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Desfavor da semana: Filhas da Pátria!

| Desfavor | | 59 comentários em Desfavor da semana: Filhas da Pátria!

ds_filha-papai

O desembargador Pedro Saraiva de Andrade Lemos, da 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, devolveu a Márcia Maria Machado Brandão Couto, filha de magistrado morto há 30 anos, o direito a pensões mensais de R$ 43 mil. A decisão reformou a sentença da juíza Alessandra Tufvesson (15ª Vara de Fazenda Pública), que cortara os benefícios dois dias depois de o iG revelar o caso, em maio de 2012. FONTE

E olha que a gente pode até passar por cima da decisão corporativista e se concentrar apenas na pensão para ter um desfavor da semana.

SOMIR

A gente fica batendo na mesma tecla aqui semana após semana… Nada atrasa mais o Brasil que a “esperteza” de seu povo. Todo mundo quer levar vantagem e justiça é um conceito que essa gente só usa mesmo quando é eufemismo para barbárie contra marginal pretopobrefavelado. Quem consegue abusar do sistema para encher os bolsos acaba até mesmo admirado.

E com a cultura da esperteza à toda, nada melhor do que um Estado moroso e mal administrado para providenciar as tetas nas quais MUITOS beneficiados se refestelam… Como essa coisa do século passado de pensão vitalícia para filha solteira de desembargador ainda existe? Fácil, poucos não beneficiados prestaram atenção no caso até então. Porque nem fodendo que um filho teu foge à esperteza, não é mesmo, “terra amada”?

Enquanto ninguém reclamar, é como se o problema não existisse. E mesmo assim, tem que reclamar com certa visibilidade para atiçar a revolta da grande massa. Massa que se fode toda para fazer num ano bem menos o que uma filha de desembargador faz num mês… E isso tem muito mais a ver com as críticas médias do que a “mera” desaprovação ideológica de sangrar os cofres públicos sem motivo.

Compreendo que mulheres tem mais dificuldade no mercado de trabalho, mas foi-se o tempo em que elas mal podiam trabalhar. Benefícios como o que ilustra esta coluna estariam mais à vontade num museu, como letras mortas que realmente deveriam ser. O translado “casa do papai – casa do marido” não é mais a distância mais curta entre os pontos de estabilidade financeira para uma mulher há algumas décadas.

Deveria ser ofensivo para as mulheres, só pelo princípio de ainda serem taxadas de incapazes em pleno século XXI, mas é mais provável que caia na vala comum do “eu não recebo esse benefício, portanto ele é injusto”. Escrevo faz tempo que movimento de liberação que exige direitos iguais para usufruir de regalias específicas não é alvo de críticas à toa. O mundo acaba antes de mulheres exigirem serviço militar obrigatório… Igualdade nas coisas ruins? Isso não é coisa de gente esperta.

Gente esperta casa no religioso para não perder o direito a uma pensão absurda que não deveria receber para começo de conversa. Gente esperta que faz o país andar, embora não necessariamente para frente. Márcia Maria ganhou o destaque, mas não está sozinha. Só no Rio de Janeiro, o Estado paga quase meio bilhão de reais por ano para cerca de trinta mil filhas “solteiras” de servidores.

Imagina-se quanto cada uma leva todo mês… Impressionante como quase todas se tornam solteironas convictas. E eu poderia apostar que a maioria delas se indigna com os políticos corruptos e o descaso com os serviços públicos. Mesmo que seja só para fazer uma pose, como a maioria das outras pessoas quem conhecem.

Brasileiro praticamente não se mobiliza, aceita bovinamente todos os absurdos pelos quais é obrigado a passar. E muito se engana quem acha que é mera passividade… é esperteza. Afinal, um dia a maré pode virar e o beneficiado pode ser você. Todo mundo concorda que o país desperdiça dinheiro, mas AI de quem sugerir corte de gastos supérfluos com funcionários públicos (frequentemente incompetentes)… Vai que amanhã o incompetente é você ou alguém próximo, não? Acabar com a esperteza é acabar com as oportunidades de exploração.

