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Ele disse, ela disse: Você quer adicionar?

| Desfavor | | 43 comentários em Ele disse, ela disse: Você quer adicionar?

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Com a popularidade das redes sociais cada vez mais temos que lidar com as personalidades “online” de nossos amigos. Sally e Somir concordam em não participar dessas redes, mas discordam sobre como elas influenciam suas amizades. Principalmente quando falamos de gente sem noção de privacidade e respeito próprio na internet.

Tema de hoje: É válido descartar amigos que fazem uso ridículo de redes sociais?

SOMIR

Não. Sou egocêntrico, mas não gosto de me iludir: Eu não posso ser o padrão universal de uso consciente da internet e suas redes sociais. O que eu acho um exagero nessa área passa como uso comum e aceitável pela maioria das pessoas que conheço (e muitas das quais eu gosto). Se a derrocada do anonimato na internet me irrita principalmente porque pouca gente parece ligar, evidente que estou defendendo um ponto de vista impopular.

E está no âmago do ser dessa impopularidade ideológica não se guiar pelo o que os outros estão fazendo ou deixando de fazer. Quem rema contra a maré tem que reconhecer uma maré para começo de conversa! E a cada dia que passa mais e mais pessoas são arrastadas para o fundo de um oceano de evasão de privacidade e ostentação de banalidades.

Não gosto de redes sociais, mas não desgosto automaticamente de quem as usa. Cada um que faça seu juízo de valor e arque com as consequências de seus gostos, atitudes e opiniões. Uma das coisas mais bacanas de uma amizade verdadeira é a liberdade que se tem para ser diferente sem entrar em conflito ou gerar cobranças (coisa que num relacionamento amoroso costuma não funcionar tão bem…).

Vejam bem, estamos excluindo absurdos que te colocariam em risco social extremo ou mesmo legal. Não estamos falando de um amigo (ou prospecto de um) que te sacaneia na cara dura pela internet ou de um que publica material criminoso, estamos falando daquela pessoa que se abre demais ou age de forma eufórica com as possibilidades das redes sociais. O que eu acho que já é vergonhoso, mas na prática é só mais uma gota no oceano.

Ridículo postar mil fotos e textos desinteressantes sobre banalidades da sua vida, mas isso nem chama mais a atenção atualmente. É tamanha a torrente de informação inútil derramada sobre as redes sociais que a maioria das pessoas mal consegue registrar o que está acontecendo. Na prática cada um finge que se importa com as amenidades alheias só para que finjam de volta com as suas.

Muito feio abrir sua vida e seu problemas para um bando de desconhecidos, mas não é como se você fosse virar assunto por algum motivo além de pura aleatoriedade memética. E mesmo que você vire uma celebridade por falar mais do que devia, vai ser por algo em torno de quinze minutos. A bola da vez troca de mãos muito rápido nos dias de hoje.

Evidente que existem consequências para quem é amigo de alguém sem bom senso no uso de redes sociais, ainda mais alguém que valoriza sua privacidade. O que eu digo aqui é que as chances de ser algo que realmente destrua vidas (reais e/ou sociais) não são tão maiores do que seriam numa amizade puramente desconectada. Claro que a internet dá mais exposição para uma pessoa, mas não nos esqueçamos que o mesmo vale para outros bilhões de usuários de redes sociais. As pessoas acreditam na proteção desse “ruído”, e embora ela não seja tão sólida quando imaginam (a internet não presta atenção, mas também não esquece), a ideia não surgiu à toa.

Eu acredito de verdade que muita gente nesse mundo ainda está se acostumando às possibilidades da internet. Tem um pouco de exagero deslumbrado nessa geração de tarados por exposição. Nem vou me estender demais, escrevo um texto sobre isso ainda nessa semana. Mas a ideia básica é que por mais que a pessoa faça uso ridículo de rede social, ainda sim não quer dizer que ela seja fundamentalmente “estragada” no que tange a manutenção de uma amizade valiosa.

É mais uma das coisas que forma sua personalidade. Muito normal ter amigos que não comungam com você em todas suas ideias e opções, aliás, essa é grande parte da graça da coisa! Descartar uma amizade não deveria se basear em caprichos ou desavenças superficiais. Eu sou muito reservado, acho que é o jeito certo de se levar a vida E tenho grandes amigos que discordam disso. Amizade não pode ser só uma medida de concordância, pra quê essa insegurança toda? “Certo” não se mede pelo próprio umbigo.

Lembrem-se: Estamos excluindo casos absurdos. Não é para achar bacana continuar amigo de quem pode te colocar em situações arriscadas e/ou ilegais (embora eu ache, ou é amigo ou não é… joguem pedras), é para cortar laços com gente que perde a noção do ridículo na internet. Sério que vai traçar a linha do excessivo para algo que a maioria absoluta das pessoas dos dias de hoje sequer entendem como um problema?

