Atrás da Curva
| Somir | Somir Surtado | 41 comentários em Atrás da Curva
Sob o título mais aprazível de “Nobel de Matemática”, a imprensa tupiniquim dedicou mais ou menos meia linha escondida num canto para divulgar o prêmio recebido por um brasileiro no campo da Matemática. Artur Avila foi o vencedor da Medalha Fields, que a maioria de nós desconhecemos, mas aparentemente é uma cobiçada honraria no campo das ciências exatas. Muito bacana, de verdade. Mas… não é indicação de melhora alguma.
Uma pessoa talentosa e dedicada recebeu o reconhecimento pelo o que fez, e até segunda ordem, é só isso mesmo. O Brasil continua sendo avesso à ciência e a educação de alto nível. E agora eu vou parecer incoerente: a tendência é que brasileiros comecem a ganhar mais e mais reconhecimento científico e produzamos mentes mais afiadas. Citando Jurassic Park: “A Natureza encontra um jeito.”
Salvo uma tragédia como uma teocracia, é muito difícil evitar evolução intelectual de uma população. E mesmo assim, o tempo passa. Os europeus queimaram cientistas em praça pública, agora ganham prêmios pelas suas contribuições na área. Há uma curva de evolução comum à maioria dos povos. Antes de praguejados (adivinhem só) por teocracias raivosas, os árabes foram um dos povos mais avançados do mundo! Principalmente na área da Matemática.
Há uma curva. Até mesmo o BM vai evoluir para longe de seu atraso. O problema é que esse tipo de evolução demora demais para nossos cada vez mais exigentes padrões. E aqui um porém: sempre dizem que eu sou otimista ou esperançoso demais quando menciono essas previsões positivas sobre o futuro intelectual da humanidade. Não sei quantas vezes eu vou precisar dizer, mas repito: não é otimismo ou pessimismo, é realismo. As coisas acontecem assim dadas condições mínimas de paz e liberdade.
Quanto mais você estudar sobre história e antropologia, mais vai perceber o padrão. Se você acha que eu estou sendo otimista ao dizer que o BM vai ficar muito menos BM no futuro, você não está trabalhando com informações suficientes. Voltando um século que seja, o adulto médio tinha tanta capacidade de abstração quanto uma criança dos dias de hoje. Não estou falando que eles eram burros, e sim que a evolução da sociedade obrigou as pessoas a desenvolver outros “cantos” do cérebro.
Mas mesmo assim, a curva. Que a humanidade (desde que suficientemente livre de autocracias – principalmente as religiosas) vai continuar evoluindo, vai. Podemos até não entender mais os méritos dos rumos que as gerações futuras vão tomar, mas tenha certeza que daqui a cem anos alguém vai estar nos chamando de bárbaros ignorantes. Novamente: sejam lá os padrões pelos quais eles vão nos julgar.
Que o Brasil está na curva, está. Ciência não é incentivada, mas pelo menos não é proibida! Gênios vão pipocar aqui e acolá, provavelmente em números cada vez maiores com o passar das décadas. Mas estar na curva muita gente está também. Um filho que passa menos fome que o pai tende a já trazer algum progresso. É até fácil seguir esse caminho quando se consideram os números gerais da população.
Muito bom que um brasileiro tenha ganhado algo além de um troféu por chutar uma bola, mas muito ruim que a produção intelectual brasileira viva de pontos fora da curva. E que seja só a curva natural da humanidade. Povos mais avançados brigam para deixá-la mais íngreme, tornando cada vez mais difícil para alguém se destacar demais.
Até porque cobrar da curva é menos danoso para a evolução intelectual do que cobrar dos indivíduos. Ser a flor nascida no estrume cria pressão desnecessária para quem se destaca, dando a ele status de “alienígena”, inalcançável para os reles cidadãos. Claro que um matemático (ainda mais um teórico) trata de assuntos que deixariam a maioria das pessoas confusas, mas se pelo menos o caminho até essa compreensão for claro o suficiente, o exemplo tem como ser seguido.