O único alento na história é o de que esperteza não precisa e frequentemente não costuma andar de mãos dadas com inteligência. A pessoa esperta tenta levar vantagem sempre que pode, mas não costuma planejar bem as consequências de seus atos. Márcia Maria que o diga: Numa ação pede pensão para o ex-marido, em outra, garante que nunca se casou. Troféu “Na hora parecia uma boa ideia” para ela.

Talvez a mídia consiga gerar desconforto suficiente para uma revisão sem vistas grossas dos benefícios concedidos, mas não vamos nos esquecer que uma mão lava a outra: Sobra para o Judiciário decidir sobre vantagens estendidas ao próprio Judiciário. Quem regula o regulador? Até segunda ordem, o desembargador Pedro Saraiva, da 10ª Câmara Cível carioca, entende que não se deve cortar o benefício, afinal, uma pessoa que recebeu milhões do Estado nos últimos anos não pode correr o risco de ficar sem o dinheiro até decidirem se ela realmente se casou. Vai que ela fica sem o champagne das crianças? Bem-estar do cidadão acima de tudo!

E como já é de praxe, ainda existe a possibilidade real de conseguirem se segurar pelo tempo suficiente para a imprensa se dedicar a outras das tantas falcatruas e incongruências que assolam a máquina pública brasileira. Se der certo, pode-se manter tudo do jeito que está, pegar umas como bodes expiatórios e fazer aquela coisa muito esperta de mostrar serviço sem realmente resolver porra nenhuma.

O grande problema é que praticamente ninguém tem vergonha de ser esperto. É cultural. Mesmo os políticos mais sujos ainda mantém sua pose e tratam qualquer confrontação como perseguição política. Afinal, vai que cola?

Para dizer que eu só estou com Enveja porque trabalho para ganhar meu dinheiro, para dizer que a cutucada anti-feminismo foi desnecessária (nunca é), ou mesmo para dizer que querer honestidade no Brasil não é uma coisa esperta (ainda bem!): somir@desfavor.com

SALLY

Pessoas que recebem dinheiro público pelo único mérito de serem filhos de alguém. Você acha isso justo? E pessoas que recebem dinheiro público por serem filhos de alguém com base em fraude? Marcia Maria Machado Brandão Couto acha justo e está brigando com unhas e dentes pelo seu dinheiro fraudado.

A cidadã que ilustra esta notícia em específico recebia duas pensões: uma de 24 mil (por causa da morte do pai em 1982) e outra de 19 mil do RioPrevidência. E não preenche os requisitos. No entanto o Judiciário sempre se acovarda diante desse tipo de situação, porque no Brasil ser FILHO DE ainda vale muito, sobretudo quando você é filha de um colega de quem decide. Filha de Magistrado, direito garantido, mesmo sem razão. Contra o posto de filha de magistrado nem a imprensa pode.

O pagamento de pensão foi pensado para não deixar crianças cujo pai (nos tempos em que apenas o pai era provedor) exercia certas profissão que implicariam em certos problemas, como por exemplo, que poderiam gerar sua morte precoce como no caso dos militares que teriam que lutar em guerras para proteger as fronteiras do país. A regra foi pensada para amparar crianças órfãs, que quando ficassem adultas e casassem perderiam este direito, em uma época em que a mulher casava com 18 anos.

Mas como tudo no Brasil, a malandragem nacional cagou tudo. A boa vontade do legislador foi totalmente estuprada pela esperteza dos aborígenes estelionatários. Junte-se a isso o corporativismo, a canalhice da acobertação recíproca e você vai conseguir milhões do meu, do seu, do nosso dinheiro pago a estas vagabundas que não querem trabalhar porque são FILHAS DE. No caso, filha de magistrado.

