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Verão.

Verão.

| Desfavor | | 32 comentários em Verão.

Chegou o verão. E com ele, tudo o que nos desagrada. Desfavor da semana e da estação.

SOMIR

O que em qualquer outro lugar seria calhau, aqui vem do coração: vamos falar sobre o verão porque verdadeiramente o detestamos. Claro que poderíamos pegar alguma notícia problemática e discorrer sobre ela como sempre fazemos, mas o verão não vai nos abandonar por mais alguns meses.

E é nessa estação que o brasileiro é mais brasileiro. Tem alguma coisa sobre o calor e a época que despertam no BM seus comportamentos mais irritantes. Menciono a época também porque calor não faltou neste ano (talvez por isso tenha sido tão cagado). Não sei se foi assim onde você mora, mas onde eu estou esse foi o ano sem inverno. De alguma forma, deve ser culpa do PT!

Perdemos justamente a época mais digna do ano. O frio espanta o BM das ruas e reduz seu metabolismo merdeiro para níveis um pouco mais aceitáveis. Vê se tem “Hit do Inverno”? Não sei se é o aquecimento global ou se estamos mesmo numa ascendente de temperaturas histórica, mas eu temo por mais um ano sem frio.

Porque agora vem todas as desgraças do verão sem eu ter tido nenhuma alegria invernal. Já mencionei isso alguns anos atrás e reafirmo: temperatura média tem relação direta com o grau de desenvolvimento de um povo. Alguma coisa no frio torna a humanidade menos irritante. Como estamos num país tropical, pagamos o preço por essa involução calorenta quase que o ano todo.

Mas o verão consegue a proeza de elevar todos esses problemas ao quadrado. Não basta sentir o calor, tem que viver o calor. Tal qual os insetos da estação, o povaréu também abandona suas tocas e instaura uma pestilenta cultura de verão da qual é quase impossível escapar.

A visão é um dos primeiros sentidos a pagar o preço: há liberação social para usar o mínimo de roupa possível. Sim, como homem eu sei das benesses de ver mais mulheres em trajes sumários, mas não esqueçamos que gente atraente não é a maioria. Para cada deleite visual, dez visões do inferno. Terrível ter de encarar dobras suadas escapando para fora de roupas claramente pensadas para pessoas menores e/ou menos fora de forma.

Sem contar o surto aborígene de cores primárias e luminosas que torna-se moda entre o povão. Se parece o rebento de um palhaço estuprado por uma arara (ou vice-versa), sai do armário no verão! Parece temporada de acasalamento: o mais chamativo ganha.

Os ouvidos também sofrem. As pessoas parecem regredir à infância no que diz respeito às músicas que escutam: toscas, repetitivas e valorizadas por trocadilhos sem-vergonha. Não que durante o resto do ano o gosto musical do brasileiro seja algo de se orgulhar, mas o poço sempre fica mais fundo na estação mais quente do ano. As pessoas não só começam a escutar qualquer batuque incoerente baiano como procuram ativamente popularizar uma delas para ser o sucesso do verão, garantindo assim que todo mundo sofra por igual. E dá-lhe escutar essa maldição sonora em qualquer lugar que vá.

E os programas do verão? Não há mais cultura ou qualquer tipo de desafio cerebral, verão significa literalmente passar calor e se hidratar com cerveja por alguns meses. Quarenta graus de um sol cancerígeno do meio dia? Vamos para a praia! E quem não quer ir é taxado de chato e estraga-prazeres. Alguns de nós não somos geneticamente programados para transformar nossas peles em pururuca!

Entendo porque se bebe tanto no verão: não dá para encarar essa palhaçada toda de cara limpa. Mas como brasileiro é imortal e invencível, enche os cornos e sai com seu carro. As ruas viram um perigo ainda maior nessa época, isso se você conseguir atingir uma velocidade perigosa com os inúmeros congestionamentos rumo à praia.

Calor não é compatível com uma vida digna. Os povos de áreas mais quentes são conhecidos pelo seu atraso social, não é à toa que os países mais frios concentram quase que todo o dinheiro e poder desse mundo. Sei que parece infrutífero reclamar de algo que não pode se mudar como a incidência de raios solares sobre a superfície do país, mas não nos faria nenhum mal deixar de venerar essa época do ano como se fosse a epítome da brasilidade.

O senso do ridículo e o grau de exigência deveriam ser o mesmos durante o ano todo.

Para dizer que isso é recalque de branquelo, para dizer que esse deveria ser o desfavor das próximas semanas, ou mesmo para dizer que quando ficar sóbrio pensa em comentar: somir@desfavor.com

SALLY

Chegou o verão. O que para muitos pode ser bacana, para nós é o Desfavor da Semana.

Além das temperaturas desagradáveis de fazer o cu suar, o verão brasileiro vem acompanhado de uma série de desfavores acessórios: modismos escrotos, futilidades de todo gênero e um toque todo especial de promiscuidade. Tem de tudo um pouco. Desfavor saúda o verão – com o dedo médio.

Primeira observação: no verão animais desagradáveis parecem sair das suas tocas. Mariposas gigantes, morcegos, baratas e animais desagradáveis no geral adentram nossas casas. Fechar as janelas é privilégio para poucos que podem arcar com ar condicionado full time. Qualquer migalha faz surgir formigas sabe-se lá de onde. Mosquitos atormentam o sono e, para completar, animais peçonhentos como alguns lagartos e escorpiões dão as caras.