Quem depende de pontos fora da curva não consegue recriar as condições de forma consistente para repeti-los. Viramos todos vítimas do acaso. Estou falando disso tudo para dar suporte para a ideia que país nenhum deve se concentrar em formar gênios. Gênios são flutuações imprevisíveis num sistema… e sabe-se lá o quão fora da curva podem aparecer.
O que dá para fazer é cobrar da curva. Produzir muito mais elementos medianos para torná-la íngreme. Sou muito favorável à ideia de investir pesado em educação, mas há um porém aqui: depende de onde você concentra o investimento, a curva demora mais para subir. O Brasil é o típico caso de quem está contente em ficar na média. Todo político vai te dizer que o ideal é investir na educação das crianças…
Somir Surtado, mas pode chamar de Dés Potas: eu vou te dizer que o grosso tem que ir para a dos adultos. Quando se educa crianças num sistema onde a curva já é mediana, elas vão se destacar a partir dela. Pelo bem delas, que se coloque o grau de exigência futuro lá no alto. E que se demonstre para elas que existe caminho até essa excelência. Atualmente é uma loteria: se calhar de alguém esforçado ter o suporte certo, vira ponto fora da curva. Qualquer perturbação no sistema e ela acaba só comprando um diploma, se tiver essa sorte.
Tem que ter mais o que fazer quando se chega no nível superior. Prêmios são ótimos para gerar interesse na ciência, mas sem destino e companhia, essa viagem rumo à excelência parece muito mais sem graça. A falta do que fazer com educação é um dos principais motivos do atraso brasileiro na área. Cidadão se forma em Física e descobre que não tem mercado para ele… não tem estrutura para comportar quem estuda.
E a curva continua a mesma. Grandes merdas deixar as crianças animadas com biologia se não tem o que fazer com esse interesse no futuro. Um Brasil que eu considero otimista é um onde Artur Avila não está tão longe assim da média (pelo o que eu li sobre ele, nem a curva do país mais rico e desenvolvido o conteria). Para melhorar a média, tem que subir o limite! Sei que vão jogar pedras, mas falo do mesmo jeito: educação superior é mais importante para subir a curva do que a básica.
Be-a-bá é essencial, mas não é solução por si só. Mesmo que consigam fortalecer o ensino básico, sem ter para onde ir o efeito é negativo: vide a quantidade de gente com diploma de “não sei o que fiz” em todos os níveis do mercado de trabalho. Educação vira mais uma daquelas mentirinhas sociais que contamos só para manter as coisas funcionando. Cidadão finge que aprende, a sociedade finge que se interessa.
Daqui a pouco vão mesmo conseguir colocar quase todas as crianças brasileiras numa escola… mesmo com incompetência e corrupção comendo soltas. São tendências históricas e mundiais. O que não pode acontecer é acharmos que esse papel de carona na evolução humana é suficiente. O futuro da evolução não é mais orgânico… alguém tem que ajudar a natureza.
Sem um foco IMENSO em educação e pesquisa de alto e altíssimo nível, a tendência é que uma massa de BMs alfabetizados comece a se perguntar porque diabos estudou para começo de conversa. Ensino básico é uma das coisas mais fáceis de se desaprender ao longo da vida. A pessoa regride para um estágio de analfabetismo funcional (generalizado) e nem consegue perceber como ficou para trás. Ainda mais se continuarmos dependendo de gênios para definir o ápice do intelecto tupiniquim.
Chega dessa ideia que educar criança é prioridade. Educar que é. Tem gente nesse mundo que acha que aprender é coisa de criança! Não tem investimento que baste num cenário desses. A curva é um indicador puramente realista. Quando o BM chegar num nível de educação mais elevado, os povos que realmente se importam com isso vão ter subido a exigência para muito longe, de novo!
Não me considero otimista falando de melhorias sociais do tipo justamente porque acho que otimismo custa mais caro que isso. Nem fodendo que eu me vendo tão barato assim.
E acho uma merda que você o faça.
