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Desfavor Bônus: Atenção!

| Sally | | 52 comentários em Desfavor Bônus: Atenção!

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Olá, eu sou a Sally, eu serei seu Somir hoje. Enquanto ele não passa por aqui, aturem a formatação cagada.

Vamos falar sobre um vício muito ruim que aos poucos foi se tornando necessário em alguns momentos das nossas vidas, acabando por ser incorporado no nosso dia a dia. Mas antes, fica a sugestão, para quem puder, que veja estes vídeos PRESTANDO O MÁXIMO DE ATENÇÃO QUE PUDER e que veja também um excelente documentário realizado pelo National Geographic chamado “Test Your Brain”:

http://www.youtube.com/watch?v=X7RFog86F_4
http://www.youtube.com/watch?v=iKf8MyHg1qA
http://www.youtube.com/watch?v=lTQqTQY07rA

Tendo visto ou não os vídeos, vamos ao texto.

Posso te dar uma dica valiosa? Preste atenção no que você faz. Parece algo bobo de se dizer, mas ultimamente se faz necessário relembrar: dedique o máximo da sua atenção ao que você está fazendo, sobretudo se a tarefa for importante, e ela renderá resultados melhores. Não sou eu quem diz, é a neurociência: o ser humano não é um primor de “multitarefa”, seu desempenho CAI quando ele executa várias tarefas ao mesmo tempo, por mais que muita gente ainda ache o contrário.

Pior: quando você está muito focado em uma coisa e tem várias acontecendo, grandes chances que você deixe passar informações realmente relevantes, pois o cérebro humano foi projetado para focar em uma coisa de cada vez. Quer fazer as coisas bem feitas? Faça uma coisa de cada vez e prestando atenção, canalizando toda sua energia e disponibilidade para aquela tarefa. Você vai se surpreender com a melhora no seu rendimento, no que quer se seja.

Eu sei que hoje não podemos nos dar ao luxo de executar todas as tarefas do dia a dia desta forma, mas ainda é possível destinar completa atenção para as mais importantes. Vamos combinar, nem tudo precisa ser feito “dando o melhor de si”. Vai cagar e quer mandar um SMS? Te acho um porco, mas porra, uma mensagem de texto não vai comprometer a qualidade da sua cagada. Cague e escreva ao mesmo tempo sem problemas.

O mesmo já não se pode dizer de quem manda SMS e dirige. Não adianta vir aqui bater o pé e dizer que você consegue fazer isso e continuar dirigindo bem, porque não sou eu e sim a ciência quem te desmente. Você ACHA que continua dirigindo bem, mas isso não é verdade. Mania que as pessoas tem de se recusar a ver suas limitações! E se você não acha dirigir uma tarefa importante, dá uma olhada nas estatísticas das pessoas que morrem ou vão parar em cadeiras de rodas todos os anos por acidentes de trânsito. É o tipo de coisa que a gente acha que só acontece com o vizinho.

Qual foi a última vez em que você se entregou a uma tarefa por completo e apenas a ela? Eu sei que a prática acaba nos levando por outro caminho, mas a melhor forma, a forma que gera melhores resultados, é se dedicar a uma tarefa por vez. Não, você não é uma exceção. Não, seu cérebro não funciona diferente do cérebro do resto da humanidade. Se você focar 100% em uma tarefa e somente nela, seu trabalho vai sair infinitamente melhor e isso será percebido por todos. Faça o teste e me diga se eu estou errada. Não vai ser fácil no começo, mas geralmente o aprimoramento pessoal nunca é fácil. Dedique-se apenas a uma coisa por vez e você será capaz de perceber detalhes que dificilmente outras pessoas perceberão. Isso te faz sair na frente de um monte de gente.

O ser humano adora minimizar suas fraquezas. Adora se enganar. Por mais que você consiga executar relativamente bem diversas tarefas ao mesmo tempo, saiba que o faria muito melhor caso se propusesse a fazer uma de cada vez. Não, não é perda de tempo, é investimento na qualidade do que você está fazendo. É perceber o que outras pessoas não perceberão, é subir mais um degrau, é se destacar do funcionamento padrão do povão.

