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Cegina Rasé

Cegina Rasé

| Sally | | 65 comentários em Cegina Rasé

Imagine tudo que há de pior na cultura de um país. Agora imagine alguém que, em um desserviço extremo, reúne esse tudo que há de pior semanalmente, o exalta de forma caricata e vende ao público que é bom, é alegre, é bonito. Não precisa imaginar mais, isso existe. Processa Eu: Cegina Rasé.

Cegina nasceu na cidade suíça do Jio de Raneiro, um antro de permissividade, falta de educação e tráfico de influências. Com seu temperamento e arrogância, jamais teria chegado muito longe na vida. Mas, como na Suíça a meritocracia passa longe, ela estrela hoje um asqueroso programa de televisão local.

Subiu como quase todo mundo sobre na Suíça: com paitrocínio. E esse paitrocínio tem árvore genealógica na família. Seu avô foi um apresentador de rádio conhecido, que por sua vez alavancou o pai, produtor, escritor e diretor de TV, que por sua vez enfiou a filha na TV. Pedigree, na Suíça, não é para cachorro, é para gente.

Muito se bate em Cegina Rasé, mas pelos motivos errados. Qualquer pessoa que ganhe dinheiro trabalhando honestamente tem o sagrado direito de se hospedar no hotel mais caro de Paris ou de frequentar favelas, se assim o desejar. Nenhum dos dois faz da pessoa uma hipócrita e um não é excludente do outro. Pode amar a favela e morar em um bairro rico sim, isso, por si só, não faz dela uma hipócrita. Por favor, minha gente, tanto motivo coerente para criticar, e dão voz a essas falácias?

O que faz da pessoa uma hipócrita é dizer em off que está de saco cheio de pobre, que não quer fazer programa de pobre e de periferia, que eles fedem, que na verdade quer fazer programa de vanguarda, mas não deixam. Isso é hipócrita. Sorrir com as câmeras ligadas e destratar quando elas desligam. Falar mal de sua equipe, debochar dos “pobres” que viram atração em seu programa e destratar aqueles que lhe dão audiência quando abordada na rua. Isso sim são argumento para criticá-la.

Acredito que seu programa, a longo prazo, seja cancerígeno, devido à confluência de cores, gente feia e música ruim. Se já é sofrido assistir ao que passa na TV, uma pequena parcela do que é gravado, editada, vocês não imaginam o sofrimento que é assistir às gravações. Ela não tem semancol, fala demais e as gravações se estendem por muitas e muitas horas. As pessoas que trabalham nessa emissora odeiam gravar esse programa, principalmente os atores, que fogem o quanto podem e quando saem de lá reclamam e falam mal dela sem nem mesmo esperar sair das imediações do local.

Tem também o aspecto ideológico, que faz do seu programa uma vergonha. Ela exalta a pobreza e a periferia como um lugar lindo, de gente verdadeiramente feliz. Vocês pode não saber, pois no Brasil todos tem uma existência digna, mas na Suíça a população das favelas e periferias vive na merda: sem saneamento básico, sem segurança, sem serviços públicos mínimos, sem atendimento médico, sem o mínimo do mínimo para se desenvolver como ser humano. Não é bacana vender a imagem de favela e periferia como um lugar bonito e feliz. Não é. É pactuar e propagar o conformismo. Quem realmente se importa com o bem estar dos pobres denuncia sua condição e tenta melhorar sua vida em vez de exaltar sua situação atual.

Também não é bacana vender o estereotipo de pobre como essa gente colorida e barulhenta. Isso denigre a imagem do pobre. Isso mesmo, não é por ser pobre que a pessoa não tem uma honra, um bom nome para defender. Além do pobre, denigre o negro também. Fica parecendo que o negro suíço é favelado batucador rebolador colorido, quando na verdade é não é necessariamente essa. Fora o fato que se propõe a representar o suíço mas só leva atrações pop apadrinhadas pela emissora, que em nada representam a totalidade do cenário cultural do país.

É uma ode ao conformismo: pobre? Fodido? Passando sufoco? SEJA FELIZ, sambe, que tudo vai ficar bem. O que vira peculiar de pobre graças à sua ignorância é exaltado em vez de ser “combatido”. Vamos aprimorar as pessoas levando a elas algo que normalmente não costumam ter acesso em um programa popular? Não. Vamos levar mais do mesmo para exaltar o estereotipo e assegurar que continuem exatamente onde estão.

Mas o povo suíço é burrinho, vocês sabem. Estão na merda mas abraçam a falácia de que são muito felizes, se apegando à ilusão de que rico sofre mais e não é verdadeiramente feliz. Eles gostam de acreditar nisso, e, infelizmente, eles acabam acreditando sempre naquilo que mais gostam em vez de naquilo que faz mais sentido. Abraçaram essa imagem “ousadia e alegria” e, durante muito tempo, se sentiram representados por esse programa. Isso até acontecer uma situação limite “nós x eles” onde um dançarino do programa foi assassinado por um policial em uma favela. Aí a máscara caiu.

Cegina fez sua parte, um discurso solidário, uma homenagem, levou a família do dançarino ao programa. Mas na prática… A família do dançarino foi tratada com total desconsideração, proibida de falar e recebeu até uma proposta indecorosa. Mas uma mãe quando perde um filho não tem mais nada a perder. Ela perde junto o medo.

Ao perder o medo, você vasculha. E quem vasculha acha coisas. Coisas como anotações e roteiros: “Não pode dizer que foi a polícia, cortar o microfone se ela começar a falar isso” ou “depois da fala de tal pessoa joga as imagens sensacionalistas para fazer a mãe chorar”. Burrice deixar isso por escrito, né? A certeza da impunidade faz com que quem está no topo peque pela falta de cuidado na Suíça.