”…a tendência é que brasileiros comecem a ganhar mais e mais reconhecimento científico e produzamos mentes mais afiadas”
Juro, não sei de onde vocês tiraram isso?? Santo Galton irá nos salvar?? O aumento do reconhecimento de brasileiros se dá por diversas razões, por exemplo… o declínio demográfico das nações ricas, onde se produz menos crianças de uma maneira geral, especialmente as inteligentes, processo de globalização da demanda de material humano cognitivo de maior qualidade, sim, eu disse material humano, uma resposta à crise demográfica forjada por ‘terceiros’ nas nações ricas e pura e simples estatística.
”Citando Jurassic Park: “A Natureza encontra um jeito.””
Que bobagem. A natureza dá um jeito quando é possível fazê-lo. No caso do Brasil, só se houver uma epidemia de autismo e mais tipos nerds matemáticos nascerem nas próximas gerações. No mais, eu acho que os ”nem-nem” da favela é que vão repovoar esta porcaria.
”Salvo uma tragédia como uma teocracia, é muito difícil evitar evolução intelectual de uma população. E mesmo assim, o tempo passa.”
Eu não entendi o que tu querias dizer nesta parte.
”Os europeus queimaram cientistas em praça pública, agora ganham prêmios pelas suas contribuições na área. Há uma curva de evolução comum à maioria dos povos. Antes de praguejados (adivinhem só) por teocracias raivosas, os árabes foram um dos povos mais avançados do mundo! Principalmente na área da Matemática.”
Teu texto é um de um simplismo… Quando estás a falar de um episódio histórico, todos os fatores devem ser levados em conta. Primeiro, os ”árabes” que citaste, ao menos metade dos grandes nomes que apareceram na dita civilização árabe, foram na verdade de europeus e bizantinos (atualmente, os turcos). Segundo, ”povo árabe” é muita gente. Como sempre, uma pequena minoria é de pensantes que fazem a civilização, o resto mantém a loucura. Portanto, os ”árabes como um dos povos mais avançados do mundo” é uma simplificação escandalosa da realidade. O mérito da criação é do seu criador, não dos seus replicadores. Onde estão as evidências de cidades altamente desenvolvidas, com população culta e civilizada em todo o imenso território da civilização árabe???
”Há uma curva. Até mesmo o BM vai evoluir para longe de seu atraso. O problema é que esse tipo de evolução demora demais para nossos cada vez mais exigentes padrões. E aqui um porém: sempre dizem que eu sou otimista ou esperançoso demais quando menciono essas previsões positivas sobre o futuro intelectual da humanidade. Não sei quantas vezes eu vou precisar dizer, mas repito: não é otimismo ou pessimismo, é realismo. As coisas acontecem assim dadas condições mínimas de paz e liberdade.”
As pessoas tem razão. Não é … ”quando são dadas”. Os suecos não são mais pacíficos porque a polícia é eficiente. Não é apenas isso, mas quem sabe eu consiga martelar este prego na cabeça de vocês algum dia???
O PAPO DA ”EDUCAÇÃO”
Ai meu deus… não adianta, bote isso na sua cabeça… não adianta dar educação ”de qualidade” SEM ter potencial.
Você fala tanto de curva, o que isso?? curva de sino??
Não adianta transformar as escolas brasileiras em filiais da Google. Se não tem inteligência NATURAL para ser trabalhada, não há nada o que fazer.
O ditado ”as pessoas colocam o cavalo na frente da carroceria” nunca foi tão verdadeiro.
A educação não tem o papel de promover a inteligência real, nunca teve, o principal papel dela sempre foi a de organizadora das etapas sequenciais de desenvolvimento humano visando à distribuição pretensamente justa da população para os seus respectivos nichos ocupacionais.
Vou te ignorar porque já tenho experiência com a turma do Stormfront e similares e sei MUITO BEM onde você vai querer chegar com esse papo de inteligência “natural”. Sei também que te irrita mais não te dar o palco. Fale com as paredes…
Tu ignora a sua própria ignorância, é uma sabedoria de malandro. Enquanto tiver gente burra querendo se deliciar com suas bobagens ”muito inovadoras” que se baseia em dizer aquilo que querem ouvir, então poderá continuar glorioso e felpudo em seu trono de papel.
