio telefone, faz eras. Quem me conhece sabe, fico sem bateria, fico sem crédito, demoro um dia ou dois pra dar sinal de vida por ali… Email, sempre respondo. Mas não tem jeito, smartphone me conquistou por uma coisa: conexão!! Amo a facilidade da internet e ter isso disponível o tempo todo me seduziu mesmo. Consigo a proeza de estar em apenas 4 grupos de whatsapp, 3 de trabalho (até agora para recados e coisas desimportantes, tipo, “vou me atrasar meia hora”) e um recente, da minha antiga turma de faculdade (já devidamente silenciado… pessoas que surgem do nada, depois de mais de uma década, sem nada a ver com minha vida, affff…). Quanto ao último grupo, estou camuflada como alguém já comentou aí e a não-convivência segue pacífica sem maiores transtornos. Não tenho tantos problemas porque minha ojeriza com celular é famosa entre as poucas pessoas com as quais me relaciono intimamente. Mas o que vejo como “uso normal” dessa e de outras redes sociais tem me horrorizado. Como as pessoas conseguem viver assim…
PS: Sally, também te amo!! s2 s2 s2
Desfavor é o único refúgio para os cérebros minimamente pensantes. Apesar de falar pouco continuo sempre por aqui ;)
Também te amo, Vani. Longa vida ao Desfavor.
Nossa, eu devo ter sorte então de não participar de tantos grupos no whatts. Confesso que uso bem pouco, até porque deixo os dados móveis do cel desligado a maior parte do tempo porque se não a bateria vai pro saco e eu preciso do meu cel o dia inteiro. Prefiro ligar manualmente o negócio e dar uma conferida suculenta umas poucas vezes ao dia em meus horários livres do que ter aquela coisa ligada o tempo todo consumindo bateria, dados, e enchendo o saco apitando ou vibrando.
Passando só para avisar que o meu primeiro defunto já foi (Shaolim)… hahaha.
Meio ponto!
Acho que o uso que se dá a uma rede de trabalho no watsapp depende muito do chefe. Se o chefe for tosco, o uso será. Se o chefe for razoável, não será tosco. Como quase tudo nessa vida, quando um exército perde a guerra a culpa não é do soldado. Fora isso, redes do watsapp no trabalho são extremamente uteis, ainda mais quando voce chefia um grupo com muitas pessoas que nao se encontram fisicamente no mesmo lugar o tempo todo. Situacao tipica de laboratório: quem recebeu o reagente importado X que custa 20 mil reais e claro, foi entregue numa sexta as 18hrs quando nao tinha quase ninguem no trabalho? Colocou em que freezer? Aonde colocou a Nota Fiscal? Descobrir essas coisas sempre foi um aporrinhação sem fim, nesse aspecto o watsapp é sensacional.
Concordo
Tenho sorte, no grupo de trabalho o pessoal só fala de trabalho e muito pouco. Me enfiaram em 2 grupos só com mulheres me estresse e saí não dava só besteira e o dia inteiro. Hoje no celular pessoal não participou de nenhum grupo e no de trabalho só um.
Quando ao me time eu preciso disso também mas pra mim uma vez por semana é o suficiente. Estou a duas semanas sem o meu me time e a sensação é de estar sufocando.
Entendo o sufocamento. Acontece quando viajo com alguém e a pessoa passa o dia todo comigo. Depois de três dias tenho vontade de jogar a pessoa pela janela.
Bom, eu não passo por nenhum desses problemas, afinal, não trabalho, minha família não tem grupo no whatsapp (pois estão todos brigados) e, devido ao fato se eu ser uma pessoa chata e terrivelmente desagradável, não tenho muitos grupos de whatsapp de amigos, ou seja, no máximo fofoco com as meninas da faculdade sobre barzinho e homens (sim, minhas amigas são beeem piriguetes, mas são legais).
Se aqui o problema do whatsupp se limitasse a mensagens…Nos grupos formados por conta do trabalho, muitos dos quais tenho que criar e desmanchar às vezes semanalmente com a ajuda dos colegas mais antenados em tecnologia, além de inúmeras mensagens o tempo todo, recebo também imagens, vídeos e mensagens gravadas, o que traz dois inconvenientes: a memoria do celular rapidamente se esvai, pois muitas vezes preciso repassá-las a colegas e superiores, além do fato de precisar ter sempre à mão um fone de ouvido para ouvir o conteúdo dessas mensagens, onde quer que esteja.
