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Más festas.

Más festas.

| Desfavor | | 35 comentários em Más festas.

Vem chegando o Natal! Comemoramos o aniversário do Papai Noel ou algo do tipo… Sally e Somir concordam que é uma época nefasta, mas não pelos mesmos motivos. Os impopulares distribuem suas opiniões.

Tema de hoje: qual a pior coisa do natal?

SOMIR

Natal é uma época brega. Sim, é a combinação de verde, vermelho e dourado, mas eu estou indo além disso. É um conjunto de situações que gera uma aura brega sobre toda a situação. De uma certa forma eu até consigo tolerar a hipocrisia do “espírito natalino” porque o ser humano em média é assim mesmo e é difícil esperar algo diferente.

Mas podia ser menos brega, isso temos mais capacidade de fazer. Não dá pra escapar das combinações de cores feias da época. Natal como conhecemos hoje é uma invenção da Coca-Cola (aliás, um dia eu faço um Publiciotários para mostrar quantas coisas que achamos que são tradições antigas na verdade são campanhas publicitárias recentes até), que empurrou a cor vermelha da sua marca nas roupas do bom velhinho. Some-se a isso o verde do pinheiro e o “efeito Olodum” nos enfeites e temos uma combinação dolorosa ao bom gosto.

Sem contar a breguice do elemento visual da neve no Brasil. Neve só está ligada com o natal porque no hemisfério norte é inverno nessa data. No Brasil estamos no meio do verão. Quando sua paisagem está toda coberta de algo branco, realmente faz sentido trabalhar com elementos visuais chamativos, eles se destacam e a visão não fica sobrecarregada. Mas não estamos numa paisagem digna para isso. Já pega um país excessivamente colorido e enfia mais coisa ainda? Quem tem bom gosto fica triste vendo esse efeito “arara” em todos os lugares. E pior, ainda cismam de usar neve como apoio visual no layout natalino. Ou em imagens, ou mesmo aquelas substituições ridículas que vive-se vendo em decorações de shoppings e no pinheiro daquele seu familiar brega.

E para completar a breguice, os cristãos piram! Não em respeito à sua religião, é claro, até porque se o tal de Gezuiz existiu, não nasceu dia 25 de Dezembro. Comemoram o nascimento dele no dia que a Coca-Cola achou bacana empurrar uma tradição lucrativa, parabéns, viu? Eu sei que a data tem raízes no paganismo, mas isso eu já acho demais esperar que o cristão médio saiba (não sabem nem que amigos imaginários não são reais…). E aí, dá-lhe fazer e exibir presépios. Bebê Gezuiz e seus pais (pai sim porque pai é quem cria, mesmo que a mulher tenha pulado a cerca e contado a mentira com as pernas mais longas da história) no meio do feno cercado por animais e três reis magos que não eram reis nem magos. E provavelmente nem três…

E como não se critica quem faz “arte religiosa” de nenhum tipo (vocês acham que música gospel existiria se as pessoas pudessem ser honestas sobre a qualidade do que estão ouvindo?), é um presépio mais assustador que o outro. Feitos por gente sem talento ou mesmo feitos em massa por ateus na China… e é aparentemente é o suficiente para a maioria das pessoas como expressão da sua fé. Porque vão estar enchendo a cara, maltratando os outros e tudo mais o que tem direito como sempre fazem. Eu acho religião uma coisa ridícula, mas até que eu vejo dignidade em quem a exerce com deferência e consistência (e não mata ou tortura por causa dela, importante ressaltar, né?). Não essa coisa de tratar o messias da sua crença como um bibelô num canto da sala. Isso só polui a visão. Esse esculacho ideológico é muito brega!

Não podemos nos esquecer dos presentes. É quando a gentalha infesta as ruas em busca de lembrancinhas para seus entes queridos (se bem que alguns presentes, desconfia-se se a pessoa é querida mesmo). Eu acho extremamente brega lugares lotados e confusão. Não existe dignidade em filas e em congestionamentos humanos. Pode ser na loja mais cara do shopping de mais algo nível que ainda sim é brega. Parece coisa de bicho, ir correndo pro mesmo lugar na mesma época do ano! Evolução pra quê?