A ”ciência popular” é um erro, nem 60% dos cientistas entendem direito o seu próprio trabalho, quiçá um galango feito tu.
Aceitaste meu comentário ou não, já está humilhado. É sempre um prazer humilhar pessoas como você. É sádico mas é prazeroso e uma boa ação de filhos de Gaia.
De vez em quando pipocam notícias boas Tem que incentivar. Eu li essa notícia da matemática naquelas televisões de ônibus.
Tem essa aqui tb
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/ranking-chines-coloca-usp-entre-as-150-melhores-universidades-do-mundo
Somir e Rosana Hermann estão em sintonia, ambos falaram sobre o mesmo tema hoje. No aguardo da turma do “QUER DIZER QUE…” estuprar a lógica e começarem a falar que são a mesma pessoa.
http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/o-pior-cego-e-aquele-que-so-ve-o-que-a-midia-mostra/2014/08/15/
Texto bom a gente linka sim.
Você já fez pra si mesmo a pergunta POR QUÊ? Tem um artigo aqui da Sally se não me engane que explica parte do porquê disso. Veja mais jogando na busca “Sucesso Sem Mérito”.
“Por que” eu não sei. Do jeito que eu enxergo, Sally e eu apontamos sintomas de uma mesma doença. Eu falei do descaso com a educação de adultos, ela demonstrou o descaso com a educação nos adultos. É parecido, mas é diferente.
A educação brasileira está naufragando. Conseguir que os pontos fora da curva se tornem a própria curva será um trabalho de Hércules. Minha experiência como professor de biologia afirma que os estudantes brilhantes que existe no ensino público são podados pelo sistema. Como dar pesperctiva a esses jovens ?
Acho que é exatamente nesta pergunta que reside o texto: dando lugar no futuro para o jovem de talento. Garantindo que esse jovem deseje tanto poder ser um cientista, quanto um jovem deseja hoje ser um jogador de futebol.
Se tiver campo, se o profissional for bem pago, se existir estímulos reais para linhas de pesquisa, o próprio jovem vai batalhar para seguir esse rumo.
Não concordo em voltar muito mais esforços para isso do que para a escola de base (que deveria “ensinar” a aprender), mas concordo que fortalecer o sistema de estudo e emprego do adulto seja fundamental para resultados mais consistentes no futuro.
Não concordo em voltar muito mais esforços para isso do que para a escola de base (que deveria “ensinar” a aprender)
Escola de base tem um limite de eficiência. Deve-se investir nela para alcançar abrangência e bons padrões de qualidade, mas esse buraco “enche” de dinheiro eventualmente. Uma hora vira luxo. No imaginário popular uma escola nababesca para crianças e uma faculdade capenga para adultos não soa tão errado como deveria.
Deste ponto de vista, sim, eu concordo. Não é admissível ter uma faculdade sem um laboratório decente, sem material, sem bons professores, enquanto os alunos do pré-primário fazem aulas de boneco de palito (vulgo “artesanato”) ou de axé – ó CEUS!!!.
É que acho que HOJE ainda não “sobra” dinheiro na base e falta distribuição (territorial) adequada. Mas só por isso.
Mas uma escola de educação básica não tem nenhuma, zero, perspectiva de prosperar de acordos com instituições privadas e fundos de investimento – caso oposto ao do ensino superior.
As melhores universidades do mundo são aquelas que têm acordos com os principais grupos empresariais do mundo. Dito isto, o país não precisa ‘reduzir’ o investimento em ensino superior, apenas parar de atrapalhar um livre mercado legítimo, não um onde um parente de deputado consegue licença para abrir sua uniesquina, e um grupo estrangeiro é barrado atrás de uma barragem de burocracia.
Não precisa ir muito pra carreiras teóricas como matemática ou física… eu, como engenheiro, penei pra engrenar empregos que fossem algo mais que representante comercial. Pesquisa e desenvolvimento aqui no BR é foda. Desértico mesmo.
