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Des Portes: Desfavor Knows.

| Sally | | 41 comentários em Des Portes: Desfavor Knows.

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Des Portes é uma coluna criada originalmente para ter duas páginas, mas já adianto que esta vai ter quatro, pois o assunto está engasgado faz tempo e tenho muito a dizer.

Como todos devem saber, Anderson Silva, apelidado carinhosamente pelo Desfavor como “A Fada do Dente” depois do faniquito que deu dizendo que quebraria os dentes do Sonnen, protagonizou mais um vexame. Ênfase no MAIS UM, porque a gente já vinha cantando a bola de que ele é um arrogante de merda e vendido faz tempo e, assim como Eike Batista e tantos outros, fomos trucidados pelo brasileiro médio, que defendeu com unhas e dentes esse rascunho de ídolo.

A Fada do Dente, nas sábias palavras de Gil Broder Away, “levou uns boxs na cara”. Foi lutar contra um adversário inexpressivo e graças a uma postura arrogante e pouco profissional, ficou sambando feito macaco com pulga no cu na frente do oponente, em vez de agir como alguém que se importa com o que estava acontecendo. Se essa luta valesse a vida de um de seus filhos, garanto que a postura teria sido diferente. Conclusão: depois de muita macaquice, acabou levando uns socos na fuça e foi nocauteado.

Isso é novidade? Isso não é novidade. A Fada do Dente desde sempre vem se mostrando um arrogante e vendido. O grande problema é a incoerência do brasileiro médio, que não condena a arrogância em si e sim a derrota. Isso mesmo, quando Anderson Silva era escroto, arrogante e pouco ético (“vou queeeebrar os dentes deleeee”) a brasileirada média aplaudia, delirava. Ou seja, tudo bem ser arrogante ou pouco ético, se você ganhar no final. Quem aplaudiu essa arrogância e falta de ética por anos NÃO TEM O DIREITO de acusa-lo disso agora. Sejam honestos, reclamem do que realmente não gostaram: ele perdeu.

Mas a gente tem todo o direito de reclamar da postura da Fada do Dente, porque desde sempre a gente marreta esse infeliz. E com licença, vou exercer meu direito em plenitude e depois dormir com a cabeça tranquila no travesseiro: Galvão, eu já sabia. Só para citar alguns textos sobre o assunto, com mais de um aninho de existência:

 

Em todos os textos é apontado em detalhes porque a Fadinha do Dente tem um comportamento deplorável e não merece respeito nem admiração de ninguém. Não vou ficar me repetindo, quem quiser leia os textos passados e compreenda exatamente em que se fundam nossas críticas a Anderson Silva. Quem não quiser ler tantas páginas, enfia uma dentadura no cu e sorri pro caralho, só não me venha deixar comentários com base apenas neste texto, porque isso aqui é uma pontinha de um grande iceberg.

A Fada do Dente foi espancada enquanto fazia macaquices com a guarda baixa. Beijou a lona, naquela que seria sua última disputa pelo cinturão antes da aposentadoria. Poderia ter se desculpado depois da luta, poderia ter admitido seu erro. Mas não. Escolheu fazer a linha “não estou nem aí”, desdenhando a derrota e se mostrando inabalável. Pena que algum espírito sem luz (que a gente admira profundamente) de sua equipe de treinamento achou apropriado filmá-lo após a luta chorando feito criança, abrindo um berreiro mesmo. O vídeo está na internet para quem quiser ver. Ou seja, ele se comportou como aquelas crianças, que tropeçam, caem, se machucam mas tentam levantar dizendo que “nem doeu”, porém não seguram o tranco e caem aos prantos logo depois. Eu ri quando vi ele aos prantos. Eu ri muito. Desde aquela luta pateticamente maniqueísta contra o Sonnen, onde a grande massa de brasileiros médios torceram para Anderson como se ele fosse um herói, eu estou com esse elemento engasgado na garganta.

Era proibido falar mal de Anderson Silva. Ele era Intocável, um herói, um exemplo. Pena que ele não percebeu que o brasileiro é um povo malandro, esperto, vendido e sem valores, que ama seus ídolos enquanto eles estão por cima, vencendo. Basta começar a perder que quem era o máximo vira um merda. E isso não se reflete apenas em lutas, basta ver como se trata a Seleção Brasileira. Pessoas de outros países sempre comentam comigo a facilidade com a qual a torcida brasileira se volta contra sua seleção quando ela começa a perder um jogo: em vez de incentivar, começam a torcer pelo adversário. Brasileiro não quer ética, não quer valores, não quer postura. Quer vitória, para tentar se sentir melhor em relação a esse gigante complexo de vira-lata que tem. O estigma de Macaquitos parece só encontrar solução com vitórias de projeção internacional, o que, diga-se de passagem, é coisa típica de Macaquitos. Me chamem para sentir orgulho quando um brasileiro ganhar um Nobel.

Agora é amplamente permitido falar mal de Anderson Silva. Vejamos… o que mudou? A arrogância continua a mesma (não acha necessário levantar a guarda, provoca, irrita o adversário, etc). A falta de profissionalismo também (quem diz que vai quebrar os dentes do oponente, machuca-lo de propósito e manda-lo para o hospital tem ética no mundo da luta?). O que mudou foi que ele perdeu. E com a derrota dele, todos os vira-latas nacionais se sentem derrotados junto. Gente insegura fica para morrer quando sofre uma derrota pública. O brasileiro médio não perdoou a derrota de Anderson Silva, mas pelos motivos errados. Como sempre, por motivos egoísticos, camuflados de críticas fundadas que não se sustentam: arrogância e falta de profissionalismo e postura não são de hoje. A bronca consiste nele ter perdido mesmo.

Para piorar a situação, a postura da Fadinha do Dente não vem sendo das melhores. O evento em si já está levantando uma série de questões, muitos dizem que teria sido armado, que ele teria entregue a luta em troca de dinheiro. Não descarto, mas se o fez, é um bosta ao quadrado, primeiro por entregar uma luta de forma tão indigna e vergonhosa e segundo por se queimar assim em troca de dinheiro que não precisa, pois já tem dinheiro para jogar para o alto. Pequenas informações que conjugadas alimentam teorias da conspiração não param de circular pela internet: a filha da Fada do Dente teria dito depois da luta em uma rede social que o pai só perde uma luta quando quer, uma aposta de elevado valor no adversário e outros pequenos indícios mancham ainda mais o nome de Anderson Silva.

Mas como sempre, o pior inimigo do brasileiro médio é o próprio brasileiro médio. Uma entrevista concedida por Anderson Silva ao Fantástico jogou a última pá de merda que faltava em sua cabeça. Por mais medíocre que seja o Fantástico, eu amo essas entrevistas vibe “vamos limpar sua barra” que eles fazem com celebridades que mijaram fora do penico, porque é certo que a pessoa vai piorar ainda mais sua situação, apesar das perguntas mais do que combinadas e das respostas mais do que ensaiadas, sempre soltam uma merda! Quem não se lembra do Ronaldo dizendo que só foi com travecos ao motel porque achou que eram putas? Tipo, levar puta para motel sendo comprometido tá joinha. Celebridade acéfala tem que calar a boca e sumir quando faz merda, se não piora sua situação, como foi o caso de Anderson Silva.

Quando perguntado sobre a derrota em si, Anderson contradisse tudo que vinha dizendo até então. O discurso de que o cinturão já estava pesando demais, que achava bom que outro ganhasse, que não se importava, que estava tudo bem, deu lugar a um novo discurso de que estava sendo muito duro e etc. Vai ter gente engolindo, mesmo havendo um curto espaço de tempo de uma semana entre as declarações conflitantes, mas pior do que as pessoas engolindo é ele ter a falta de vergonha na cara de se “desdizer” em um curtíssimo espaço de tempo na maior cara de pau. A palavra dele definitivamente não vale nada. Ah sim, sei que é meio que marca registrada de brasileiro médio, mas queria pontuar que ele falou dele mesmo na terceira pessoa durante a entrevista.

Perguntaram se ele estava nervoso antes da luta e ele disse que não, que já passou dessa fase de ficar nervoso. Olha a arrogância aí! Ficar nervoso antes de um evento profissional importante é normal, é esperado, é desejável. Não ficamos nervosos com aquilo que não nos importamos. Eu tenho quinze anos de experiência na minha área e cada vez que sou colocada em uma situação de grande porte, determinante para meu futuro profissional, ainda fico nervosa sim. Não nervosa de ficar paralisada, de chorar, de desmaiar. Nervosa pela importância que dou ao evento, à minha imagem profissional e às pessoas que dependem desse evento. Não ficar nervoso em uma situação grandiosa envolvendo a profissão é descaso, é arrogância.