Das duas uma: Ou vai acabar preso num círculo vicioso de amizades que não te dão nada além de concordância (se não acabar isolado), ou vai acabar sendo hipócrita mantendo amizades que caiam nessa categoria e arranjando desculpas esfarrapadas para justificar sua incoerência. Pra mim parece apenas um exercício de futilidade.

E se por um acaso essa amizade acabar te colocando numa situação chata por não ter noção de uso consciente de redes sociais… acontece. A vida é cheia de contratempos, não adianta querer se proteger de tudo. Converse com a pessoa, se precisar até brigue com ela para tentar ajudar, quem sabe até você vai a convertendo lentamente para o lado digno da força?

E, honestamente, se você souber controlar o quanto de você acaba nas redes sociais, a chance de fazerem algum estrago é BEM menor. EU não gosto dessas redes sociais, então eu faço por onde. Cuide do seu e deixe as pessoas cuidarem dos delas.

Para dizer que por ser amigo do Alicate tudo o que eu escrevo se torna automaticamente inválido, para reclamar que meu texto não te faz se sentir especial, ou mesmo para dizer que agora quer me adicionar para ver se não é só papo: somir@desfavor.com

SALLY

É um critério válido descartar uma pessoa como amiga por ela fazer uso incorreto e ridículo de rede social? Sim! E todas as vezes em que fiz o contrário me arrependi. Quem faz uso incorreto de rede social é uma pessoa imbecilóide, cabeça pequena, sem semancol e brasileiro médio. Fato: mais cedo ou mais tarde brasileiro médio te traz problemas. Nem ao menos me refiro a casos extremos, onde a pessoa usa para publicar fotos de pedofilia, falo daquelas merdas do dia a dia mesmo, aquele mix de evasão de privacidade (dela e de terceiros), do show de vergonha alheia, da paunocuzação de correntes e mensagens… essas coisas.

O normal é que procuremos nossos amigos de acordo com um grau mínimo de afinidade. Eu sei que eventualmente existem divergências e que sem um grau de concessão não se mantém qualquer relacionamento nesta vida, mas acredito que o uso patético de inadequado de redes sociais configura um prova irrefutável de anencefalia do autor, o que gera problemas futuros e certos para quem convive com esta pessoa, seja no campo real, seja no campo virtual. O melhor a fazer SEMPRE é se afastar de gente inconveniente, ainda que sejam legais, engraçados e bons amigos. Gente inconveniente é CILADA. Aprendam isso. Mais cedo ou mais tarde te causam problemas. Gente sem critérios, sem filtro, sem vergonha na cara, sem dignidade, eu não quero nem para ser meu vizinho. Sim, eu sou uma pessoa de poucos amigos.

Rede social vem sendo para mim algo parecido com religião: quem tem já me desperta uma certa desconfiança e quem tem e faz mau uso dela é sumariamente cortado da minha vida. Não precisa se dirigir à pessoa e dizer “Não quero mais falar com você porque você evade sua privacidade e a de terceiros em rede social”, basta se afastar gradualmente até que a pessoa desista de você. Não há necessidade de romper relações formalmente, até porque, se você o fizer a pessoa vai se vitimizar ou te xingar no Facebook. Ninguém merece. Aprendi ao longo na vida que as pessoas sempre tem menos amor próprio do que a gente presume e quando levam um fora reagem de forma passional e ridícula, dando uma importância enorme a quem as rejeitou.

Você pode achar besteira se afastar de alguém só porque a pessoa faz mau uso de rede social, ou achar que eu estou exagerando, mas tudo depende da forma com que se encare o processo seletivo de quem você quer que seja seu amigo e quem não. Uma pessoa inconveniente pode te prejudicar e te aborrecer mais do que uma pessoa filha da puta, vai por mim. Porque o filho da puta sabe o que faz e quando faz, não faz suas filhadaputagem full time. Já o inconveniente… é o dia inteiro, é sempre que tem uma oportunidade, é non stop. E nem dá para revidar, pois ele não faz de propósito, um revide seria encarado como uma coisa covarde. De forma alguma sugiro que alguém deva ser amigo de um filho da puta, apenas estou dizendo que os critérios de descarte não devem ser apenas buscando caráter, também devem observar adequação. Por mais legal que uma pessoa seja, inadequação não compensa. Alicate? Oi? “É o jeito dele, ele é meu amigo” é prenúncio da desgraça.