Matemática deveria ser ensinada até multiplicação e divisão, depois entrar em matemática financeira (juros simples e compostos), equações de primeiro grau e regra de três, sempre com as aplicações. As coisas começam a complicar quando entram em um campo mais distante das aplicações para quem não for astrônomo, engenheiro ou navegador (potenciação, radiciação, logaritmos, matrizes, geometria, cálculo integral e infinitesimal, etc.) . Eu sempre gostei de matemática, mas tenho consciência de que é uma habilidade específica, como a música. Até o nível básico, todo mundo vai, mas de um ponto para a frente a coisa é para quem tem um “hardware” apropriado. Quem tiver aptidão, que vá em frente. Exigir que todo mundo aprenda matemática avançada é como querer que todo mundo tenha um alto nível de habilidades sociais e saiba ser “relações públicas”.
Não é “ruim” aprender o início de todos os campos matemáticos. Ruim é o método de ensino que é utilizado hoje. Acho que toda a Matemática tem campo de aplicação prático, mesmo para quem não é “do ramo”. Além disso, “trabalha” o cérebro, obriga a usar partes que não são estimuladas por outros tipos de aprendizado (o esquema lógico de pensamento agradece).
Mas acho que falta exatamente dar a aplicação ao invés da fórmula solta e sem sentido (que só quem tem essa “aptidão” natural vai ter interesse). Falta o vínculo com as atividades do cotidiano ao invés de exigir que o aluno decore um monte de fórmulas e problemas iguaizinhos, alterando apenas os valores (listas de exercícios sacais).
Isso dito por quem odiava matemática até o segundo colegial (entregando a idade) e amou a matéria na faculdade (fazia sentido!).
Concordo Carol! Comigo foi mais ou menos a mesma coisa: não gostava muito de matemática em tempos de colégio. Na graduação – mesmo sendo da área de humanas – super gostei de cálculos com integrais e derivadas e suas aplicações na arquitetura, engenharia, física e tudo mais…
Mas não há mais “função social” em pessoas mais especializadas em campos matemáticos que já se provaram mais comuns na vida cotidiana? A frustração de lidar com matemática difícil não me soa como incentivo para desenvolver raciocínio lógico. Gera estranhamento e dá uma cara feia para quem não merece.
Se o cidadão aprender direito o básico (e o financeiro – como bem sugeriu nosso colega de sunga) das operações comuns ao dia-a-dia, vai “terceirizar” menos e treinar mais o cérebro.
“A frustração de lidar com matemática difícil não me soa como incentivo para desenvolver raciocínio lógico.”
Eu acho que o problema é a primeira parte – a “frustração” – não a “matemática difícil”.
Ser “frustrante” realmente não é estimulante. Ser “difícil”, do meu ponto de vista, é um estímulo ao cérebro – lidar com algo que não é comum, com múltiplas possibilidades e conclusões não-óbvias. Na verdade, tudo o que não entendemos é difícil… Para um aluno de primeiro grau, a tabuada é difícil. O ponto é como tornar esse aprendizado mais prazeroso e menos doloroso.
Concordo que há conteúdo que pode ser revisto e concordo que quanto mais do “dia-a-dia”, mais importante é. Mas o “básico” de cada área de estudo, o suficiente para que a pessoa saiba por onde começar a procurar uma resposta, isso acho que não dá para prescindir.
Mas a matemática financeira depende diretamente da potenciação, radiciação e logaritmos…
Se por potenciação, radiciação e logaritmos você quer dizer isso:
Concordo!
Me fez enxergar o problema de outro modo, de um modo que faz mais sentido.
Somir,
E quando o cara investe na educação dos adultos, vem o Estado e tasca-lhe uma multa!
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0619/noticias/sou-um-fora-da-lei-m0049688
Particularmente (não julgando o aspecto legal) achei um absurdo.
O Estado não cumpre com suas obrigações mais básicas, o mercado precisa de profissionais bem preparados, paga para suprir o que o Estado não faz e ainda é penalizado por isso?!!!
Estado, livrai-nos de toda iniciativa pessoal, amém!
