Skip to main content

Vai lá e faz.

Tem tanta coisa horrenda acontecendo no país e no mundo que me peguei selecionando a desgraça que eu julgava mais importante para o tema do texto de hoje. Isso me incomodou, não parecia certo. Escuridão se combate com luz. Por isso hoje vou falar de um grande e belo holofote de luz que tive o privilégio de conhecer e merece ser divulgado: Vai lá e faz.

“Vai lá e faz” é o título de um livro muito diferente de tudo que você já viu, escrito por uma pessoa igualmente muito diferente. Em uma simplificação bem grosseira, é um livro sobre empreendedorismo, questionando o modelo atual e trazendo ideias inovadoras que já são bem sucedidas em algumas partes do mundo, voltadas para qualidade de vida, bem estar pessoal e mundial. Em muitos pontos tem um discurso rigorosamente igual o que nós defendemos aqui, principalmente no que diz respeito à importância do bem estar da coletividade. Se você gosta de Desfavor, você vai amar “Vai lá e faz”.

O autor do livro se chama Tiago Mattos. Tiago é um dos fundadores da Perestroika (que de tão notável, vai ganhar texto próprio). Não conhece? Calma, mais para frente eu vou falar sobre. Thiago se formou pela Singularity University, que não é uma instituição qualquer e sim um curso idealizado pela NASA e pelo Google com uma proposta moderna e inovadora (a mesma cursada pelo Murilo Gun, lembram?). Mais: para ser aceito você passa por uma seleção rigorosa onde entram apenas 80 pessoas do mundo todo. O requisito? Ter a capacidade de impactar um bilhão de pessoas em até dez anos. Esta é só um exemplo. Thiago participou de dezenas de iniciativas inovadoras, criativas e de difícil processo seletivos.

Não dá para resumir o livro. Quer dizer, até dá, mas dentro do subjetivismo: um livro que vai te mostrar novos pontos de vista, abrir horizontes, ajudar a pensar de forma mais clara e organizada, promover autoconhecimento, mas, acima de tudo, te ajudar a ser uma pessoa melhor. O “Vai lá e faz” me tornou uma pessoa melhor. Não uma empresária melhor, não uma chefe melhor, não uma funcionária melhor. Uma PESSOA melhor. E quando você vira uma pessoa melhor, isso ilumina todos os campos da sua vida, inclusive o profissional.

Justamente por ser um livro difícil de resumir no que diz respeito ao conteúdo, daqueles que você diz “você tem que ler para entender”, vou dar algumas pinceladas em trechos que considero serem emblemáticos ou fios condutores, na esperança de criar verdadeiros teasers e fazer com que vocês se interessem por ele. Portanto, o objetivo não é recontar o livro e sim trazer a vocês algo de sua essência, para, caso de identifiquem, possam comprar e ler. Eu recomendo. E, vocês sabem, eu não recomendo quase nada.

Um dos fios condutores do livro é esmiuçar a evolução do empreendedorismo ao longo dos tempos. Ele traça um paralelo entre as necessidades sociais e os modelos de empreender e como isso afeta a coletividade mais do que pensamos. Um exemplo: nos tempos da revolução industrial, tínhamos fábricas com centenas de operários em linhas de montagem, fazendo funções repetitivas. O pensamento industrial era linear (as etapas da produção eram sucessivas), era repetitivo (cada um era especialista em uma tarefa), segmentado (cada tarefa era feita por um grupo de pessoas que só sabiam fazer aquilo) e previsível (sabe-se exatamente o que entra e como sai). Como isso te afeta? O modelo de educação seguiu essa mesma linha.

Provavelmente a maioria de vocês passou por um modelo de educação que dissemina esse modus operandi: escolas tem uniformes, como fábricas. Tem horário de entrada e saída, tem tarefas sistemáticas e repetitivas. Tem pessoas agrupadas por salas, com linearidade previsível, série após série e tem comportamento controlado por uma voz de comando. Tudo igual a uma fábrica. Escola, nesse modelo, é na verdade um criadouro de pessoas para trabalhar em fábricas. Para se tornarem especialistas em fazer uma única coisa na vida.

Porém o mundo mudou. Antigamente, uma pessoa apta a realizar com precisão tarefas lineares, repetitivas, segmentadas e previsíveis seria um bom profissional. E não me refiro apenas a operários. O ortopedista especialista em tendinite de dedão da mão direita, que não sabe mais nada além disso, era considerado um sujeito foda: focado, especializado.

