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Desfavor Convidado: Desmagia Negra Parte 1

| Desfavor | | 59 comentários em Desfavor Convidado: Desmagia Negra Parte 1

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Desfavor Convidado é a coluna onde os impopulares ganham voz aqui na República Impopular. Se você quiser também ter seu texto publicado por aqui, basta enviar para desfavor@desfavor.com.
O Somir se reserva ao direito de implicar com os textos e não publicá-los. Sally promete interceder por vocês.

Desmagia Negra Parte 1: A história da magia

Fala povo, não sei o quantos de vocês aqui se interessam por mitologia, misticismo, filosofia, antropologia e teologia, mas estes serão assuntos que serão abordados nesta série carinhosamente chamada de Desmagia Negra. Quem gosta do assunto, aproveite a viagem, quem não gosta, passe reto e espere o texto de amanhã, ok?

Boa parte dos textos serão baseados no que aprendi na Maçonaria, ou seja, a maior parte estará baseada no misticismo judaico-cristão. Lembrando que não fiz nenhum juramento na Ordem para manter o sigilo, portanto contarei o que contarei sem nenhum peso na consciência. Além do mais, pretendo fazer aqui um trabalho sério, crítico e com bom senso.

Caso alguém queira colaborar ou deixar opiniões sobre os assuntos abordados, sintam-se a vontade de deixar mensagens no Blog, entrar em contato com a Sally, o Somir ou comigo mesmo. Pois bem, vamos ao nosso primeiro tópico da série: A história da Magia.

A magia talvez seja a forma mais primitiva de religião existente até hoje, pois foi através dela que o ser humano tentou dominar a natureza a seu redor. Como não havia ciência no início da humanidade, as pessoas se viravam como podiam para entender o mundo em que viviam. Após muitas experiências pessoais, o homem primitivo começou a perceber pequenas relações da natureza com algo que ele julgou ser uma inteligência superior.

A partir desta constatação, os humanos começaram a tentar ter uma relação mais próxima com o Divino e foi aí que começaram os rituais mágicos. No início eram rituais de passagem da vida, das estações, do clima e da colheita. Cada ritual era considerado sagrado, pois a bonança e a prosperidade das tribos dependiam da magia envolvida e da dedicação de todos em deixar a Divindade mais feliz.

A religião primitiva parecia que dava certo, pois boa parte das tribos viviam em condições razoáveis e os humanos foram se proliferando. Com o crescimento populacional, os humanos começaram a desconfiar que o Divino e a Natureza haviam forte influencia nesse crescimento e começaram a relacionar magia com sexo, pois ainda não sabiam que a concepção dependia do encontro dos gametas masculino e feminino. Assim nasciam os primeiros talismãs, objetos místicos que possuíam o poder de dar fertilidade aos homens e à terra em que viviam.

A magia primitiva persistiu até o momento em que o homem percebeu que tinha certo controle sobre a natureza, principalmente sobre o fogo. O fogo fascinava o homem primitivo, pois dava calor, afastava os animais perigosos e, principalmente, era fonte de luz. O fogo foi a primeira concepção da luta entre a luz e as trevas, mudando algumas ideias que o homem tinha sobre o Divino, pois começou a perceber que, além da natureza, a humanidade também fazia parte de algo superior. Sendo assim, os homens trocaram os rituais mágicos pela natureza por rituais mágicos pelos elementos da natureza. Uma mudança pequena, porém significante.

A humanidade foi evoluindo e teve cada vez mais controle sobre os elementos da natureza, se tornando parte importante do Plano Divino. Desta forma, começam a se formar as primeiras relações entre os fenômenos naturais com a vontade de um ser específico, criando-se assim os Panteões. A partir deste momento, a magia não era mais destinada à natureza, mais ao Deus que controlava a natureza, a magia não era mais pela chuva, mas pelo Deus que controlava as chuvas e assim por diante.

Até então, esses deuses possuíam as mesmas qualidades e defeitos dos humanos. Apesar disso, os rituais mágicos e os talismãs continuavam existindo, mas começa também a força da oração para que algum Deus fosse bondoso. O politeísmo persistiu por um bom tempo, até que chegamos ao Egito antigo. Foi lá que surgiu a primeira religião monoteísta do mundo, que foi desenvolvida pelo faraó Amen-hotep IV (que depois seria renomeado como Akhenaton).

Amen-hotep estava insatisfeito com os sacerdotes dos diversos templos, que já naquela época eram verdadeiros filhos da puta. Então ele começa a dizer que há apenas um verdadeiro Deus, que era chamado de Aton. Aton era representado pelo sol, mais uma vez para simbolizar que a luz e o calor eram coisas boas, ao contrário da escuridão e o frio da noite. A partir desta concepção, o fogo que já era sagrado, começa a fazer parte do Divino. Tanto que nos antigos templos de Aton, existiam piras de fogo que nunca podiam ser apagadas, pois eram a representação mística da presença de Deus nos templos.

Com o surgimento do monoteísmo, a magia foi tomando novas formas. Os rituais deixam de ser para a natureza ou a vontade dos deuses e se voltam apenas para um único Deus. Com isso, cria-se uma religião com mais unidade, sem aquela confusão toda que os antigos deuses faziam por mero capricho. Além disso, o sentido da morte toma novos rumos. Até então, não havia uma explicação mística bem elaborada para a morte. Foi no Egito que se tem relato dos primeiros escritos sobre a trajetória da alma após a morte, que ficaram conhecidos como “O livro dos mortos”.