O verão tira a dignidade de uma pessoa digna. Se você não é uma pessoa digna, bem, você não tem nada a perder. Se seu cabelo é cagado, nada mudará no verão. Se suas roupas são escrotamente desleixadas, o verão não te afeta. Se sua aparência é oleosa, indefere. Mas se você é um ser humano de cabelo limpo, bem cuidado, aparência agradável e bem vestido, o verão vai te foder. O calor gera indignidade de layout.

Os modismos do verão irritam. Uma dieta da moda, que nunca adianta porra nenhuma a longo prazo. A roupa da moda, que sempre é algo que em seis meses será escroto e camelotizado. A musica da moda, que sempre é ruim, apelativa e chiclete. Verão é basicamente um frenesi de imbecilidades e improdutividade.

Tudo enche no verão, porque as pessoas parecem ter prazer em sair nas ruas, frequentar locais de lazer e viajar. As pessoas sabem que encararão horas e mais horas de trânsito e, ainda assim, vão. Praias lotadas, sem conforto ou piscinas lotadas e urinadas, não importa sua escolha, será indigno. E você vai ter que esperar horas pela indignidade e ainda terá que brigar com centenas de pessoas pelo privilégio de desfrutar dessa indignidade. Verão não é tempo apenas de sentir o cu suar, é tempo de filas.

No verão, talvez pelo excesso de pele de fora, as pessoas parecem entrar no cio. Uma promiscuidade, uma falta de compostura sem precedentes. E todos bebem mais, porque verão aparentemente é motivo para chopp. O que já era ruim, fica péssimo com bebida. Pessoas começam a se portar como símios: atacam fêmeas, urinam nas ruas e muitos exalam um forte odor corporal.

Verão também é tempo de reality show cagado. Essa estação escrota não favorece nem as artes. Verão tem BBB, tem axé da moda (a “música do carnaval”), verão tem um clima de oba-oba que mina a qualidade de qualquer coisa, desde a prestação de serviços até a arte produzida. Tenho para mim que o cérebro expande com o calor e fica comprimido na caixa craniana, causando essa alterações comportamentais.
Os cheiros desagradáveis ficam mais fortes no verão. A comida estraga mais depressa, aumentando a incidência de diarreia na estação. Amebas dançam valsa nos sucos e salmonelas dançam tango nas maioneses. Comer na rua é um desafio de altíssimo risco, até porque, em função do calor da estação, a discreta calça preta dá lugar a roupas de cores claras. Um peido mal calculado e adeus dignidade.

O mais triste é que as pessoas, em sua maioria, parecem gostar dessa indignidade. Se suar todo deve ser bacana, eu é que ainda não percebi o benefício. Passar um calor escroto deve ter algo de muito gratificante que minha imensa ignorância ainda não conseguiu vislumbrar. No verão as pessoas parecem felizes, não compreendo como pode haver felicidade com a desagradável sensação de sentir até o cu suando.

Não gostar de verão no Brasil parece ser pior até do que não gostar de cachorro. Todo mundo gosta do verão. Se você é uma pessoa alto astral, feliz e normal, então você ama o verão. Você conta os dias para o verão chegar. Bem, nós aqui no Desfavor contamos os dias para o verão acabar. Já nos basta a longa temporada que nos espera no inferno.

A grande pergunta é: por qual motivo se precisa tanto de calor, luz solar e suadouro? O que se ganha com isso? Eu tenho uma teoria: exposição do corpo deixa a vida desse povo meio prostituído mais fácil. Fica mais fácil flertar quando se está com pouca roupa, fica mais fácil conseguir as coisas, fica mais fácil não prestarem tanta atenção ao seu conteúdo. Na minha opinião, o grande chamariz do verão é a sexualidade grotesca e vulgar que aflora no populacho.

A gentalha enchendo os cornos com pouca roupa deve ser mesmo um sinônimo de diversão para o brasileiro. Todo mundo gosta dessa merda de estação, permeada por essas merdas de hábitos. Frio desagrada, parece gerar revolta e sofrimento ter que cobrir o corpo, porque né, quando se tira o corpo, pouco sobra.

E não me refiro a corpos sarados e bronzeados, porque neste país qualquer barango(a) que bota pele de fora desperta o cio da pobralhada no entorno. O padrão de qualidade do brasileiro é baixo para tudo. Basta ter órgãos reprodutores que neguinho cogita chegar junto depois de alguns chopps.

É isso. Chegou o verão, essa estação de merda. Como se ela, por si só, não fosse um tremendo desfavor, o brasileiro ainda parece fazer o que está ao seu alcance para piorá-la. E, como se isto fosse pouco, se você não gosta ou não compactua com essa putaria oleosa indigna, tem que guardar para você mesmo, porque não é socialmente aceito discordar da maioria. É socialmente aceito passar a perna, se dar bem, mentir e até roubar, mas se você não gosta de verão, você é um escroto, um ET, um deslocado.

Aproveitem o verão, porque no dia em que eu for Presidente do Mundo, vou mandar resfriar esta merda de país até nevar, de dezembro a março. A pobralhada movida e energia solar vai morrer toda.

Para perguntar de onde vem tanto ódio no coração, para repudiar o verão e tudo a ele inerente ou ainda para começar a fazer as malas: sally@desfavor.com


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