“Mas Sally, do jeito que eu estou fazendo está dando certo, está suficiente, porque mudar?”. Porque quase todo mundo faz desse jeito, do jeito “suficiente”, do jeito “multitarefas”. Se você fizer do jeito mais difícil, mais trabalhoso, menos cômodo, porém mais produtivo, seu trabalho vai sair melhor e isso vai te destacar da multidão. Não precisa acreditar em mim, faça a prova você mesmo, durante algum tempo, e depois me conte o resultado. Você pode perder em quantidade, mas vai dar um salto em qualidade que vai te colocar à frente da grande maioria e vai te projetar em qualquer área que você esteja atuando. E não me refiro apenas ao mercado de trabalho. Serve para tudo na vida.

O grande problema é que nessa sociedade hiperativa histérica em que vivemos muitas pessoas “desaprenderam” (ou nunca nem chegaram a aprender) a fazer as coisas bem feitas, uma de cada vez, com calma e foco. Se enganam achando que conseguem focar 100% em uma tarefa, da mesma forma que o drogado fala que larga as drogas quando quer. Mas, assim como as drogas, o vício de “multitarefas” não é fácil de abandonar. Requer bastante prática, uma nova “forma de funcionar”, uma “reprogramação mental” que demanda tempo e esforço. Para que a pessoa queira fazer esse esforço é essencial que ela compreenda o ganho que terá. Quem trabalha comigo tem isso cobrado o tempo todo e já vi muita gente jogar a toalha, mesmo com todo o ambiente favorável para executar uma coisa por vez. “Eu não consigo fazer do jeito que você quer”.

A pessoa tem tempo, a pessoa tem as ferramentas, mas ainda assim, quando menos se espera, acaba sendo sugada por uma atividade paralela: trabalha comendo, falando no telefone, respondendo SMS, lendo uma aba em paralelo no computador ou fazendo qualquer outra atividade que compete em atenção com a atividade principal designada. É um vício que em vez de te roubar saúde, rouba o seu potencial. Mas, como todo vício, pode ser combatido com uma boa dose de força de vontade, desde que a pessoa acredite que isso lhe trará benefícios significativos. Sim, existe gente que, inicialmente, não consegue se dedicar exclusivamente a uma única atividade, rendendo o máximo possível nela. Mesmo com todas as condições favoráveis, a pessoa simplesmente não consegue, graças a esse vício da modernidade, esse “vício multitarefas”. Reparem que eu fiz questão e usar a palavra INICIALMENTE. Não foi em vão.

A neurociência vem constatando, dia após dia, que temos o poder de transformar nosso cérebro muito mais do que imaginamos. O que você não consegue HOJE, pode conseguir se exercitar seu cérebro ao longo de um período. Sim, é como uma musculação cerebral, você muda padrões de funcionamento, você aprende a tirar o máximo de proveito do seu potencial. O grande problema é que ninguém divulga isso, a mídia está mais interessada na vida pessoal de subcelebridades do que em falar de assuntos “chatos” como este. Então, o que acontece é que a pessoa tenta fazer uma tarefa de cada vez, focando toda sua concentração e energia apenas naquilo, não consegue, fala um palavrão e pensa “É, isso não funciona para mim” e joga a toalha, voltando a funcionar no modo “multitarefas” como se ele fosse inevitável. Uma pena. Poderia funcionar diferente se quisesse.

Sim, todo mundo pode aprender a focar 100% da sua atenção na tarefa que esta executando. Isso funciona para você, como funciona para qualquer um. Sabe porque? Porque apesar de todas as suas peculiaridades, você é HUMANO, e o cérebro humano funciona assim. É tudo uma questão de esforço, de adaptação, de querer tentar e persistir quando não conseguir. Musculação cerebral, lembra? Com o passar do tempo, lentamente, você observa os progressos.

E quando o progresso vem, você passa a poder dedicar cada vez mais da sua atenção a uma tarefa. Consequentemente ela melhor absurdamente de qualidade e junto com esta mudança de atitude vem um grande reconhecimento, pois poucas pessoas fazem isso hoje em dia, não porque não sejam capazes, mas porque nem sequer pararam para pensar que esse esquema multitarefas pode comprometer a qualidade dos que elas fazem. Todo mundo faz o suficiente, então a pessoa faz o suficiente também sem nunca parar para se questionar.