Os judeus tiveram muito contato com essa religião quando estiveram no Egito, alguns apócrifos dizem inclusive que Moisés era discípulo de um templo de Aton, contrariando a ideia de que os judeus eram meros escravos. Tanto que quando atravessaram o deserto em busca da Terra Sagrada, os judeus já tinham adotado o monoteísmo e todos os antigos mistérios da magia egípcia.

Com a adaptação destes conhecimentos, os judeus conceberam novos rituais e simbologias místicas conhecida como Cabala. Para a Cabala, Deus está presente em todas as coisas, portanto tudo vem de Deus. Porém, Deus quer ser descoberto e para isso deixou diversas portas abertas no mundo para que as pessoas as descobrissem. Portanto, se a ciência descobre qualquer coisa, na verdade está descobrindo apenas algo que Deus criou para ser descoberto. Portanto, se as religiões trazem explicações místicas sobre Deus, é porque esse é um mistério que ainda há de ser revelado. Portanto, se a magia existe, é porque Deus deixou uma parcela de seu poder divino incubado em cada um de nós.

Essa pequena história, serve como base para explicar que magia nada mais é que a centelha de Deus atuando em nossas vidas. Tanto é que ela está presente em todas as religiões do mundo, por mais que elas tentem disfarçar. Por maior hipocrisia que haja na Igreja católica/evangélica, a Cruz é um talismã e o Pai Nosso uma oração mística com grande poder na magia. Há gente que diga, inclusive, que Jesus era iniciado na magia cabalista e que todos seus ensinamentos possuem indicações disso.

Polêmicas à parte, a verdade era que Jesus pregava para judeus e era visto como um grande mestre. Foi São Paulo quem divulgou a nova fé pelo mundo, criando assim o cristianismo primitivo. Para os judeus, Jesus era apenas um profeta, mas para os cristãos, ele era o salvador do mundo. Com isso, a magia cabalista foi tomando novos rumos e começa a ser chamada de gnose.

Como o judaísmo e o cristianismo se espalharam pelo mundo, essas duas vertentes da magia se apoderaram de outras que existiam até então. Assim caíram os druidas europeus, os xamãs americanos, os pajés brasileiros e outros tantos sacerdotes que estavam fora dessas duas religiões. Foi uma época de mortes, de luta de egos, onde o poder da Igreja crescia a qualquer custo, aniquilando diversas tradições místicas que faziam parte da cultura de quem vivia fora do cristianismo, os chamados “pagãos”.

A Igreja foi tão ávida em sua busca pela superioridade que quase destruiu sua própria magia, perseguindo até mesmo os cavaleiros templários, que eram religiosos guerreiros com forte base nas antigas tradições mágicas. A Igreja foi forte, porém a magia resistiu na obscuridade com os alquimistas. É quando a magia e a ciência começam a dar seus primeiros passos juntas.

Foram diversos artistas, físicos, químicos, matemáticos e médicos que iniciaram pesquisas com base em estudos místicos. Muitos foram inspirados por gregos, egípcios e outros povos que deixaram algum tipo de conhecimento válido para a pesquisa. Muitos morreram nas mãos da Igreja, mas por sorte seus estudos sobreviveram e por isso atualmente possuímos tanta carga de conhecimento e progresso.

De certa forma, devemos o conforto que temos aos magos, alquimistas, gnósticos, cabalistas e afins que trabalharam a favor da ciência em nome de Deus. De certa forma, o progresso da humanidade dependeu e ainda depende da crença no Divino. De certa forma, por mais que a ciência avance, a magia e o misticismo sempre estarão presentes no pensamento coletivo.

Continuando a história, a magia começa voltar aos poucos assim que a Igreja começa a perder sua força. Como os católicos estão misturados com os “pagãos”, a fé cristã começa a absorver novamente antigos rituais de uma nova maneira. Assim nasce a nova Páscoa, que nada mais é que uma adaptação aos rituais à deusa nórdica da fertilidade Gefjun. Assim nasce o Natal, pois a data 25 de dezembro provavelmente se originou com o antigo “aniversário” do deus-filho, Mithra. Assim nasce um monte de outros rituais adaptados de outros deuses, mas que são tratados como dogmas. PORQUE SERÁ? HEIM??

Por isso é tão interessante ver os crentes metendo o pau nas religiões onde a magia é mais presente, sendo que o próprio cristianismo é cheio dessas referências pagãs da época que a Igreja ainda era um Império. Quer eles queiram, quer não, também praticam magia, mas uma magia que é mais bem aceita na sociedade atual. Agora vocês possuem embasamento histórico para bater de frente com esse povinho, aproveitem.

Pois bem pessoal, assim termina o primeiro texto sobre magia, pois não há maneira melhor de iniciar um assunto do que contando sua história. Se bem que essa é apenas uma versão, já que a magia existiu no mundo inteiro, em diversas maneiras diferentes, mas o objetivo era sempre o mesmo: entrar em contato com o Divino na tentativa de dominar o ambiente ao seu redor. O que existe hoje em dia são adaptações desses conceitos primitivos e que serão explicados ao longo dos próximos textos.

Paz Profunda a todos.

Assinado: Chester


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