Matemática é uma escória. Não é nem pelo fato de eu ser péssima e ter aversão a cálculos, mas sim por ser broxante mesmo. Eu era muito vagabunda há um tempo atrás, mas passei por uma crise existencial e mudei. Quando peguei gosto por estudar me apaixonei por Biologia e to no segundo semestre agora. Sou suspeita pra falar, mas é a matéria mais fascinante ever. Estudar a vida é uma arte! Adoro química também, a gente se surpreende e se interessa pelos fenômenos da natureza. História podemos conhecer passados interessantíssimos. Letras podemos aprender outros idiomas e culturas. Além dos livros quando se tem gosto pela leitura né. E matemática? Não tem NADA interessante acontecendo, nada surpreendente ou que chame atenção. Matemática se resume em números, cálculos, tédio, tristeza e solidão. por mais que se precise é chato pra caralho.
Usa um computador sem matematica. entra num aviao, usa a Internet assiste TV, etc. Voce pode achar ate brochante, mas impossivel nao reconhecer o valor da matematica. O resumo que voce fez da matematica é limitado demais… Nunca andou de aviao? usou um celular? Internet?
Como assim Bial? Matemática está até nos instrumentos musicais ,. Nas pirâmides do Egito, no computador .
Temperatura, fuso horário, estatística, gps, coordenadas, contas de bar… 10%? matemática
Anote este seu comentário na página de um livro. Quando você terminar seu curso de Biologia e entrar em um mestrado poderá ler o que escreveu a respeito da matemática e vai perceber o quanto estava enganada. A matemática é como uma ferramenta e só percebe-se o valor dela quando precisamos. Tenta cravar um prego na madeira sem um martelo.
Matemática é o universo. Só isso.
Eu não disse que não é importante, só disse que não gosto. Posso?
Não foi Pitágoras – aquele do Teorema – quem disse que “tudo são números”?
É pena que você pense assim. Talvez, se tivesse mais contato com a Matemática, você mudaria de opinião. A Matemática é bela. Austera como uma escultura, mas não estática. Ao contrário do que você disse, há muita coisa interessante acontecendo. Cada teorema é um poema que (é pena,) poucos podem ler. Sinto pena de quem não vê beleza em algo tão simplies quanto o teorema de Pitágoras por exemplo. Quem não se encanta com o teorema de Gauss-Bonnet… ou não reconhece a elegância do teorema de Stokes. De quem não teve a oportunidade de vislumbrar o teorema do toro máximo, e de quem não estremece diante da imensidão do teorema da incompletude de Gödel.
Espero que sua visão sobre a Matemática mude um dia. Isso significaria mais um passo seu para longe da ingnorância (sem ofensas: todos somos ignorantes). Se um dia seu interesse despertar: a escalada é íngreme, mas a vista lá de cima vale a pena. Se não despertar, espero que você consiga ao menos ver a montanha ao horizonte. Já é grandioso.
Claro que é bem utópico pensar em educação de alto nível durante toda a vida escolar num país como este, mas acho que você foi meio radical islamico nisso de desmerecer a necessidade de consistência da educação durante todo o ensino e colocando o maior foco apenas na graduação.
A realidade da maioria das pessoas é bem mais difícil do que a gente gostaria que fosse: quando entrarem na faculdade a maior parte vai ter que trabalhar pra se sustentar.
Se a pessoa não estiver acostumada com padrões elevados de exigencia desde o ensino básico simplesmente não vai conseguir segurar o reggae de trabalhar 9 horas por dia e ser exigido acima do que está acostumado por mais 5 horas a noite.
acho que você foi meio radical islamico nisso de desmerecer a necessidade de consistência da educação durante todo o ensino e colocando o maior foco apenas na graduação
Mesmo você sendo uma infiel, vou responder.
“Chega dessa ideia que educar criança é prioridade. Educar que é.”
Não é exatamente desmerecer a consistência da educação, é questionar o foco de investimentos e esforços. Educação básica é mais questão de abrangência do que excelência (nesta etapa histórica do Brasil). Sejamos francos: crianças não precisam de aceleradores de partículas para aprender algo novo…
Lindo que as crianças sejam nosso futuro, mas… e quando o futuro chegar? O que fazemos com elas? Educação é um pacote completo e é imenso atraso social associar escola e aprendizado só com crianças, coisa de eterno país do futuro.
