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Não se discute com mulher.

Não se discute com mulher.

| Sally | | 39 comentários em Não se discute com mulher.

Quero da uma dica, apenas uma pequena dica as homens: não discutam com suas mulheres. As razões são as mais diversas, conforme veremos no texto abaixo, mas, para resumir tudo em um único parágrafo, o principal motivo é: de um jeito ou de outro, elas ganham sempre.

É cientificamente comprovado que a área relacionada à fala e à expressão de sentimentos é mais desenvolvida no cérebro feminino. Em média, uma mulher pronuncia 20 mil palavras por dia, enquanto que o homem, se for eloquente, para em 7 mil. Observem que a mulher se expressa quase quatro vezes mais do que os homens. Parece inteligente entrar em um embate onde a pessoa tem uma prática, no mínimo, quatro vezes maior do que a sua?

Mulheres se lembram de tudo. Eu lembro de tudo que Siago Tomir já me fez. Mais: eu lembro da roupa que ele estava usando quando me fez. As mulheres tem uma memória fotográfica ativada pelo rancor, elas praticamente escaneiam mentalmente um evento que as magoou. Já os homens, bem, os homens muitas vezes nem mesmo entendem bem por qual motivo estão magoados, apenas sentem uma irritação que sobre do nada. Homens não costumam se apegar a detalhes mesquinhos, homens costumam odiar conflitos e os evitam, logo, não são propriamente especialistas neles.

Homens não tem muita compreensão do sentimento alheio. Imagina, se mal e porcamente entendem seus próprios sentimentos, fatalmente serão incapazes de antever, depreender ou sentir empatia por uma mágoa feminina. Isto significa que se abrirem a boca, existe uma boa chance de piorar sua situação, por mais que ele esteja tentando consertá-la. É como andar em um campo minado com os olhos vendados, a menos que a pessoa tenha muita, muita sorte, vai fazer besteira.

Mulheres são boas em perceber e conhecer os homens. Sabem tudo sobre eles, se interessam, prestam atenção em suas vontades, seus desejos, seus sonhos. Já o homem… ah o homem! Ele não presta atenção em nada, nem nele mesmo. Talvez no carro ou em um jogo de futebol. O homem, como regra, conhece muito pouco a mulher que tem ao lado. Conhece superficialmente, como quase tudo que faz na vida. E além de não conhecer bem a mulher que tem ao lado, não raro ele nem mesmo se conhece bem. Poucos praticam a autorreflexão e olham para dentro.

Então, só para uma primeira página, temos um quadro avassalador. Ao brigar com uma mulher um homem está se metendo em um embate com uma pessoa mais bem treinada e com mais prática, com uma memória muito melhor. Um oponente ao qual eles conhecem muito pouco, enquanto são profundamente conhecidos pelo oponente, que além de tudo, conhece a si mesmo. Parece inteligente comprar uma briga, estilo cabo de guerra, com um adversário tão forte?

Abstraindo o fato de que um casal tem que jogar no mesmo time e nunca devem entrar em embate como oponentes, afinal, não é hora de ser hipócrita, a convivência pode sim fazer as pessoas esquecerem o quanto se amam, brigar com uma mulher é inútil. Sim, é inútil, não sai nada de bom de uma briga. De uma conversa, de uma contraproposta, de um pedido educado, pode ser que saia. De uma briga, embate, cabo de guerra… não sai. Muito pelo contrário. Daí você provavelmente vai jogar a culpa nela e dizer que você não queria brigar, que ela é quem briga. Bem, quando um não quer, dois não brigam. O melhor para você é se recusar a brigar.

Principalmente se for uma mulher com raiva. Muito respeito com mulheres chateadas, no rol de periculosidade da raça humana elas só perdem para as mães que vem seus filhos em risco. Uma mulher magoada, irritada, com raiva, não está apta para ouvir nem negociar. Nada de bom sai de um diálogo em momentos de raiva. Seja sábio, por mais injusto que possa parecer em um primeiro momento, e não discuta, espere a poeira abaixar. Mas sem fingir que nada aconteceu, pois parece deboche. Você tem boca. Fale. Verbalize que quer conversar quando “tudo” estiver mais calmo. Tudo, não ela. Tudo. Vai por mim.

Por mais que você não compreenda os motivos daquela mulher, por mais que você ache ridículo, exagerado ou incabível sua raiva, lembre-se: a origem pode ser duvidosa, mas a dor é real. Naquele momento, fundado ou não, a pessoa está sofrendo. Questionar a validade desse sofrimento é altamente ofensivo. Quem você pensa que é para dizer pelo que é ou não é legítimo sofrer? Cada um tem a sua vida, a sua história, suas experiências, seus traumas, suas peculiaridades. O fato de que aquilo não chateia a você não significa que não chateie nenhum ser humano na face da Terra. Está diante de uma mulher chateada? Aceite o direito dela de estar assim.