Mesmo sem ser filha da puta, uma pessoa inconveniente e inadequada te fode, mais cedo ou mais tarde. Seja postando uma foto que não deveria, seja falando demais, seja te expondo de qualquer outra forma. Não por maldade, são como macacos com uma navalha, o que os torna ainda mais perigosos, já que além de não ter freio algum (medo, receio ou alguma trava social) também são completamente imprevisíveis. Escolher criar vínculos com uma pessoa que tem grandes chances de te foder ainda que sem querer é burrice.

Você pode estar pensando que se levar uma vida correta, não tem como uma pessoa assim te prejudicar. Mas tem. Porque não precisa divulgar algo incorreto para prejudicar uma pessoa. A mera evasão de privacidade, por si só, ainda que de qualidades ou atos nobres, pode ser extremamente prejudicial dependendo das circunstâncias. Enquanto estas pessoas não estavam na era da internet e eram apenas aqueles fofoqueiros que contavam tudo que sabiam sobre os outros, eram mais inofensivos, afinal, palavras o vento leva. Mas imagens, textos, ficam estampados para sempre com um simples print. A era digital fez com que pessoas inconvenientes possam produzir toneladas de provas documentais por dia. Macaco. Navalha Plus.

Gente que usa rede social de forma incorreta é gente medíocre, gente fofoqueira, gente maluca, gente inconveniente. Se demonstrasse outros sintomas de mediocridade, de loucura ou de inconveniência, certamente seria cortada com aval social do seu círculo de amizades: um conhecido que chega na sua casa, abre sua geladeira, dá um tapa na bunda da sua mulher e coloca o pé na mesinha de centro seria facilmente banido do seu convívio. Mas, por algum motivo que eu não entendo, se uma pessoa divulga uma foto sua sem autorização, curte uma foto da sua esposa de biquíni ou ainda comenta algo que pode te trazer problemas abertamente no “Face” isso é encarado como um acidente de percurso inerente ao uso de redes sociais e a pessoa recebe um perdão quase que automático. Não compactuo. Não compreendo. Na minha cabeça, as mesmas regras regem vida real e vida virtual e desprezo quem tem dois pesos e duas medidas. Flertar na internet não é traição, né? Desde que seja você quem esteja flertando…

É essa mania que as pessoas tem de encarar a internet como um universo paralelo, com regras sociais novas, onde tudo é mais flexível. Sim, as pessoas se enganam com uma falsa sensação de impunidade, de “anonimato” achando que “ninguém está vendo” e de auto perdão que torna redes sociais um caldeirão de mal entendidos e fontes para prejudicar outras pessoas. É quase que um catálogo dos podres alheios. Quem sentar com tempo e disposição de ler tudo, absolutamente TUDO relacionado a uma pessoa (e acreditem, gente com raiva é focada), acaba descobrindo locais que a pessoa frequenta, endereço residencial e várias informações que podem ser usadas de forma muito perigosa. Imagina então quando estas informações vem de um terceiro, que nem ao menos está preocupado em esconder nada!

Por enquanto a cabeça do brasileiro médio continua achando que rede social não pode prejudicar ninguém, confundem a impunidade legal com a falta de repercussão social. Por isso se dão ao luxo de ter em seu rol de amigos pessoas que podem gerar prejuízos virtuais, já que acreditam que um prejuízo virtual nunca se tornará real. Second Life, uma vida paralela que nunca se cruzará com a sua. Mera ilusão. O pior é que esse tipo de pessoa inconveniente que faz mau (só para constar, o Word diz que é MAL, mas eu tenho certeza de que é MAU, fuck Word) uso de rede social nem ao menos pode ser advertida ou corrigida, pois ela não age com maldade. Se ela tivesse semancol, bom senso e adequação, jamais faria aquilo. Não tem como ensinar alguém a ter semancol, ou se tem, ou não se tem. Não contem com que uma pessoa aprenda a ter bom senso e muito menos arrisquem sua privacidade com base nisso.

Não são apenas as pessoas más que são perigosas, as inconvenientes também o são, ainda que por motivos diferentes. E, vamos combinar uma coisa? Gente inconveniente é CHATA PRA CARALHO. Se não pelo risco de se prejudicar, se afaste pela paunocuzação. Aguentar inconveniências é coisa que a gente faz quando não tem escolha (família, chefe, etc), se sujeitar a gente inconveniente sem uma necessidade imperiosa é masoquismo!

Para se ofender ainda que eu não tenha definido claramente o que é fazer mau (Fuck Word, o contrário de BOM e MAU) uso de rede social, para vir com um discurso pau no cu de que todos nós temos defeitos como se por um acaso eu estivesse cobrando perfeição neste texto ou ainda para dizer que nem precisa fazer mau uso, basta ter rede social que você já descarta: sally@desfavor.com


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