Hoje vivemos em tempos de pensamento digital. O pensamento digital é não-linear, multidisciplinar, conectado e exponencialmente imprevisível. Ou seja, totalmente diferente do modelo citado no parágrafo anterior. Daí temos o seguinte problema: evoluiu a sociedade, mas a educação ainda está baseada no modelo antigo, criando uma incompatibilidade, uma inadequação que respinga em todos nós. Escolas desinteressantes, que não exploram as capacidades de seus alunos. Modelos de profissão que não se adaptam mais à dinâmica social atual.

Nas palavras do próprio Thiago, é hora de reaprender e as escolas deveriam nos ensinar a desaprender e reaprender novamente, afinal, os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não souberem ler e escrever e sim os que não souberem aprender e desaprender, para, então, reaprender. E foi pensando nisso, em como o sistema educacional moderno não atende às demandas nem explora o que os alunos tem de melhor, que Thiago ajudou a fundar uma Escola de Atividades Criativas chamada Perestroika, que é algo diferente de tudo que você já viu. Uma nova dinâmica de ensino, de questionamento, de pontos de vista.É infinitamente superior a qualquer mestrado, doutorado e MBA. Se você quer se aprimorar com um diferencial, a Perestroika é o seu lugar.

Não tenho palavras para expressar meu amor pela Perestroika, só vivenciando para entender do que se trata. Você pode tentar dar uma espiada no site deles, mas dificilmente vai ter uma dimensão do tanto que esta experiência pode te enriquecer. Além das aulas nos mais diferentes e atraentes módulos na escola (spoiler: tem cerveja liberada durante as aulas), eles também levam seus cursos para onde forem contratados. Não é despesa, é investimento. É um novo olhar, um novo ponto de vista, que pode contribuir absurdamente para você ou para a sua empresa. Mas chega da Perestroika, eu vou fazer um texto só sobre ela!

Voltando ao livro “Vai lá e faz”, ele tem esse título para inspirar as pessoas a… irem lá e fazerem! Em última instância, acredito eu, no meu modesto julgamento, é o jeito dele de dizer que medo já matou mais sonhos do que o fracasso e que se você ficar esperando estar preparado e ser o momento certo para começar um negócio, não começa nunca. O importante é começar, mesmo que você ainda não saiba muito bem para onde está indo. O importante (e enriquecedor) não é o destino onde de quer chegar e sim a jornada que você vai fazer. Como ele explica muito bem, não há crescimento na zona de conforto e não há conforto na zona de crescimento.

Mas calma, não é um convite a um salto totalmente no escuro. Ele dá dicas valiosas sobre como fazer suas próprias escolhas. Isso mesmo, ele não escolhe por você. Não espere aquelas fórmulas de bolo que vem em livros de auto-ajuda. É um livro de auto-questionamento que se propõe a te devolver para o mundo com mais incertezas do que com certezas. Eu acho ótimo, nada melhor que questionar, rever, repensar.

Extremamente didático, ele cita muitos exemplos de empresas que deram certo com uma nova visão mais focada no bem estar dos funcionários e da coletividade. Iniciativas inovadoras, diferentes. Eu podia sentir meus neurônios oxigenando enquanto lia o livro. Para completar, até a parte gráfica é diferente do padrão: páginas com uma frase inteira escrita enorme em letras roxas, páginas com escrita na horizontal (que me tiraram da minha zona de conforto, inclusive fisicamente falando), e uma série de estímulos diferentes complementam a linguagem moderna e bem humorada do livro.

Aos poucos ele desmonta aqueles modelos com os quais estamos acostumados e muitas vezes nem mesmo cogitamos que possam ser diferentes. Ele cita, por exemplo, que o bom profissional do futuro não vai ser aquele que tem um conhecimento específico setorizado e sim aquele que tem conhecimento amplo e muitas competências. Aquele que até faz pouco tempo era taxado de “sem foco” ou de “não sabe o que quer”. O ortopedista que só trata tendinite no dedão da mão direita não se encaixa no novo modelo que está despontando.

Com a dinâmica de transformações que o mundo vive hoje, o famoso crescimento exponencial (cada vez avanços maiores, em saltos, imprevisíveis), uma empresa linear não produz o tanto que poderia. Planos se tornam obsoletos no meio do caminho, reuniões são improdutivas. Isso acontece por partirem para um fim determinado, um ponto concreto a ser alcançado. Fazer isso em um sistema dinâmico em constante transformação é suicídio.

