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Mario

Mario

| Sally | | 39 comentários em Mario

Desfavor homenageia o mais carismático e bem sucedido personagem de videogame que mesmo baixinho, gordinho e encanador conquistou uma princesa. A história, os eastereggs, a inspiração e os dados a respeito renderiam um livro, que eu tentei condensar nas minha quatro páginas habituais. Faço uma reverência a meu herói favorito de videogame e ao jogo que marcou a minha infância e adolescência: Desfavor Explica: Super Mário Bros.

Tudo começou com um jogo de videogame que a Nintendo estava desenvolvendo. Era um jogo focado no famoso personagem Popeye. Popeye tinha como objetivo salvar a Olívia Palito e para isso tinha que enfrentar o Brutus, que arremessava objetos nele. Tudo estava certo, até que, por uma reviravolta, a Nintendo perdeu os direitos sobre o personagem. Não poderia mais ser o Popeye.

Às pressas, chamaram um cidadão que atendia por ShigeruMiyamoto para criar novos personagens para um jogo que já estava mais ou menos predefinido. Os personagens foram substituídos: Olívia Palito virou uma princesa chamada Pauline, Popeye virou um personagem chamado Jumpman e o Brutus, um gorila chamado Donkey Kong. O jogo Donkey Kong fez sucesso.

O personagem Jumpman, com um nome bem impessoal, conquistou muitos fãs. Perceberam que, no final das contas, ele era o mocinho, o protagonista do jogo e merecia uma alcunha melhor do que “O homem que pula”. Foi realizada uma reunião para dar um nome ao Jumpman, com intenção de investir em futuros jogos, quando, no meio da reunião, um espírito sem luz comentou que o Jumpman parecia bastante com Mario Segalli, o senhorio italiano do escritório da Nintendo em Nova Iorque. A piada fez sucesso e Mario acabou virando seu nome oficial.

Porém, no jogo seguinte, Donkey Kong Jr., Mario foi apresentado como um vilão. O filho do Donkey Kong o caçava. Não deu muito certo, decidiram que Mario merecia destaque em um jogo só dele. Originalmente Mario era um carpinteiro, mas por causa dos diversos canos que permeiam todos os jogos do Mario Bros, o grande público acabou identificando-o como um encanador. E quando algo dá certo, os executivos não contrariam o grande público. Encanador ficou.

O primeiro jogo exclusivo do Mario foi lançado em 1985. Foi um sucesso e teve muitas continuações. Graças às limitações gráfica da época, não conseguiram fazer a boquinha do Mário se mexer enquanto ele falava (e por falar, entendam palavras aparecendo escritas na tela), então, para não ficar tosco, meteram um grande nariz e um grande bigode, que cobriam sua boca, disfarçando essa deficiência.

Para que fosse possível visualizar os movimentos dos braços do Mário com tão poucos recursos, era necessário que eles fossem de uma cor diferente do seu corpo. Por isso ele usa um macacão vermelho com uma blusa azul, assim tudo contrastava. Posteriormente inverteram as cores: o macacão passou a ser azul e a camisa vermelha. O grande chapéu também era usado para camuflar o fato de que era impossível fazer um cabelo decente no coitado. Tudo virou marca registrada sem querer. O que era recurso para tapar buraco acabou dando certo.

Até hoje é o jogo mais vendido (quando se conta com todas as edições), com mais de 40 milhões de cópias. Até mesmo a musiquinha do jogo é mundialmente famosa, principalmente aquela que corresponde aos 30 primeiros segundos de jogo. Foi composta por KojiKondo e uma pesquisa mostrou que ela é mundialmente conhecida, mesmo por aqueles que nunca jogaram o jogo. Já está no inconsciente coletivo: piadas, toques de celular, assovios, ela está pelos quatro cantos.

Mario ganhou um amigo, o player 2 Luigi. O nome vem de um trocadilho com a palavra japonesa “Ruiji”, que significa “parecido” e é de um tempo onde ambos realmente se pareciam: eram igualmente quadradinhos e atarracados, só mudava a cor da roupa.Depois Luigi evoluiu até se tornar mais alto e longilíneo, diferenciando bastante do player 1. Nunca teve o mesmo carisma do Mário, mas sua existência originou o nome oficial SuperMariosBros (Bros = Brothers = irmãos).