Só para constar, mulheres aceitam homens chateados por motivos que elas não compreendem e os acolhem mesmo sem essa identificação. Futebol, carro, problemas no trabalho e tantas outras situações que, aos nossos olhos, não são motivo “para tanto”. Mas o sofrimento é real, então, a mulher aceita, sem compreender. Sagrado direito de cada um se chatear com o que quer.

O que chateia a pessoa é essencial para você? Parar de fazer o que a chateia implica em um grande sacrifício ou violência? Não, não é ela quem tem que mudar e sim você se perguntar se tem mesmo que ficar com essa pessoa, em vez de tentar formata-la para que ela caiba no seu mundo. Além de amor, compatibilidade também é essencial.Pessoas vem em pacotes, com qualidades e defeitos correlatos. Procure um pacote mais compatível em vez de ficar sujeitando a mulher a mágoas sistemáticas para ver se ela se acostuma (ou pior: “aprende”). Ninguém se acostuma com sofrimento ou a ser tratado de uma forma que considera injusta – e caso se acostume, não é uma pessoa saudável. Não queremos estar ao lado de pessoas não-saudáveis, queremos?

Forçar uma conduta que chateia a pessoa não a “educa”, é burrice. Por mais que a mulher de alguma forma ceda ou que o homem imponha sua vontade, isso vai custar tão caro no final das contas que não compensa para ninguém. As brigas, a mágoa, o clima ruim e, é claro, o lento desgostar que se instaura aos poucos. A água vai pingando ao longo dos anos, até o copo transbordar. E quando o copo transborda, é tarde para mudar de postura.

Estar dentro de casa brigado com a parceira é algo muito perto da minha ideia de inferno. Se você não tem paz na sua própria casa, bem, tem algo muito errado com a sua vida. Você pode até “ganhar” no cabo de guerra e realizar a pretensão que foi resistida pela mulher, mas no final das contas, você perde. Perde qualidade de vida, perde paz e perde o amor dela, lenta e silenciosamente.

A experiência me diz que no saldo final, o pior resultado é perder o amor dessa mulher. O que antes parecia algo que você “tinha que” fazer, ganha status de birra e de algo ínfimo quando comparado à ausência da mulher. Pena que só se descobre depois que acontece. Mas não mais, agora não tem desculpa, estou aqui te falando.

Com isto não quero dizer que tem que acatar tudo que a mulher diga para que ela não desgoste de você. Não, não mesmo. Peço apenas que sejam inteligentes. Não se disputa um cabo de guerra com uma mulher. Pode divergir, pode questionar, pode negociar. Mas nunca, eu disse NUNCA, faça a coisa tomar um contorno de disputa, de medir forças, de antagonismo. Você vai perder, de um jeito ou de outro. Busque sempre a convergência, afinal, ambos querem a mesma coisa: estar juntos e bem. Conteste se precisar. Não acate se precisar. Mas em outro tom. Não discuta com uma mulher, tome sempre a via da convergência.

Você deve estar se perguntando por qual motivo cabe ao homem direcionar a discussão para a convergência. Eu te respondo: porque quem está chateado não pensa direito. Quem está 100% tem mais capacidade (portanto, natural que suporte o ônus) de manter as coisas em bons termos. Acreditem, nós mulheres fazemos isso muitas e muitas com vocês. Mas, quando estamos chateadas, o racional fica em segundo plano. Tomem frente da situação e não revidem, não façam disso uma disputa e não meçam forças com uma mulher. Não por um favor a ela, mas sim por ser pior para você.

Quem entra em uma disputa com a parceria já perdeu, independente do desenrolar da história. Toma o caminho de uma relação não-saudável. Casais convergem para um objetivo comum: o casal. Casais que divergem rumando para objetivos individuais (principalmente imediatistas) dificilmente conseguem um relacionamento saudável e duradouro. E percebam, não estou falando em atos (pode fazer, não pode fazer), o que eu estou defendendo aqui é meramente postural. A postura a ser adotada em caso de conflitos.

Existem outros caminhos. Existem centenas de outros caminhos. Não se discute com uma mulher. Foda-se quem tem razão, chega uma idade onde é infantil querer ter razão, o correto é querer paz. Não discutam mais com mulher. Adotem esse conselho por um mês e observem se suas vidas não melhoram.

Para dizer que sua mulher não precisa de você para iniciar uma discussão pois ela discute sozinha, para fazer um comentário machista qualquer ou ainda para dizer que não conhece esses outros caminhos: sally@desfavor.com


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