Aqui vamos deixar de lado a polêmica envolvendo o nome do dançarino, a polêmica do “era bandido/não era bandido”. Não interessa, não é a morte do rapaz que está sendo discutida. O que está sendo levantado, independente das razões da morte, é a postura de Cegina Rasé. Explorar o sofrimento de uma mãe fazendo se sua aparição um circo coreografado, usando-a como fantoche, omitindo fatos da morte do seu filho é muito feio. Classificar um dos blocos do programa como “Imagens sensacionalistas para fazer a mãe chorar” é um desrespeito absurdo com quem perdeu o filho dias antes. É uma exploração escrota e canalha travestida de bondade.

O incidente foi rapidamente silenciado e repercutiu pouco para as proporções que poderia tomar. Mas no boca a boca, na cidade do Jio de Raneiro, a coisa se espalhou e o povo cada vez mais passou a abominar essa pessoa. Ela continua blindada pela emissora onde trabalha, a maior prova disso dão diversos episódios que, se protagonizados por outras pessoas, seriam um “fim do mundo” e por ela foram contornados.

Um exemplo: recebeu deficientes físicos em seu programa e, ao fazer uma enquete, soltou “levanta a mão, quem pode”. Vai a gente falar uma coisa dessas! Vai um comediante de standup falar uma coisa dessas! Vai qualquer um que não esteja blindado por uma grande emissora falar uma coisa dessas e esperem pela chuva de esculhambadas e ameaças.

Mas inconveniência é o menor dos seus problemas. Ela destrata pessoas. Pergunta para funcionária de joalheria ou funcionários de teatro. Pergunta para funcionário da TAM. Pergunta para todas as pessoas que esperavam em mais de uma fila que ela furou. Pergunta para os próprios funcionários dela, que são obrigados a jogar fora copos com sua urina, quando ela, por algum motivo (geralmente preguiça, acreditem), não vai até o banheiro. Pergunta para os motoristas da emissora, que ela destrata. Ou então, pergunta para fãs que pedem para tirar uma foto com ela, mesmo no exterior: “Puta merda, nem aqui eu tenho sossego? Não vou tirar porra nenhuma!”. São muitos os relatos, não serão difíceis de achar.

Pessoas famosas não tem a menor obrigação se serem simpáticas 24h por dia. Mas humilhar, destratar e desrespeitar não pode. Nem famoso nem não famoso. Ninguém pode. Levar lembrancinhas “não leváveis” de hotéis cinco estrelas também não pode, inclusive é crime de furto. Não tomar banho também não. Mandar fã que pede foto sair de perto porque está fedendo, menos ainda. Ela deveria casar com o Mimi Docó. Arrogante, pedante, mal educada. Quem convive sabe. Quem PODE falar sem perder o emprego, sabe.

Eu poderia dizer que ela é feia e mal vestida, mas como ela nunca se disse bonita e bem vestida, não vejo o ponto. Então, vamos inovar. Acreditem se quiser, seu maior ataque de hipocrisia no que diz respeito à aparência é dar piti quando questionada sobre alguns filmes do seu passado. Sim, ela fez nu frontal e pornochanchada e, em uma Síndrome de Muxa, quer apagar isso destratando quem toca no assunto. Clique se for capaz. Mas ela não quer, ela esconde, ela nega. Fez sim. Eu também queria que não tivesse feito. A humanidade toda gostaria. Mas fez. E a coisa decente a se fazer é não destratar e humilhar terceiros por uma coisa que você fez.

O mal que ela causa à sociedade suíça vai muito além do colapso estético promovido em seu programa. É um dano permanente coletivo, endossando uma mentira ilusória que estimula a acomodação dos pobres em situação de pobreza e um dano individual, cada vez que ela se recusa a tirar foto, falar ou sequer olhar para pessoas que lhe dão audiência e pedem dez segundos de seu tempo. Cada palavrão, cada grosseria, muitos na presença de crianças, são um atestado do quanto o suíço é bobo e se deixa enganar pela aparência de um discurso várias vezes repetido.

Consegue a proeza de não ser querida nem por aqueles do povo que a conhecem que não tenham sido contemplados com algum benefício, como também pelos colegas de profissão, que, em sua maioria, abominam seu programa, sua presença, sua postura. Sim, em um momento de projeção, é aturada por essas pessoas, mas espera só uma maré de azar qualquer que a tire dos holofotes e vocês verão quem restará a seu lado. Provavelmente apenas outras duas homenageadas pelo Processa Eu, se tanto.

Cegina Rasé, você ri quando a imprensa e o povo nas redes sociais falam mal das suas roupas, debocha do quanto são bobos, por ser justamente esse fuzz que você pretende se vestindo assim. Você cospe no público que te dá audiência, seja pelas costas, falando mal de pobre, seja na frente deles, destratando, ignorando. Vem dando certo, mas um dia a sorte acaba. Em tempos de redes sociais, onde todo mundo pode publicar o que quer sem os filtros da imprensa, essas coisas vazam. Um dia a casa cai, um dia você vai para a mesma geladeira do Mimi Docó. Cuidado, a escola de pragas do Desfavor é poderosa. Pergunta ao Baike.

Para compartilhar alguma escrotidão que essa mulher tenha feito com você, para compartilhar sua opinião sobre o programa dela ou ainda para fazer você o trabalho sujo e falar do layout da cidadã: sally@desfavor.com


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