O empreendedor moderno sabe o caminho pelo qual deseja ir, mas não necessariamente se engessa em um ponto de chegada predeterminado. O importante não é chegar ao ponto X e sim dar o primeiro passo e estar atento ao entorno para saber a melhor direção do segundo passo. Se tiver que mudar de direção no meio do caminho, ok, faz parte do jogo. É assim que se vai longe hoje em dia. Tudo é fluido, o engessado não tem mais vez. Difícil de assimilar? Talvez na minha simplificação tosca sim, nas palavras dele é lindo de chorar, meu povo.

A chefia não será mais o propósito no novo modelo de empresa que está nascendo. O objetivo não é ser chefe, a chefia é mais um meio para alcançar o objetivo. Uma proposta extremamente interessante de empresas horizontalizadas, onde não existirão chefes permanentes e sim diferentes projetos e, conforme as competências de cada pessoa, alternarão a chefia durante cada projeto (novamente, só lendo para entender). É tanta novidade bacana que faz rever todos os conceitos de vida.

O ponto de partida também é importante. Empresas de sucesso partem do POR QUE, de uma motivação que as fez iniciar seus negócios. Só depois de estabelecer o POR QUE, elas pensam no COMO (como alcançar aquele por que) e só depois de determinar o COMO é que definem O QUE vão fazer. Empresas vazias, que tendem ao fracasso nos tempos modernos, começam com O QUE: “quero montar uma empresa que venda cachorro quente”. O POR QUE é o que gera uma base sólida e o ideal é que esse POR QUE esteja alinhado com o seu propósito de vida (sua missão como ser humano), o COMO alinhado com suas paixões e O QUE com as oportunidades.

Muito abstrato para vocês, Minhas Crianças. Eu sei. Vamos trazer para o plano do concreto usando um exemplo que todos conhecemos bem: o Desfavor. O Desfavor nasceu do POR QUE. Se alguém me perguntar por qual motivo decidimos começar a escrever o Desfavor, eu não vou responder que eu queria ser blogueira ou estava em busca de patrocinador ou permuta. O motivo, o POR QUE é: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, queríamos falar e não estávamos conseguindo. Queríamos dizer coisas que julgamos úteis para aqueles que se interessarem por elas e sofríamos censura social politicamente correta. Queríamos reunir gente bacana alinhada com nossas ideias para debate-las. Essa é a essência, não o blog em si.

O COMO, atende a uma das minhas grandes paixões na vida: escrever. Não é que eu goste, não é que eu queira, eu PRE-CI-SO escrever, se não explodo. Tem palavras, frases, temas, pulando na minha cabeça o dia todo, pedindo para sair. E não, eu não sou esquizofrênica. Por isso escolhemos um COMO que é uma paixão para propagar um POR QUE que é nosso propósito nesse mundo: escrita para liberdade de expressão. A OPORTUNIDADE que vimos de fazer isso foi olhando à volta e percebendo que o meio de maior alcance e menor custo seria um blog.

Percebem a diferença de algo sólido? Percebem a diferença entre o Desfavor e alguém que acordou e disse “eu quero escrever um blog”. Blog é meio para a gente, não um fim em si mesmo. E é essa base sólida que faz toda a diferença na criação de uma empresa de sucesso, que não é o caso do Desfavor, eternamente otários sem fins lucrativos. Ainda não entendeu? Foi mal, eu tentei. Compra o livro. É bacana. Confia em mim.

O livro fala de muitos, mas muitos outros assuntos interessantes interconectados. Ensina a desenvolver competências e propõe novas formas de funcionamento de empresas que até bem pouco tempo seriam impensáveis. Mas, acima de tudo, te estimula a pensar e te ajuda a criar novidades também. “Vai lá e faz” te dá asas para voar. Vale mais de uma leitura. A primeira é um choque e demora a ser assimilada, a segunda é degustação e a terceira é consolidação.

Quem diz que odeia empresas e empreendedorismo na verdade odeia um modelo arcaico, antigo, ultrapassado, que não atende mais à realidade social. Não tem como não amar o que está descrito no “Vai lá e faz”. Não tem como não amar os cursos, palestras e workshops da Perestroika. Não tem como não amar Thiago Mattos e todos que fazem parte desse projeto. São pessoas que fazem a diferença e impulsionam o mundo para ser um lugar melhor.

Chega de Cunha, chega de Dilma, chega de Zika Virus, chega de terrorismo. Luz. Desfavor joga um pouco de luz nessa semana tenebrosa e te convida a passar essa luz adiante. “Vai lá e faz” é leitura obrigatória.

Para agradecer pela luz e pedir também um pouco de água, para mandar a gente ir lá e fazer a empresa Desfavor ou ainda para me sugerir escrever um livro chamado “Vai lá e faz merda”: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

empreendedorismo, livros

Comentários (26)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: