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As pedras no meu caminho.

As pedras no meu caminho.

| Sally | | 29 comentários em As pedras no meu caminho.

Sabem que dia é hoje? Hoje é dia 25 de agosto de 2015, dia do lançamento da biografia do nosso amado Rafael Pilha. Escrita pela Sonia Abrão, com prefácio do Gugu Liberato e orelhas do Faustão, esta suculenta obra literária relata a vida do nosso herói. Não está tão divertido quanto eu faria, mas a regra é clara: falou do Pilha? Ganha espaço no Desfavor.

Vim aqui dar uma provinha para vocês e confirmar o que eu sempre repito: em toda minha vida, o Pilha é o único homem que nunca me decepcionou, ele sempre entrega mais, muito mais, além do que foi prometido. Se vocês achavam que o Pilha não tinha limites, não imaginam o que os espera nessas formosas 304 páginas.

Vamos começar pelo título, essa piada pronta: “As pedras do meu caminho”. Um título sugestivo para biografar quem chegou a fumar 70 pedras de crack por dia. Achei rude. Achei “turuntss!”. Teria sido mais poético um trecho ou um título de alguma música de sucesso do Polegar. Sim, sei que as opções não são muitas, mesmo após 25 anos de carreira (1 ano com o Pilha, 24 em recesso). Talvez os direitos do título das músicas do Polegar não estivessem disponíveis. Eu esperava ver o título ou um trecho de “Sou como sou”, apesar da contradição de usar uma música que diz que “a vida é para ser vivida” vindo de alguém que de tempos em tempos meio que se mata.

A capa também me entristeceu um pouco, um Pilha numa pegada mendigo-sexy morde um crucifixo. Eu queria aquela foto clássica onde ele pede respeito sendo preso por sequestro, por se passar por policial do DENARC e por portar uma arma com numeração raspada. Ou então aquela onde ele entra na delegacia, na mesma ocasião, dando um sorriso maroto, debochando do delegado. Talvez não sejam as faces mais populares de Rafael Pilha, mas são fotos que ganharam todo meu amor.

Se o nome e capa deixaram a desejar, o livro é uma delícia. Pilha é o Pilha, nosso poço de carisma, nosso showman, nosso mártir sem filtro: “Meu nome é Rafael Ilha Alves Pereira, estou na casa dos 40 anos, tempo de um balanço de vida. Para os que achavam que já conheciam minha história, fica aqui o que nunca foi contado! O que deixei guardado no sótão. Entre o sucesso e a dor, a angústia e o vício, a música e a marginalidade, entre o amor e o crack, o microfone e um fuzil, o auditório e o morro, os fãs e os traficantes, entre ser ídolo e bandido, eu me perdi.”

Midiático, sem dúvidas. Nosso maluco com toque de Midas sabe cativar o público com palavras. Mas porra, o Pilha não tem amigos. Alguém deveria ter avisado que ESSA foto não o favoreceu para divulgação do material. Pilha, eu te amo com todas as minhas forças, mas nessa foto você parece o Sr. Burns. Não dá. Apenas pare.

Com o Pilha é assim, não tem enganação, não tem blábláblá. Quem espera ver mais do mesmo, vai se surpreender. O conteúdo do livro é tão pesado que o Pilha deu os depoimentos para a Sonia Abrão acompanhado de um psiquiatra o tempo todo (provavelmente para amparar a Sonia Abrão, já que nosso herói é coração valente). Histórias pesadas e pessoais como o fato da sua mãe o ter expulsado de casa depois do envolvimento com drogas, orientada por um psiquiatra, como se esta fosse a melhor forma de salvar sua vida. Dona Sylvia, como sempre, recorrendo à inércia contemplativa, desde os primórdios.

Pilha conta morou debaixo de um viaduto, nas proximidades do aeroporto de Congonhas, por meses. Revirava lixeiras para comer. Pior:tratamentos não podiam ajuda-lo, na época viciado em drogas era tratado como maluco, internado em hospício com doentes mentais, levava choque. Felizmente ele diz estar livre das drogas por 15 anos e mais felizmente ainda ele continua acumulando prisões apesar disso, para nossa alegria. Pilha, esse espetáculo em forma de homem, esse exemplo de superação de folha criminal, esse eterno combustível do Desfavor.

Os números do Pilha são impressionantes: 70 pedras de crack por dia, 9 overdoses, 4 paradas cardíacas e 30 internações. Pilha já usou todos os elementos da tabela periódica e ainda assim foi capaz de resgatar memórias das profundezas da sua alma. Eu fico uma noite sem dormir e já não lembro o que foi que jantei no dia anterior. Não há comparação entre uma mente genial, Pilha, uma mente brilhante.

O livro começa relatando a famosa tentativa de suicídio do Pilha no elevador. A versão dele ganhou contornos sérios, suprimindo o garfo e colocando como protagonista um caco de vidro. O motivo também enobreceu: a ex mulher o afastou do convívio com o filho e ele não suportou a distância de sua cria, apesar de, na época, ter declarado em vídeo que parou de tomar os remédios para sua bipolaridade porque estava “ficando broxa”. Quem se importa? Pilha pode contar o que quiser, se desdizer quantas vezes quiser, que meu amor por ele é imutável.

Pilha, carioca da gema, nasceu no Rio de Janeiro, filho de uma mãe solteira de apenas 18 anos. Uma infância carioca típica assegurou que ele tivesse essa cabecinha saudável que tem. Viu? Quem disse que o Rio de Janeiro nunca fez nada de bom por mim! Assalto com fuzil? Facada? Calor de 50°? Ok, mas ele também deu ao mundo Rafael Pilha. Está perdoada, Cidade Maravilhosa. Nunca que o Pilha teria escalonado esse grau de descaralhamento se tivesse nascido na ordem paulista.

Hábitos bacanas como atirar pedras (“tive uma infância normal, tacava pedras na vizinha”) teriam sido coibidos desde a mais tenra infância tolhendo essa personalidade fascinante que sai da prisão gritando em tupi-guarani e falando sobre chapinha de cabelo e grita na porta do presídio “VAMO LIBERAR OU NÃO?” enquanto espera a mulher ser solta Não tem coisa mais deliciosa no mundo que esse vídeo, concorrendo com Nutella, cagar em casa quando se está com dor de barriga e achar nota de 50 reais perdida no bolos de uma calça guardada. Ele ganha de qualquer alegria. Esse vídeo é o meu vídeo favorito para a vida. É Rio de Janeiro na veia.

Pilha conta alguns casos amorosos peculiares. Diz, por exemplo, que em uma das internações, em um hospício, a psiquiatra se apaixonou por ele. Aparentemente ele a seduziu em função de um atendimento privilegiado que ela destinava a ele, por ele ser famoso. Dra. Elizabeth, que deve estar super feliz em ver seu nome revelado, presenteava Pilha com sessões de terapia individuais, onde um dia ele desabafou sobre as dificuldades da abstinência sexual, recebendo ajuda de imediato. Pilha conta que se aproximou e a beijou no meio da sessão e acabaram fazendo sexo ali mesmo.

Depois de passar o pinto em Elizabeth, Pilha Boy Toy começou a receber privilégios: “Elizabeth me tirava da clínica para passarmos as noites juntos. Eu ia para a casa dela durante a semana, dormia lá e depois voltava. Numa dessas idas, peguei dinheiro, o carro dela e fui comprar droga e beber. Ela soube, mas não se importou, deixou de me controlar, não agia mais como minha psiquiatra. Estava apaixonada!”.

Com o Pilha Pica de Ouro é assim, passou o pinto pode tudo, inclusive começar a vender os pertences da pessoa. Calcula como esse homem é bom de cama! Mas, Pilha, Meu Bem, o nome disso não é paixão. Faz uma coisa dessas comigo que mesmo te amando muito você perde todos os dentinhos da boquinha. Pilha acha normal furtar o carro, pegar dinheiro, usar drogas e beber, só uma PSIQUIATRA o controlaria, a mulher amada não.

Ele também confessou já ter sido apaixonado pela Simony e que chegaram a ter um namoro. Deve ter sido marcante, porque desde então ela repete o padrão presidiário. Mas parece que o grande amor dele foi mesmo uma produtora de TV. Desculpa mas eu sou Team Aline até morrer, ela é de longe a melhor mulher que o Pilha poderia ter. Realiza: que tipo de mulher compra uma escopeta para Rafael Ilha? Aline Amor Eterno.

Pilha, aquele que faz menos de um ano protagonizou todas aquelas delícias narradas em detalhes aqui,diz que hoje não é mais tão impulsivo e que não se arrepende de nada do que fez. Ou seja, vem mais material bacana para a gente continuar trabalhando. Tem coisas que só o Pilha faz por você, e elas você encontra narradas minuciosamente no Desfavor.

O livro já está à venda, mas quem quiser pegar das mãos do nosso herói, pode comparecer na quarta-feira dia 02 de setembro à Livraria Cultura (Conjunto Nacional, na cidade de São Paulo) a partir das 18:30. Favor comprar um exemplar para mim e pedir para ele autografar para Sally Somir, sua fã n° 1. O valor do livro é R$ 49,90, mas… não tem como colocar preço nas coisas que você vai ler. A vida do Pilha deveria ser ensinada nas escolas. Acredito que um dia será.

Spoiler: nossa versão de TUDO que está no livro é mais divertida. Basta procurar aqui por Plantão Pilha, são sete anos acompanhando de perto a saga do nosso herói.

Para se emocionar, para se preocupar com a minha sanidade ou ainda para me dar a alegria de conseguir uma demonstração de afeto personalizada do Pilha para o Desfavor: sally@desfavor.com


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