Ainda mais quando os presentes desembocam num terrível amigo secreto. Qualquer presente barato o suficiente para entrar no limite de um é algo que a pessoa já poderia ter comprado mas não quis. E aquela coisa horrorosa de ficar adivinhando quem é? Uma parte minha morre toda vez que tenho que descrever alguém assim. Parece uma convenção de adultos retardados com sérios problemas de reconhecimento de pessoas. Tem que sorrir e achar bacana para não ser antipático. É muito coisa de pobre (de espírito) ter que sorrir forçado para agradar os outros.

E ainda tem a ceia! Onde as pessoas resolvem cozinhar as mesmas coisas, do mesmo jeito (e encher tudo de abacaxi e outras frutas!) e atolar a mesa de porcarias até que não tenha um milímetro da toalha aparecendo. Isso não é fartura, é breguice! Aliás, família reunida é brega por definição. É gente que não orna, não combina, todas amassadas dentro de uma casa esperando uma refeição. Tipo fila do sopão, mas com mais gente bêbada. E sim, como todo mundo acha que é época de encher a cara, a breguice aumenta exponencialmente. Pessoas sem filtro reduzem-se ao menor denominador comum, a dignidade sai pela janela.

Sem contar as tradições midiáticas. Tem Simone, tem Roberto Carlos… coisas terrivelmente bregas que as pessoas acabam tolerando no Natal. Não que quem escutou funk e sertanejo o ano inteiro tenha muito para onde cair, mas mesmo assim, é de doer. E musiquinha de Natal? Se essas porras fossem boas, tocavam o ano todo! Não é um bom indicativo que as pessoas não gostam disso se você tocar fora de hora e te olharem com cara de “wat”?

O ser humano ser hipócrita e fingir que é boa pessoa é mais velho que andar pra frente. Mas essas tradições todas são recentes e tiradas da cartola de publicitários, isso daria para parar. Mas não, as pessoas acham linda essa breguice. Querem ver luzinhas piscantes enquanto enchem a cara. A vida é brega…

Para dizer que o Krampus vai aparecer, para dizer que brega mesmo é reclamar disso todo ano, ou mesmo para dizer que eu não sei me divertir (eu já me diverti uma vez, foi horrível…): somir@desfavor.com

SALLY

Sabemos que natal é um tremendo pacote de desfavores, mas também sabemos que eles tem gradações: qual é o pior desfavor embutido dentro dessa época natalina escrota?

Eu acredito que seja essa pseudo-bondade hipócrita que toma conta das pessoas. Natal é tempo de amor, natal é tempo de perdão. Aquele filho da puta que quando te dá um tapinha nas costas é por estar procurando o melhor lugar para enfiar a faca vem te abraçar e você tem que achar lindo.

Tudo de ruim tem que ser apagado. Quem te fodeu das piores formas possíveis ganha um free pass. É como aquela carta do Banco Imobiliário que te permite sair da cadeia: a pessoa se sente no direito de zerar tudo, sua folha de antecedentes criminais sociais zera. Ah… vá à merda. Filho da puta não se está, filho da puta se é.

A gentalha com a qual não quero mais contato reaparecendo nesse período e tentando passar uma borracha no passado definitivamente é o que mais me irrita. Não é calendário que vai me fazer perdoar ou esquecer. Eu não fico mais boazinha no natal e acho bizarro, grotesco e risível quem o faz. Esse espírito natalino seletivo, para mim, é sinônimo de hipocrisia. Se eu pudesse ia para o topo de uma montanha no primeiro dia de dezembro e só voltava em janeiro, as pessoas ficam nojentas nesse período.

Além de me encherem o saco buscando validação, reaproximação ou perdão (spoiler: não vai adiantar, nem tente), as pessoas também se colocam na patética situação de perdoar e reatar laços com quem as fodeu absurdamente. É o mês dos capachos! Neguinho de boa abraçando quem cagou na sua cabeça o ano todo. Juro, isso me faz mal fisicamente, não tenho estômago para isso.

Incrível o embostecimento que as pessoas sofrem nessa época do ano. Quanto mais perto do dia 25, pior. E a coisa ganha proporções coletivas, pois a Família Brasileira, essa instituição fascinante que representa o coletivo de Brasileiro Médio, se reúne. Falam mal uns dos outros o ano todo, brigam, se detonam, mas chega no natal todo mundo se une… trocam presentes, jantam juntos – Traz o balde que eu vou vomitar.

