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Siago Tomir: Aquela da aranha.

| Sally | | 31 comentários em Siago Tomir: Aquela da aranha.

siago_aranha

Tudo começou quando Siago Tomir teve a infelicidade de comentar com o Alicate que eu tinha medo de lagartixas. Alicate, vocês sabem, é uma pessoa sem limites, e como tal, se achou no direito de fazer uma “brincadeira” comigo. Ele sabia que não havia nem intimidade nem clima para isso, ainda assim o fez tentando camuflar puro sadismo e provocação de senso de humor.

Por causa da terra do quintal, tirávamos o sapato logo na entrada da casa de Siago Tomir e muitas vezes o deixávamos ali mesmo, para só calçá-lo quando fossemos sair novamente. Não foi difícil para o Alicate identificar meu sapato e colocar uma daquelas lagartixas de plástico dentro dele. Alicate se aproveitou de um dia em que estava visitando o Tomir por outros motivos e o fez de forma sorrateira, sem comentar nada com Siago Tomir.

Estava me arrumando para sair e decidi calçar o sapato na frente do espelho do quarto, para confirmar se ele realmente combinava com aquela roupa, coisa de mulher. Levei o sapato até o quarto, que estava na penumbra, sentei na cama enquanto Siago Tomir dormia e quando aproximei o sapato do pé vi a coisa do lado de dentro. Meu primeiro instinto foi gritar e arremessar o sapato para longe com muita força. Por uma infelicidade, calhou do salto aterrissar na testa de Siago Tomir.

Siago: O QUE FOI QUE EU FIZ DESTA VEZ, SALLY?
Sally: LAGARTIXAAAAAA! MATA! MATA!
Siago: Hã? *limpando o sangue da testa
Sally: *saindo correndo do quarto e batendo a porta

Siago Tomir levantou, lavou a testa, tentou estancar o sangramento e encontrou a lagartixa de plástico sabe se lá onde. Ele ficou um bom tempo no quarto, não sei ao certo se pela putez ou se estava tentando adivinhar de onde vinha isso para se eximir da culpa. Ele sabia que se eu achasse que ele colocou uma lagartixa de plástico no meu sapato havia uma probabilidade do outro pé voar novamente na sua cara. Um longo período de silêncio se seguiu. Como eu tinha que sair de casa e estava descalça me aproximei da porta do quarto, que eu tinha fechado antes de sair e gritei:

Sally: MATOU?
Siago:
Sally: SIAGO!
Siago: Oi!
Sally: MATOU A LAGARTIXA?
Siago: Matei
Sally: *abrindo uma festa da porta
Siago: Pode entrar, já matei
Sally: Você conhece as regras
Siago: Que regras?
Sally: Quero ver o corpo
Siago: Sally, você não confia em mim?
Sally: Não. Você é bem capaz de ter deixado ela escapar e dizer que matou só para que eu não fique enchendo o saco!
Siago: Eu joguei pela janela, está em algum lugar do quintal
Sally: *palavrão

No final do dia, volto para casa e quando estou no banheiro, removendo a maquiagem do meu rosto, levo um susto. Fui jogar o algodão na lixeira do banheiro e QUEM eu encontro lá? A Lagartixa de plástico. Em um primeiro momento até me assustei, mas com uma boa luminosidade é possível ver que é de plástico. Retirei a lagartixa da lixeira, coloquei em cima do travesseiro de Siago Tomir com um bilhete: “Me aguarde”. Fui ao mercado fazer compras e quando voltei, Siago Tomir estava sentado no sofá, pálido, com Alicate ao seu lado.

Siago: Sally…
Sally: Siago
Siago: Alicate tem uma coisa para te dizer
Sally: *olhando para Alicate
Alicate: Tomou sustinho com a Lagartixa? Hahaha
Siago: *cotovelada em Alicate
Alicate: Ai!
Siago: É para se desculpar!
Alicate: Desculpa *tom debochado
Siago: Foi ele, Sally. Foi ele quem colocou a lagartixa
Sally: Mas foi você quem mentiu para mim. Porque não me disse que era uma lagartixa de plástico?
Siago: Sally, eu tinha acabado de acordar, com uma porrada na cabeça!
Sally: Imagine o quanto você mente quando está 100% então
Siago: Eu estava tentando entender o que estava acontecendo e…
Alicate: Bom, já fiz o que você me pediu, vou deixar o casal discutir em paz…
Sally: Você não vai a lugar nenhum, você é o próximo
Alicate: Vai fazer o que? Dar uma cabeçada no meu joelho?
Siago: *fazendo sinal para Alicate calar a boca
Sally: Siago, uma palavrinha rápida *apontando para a cozinha