Ao menos com a família e amigos, não tenho experimentado problemas assim, pois, no geral, são pessoas mais sensatas e comedidas. Mas ainda assim é uma dupla jornada ter que livrar a memória do celular de vídeos, áudios e textos desses dois universos…
Ainda tem isso: idiotas sem poder de síntese que gravam um áudio de dez minutos para dizer o que poderia ser dito em uma frase, sem a menor privacidade
Nada realmente importante vai sair de um grupo, seja ele do trabalho ou de familia….Quer falar comigo urgente? Me liga! Ou seja…Não vejo praticamente nada dos grupos que participo. Fico ali só pra nao ter que explicar pq eu saí.
Vanessa, eu já vi coisa urgente ser dita ali e já perdi prazos importantes por desprezar grupo. Acredite, tem debilóides que jogam informações importantes ali e nem se preocupam com uma confirmação!
Felizmente por aqui quando o caso é sério os seres humanos que trabalham comigo me ligam sem pensar duas vezes….talvez pq eu posso passar décadas sem responder as mensagens do whatsapp. Até aqui deu certo. …amem!
Continue assim, não ceda!
Sally… que bom, que bom ler isso!
ODEIO, ODEIO, repito, ODEIO grupo de whatsapp.
Como você disse, agora em qualquer interação coletiva que você faça, tem que ter a porra do grupo de whatsapp daquela merda! Cara, isso me deixa tão puta!
Amo dançar, voltei ao Rio e voltei a fazer aula com a professora que eu adoro e… me colocaram no grupo. Gente que eu mal falava na aula mandando aqueles “bom dia” com sol cafona, mandando frase de “auto estima da mulher invejada”. Sério, perdi o total tesão pela aula.
De trabalho então… mensagem 1 da manhã, mensagem 6 da manhã… trabalhei um tempo com vendas e era de 6 da manhã até 1 da madrugada whatsapp com cobrança. Que inferno!
O pior de todos que já me enfiaram, foi um que uma namorada de um amigo do meu ex fez para “unir o grupo”. Resultado: o namorado deu um balão nela, ela fez barraco no grupo, eu me emputeci, saí do grupo e… fiquei como “A antipática”.
No último Natal, dei um smartphone pro meu pai e na mesma hora avisei: “não me coloca em grupo de família que eu vou sair. Odeio essa porra!”
Desculpa o comentário imenso, foi um desabafo contra essa merda. Deveria ser considerado abuso moral em caso de trabalho.
Tem disso: barraco em grupo. Já presenciei vários. Também saio e também me chamam de antipática.
Sally
Eu cometi um erro grosseiro. Logo que me formei mandei imprimir 10.000 cartões com meu numero de OAB e celular. Ainda bem que o e-mail não entrou.
Pra piorar, uso só esse número. Meu celular pessoal foi roubado (na ponta da faca) quando eu saia de uma delegacia (tinha ido atender um plantão de roubo, olha só a ironia)
Como a maior parte das ligações que recebo no meio da noite é para atender alguma ocorrência (maldito amor pela matéria criminal), atendo todos os números que me ligam.
Mais de uma vez precisei responder de forma indelicada que os alimentos ainda não tinham sido depositados na conta, ou que os formais de partilha não estavam prontos…Ou ainda que eu estaria trabalhando no dia seguinte.
Nesses casos, além de ser mal educado, cobro de quem ligou a taxa que cobro pra atender um flagrante. (que depois de muitas reclamações virou clausula contratual – esperando o processo-)
Por incrível que pareça, acertar o bolso acaba resolvendo.
Sofri até aprender isso. E no caminho tive que apagar todas as redes sociais
Me time é uma tese pra lá de interessante. Tem algumas discussões sobre ela, principalmente na esfera do Direito do trabalho, que renderiam um bom artigo em qualquer revista de renome.
E nesse ponto que eu queria chegar
Sally, entrei em uma seleção de mestrado (que vai lançar o edital em outubro mas já é concorrida)
Preciso escrever 12 artigos até o meio do ano
Me surgiu a ideia de defender o direito a ausência como sendo um Direito fundamental….
(Felicidade ganhou esse status em algum momento em que eu estava olhando para os lírios do campo e acabei perdendo uma janta para um colega…Qualquer coisa passa)
Tem uma opinião sobre o assunto? Acha que pode render? Ou, ainda alguma sugestão de tema pra ser tratado em algum artigo?
(e, quem sabe, algum artigo pra publicar aqui tbm)
um aparte,
To em um relacionamento de quase dois anos. E tem mais de meio ano que não escuto um “eu te amo”. Eu sinto sua dor…
Te amo Sally
(de um modo espiritual)
Também te amo.
