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Smartphone no trabalho.

Smartphone no trabalho.

| Sally | | 59 comentários em Smartphone no trabalho.

Smartphones, aqueles celulares com amplo acesso à internet, são o câncer da produtividade moderna. Eu ainda me choco com a imaturidade do brasileiro médio que, tal qual uma criança viciada em videogame, deixa afazeres importantes de lado para se dedicar desmedidamente a seu lazer. Esses adultos infantilizados são um atraso evolutivo e civilizatório, em boa parte é graças a eles que este país está a porcaria que está.

Eu te desafio a encontrar uma pessoa que chegue ao seu trabalho, cumpra suas funções totalmente focado nelas e não mexa no seu celular para lazer pessoal durante seu horário de trabalho. Provavelmente eu sou uma das poucas pessoas que age assim. Parece inofensivo: dar uma conferida em rede social aqui, verificar os e-mails ali, mas não é. Atrapalha a produtividade e além de tudo é pouco ético.

Fora o fato do ser humano acreditar erroneamente que é multi-tarefas, usar seu smartphone no seu horário de trabalho é desleal. Estão te pagando por aquele tempo para que você foque em algum objetivo em prol de quem te contratou, que certamente em nada tem a ver com a sua rede social ou seu whatsapp. É feio, gente. É feio demais. Não é porque todo mundo faz que deixa de ser feio.

Quer ver como é feio? As pessoas que, em sua jornada de trabalho, negligenciam o bom costume de focar apenas no trabalho são as mesmas que reclamam quando outros profissionais fazem o mesmo com elas. A funcionária da empresa que bate papo no whatsapp é a que se irrita com a manicure que faz o mesmo enquanto a está atendendo. Ninguém gosta que façam isso, as pessoas gostam apenas de fazer. E se o chefe reclama, é chato, intransigente.

Não interessa se não tinha nada para ser feito no trabalho, seu empregador está COMPRANDO SEU TEMPO ao te remunerar e, durante sua jornada de trabalho, seu foco tem que ser apenas o que ele quer, o que a empresa quer. Além disso, deixa eu dar uma dica de ouro para vocês: SEMPRE tem o que fazer. SEMPRE. Pessoas medíocres entregam o que lhes é pedido, pessoas bem sucedidas entregam sempre além. Sejam proativos, inovem, gastem o tempo supostamente ocioso da jornada de trabalho pensando em algo bacana para sugerir ou apresentar.

Como já virou socialmente aceito, as pessoas parecem não perceber o quão vergonhoso é puxar um Smartphone para alguns minutos de lazer ou distração no meio da jornada de trabalho. Gente, não deixem que suas normas de conduta sejam ditadas pela maioria. Não se esqueçam que a maioria dos brasileiros vê Faustão, vota no PT e tem religião. A maioria é burra, mas no Brasil ela é burra pra cacete. Então, desculpa a grosseria, mas foda-se que todo mundo faz. Você não é todo mundo. Você não tem que querer ser todo mundo, tem que querer ser melhor. Almeje a excelência em tudo que faz e sua vida vai mudar.

Eu sinceramente acredito que chegamos a um ponto onde nem mesmo é escolha, as pessoas estão viciadas em Smartphones e redes sociais, tal qual uma chupeta moderna de adultos, que supre grandes buracos de carência e autoestima. Tem gente que não consegue ficar oito horas sem encostar no celular. Também falei sobre isso no texto sobre FOMO, então, não vou me aprofundar.

Quem trabalha comigo já aprendeu o esquema: chega, deixa o celularzinho na minha gavetinha, que é devidamente trancada, e só pega na hora de ir embora. Se precisar receber telefonemas, recebe no telefone do trabalho, que por sinal, é atendido por mim – faço questão. Pensa que meus funcionários não gostam de mim? Pense novamente. Comigo eles rendem um potencial que até então não conheciam.

As pessoas que se portam como crianças precisam ser tratadas como crianças e, incrivelmente, a produtividade aumentou de forma absurda depois desta medida simples. Vergonhoso que tenhamos chegado a esse ponto: pessoas adultas precisam ter o celular indisponibilizado para focarem no seu trabalho. É quase que como uma mãe mandando desligar o videogame para fazer o dever de casa.

Porém em muitos casos nem isso resolve. Você tira o celular da pessoa fisicamente, mas mentalmente ela continua ali, focada no que está perdendo, no que pode estar acontecendo, focada no mundo virtual. As pessoas estão perdendo totalmente a capacidade de deixar sua vida pessoal da porta do trabalho para fora, requisito essencial para ser um bom funcionário e desempenhar um trabalho de excelência. Culpa da internet, da evasão de privacidade, da falta de foco que um mundo de múltiplos cliques gera.

Os melhores funcionários sempre tem um denominador comum: sentam e focam na tarefa que estão realizando. Mesmo que no começo seja um esforço de concentração, quando engrenam no trabalho esquecem do resto, muitas vezes até de comer ou ir ao banheiro. É o hiperfoco. O cérebro fica totalmente tomado por aquela tarefa, seja ela simples ou complexa, todos os esforços da pessoa estão ali. Isso faz com que ela consiga dar o melhor de si. Muitas vezes o melhor de si de uma pessoa mediana é mais satisfatório do que uma ação mais ou menos de alguém extremamente competente, inteligente e preparado.