Chegando na cozinha, segurei Siago pela gola da camisa e falei em tom de voz baixa porém firme:

Sally: Você me vendeu para esse filho da puta, em algum momento você soltou para ele que eu tenho medo de lagartixa, depois você deu acesso irrestrito e não vigiado dele à casa para que ele possa fazer isso
Siago: Desculpa
Sally: Desculpa não resolve, porrada dada não se tira
Siago: Você está me enforcando
Sally: E estou gostando disso
Siago: Cof! O que eu posso fazer por você?
Sally: Direito de resposta. Do que Alicate tem medo?
Siago: Sally…
Sally: Não acredito que você está protegendo ele! *apertando o colarinho
Siago: A… cof! ranhas
Sally: *soltando Siago

O banheiro de hóspedes da casa de Siago era o local mais úmido da casa. Por mais que a gente limpasse muito bem, era comum encontrar um determinado tipo de aranha que gosta de umidade, uma cujo corpo é uma bolinha preta e tem perninhas fininhas. Quase sempre elas estavam por lá. Naquele dia felizmente estavam. Peguei não uma, mas duas (não me perguntem porque, mas elas andam em duplas) e fui até a sala, com as mãos para trás.

Sally: Levanta!
Alicate: Pegou um porrete para me bater?
Sally: LEVANTA!
Alicate: *levantando
Sally: Tá vendo isso aqui? *abrindo a mão
Alicate: *tentando disfarçar o pavor
Sally: Puxando a calça de moletom do Alicate e jogando as aranhas dentro

Alicate começou a berrar. Talvez o fato dele estar sem cueca tenha causado um impacto maior do meu ato. Ele se sacudia, pulava e, em um rompante de pavor, tirou as calças e começou a “sambar” no meio da sala para que as aranhas caiam de seu corpo. Aproveitei o momento e fato dele estar próximo à porta e o empurrei para fora da casa sem as calças e depois fiquei na janela mostrando as calças para ele e rindo.

Siago: Isso foi excessivo
Sally: Excessivo seria se Satanás ainda estivesse lá fora
Siago: O que você fez com o Satanás também foi excessivo, Sally
Sally: Siago, o que Alicate fez foi excessivo, o que eu fiz foi reação ao ato dele
Siago: O que você acha que a vizinhança vai pensar de mim vendo um homem sair pelado da minha casa, gritando?
Sally: Siago, a vizinhança já pensa coisa muito pior do que isso a seu respeito
Siago: É uma verdade
Sally: Ele veio de carro?
Siago: Não, eu fui buscá-lo à força, ele não queria vir
Sally: Você está proibido de levá-lo para casa
Siago: Você quer que ele pegue um ônibus assim?
Sally: Dentre outras coisas
Siago: Excessivo, Sally
Sally: Já que você não me defende, eu me defendo sozinha *pegando as chaves do carro e guardando no bolso
Siago: Sally, ele está indo embora literalmente com uma mão na frente e a outra atrás
Sally: Vai ter que chamar o ônibus com o pé! Hahaha
Siago: Deixa eu pelo menos devolver as calças dele, ele já aprendeu a lição
Sally: Não. Vou colocar fogo nas calças dele no quintal assim que ele for embora
Siago: Você não é uma boa pessoa
Sally: Nem você
Siago: É uma verdade
Sally: Espero que isso coloque um fim a essa amizade doentia de vocês
Siago: Sally, nada abala a nossa amizade. Eu aceito ele como ele é, um conceito que você nunca vai entender
Sally: Não, eu não entendo. Porque quando uma pessoa é uma bosta, eu até aceito como ela é mas me afasto!
Siago: Amizade é aceitar o outro como ele é
Sally: Falta de critério é aceitar o outro qualquer merda que ele seja
Siago: Sally, eu vou continuar sendo amigo dele
Sally: *palavrão

Para fazer um trocadilho com o medo de aranhas e a sexualidade do Alicate, para mostrar falta de discernimento e defender Siago Tomir ou ainda para lamentar que as aranhas não fossem venenosas: sally@desfavor.com


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