A confraternização (leia-se, paunocuzação) te cerca de forma sufocante por todos os lados. É amigo oculto no trabalho, é cartãozinho natalino ridículo, é mensagem padronizada no whatsapp, que você vê que a pessoa mandou para dezenas de contatos. Eu tenho uma regra: quando recebo uma mensagem dessas que sei que foram replicadas em massa por e-mail ou whatsapp, excluo o remetente. Gente que corta cola para falar comigo está fora da minha vida.

As pessoas também ficam irritantemente felizes no natal. Vem no pacote dessa coisa de bondade, perdão e espírito natalino. Eu tenho a teoria que essa felicidade em nada tem a ver como o menino Jesus e sim com o 13°. Quer ver brasileiro feliz é só colocar dinheiro na conta dele. Povinho medíocre e hipócrita. Óbvio que estão contentes, estão com dinheiro, estão cercados de eventos onde podem encher os cornos (festa da empresa, ceia de natal, etc) e está um calor infernal! Pronto, tá aí o pacote que deixa BM feliz, só perde para carnaval, porque tem tudo isso e ainda tem putaria.

Vão cagar no mato com esse discurso de bondade e espírito natalino. Tira o álcool para você ver. Proíbe a venda de álcool no mês de dezembro e você vai ver se essa felicidade toda continua. Vai sair até homicídio na ceia em família! Macaquitos barulhentos que precisam se embriagar para suportar a vida e eventos. Gentalha que adora se aglomerar!

Brasileróide gosta de “casa cheia”, 30 pessoas dentro de uma casa que abrigaria com dignidade no máximo 10. Ficam lá, no total desconforto. Não pela aclamada bondade ou espírito natalino, mas pela pobreza de espírito mesmo: quanto mais melhor, quanto mais, mais pessoas, mais a pessoa acha que ostenta. A festa dela foi a que tinha MAIS gente, olha que fodástico! Quem se importa se eram todos desinteressantes e bêbados? A festa dela era a que tinha MAIS comida e bebida, quem se importa se era de péssima qualidade? Para pobre, quantidade é status.

Assim, a gentalha ostenta tirando onda de que está imbuída do espírito natalino de amor e confraternização. Pausa para rir. Some com as redes sociais, destrói todas elas e vê se algum filho da puta tira uma única foto da ceia de natal, pelo simples motivo de querer guardar a lembrança do momento! Não tira, se não for para ostentar, não tem razão de existir.

Brasileiro não é um povo bom como adora proclamar. É um povo malandro, interesseiro, acomodado e incompetente (e de higiene duvidosa). Não venham tentar me enfiar essa bondade plus natalina, não cola. Essa auto-proclamação de bondade, de povo hospitaleiro, de gente bronzeada mostrando seu valor nada mais é que uma auto-massagem no ego, e muito da mal feita, como por sinal é quase tudo que fazem.

Enfiem sua bondade natalina em seus respectivos cus e parem de me encher o saco para que eu me junte a esse coro hipócrita. Eu sou a exata mesma pessoa em todos os meses do ano, minha bondade, amor e perdão independem de calendário. Eu não pactuo com a baixaria (essa foi a frase mais dita por mim em 2015, certeza!), não venham me cooptar para presenciar evento hipócrita onde se proclama amor e na prática se semeia fofoca, veneno e egoísmo. Não topo, não participo.

Nada, nenhuma atitude natalina, tem respaldo na bondade e no amor ao próximo. É sempre por um motivo egoístico ou egóico. E é muito burro quem não se dá conta disso. O BM espertão acha que engana a todo mundo e que revestir seu egoísmo e egocentrismo de nobreza vai torna-los aceitáveis, até pela pressão social em ser bom no natal. Só que não. Aqui não. Aqui natal vale merda nenhuma, palavras valem merda nenhuma, fotos valem merda nenhuma. Trabalhamos com atos.

Novamente: enfiem o natal no cu.

Para me chamar de grossa, para enviar este texto de forma anônima a quem você quer que enfie o natal no cu ou ainda para dizer que a pior parte do natal é a nossa fúria no desfavor: sally@desfavor.com


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