Eu acho que o Direito à Ausência dá uma puta tese como Direito Fundamental. É tendência prestigiar esses direitos subjetivos modernos, como o Direito ao Esquecimento. Ainda não vi ninguém falando do Direito à Ausência, acho que você vai fazer história se falar. Dou o maior apoio, no que eu puder ajudar, conte comigo (mas me chama por aqui, ando sem tempo para escrever texto).
E, que porra de relacionamento é esse que em dois anos a pessoa não solta um “eu te amo”? Sair fora, pessoa emocionalmente prejudicada e insegura!
Eu acho que o whatsapp deveria ter a função ficar offline nem sempre que eu to online eu to disponível pra ser incomodado com besteiras, amenidades e memes idiotas, já os grupos é difícil eu ficar em um por muito tempo o assunto sempre acaba sendo disvituado com idiotices então prefiro sair
Já tive uma fase de odiar Whatsapp. Achava muito incomodo a interrupção e tinha preguiça física e mental de ficar digitando no celular, mas quando comecei a trabalhar e fazer faculdade tornou-se inevitável. Eu precisava manter contato constante com aquelas pessoas e é o único meio que elas utilizam. Agora acostumei e até gosto porque também tenho muitos amigos de diversas regiões do país que conheci pela internet e ficou bem mais fácil conversar com eles.
Minha opinião: whatsapp faz com que as pessoas se acomodem, pois “supre” de forma capenga a necessidade humana por interagir socialmente. A pessoa usa o aplicativo para socializar e esquece da importância do olho no olho, que dá mais trabalho mas também gera ganhos únicos. Como não tem o incômodo da solidão, ela não se mexe para fazer o esforço e procurar um olho no olho.
Já quebrei um celular na mão, fechando a mão com raiva, pela inconveniência de um chefe que tentava ligar no celular, no skype, no whats app, e aí mandava email E mensagens no whats app e no skype. Após algumas semanas desse comportamento doentio tive um surto e fechei a mão com o cel dentro… depois tirei 2 dias pra ir pra praia e ter um “me time” ouvindo blues na rede.
Se eu tivesse força para isso, provavelmente já teria quebrado celular também!
Eu também compartilho do mal-estar físico citado no texto toda vez que checo as mensagens do grupo e vejo infinitas imagens dos mais variados tipos de pênis…
Reconfortante saber que eu não sou a única
Eu lembro do meu pai falando que uma parente mandou mensagem de “bom dia” pra ele as 4h da manhã: “se eu tivesse acordado as 4h da manhã com essa mensagem, eu teria a certeza de que não seria um bom dia”.
Já eu tenho 2 celulares. Parece coisa de pobre, mas é bastante útil quando você quer controlar o acesso a você. Um é daqueles simples e o outro, smartphone. Deixo o simples ligado direto e o smartphone eu desligo quando vou dormir. O número do simples basicamente só os parentes e amigos próximos têm. Se tiverem algo importante a me dizer de madrugada, eles sabem que tem que ligar (gastar dinheiro!) pra esse número. Nunca fui acordada com barulho de celular.
Eu também tenho dessas de desligar o smartphone por um longo período de tempo (nas minhas férias, quem manda sou eu). Na primeira vez surgiu um boato de que eu fui internada, na segunda disseram que meu celular foi roubado, e na última se espalhou a história de que eu fui fazer uma viagem de descoberta espiritual pelas Índias. Eu não sou nem ativa em grupos, nem tenho perfil no facebook (como reclamam por isso), nem sou bonita ou sociável ou muito legal. Acho impressionante tanta gente se dispor a tomar conta logo da minha vida.
Já essa história de silenciar grupo, isso serve pra grupos de amigos e parentes. Dá muita dor de cabeça sair de grupo assim. Você sai e te botam de volta. Não importa se você já disse que não quer ficar,sempre tem um administrador desavisado, falo por experiência própria. Fora toda a reclamação. Às vezes reclamam mais por você querer sair do que por você não interagir. Cheguei a escutar um “É SÓ VOCÊ NÃO FALAR NADA! NINGUÉM TÁ PEDINDO PRA VOCÊ FALAR ALGUMA COISA! CUSTA?!” Então é mais prático silenciar e fingir que não existe.
Eu tenho 3: um para trabalho, um para internet, um só para ligações
Se for assim eu também faço pobrice porque uso o dual chip. Um é do trabalho, dos cadastros pra os telemarketing me infernizarem e pra recém conhecidos. Já o outro uso pra meus amigos, meus parentes e os ex recemconhecidos que subiram de conceito como confiáveis. Acabou o horário comercialbeu fecho o chip 1 e fico só com o 2 ligado. Absurdo isso, mas é questão de sobrevivência!
Eu já vinha tolerando um grupo de família cheio de correntes sem mandar mensagem nenhuma, só silenciado. E tinha barraco várias vezes lá.
Quando tive que resolver um problema, fiquei no vácuo por horas. E as próximas mensagens só foram baboseiras. Saí do grupo, ficaram chiando depois… Foda-se.
Certa vez em um grupo de trabalho, uma colega mandou uma foto das férias na praia dela enquanto todo mundo do grupo estava trabalhando em um ritmo alucinante.
Ninguém obviamente respondeu e no dia seguinte ela ainda foi tomar satisfação. Ao que uma outra colega do grupo falou que todos estavam ocupados com trabalho e ninguém interessado na foto dela. Ela ficou tão brava que acabou saindo do grupo.
Quer dizer, paunocuza os outros e ainda se ofende!
Pois é, não basta te importunar com inconveniências, a pessoa exige que você perca seu tempo dando atenção a ela. Um verdadeiro inferno.
hahahahahahhahahahahaha
Primeiro comentário de 2016 e deu erro de envio…
#chateada
#preguiçadereescrever
Acredito que os grupos de whatsapp viraram uma espécie de efeito colateral na busca de atingir o máximo de eficiência possível, incluindo até as relações humanas nessa jornada: é tão mais fácil juntar vários amigos em comum em um único grupo e mandar uma única mensagem que será replicada para todos do que convidar um por um, mesmo por mensagem privada ou ligação, pra sair e ir pra uma praça conversar. E isso afeta totalmente a relação social, porque não te faz sentir importante o suficiente para ir para onde foi convidado. Não sei se é algo que afeta a todos, mas quando eu chamo amigos para sair pelo privado ou ligando, um por um, o programa fica bem mais agradável do que quando se chama em grupo: Todo mundo conversa, e até os que não desgrudam no celular em média ficam com eles no bolso por um bom tempo. O mesmo não acontece quando se envia uma mensagem para um grupo.
Ah, sobre silenciar os grupos: silencio todos, inclusive os do estágio. Porque tenho a certeza plena de que se for algo importante que valha a pena interromper o que estou fazendo, irão pelo menos me mandar mensagem privada pedindo pra mandar o grupo, caso não ligarem (o que é mais comum pra mim).
Se fosse bem usado, realmente aumentaria a eficiência, mas com o “overuso” acaba minando-a
Sou absolutamente dependente do “me time”. A ausência deste tempo me deixa extremamente estressado, me bate um desespero, uma certa claustrofobia social. É por essa horinha diária que consigo funcionar normalmente nas outras 23.
Em relação aos grupos, tenho três grandes (porque não estou trabalhando), todos no silencioso, nenhum depende de resposta imediata. Um é da família, só faço parte porque se sair nunca ouvirei o fim da história. Um é de política, só tem pessoas sensatas que falam dentro do tema, entro e consigo ler facilmente as mensagens antigas e responder quando acho necessário. O outro eu não leio a maioria das mensagens, quando entro, leio as últimas três, se o assunto for interessante parto daí, se não for, volto no dia seguinte.
Os outros grupos tem três ou quatro pessoas, e não estão no silencioso porque são importantes de verdade e também são compostos de gente sensata.
Bacana saber que eu não sou a única maluca do Me Time…
A minha falta de Me Time nem é por excesso de Whatsapp/Facebook/etc, é mais porque, por necessidade e economia de gastos, moro com mais 3 pessoas e não tenho um quarto próprio, senão passaria o tempo todo trancado nele.
Comentário impertinente:
O texto está com autoria do Somir
Falha nossa. Corrigido!
Nem percebi o nome erradp!!!!!!!!!!!!!
Claramente Sally. Não precisou nem de assinatura…
Eu silencio os grupos em que “preciso” ficar por ter que conviver diariamente com as pessoas, porque sei que se eu sair serei a arrogante, antipática, antissocial entre outros adjetivos. Então a melhor alternativa para evitar aborrecimentos e não ser hostilizada é essa.
Agora fiquei me perguntando, como no seu emprego conseguem trabalhar com o whatsapp? E a produtividade das pessoas?
Quase todo mundo trabalha com whatsapp hoje em dia. Infelizmente.
Aqui no interior, salvo algumas exceções como, por exemplo, locais que ofereçam serviços de tele entrega de comida, não pegou essa moda.
Lógico, tem grupo do trabalho, etc, mas não com fins de auxiliar no trabalho. Ao menos por aqui as pessoas ainda costumam evitar e chefes proibir o uso do aplicativo em expediente.
Sorte sua
Sério que já chegou nesse nível? Nem sei dizer se meu celular (Motorola A-1200) aceita Whatsapp, porque nunca tentei instalar. Mas como ele não tem conexão wi-fi, só a própria 3G da OI que é absurdamente cara, não é uma boa idéia.
O que matou minha vontade de conhecer o tal Whats foi ver colegas de trabalho zumbizados por ele, se escondendo durante o dia pra ficar lendo e digitando no celular. Esse vídeo era pra ser uma piada, mas acabou se mostrando até profético.
(Por algum motivo o texto de hoje é da Sally mas tá marcado como sendo do Somir.)
Como voce sabia que era meu?
Por isso: “Para dizer que pela falta de linearidade parece um texto do Somir, para sofrer comigo, para sofrer por mim: sally@desfavor.com“
Verdade
E claro, também porque o estilo do texto, as expressões, a forma de se referia a si mesma no feminino (“sou obrigadA a ler”) e as referências a outros assuntos que tu já falou em outros textos recentes.
Quando vi isso pensei se não podia ser mais um teste ou experiência daqueles que vocês já fizeram antes, de escrever fingindo ser o outro, mas se fosse esse o caso ia ter que dar os parabéns porque um texto assim, emulando o estilo de outra pessoa, deve dar um certo trabalho. Mas não acho que seja o caso.
Não é não, foi engano mesmo…
Sem palavras pra descrever esse texto. Acho que um “Te amo” resume bem como me identifico com a mair parte do que vc escreve. rsrsrs
Nossa… faz tanto tempo que não escuto isso… Também te amo.
Não seja por isso : também te amo, rs
Bom dia, Sallyta! Rsrsrs…
Brincadeiras à parte, concordo plenamente com sua exposição. As pessoas estão cada vez mais carentes de atenção e a tecnologia reforça a necessidade de contato que beira a autoescravização.
Mas isso já acontecia com as afamadas Redes Sociais. Durante os poucos e intermitentes períodos em que tive perfil em rede social, me irritei com a enxurrada de postagens desinteressantes, correntes e evasão de privacidade. Mas o fator determinante pra eu excluir os perfis era a cobrança! As pessoas chegavam à inconveniência de ME cobrar por não postar nada e, pior ainda, por não COMENTAR em suas postagens SUPER interessantes…
PORRA de povo carente, mundano, chato e imbecil. Cada vez mais prefiro meu me time. Já basta o convívio social obrigatório.
É como você mesma escreveu aqui uma vez: quem tem interesse nas suas redes sociais está mais interessado na sua vida do que em você…
…e, mesmo “cara-a-cara”, tem me ocorrido demais isso de quem me decepciona enquanto espera de mim quase tanto quanto de si…
Como também sou bastante avesso às “redes sociais”, e fui forçadamente incluído em vários destes grupos de whatsapp apenas pelo crime de portar um smartphone, passei por um calvário similar. Felizmente, descobri a possibilidade de silenciar(muito amor) os grupos. Eu simplesmente silencio todos os grupos que não me interessam e quando o whatsapp apita eu sei exatamente que é uma ou outra pessoa que me interessa.
Compreendo que o silenciar não é uma alternativa se potencialmente existe a chance de tu poder receber uma mensagem de trabalho. É realmente uma foda. Mas ele reduz bastante a encheção.
Sobre o “Me Time”, tenho muita necessidade disso, e sei como é frustrante ter de explicar o conceito para alguém.
“Desesperança. Sensação de que vou morrer sozinha. Sensação profunda de inadequação e não pertinência. Meu nível de desprezo/desinteresse por outros seres humanos está tomando proporções que assustam a mim mesma.”
– História da minha vida.
Mas ao silenciar acumulam centenas de mensagens que eu não vou ler… para que ficar em um grupo onde eu não vou ler o que está sendo discutido?
Sim, compreendo. É que ao sair de um grupo do whatsapp com pessoas as quais você convive fisicamente, você tem necessariamente de explicar o motivo da sua inadequação, e isso gera um buzz sobre a sua pessoa que você pode evitar simplesmente ignorando as mensagens de tal grupo.
Eu por exemplo tenho de conviver regularmente (academia) com pessoas com as quais tenho pouca ou nenhuma afinidade, e ignorar completamente qualquer coisa que falem no whatsapp é menos mal visto socialmente do que simplesmente abandonar o grupo. O máximo que dizem é: “Ah, ele não tem costume de olhar o whatsapp.” E a convivência segue pacífica. Agora, se tu simplesmente sai do grupo, aquilo é tomado como ofensa pessoal e tu acaba virando um pária num ambiente em que tudo que tu deseja é apenas ter uma boa convivência.
Eu sei que parece anacrônico, mas é uma das táticas de camuflagem que adotei para tornar minha existência social menos miserável.
Os 300 bomdias são de lascar! O pessoal não percebe que grupo de trabalho é só pra assuntos de trabalho. Eu já engrossei uma vez por causa disso. Eles realmente ficaram ne olhando torto, mas resolveram.
Todo mundo parece gostar desse excesso de socialização
Essa nossa capacidade de adaptação nos fez chegar até aqui, mas ela é perigosa também. Porque o fato é que, se todo mundo está no celular, é muito muito muito muito muito solitário não estar. É muito triste sair com alguém que não larga o celular para olhar para a gente enquanto falamos, então é menos incômodo fazer o mesmo e ficar olhando o celular também. O problema é que estamos onde a nossa atenção está. Estamos todos presos nessas pequeninas maquininhas sedutoras e controladoras…
O historiador Leandro Karnal chama os celulares de “coleiras eletrônicas”. Para você, Sally, celular é uma prisão sem grades. George Orwell nunca poderia imaginar que o Grande Irmão teria todas as nossas informações de livre e espontânea vontade. Quem precisa de ditador torturador quando ninguém mais tem segredos? Tudo é nude, tudo é explícito, tudo é diário sem cadeado. Como fugir disso?
Hoje os celulares nos controlam, nos prendem, nos estressam… Mas, contraditoriamente, também nos seduzem.
“Quem me amarra e me controla, também me seduz. Quem me dá a liberdade me joga num vazio difícil de ser suportado.”
Triste, porem verdadeiro
Sally,
No dia em que o apito do WhatsApp me acordou às 6h de um domingo com um “Bom dia”, eu silenciei todos os grupos para não apitarem nunca mais. Foi alívio imediato!
Sei que você não tem redes sociais, mas os impopulares médios que tiverem, anotem essa dica: é só silenciar todas as notificações e a vida muda pra melhor instantaneamente.
Mas aí acumulam centenas de mensagens que eu não tenho paciência para ler…
Se o grupo é essencial, você evita a interrupção do Estado de Fluxo e escolhe ler tudo só nas horas do dia em que estiver disponível, sem se irritar com os apitos.
Eu finjo que leio grupos de colegas e familiares. Ninguém percebe. Como você bem argumentou, somos só palco para o “show” deles.
O problema é que tem fdp que trata de coisas urgentes por whatsapp…
O bom de fixar horário pra ler o grupo do trabalho é que o maldito apito não te desconcentra e você ainda pode pular as piadinhas, as imagens toscas, a autoajuda, os memes, as correntes que prometem desgraças aos que não repassarem e os “bom dias”…
Grupos familiares/colegas não leio direito. Às vezes limpo a conversa sem nem olhar o que postaram. Nunca é uma notícia boa mesmo, tipo um chato morrendo… E eles só percebem se você sair ou se não quiser entrar. É o que você falou: Somos apenas palco e plateia para as vidinhas deles terem mais likes. No fundo ninguém se importa.
Infelizmente as pessoas costumam pefir coisas urgentes o tempo todo via whatsapp, em vez de pedir por email, que é documento. Informalidade do caralho…
Poupa tempo. Até poderia se usar o SMS, mas o Whats é tido como mais “econômico”.
O penúltimo parágrafo parece que saiu da minha cabeça.
No que se refere à Whats App, consegui me dar ao luxo de ter só 2 grupos, e ambos no silencioso, nenhum exige resposta imediata, o me torna uma espécie de aberração de acordo com alguns amigos. Fora isso, amigos e parentes já me conhecem o suficiente para me mandarem mensagens somente quando é algo mais importante que exige uma resposta rapida.
Mas, por qual motivo ficar em um grupo silenciado no qual não se interage?
Um deles, devido à natureza do grupo exige pouca ou nenhuma interação, o outro tem somente 2 pessoas além de mim, interagindo sem pressão de ter que responder instantaneamente.