E outra, são os adultos que educam as crianças. Educar adulto mexe com a sociedade hoje, mexe na curva. Educar criança não passa da porcaria da obrigação. Educar criança É a curva.
Taí uma análise que eu duvido que algum dos nossos “especialistas” em educação seja capaz de fazer! Por causa desse jeito do Somir de ver as coisas é que eu começo a achar que talvez seja um desperdício ele não ter algum cargo político pra poder botar suas idéias em prática. Ele tem um pensamento bastante semelhante ao meu e gostaria de destacar alguns trechos do texto.
1- “Daqui a pouco vão mesmo conseguir colocar quase todas as crianças brasileiras numa escola… mesmo com incompetência e corrupção comendo soltas. São tendências históricas e mundiais. O que não pode acontecer é acharmos que esse papel de carona na evolução humana é suficiente. O futuro da evolução não é mais orgânico… alguém tem que ajudar a natureza.” Concordo, mas não é só o futuro da evolução – humana, claro – que “não é mais orgânico”. Praticamente todo o processo evolutivo – pelo menos desde que deixamos as cavernas e pensar passou a ser mais importante do que usar a força bruta – sempre dependeu mais de quem, mesmo que sozinho, tomava a iniciativa de “ajudar a a natureza” do que de quem só se adequava às mudanças que naturalmente ocorrem com o passar do tempo.
2- “Sem um foco IMENSO em educação e pesquisa de alto e altíssimo nível, a tendência é que uma massa de BMs alfabetizados comece a se perguntar porque diabos estudou para começo de conversa. Ensino básico é uma das coisas mais fáceis de se desaprender ao longo da vida. A pessoa regride para um estágio de analfabetismo funcional (generalizado) e nem consegue perceber como ficou para trás.” Isso JÁ acontece, e não é de hoje. Também adoraria que esse investimento maciço em pesquisa de ponta realmente existisse – porque isso é uma das coisas primordiais que fazem a diferença entre ser ou não um país desenvolvido – e concordo que é fácil desaprender o que é ministrado no ensino básico. Mas temo que a situação lá na base esteja tão absurdamente caótica, com as dificuldades imensas dos professores em ensinar e as dos alunos em absorver mesmo o be-a-bá, que já nem haja mais o que desaprender.
3- “Chega dessa ideia que educar criança é prioridade. Educar que é. Tem gente nesse mundo que acha que aprender é coisa de criança! Não tem investimento que baste num cenário desses”. PQP! E não é que tem mesmo quem ache que aprender é coisa de criança? Também é, no mínimo, ter uma visão muito limitada achar que basta apenas botar todo mundo na escola e – quem sabe – ensinar o clássico trio “ler, escrever e fazer conta” – ou, pior, achar que investir em educação é só construir mais e mais salas de aula. Educação é desenvolver cérebros e formar cidadãos, ponto.
Sabem o que eu acho mais engraçado? É que quando a educação sobe um degrau os países desenvolvidos sobem dez. Não é algo que de para acompanhar. Triste.
“Grandes merdas deixar as crianças animadas com biologia se não tem o que fazer com esse interesse no futuro.”
Acho que boa parte do problema se resume nisso. E ai acrescento que a culpa é muito do mercado. Se tivéssemos um mercado favorável a biólogos, físicos, matemáticos e afins, toda essa mentalidade e costas voltadas a ciência mudaria mais rápido que anos de utópicos bons governos. Hoje a maioria se contenta em dar aulas e quando muito, palestras (só quem ganha bem com isso é o Lula, mas isso é outra estória).
No fundo, no fundo a culpa é sempre da economia (estúpido!).
Matemáticos e Físicos são muito requisitados pelo mercado financeiro.
Mas vai falar isso para os acadêmicos professores de nossas doutas universidades…
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/08/pesquisador-brasileiro-ganha-premio-equivalente-nobel-de-matematica.html
Isso que é um texto técnico…