Perguntado sobre os fãs que ficaram chateados com ele e o chamaram de arrogante, Anderson Silva deu uma das declarações mais infelizes da entrevista, que faço questão de transcrever entre aspas: “infelizmente, os fãs mostraram que eles não são tão fãs assim”. Ou seja, se você é fã, não pode criticar seu ídolo quando discordar dele, tem que aplaudir tudo que ele faça, não pode exercer um juízo crítico, se não perde seu posto de fã. Fã, para Anderson Silva, parece ser sinônimo de devoção cega. Enquanto os fãs o aclamavam sem restrições eram bem vindos, mas a partir do momento em que começam a criticá-lo, não são tão fãs assim. Sensacional.

Quando outras pessoas do mundo da luta, atletas e treinadores, criticaram a postura da Fada do Dente, sempre com muito respeito, dizendo que faltou humildade, ele se defendeu feito uma mulherzinha, distribuindo alfinetadas: “Não. Não faltou respeito. Eu respeito todos os atletas, respeito o Weidman. Se fosse o Muhammad Ali falando que eu não fui humilde, aí eu ia me questionar, iria pensar se eu não fui humilde ou não”. Ou seja, ele continua um arrogante de merda que se recusa a ouvir críticas a menos que venham de pessoas que ele considera exemplos. Engraçado que elogios ele aceita de todo mundo, mas na hora de ouvir críticas me sai com essa: só aceita críticas de Muhammad Ali, cujo cérebro já virou patê em decorrência do Mal de Parkinson e nem deve desconfiar que Anderson Silva existe. Críticas a gente tem que ouvir de qualquer um, se questionar se são procedentes ou não, e, se for o caso, descartar. Mas Anderson Silva só se questiona se a crítica vem de alguém que ele acha foda, caso contrário nem perde tempo pensando sobre o que lhe foi dito.

Questionado se a luta foi armada, a resposta dele também foi muito infeliz. Ele disse que não faria isso EM RESPEITO AOS FÃS. Ora, eu não faria uma ilegalidade em respeito à minha consciência em primeiro lugar, porque não é da minha índole, não por causa de terceiros. E já que é para falar em respeito a fãs, vamos combinar que o de Anderson Silva deixa a desejar, já que sua postura durante a luta foi bastante desrespeitosa com aqueles que o admiram. Sei não, se o motivo dele não se vender é “respeito aos fãs” então devem ter comprado até a cueca da Fada do Dente, pois respeito aos fãs é uma coisa que ele mostrou que não tem.

A revanche já foi marcada para o dia 28 de dezembro. Todos nós sabemos qual será o desfecho: uma vitória com toques de redenção, que fechará a carreira de Anderson Silva com uma coroação heroica de exemplo de superação. Uma volta por cima, que aplacará em parte o complexo de vira-lata do brasileiro médio, que comemorará o título como algo a acrescer em sua autoestima, sem perceber que precisar se orgulhar de um campeão de MMA é mais humilhante do que ser um macaquito. Depois da vitória, todas as críticas a Anderson Silva serão apagadas, milhões de camisetas serão vendidas com seu rosto e ele provavelmente lançará um livro autobiográfico mix com autoajuda, livro este que ele não terá escrito uma única linha, apenas emprestado seu nome para ghost-writer. Em troca de ter um ídolo para aliviar seu complexo de vira-lata, o brasileiro médio engole tudo, esquece tudo.

Moral da história: Anderson Silva é um babaca, escroto, sem respeito pela sua “profissão” nem pelo seu público e vai oscilar de herói a vilão várias vezes durante o ano, porém com desfecho certo na posição de herói. O brasileiro médio vai ser levado pelos braços da mídia, por momentos idolatrando-o, por outros criticando-o, até conseguirem o “final feliz” que tanto gostam. E a gente vai ter que assistir a tudo isso sem falar nada, porque nesta terra ignorante quem faz alguma crítica em discordância com a opinião da maioria tem seus argumentos automaticamente justificados por “é inveja!”. Haja paciência para viver neste país…

A título de curiosidade, quem comentou este texto pode fazer um exercício reflexivo e reler seu comentário, se perguntando se ainda concorda com ele.

Para ter um surto de incoerência, criticar Anderson Silva e depois passar aqui em dezembro e endeusa-lo quando ele vencer a próxima luta, para me ameaçar pelo uso do termo “macaquitos” e observar eu rindo da sua cara ou ainda para enfiar a cara no próprio cu de vergonha por ter defendido esse babaca: sally@desfavor.com


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