Então, você que é inteligente, esperto ou preparado, fique ligado para esta tendência que eu vou antecipar: em uma era de excesso de informação, onde estudo já não significa tanto por causa da abundância de informações ao alcance de todos, o grande diferencial no mercado de trabalho acabará sendo a capacidade de foco que o profissional tem. E esta capacidade de foco reflete das mais diversas formas. Uma pessoa focada, empenhada, dedicada é mais criativa, é mais segura, trabalha melhor.

Chegamos a um ponto onde quase ninguém trabalha 100% focado no seu trabalho. Pessoas desmotivadas trabalham no piloto automático e até mesmo como uma forma infantil de “vingança” contra o chefe ou a empresa trabalham mal, gastam seu tempo com bobagens na internet. Spoiler: isso não prejudica a empresa, prejudica você, que deixa de evoluir, de se aprimorar e de apresentar um trabalho de excelência. É como trair um namorado que te traiu e se achar menos corno por isso. Se a empresa não te reconhece, empenhe-se mais em mostrar seu valor, entregue sempre mais do que foi pedido, ou, sendo o caso, procure quem te valorize e pare de desperdiçar sua força de trabalho plantando em um terreno que não é fértil.

O lado bom é que com um mundo de gente trabalhando com o foco de um peixinho dourado, quase zero de concentração, os poucos que conseguem realmente focar e fazer um trabalho de excelência se destacam rápido. Sobrem rápido. Ficou fácil se destacar no mercado de trabalho, basta focar em fazer seu trabalho, coisa que há algumas décadas atrás não era mais do que obrigação das pessoas. Retrocesso produtivo. O difícil hoje é entrar no mercado, já que a indicação vale mais do que mérito, mas uma vez dentro, basta fazer um trabalho razoável que já estará bem na frente da maioria.

Não mexer, não pensar, não focar no Smartphone durante sua jornada de trabalho é um dever ético. ÉTICO. Todo mundo cobra tudo do empregador, mas não dá quase nada. As pessoas acham que já fazem muito estando lá de corpo presente, quando na verdade esquecem que estão sendo remuneradas para desempenhar tarefas. Não pensar nas redes sociais ou no mundo lá fora é um dever ético do empregado. Focar toda sua energia e disposição em dar o melhor de si no trabalho naquele dia é o que se espera de um bom funcionário. E, bem, se você não é um bom funcionário, não espere um bom tratamento, um bom salário ou um bom patrão.

Não falo isso pensando nas empresas ou nos empregadores. Falo pensando no bem de quem está lendo. É um pulo do gato que quase ninguém conta, porque quem tem esse diferencial quer continuar sendo o único a tê-lo. Foque toda sua força e energia no trabalho, apenas no trabalho. E quando cumprir suas tarefas, continue focado no trabalho, pensando em como inovar, em sugestões para melhorar o desempenho de tarefas ou da empresa. Vá além, entregue mais do que lhe foi pedido. Mostre interesse. Faça projetos por conta própria sem que nada lhe seja solicitado. Comporte-se como um bom funcionário e as coisas começarão a acontecer para você.

Smartphone, redes sociais e internet são LAZER. LAZER. Não se leva lazer para o trabalho. Você gostaria de chegar no seu local de trabalho e ver seus funcionários jogando futebol na sala? Ou tomando um chopp e jogando baralho? Ou assistindo TV em vez de trabalhar? Certamente não.

Smartphone, redes sociais e internet são LAZER, e como tal, deve se restringir ao tempo livre, sob pena de um comportamento não ético e nocivo para quem o pratica. Se fizer uma bosta de trabalho, quem perde é você e não a empresa. Acredite, se ela te paga merda para fazer bosta, é porque compensa para ela. Pagar merda é fácil, receber merda é que realmente gera prejuízo. Aceitar receber merda se consolando porque dá bosta em troca é pactuar com a mediocridade.

Muitos vão achar este texto radical. A verdade incomoda profundamente, a verdade ofende, desperta ímpetos agressivos. Muitos sentirão raiva. Mas antes de me xingar ou desmerecer meus argumentos, eu sugiro que façam a experiência e coloquem em prática o que estou dizendo. Passem um mês, apenas um mês, focados exclusivamente no trabalho quando estiverem da porta do trabalho para dentro. Observem o resultado e só depois passem aqui para me escrotizar. Talvez o resultado seja tão surpreendente que muitas pessoas passem aqui para me agradecer.

Aproveitem essa horda de ignóbeis incapazes de se desligar da vidinha virtual e treinem uma rotina de trabalho focada. Em um primeiro momento pode não ser fácil, mas é como musculação para o cérebro: a cada dia fica um pouco “menos difícil” e, quando você menos esperar, terá engrenado em uma espiral de produtividade como nunca viu. Explore todo seu potencial, trabalhe direito. Nunca sabemos quem está nos observando e as portas que estão prestes a serem abertas.

Para desmerecer meus argumentos pois eles te colocam na posição de péssimo funcionário, para ser arrogante e achar que pode dar seu melhor enquanto fuça o celular várias vezes por dia ou ainda para reclamar por não termos feito as postagens-punição: sally@desfavor.com


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