Super Mário já apareceu em mais de 200 jogos e é hoje o personagem tido como mais famoso no mundo dos games. Chegou a virar bonequinho do Mc Lanche Feliz, estampar camisetas de marcas famosas e muito mais. É um personagem reconhecido em praticamente qualquer lugar do mundo, mesmo por quem nunca jogou o jogo. Em algumas edições ele ganhou um dinossauro que o ajuda chamado Yoshi. Não faz o menor sentido, mas, se você parar para pensar, quase nada faz sentido no mundo do Mario.

A história que dá início ao jogo é a seguinte: o exército do Browser, uma espécie de dragão,invade o MushroomKingndon (Reino dos Cogumelos) e faz um estrago por lá. Os Koopas(tartarugas mal encaradas) agindo a mando dele, praticaran de magia negra contra a população do reino. Graças a essa magia negra, os habitantes foram transformados em pedra, barro, flores e tudo mais que compunha o cenário.

Parece que o povo era bem bunda-mole, foram facilmente derrotados. A única que ofereceu resistência foi a Princesa Peach e por isso a pegaram e trancaram em um castelo. Browser quer se casar com ela para conseguir virar o rei legítimo do Reino dos Cogumelos. Coitada da Princesa Peach, só faltava essa, ser estuprada por um lagartão.Quando Browser sequestrou a Princesa Peach (se você for muito velho, como eu, pode se lembrar dela com o nome Princesa Toadstool), um pacato encanador local decide que vai resgatá-la, para não ver Bowser virar o rei: Mario, um Zé Ruela fracote e encanador.

Basicamente seu ataque principal consistia em pular em cima dos seus inimigos. O inimigo mais básico era o Goomba, um cogumelo idiota que poderia ser facilmente morto quando amassado com um salto. Os KoopaTroopas, uma espécie de tartarugas mal encaradas, eram um pouco mais complexos: seria preciso pisar e se livrar do casco, se não eles voltavam. E cuidado com o ricocheteio.

Como eu disse, Mario era bem fracote. Morria não apenas quando era atacado por inimigos, mas também se pulasse de forma errada e caísse em algum buraco ou até mesmo se o tempo da fase acabasse sem que ele tenha chegado ao final. As fases tinham tempo e quando o tempo estava prestes a acabar a música acelerava. No primeiro Mário, toda fase se encerrava tendo que pular em um mastro, e quanto mais alto se pulava, mais pontos se ganhava.

A jornada de Mario era dividida em mundos, cada mundo com uma temática. Ao final de cada mundo, havia sempre um castelo, meio obscuro, onde ele acreditava estar a Princesa. Nunca estava. Ele enfrentava um falso Browser para, no final das contas, ouvir um aviso cretino de que sua princesa estava em outro castelo. Era a sementinha da trollagem.

No meio do caminho Mario coletava itens dignos de um usuário de LSD: cogumelo vermelho (uma chance extra caso fosse atingido por um inimigo ainda dentro da fase), cogumelo verde (1up, uma vida a mais em caso de morte na fase), estrela (invencibilidade temporária), moedas (não dava para comprar porra nenhuma, era apenas um aprimoramento pessoal mesmo), uma flor de fogo (Mario podia atirar bolas de fogo quando a pegava). Estes itens estavam escondidos em blocos com um ponto de interrogação, o qual Mário os acionava, acredite, socando. A resolução horrorosa do jogo nos levava a acreditar que ele acionava as interrogações batendo com a cabeça, mas se você reparar bem, olhar de perto, vai ver que ele levanta a mão esquerda e soca para cima. Aparentemente Super Mário é canhoto.

Quando eu falo em LSD, não exagero. O famoso cogumelo vermelho, que faz o Mário ficar em um tamanho maior, conferindo uma vida extra, foi inspirado em um cogumelo de verdade, que tem essa exata aparência vermelha com bolinhas brancas. O nome é “Amanita Muscaria Flemis” e ele é alucinógeno. De fato quem ingere esse cogumelo tem alucinações com a sensação de estar crescendo ou como se o resto do mundo estivesse escolhendo. Mas não espalhe, se não os politicamente corretos vão querer proibir todas as edições do jogo alegando apologia às drogas. Fica aqui, entre a gente.