Reparem que quando eu peço atenção total para uma tarefa, não me refiro apenas a combater distrações externas. As internas também. Fazer algo pensando no namorado, na mãe ou na morte da bezerra significa comprometer o resultado final da sua tarefa, por mais que você insista em achar que e frescura. Claro que todos nós passamos por situações na vida onde estamos com a cabeça em outro lugar (um ente querido hospitalizado, uma pendencia angustiante qualquer, etc.), mas a regra tem que ser corpo e mente 100% focados naquilo que você esta fazendo, na medida do seu possível. E seu possível vai aumentando com a prática. Este é o diferencial que pode gerar uma promoção ou o sucesso da sua empresa, ou a admiração da sua equipe, do seu relacionamento afetivo ou uma infinidade de bons frutos. Talvez as pessoas nem consigam identificar PORQUE você é melhor do que o resto, mas certamente vão identificar que você o é.

Uma boa parcela da filosofia budista (que, diga-se de passagem, é uma bela forma de aperfeiçoar seu cérebro) repete mais ou menos isso que eu estou te dizendo, de forma bem mais profunda, claro. Esteja atento ao que você está fazendo. Esteja consciente, não faça as coisas por fazer. Esteja com todos os seus sentidos voltados para aquilo, somente para aquilo. Não é apenas uma panaca loser que escreve texto de graça há cinco anos quem fala, é uma filosofia milenar que vem sendo estudada pela neurologia moderna e surpreendendo pelos resultados que obtém no corpo humano, principalmente no cérebro. Mesmo pequenos atos do dia a dia podem gerar uma melhora na sua qualidade de vida se você focar sua atenção apenas a eles: qual foi a última vez que você fez uma refeição focando apenas na refeição? Pessoas que comem vendo TV ou se distraindo acabam comendo mais, pois demoram mais a perceber a sensação de saciedade. Saia do piloto automático e comece a prestar atenção ao que faz.

“Mas Sally, até queria tentar, só que não tenho tempo suficiente para isso”. Eu entendo que você não tenha tempo para fazer tudo na sua vida com total atenção, eu também não tenho, mas porra, você pode reajustar sua agenda de modo a conseguir tempo para fazer ALGUMA coisa, ainda que seja só uma, com atenção total, integral, dando o melhor de si. Escolha algo que te seja importante e remaneje seu tempo de modo a poder pratica uma única atividade de forma plena. Se permita essa experiência.

Muita gente pergunta como fazemos para manter um blog de postagens diárias de quatro paginas por tantos anos. Posso responder por mim: eu tenho uma hora do meu dia onde fico indisponível para TUDO, dedicada exclusivamente, com total atenção, ao Desfavor. Uma hora apenas. Que certamente seriam duas ou três ou quatro se eu fosse escrever fazendo outras coisas em paralelo. É a hora sagrada, a hora de ouro, me isolo e nada nem ninguém tem acesso a mim. Por mais que você ache uma bosta o que eu escrevo (e muitas vezes é mesmo), levar por cinco anos postagens diárias extensas, com um trabalho, uma família e uma vida social em paralelo como a gente leva é um feito.

Eduquem-se, no sentido de exercitar, para realizar ao menos UMA tarefa do seu dia com atenção total e exclusiva. Ao executar a tarefa, estejam com a mente e a percepção 100% voltada para essa tarefa, de forma consciente e assertiva. Criem mecanismos para que focos externos não lhes roubem a atenção. No começo pode ser difícil, mas com o tempo, com a pratica, vai ficando mais fácil e quando você menos espera, já estará fazendo com relativa naturalidade. Quando este dia chegar, você vai começar a colher os resultados e se diferenciar da grande massa.

Tenha a humildade de reconhecer que ao compartilhar a atenção da tarefa principal com outra secundaria, você perde em qualidade, por mais que você ache que não e queira fazer o mais bem feito possível, não apenas “o suficiente”. Tenha também a sabedoria de saber que permitir a perda de qualidade é colocar seu trabalho, sua empreitada, sua mão de obra ou sua tarefa no “nível brasileiro médio”. Você pode (e deve) ser bem melhor do que isso. Só depende de você.

Para dizer que eu não presto para escrever texto nerd, para pedir seu dinheiro da mensalidade de volta ou ainda para rir enquanto manda um SMS: sally@desfavor.com


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