E por falar em cogumelo, o famoso amigo cogumelo do Mario, Toad, esconde um easteregg pouco explorado. No Mario 1, cada vez que ele informa que “sua princesa está em outro castelo”, dá para visualizar um belo dedinho médio levantado ao aproximar a imagem.Toad mal educado. Além disso, o jogo é cheio de referências que dariam uma Bíblia do Mario. Por exemplo, as balas com cara de malvadas atiradas pelos canhões ou os torpedos aquáticos, chamados de Bullet Bill e Torpedo Ted foram batizados assim em homenagem ao jogo Bill & Ted Excellent Adventure.

O personagem Chain Chomp, uma bola preta com rosto, acorrentada, que sempre tentava morder o Mário, foi inspirado em um cachorro da vizinhança de Shigeru Miyamoto, que tentava atacar o criador do jogo na sua infância mas nunca alcançava, por causa da corrente que o prendia. E se você ficar provocando, provocando e provocando até o Chain Chomp esticar sua corrente 49 vezes, a corrente se solta.

No Mário 1, aquele bem tosco e quadrado, os cenários eram quase que 100% reaproveitados. As nuvens, por exemplo, eram do exato mesmo formato dos arbustos, só que brancas. Com o tempo o jogo foi se sofisticando, e, acreditem, ganhando variações conforme o país onde era lançado. Muitas fases foram simplificadas ou facilitadas para a versão lançada nos EUA, por exemplo. Sem contar os “diálogos”, que também foram adaptados a cada cultura.

Ao final do jogo, na versão original japonesa, a Princesa Peach agradece a gentileza de ter sido salva dizendo “Obrigada, finalmente a paz retornou para o Reino dos Cogumelos. Fim” (esse é o significado daqueles ideogramas japoneses que a gente não entendia). Já na versão em inglês, rolava uma malemolência: “Obrigada, mas a nossa Princesa está em outro castelo… Brincadeira! Ha ha! Bye bye”. Japão = gratidão e compostura. Ocidente = deboche. Nintendo passando seu recado.

Meu favorito sempre foi o Mario 3, aquele bem coloridinho e cheio de acessórios. Os truques, os eastereggs, tudo muito fascinante. Desde a flauta que te permitia burlar a meritocracia e avançar mundos, até o truque para matar canhões e aquela bola holográfica furta-cor que rodava nos castelos (Tanoki Mario, a roupa de guaxinim que o transformava em estátua, matava tudo!). As fases secretas, como aquela ilha perdida no mundo 3, o da água. Mario 2 também tem seu encanto, mas aquele final onde tudo era um sonho dele me irritou profundamente.

O jogo não inspirou apenas produtos baseados nos personagens, também inspirou outros jogos. O criador de Sonic disse que teve a ideia de fazer o porco-espinho com aquela filosofia focada em velocidade em um cenário colorido quando estava tentando passar da primeira fase do Mario 1, segundo ele, “o mais rápido possível”. Velocidade era importante naquela fase a ponto de inspirar outro jogo.

Todo o sucesso que fez no videogame faltou na versão cinematográfica. O filme Super Mario Bros, de 1993, foi um retumbante fracasso de crítica e bilheteria. Porém a versão pornô (isso mesmo, fizeram uma versão pornô), chamada Super Hornio Brothers deve ter feito algum sucesso, pois teve uma continuação. Acreditem, a Nintendo detém o direito dessa paródia pornô do jogo.

O sucesso do jogo foi tão grande, que diversos estudos científicos e comportamentais foram feito utilizando Mario como ponto de partida. Por exemplo, descobriu-se que jogar Mario 64 ajuda a desenvolver orientação espacial, formação de memória, planejamento estratégico e habilidades motoras finas. Já jogar Mario Sunshine deixa as pessoas mais prestativas na vida real.

Não importa se era seu jogo favorito ou não, se você teve infância ou adolescência nas décadas de 80 e 90, certamente tem alguma história para contar envolvendo Super Mario Bros. Nunca mais conseguiram criar um jogo que unisse tribos como esse. Posso ser jurássica, mas ainda sou fã de Mario.

Para perguntar Que Mário e perder pontos no quesito humor, para dizer que preferia Mario Kart ou ainda para contar a sua história envolvendo Super Mario Bros: sally@desfavor.com


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