Eu teria vergonha. Eu teria muita vergonha de viver do dinheiro público sem ter direito a ele. É na porta de gente como ela que as tetas-caídas da FEMEN tem que ir protestar, e não na casa de vidro do BBB. Mulher que se aproveita de uma lei antiga e frauda a própria vida para obter um benefício o qual não merece é uma das maiores vergonhas para a causa feminista. Sem contar que prejudica não apenas outras mulheres como toda a população.

A lei é clara dizendo que em caso de casamento há perda do direito de pensão. Há fotos do casamento da Marcia Maria Machado Brandão Couto. Engraçado como é o brasileiro médio, quando convém diz uma coisa, quando não convém diz outra. Não obstante ganhar a bagatela de 560 mil reais por ano do seu, do meu, do nosso dinheiro e de alegar no processo referente à pensão que nunca foi casada, esta mesma pessoa, Marcia Maria Machado Brandão Couto é autora de outro processo onde afirma que foi casada e pede pensão alimentar para seus dois filhos do homem que ela nem conhece. Tem como ser mais cara de pau?

Cara de pau! Cara de pau por jurar que não é casada para receber pensão por morte, cara de pau por ganhar quase 50 mil por mês e ainda pedir pensão alimentícia para ex-marido, cara de pau de dizer oficialmente que não é casada em um processo jurando que é casada no outro. É muita certeza de impunidade. Normal, no Brasil magistrado e filho de magistrado experimenta isso a vida toda: impunidade. Os culpados? Eu e você. Porque no dia que gente assim começar a sentir MEDO, vai andar na linha.

Tem que rir para não chorar da fundamentação dada na decisão judicial que reestabeleceu a pensão desta senhora: a revogação traria “graves prejuízos” a Marcia Maria Machado Brandão Couto. Sensacional. E a manutenção gera graves prejuízos a toda a população, e aí? Mas não adianta, filho de magistrado é juridicamente intocável, mesmo quando a mídia está em cima, marcando de perto, como neste caso. Não dá para contar com o Judiciário. Ou a população se mexe e faz esse tipo de pessoa sentir MEDO, afinal, é o NOSSO dinheiro que está sendo roubado, ou a palhaçada vai continuar.

Como este, existem muitos outros casos. Estima-se que o seu, o meu, o nosso dinheiro banque cerca de 30.000 burras velhas “solteiras” FILHAS DE. O custo anual dessa brincadeira? Mais de 450 milhões de reais, que poderiam estar sendo utilizados de uma forma bem mais digna do que bancar FILHAS DE.

Honestamente, a revogação do benefício não bastaria. Marcia Maria Machado Brandão Couto tem que ser punida criminalmente pelo que fez e além de ser presa tem que ser obrigada a devolver todo o dinheiro recebido indevidamente com correção monetária. Ela e todas essas 30.000 vagabundas que na hora do relacionamento devem pregar a igualdade entre homem e mulher mas na prática se escondem atrás do suposto “sexo frágil”. Belo exemplo para sua família, para seus filhos. Bela merda de seres humanos que são. Parasitas sem dignidade, ladras, vergonha para a raça das mulheres.

Como pode uma pessoa ser tão sem vergonha na cara de, em uma ação judicial anexar uma filmagem do seu casamento, afirmar que vivia maritalmente com o sujeito, pedir pensão e no outro processo jurar que nunca viveu maritalmente com a pessoa? Como pode o Judiciário passar pela vergonha de ignorar esta contradição gritante e fingir que não vê esta merda que já foi devidamente jogada no ventilador? É um convite a fraudes e mais fraudes por parte destas parasitas sem dignidade. Nem com o estouro do caso na imprensa uma sombra de vergonha na cara pairou sobre estas pessoas. Nem a imprensa está tendo força contra a filhadaputez das pessoas, ou o povo se mexe, ou vamos virar capacho.

Eu queria ver se fosse um preto, pobre, favelado fazendo algo desse tipo. Não me refiro a pensão, mas afirmando uma coisa em um processo e negando a mesma coisa no outro. Sairia preso da sala de audiência. Seria condenado. Seria inclusive humilhado pelo Juiz, pela afronta de tentar passar a perna no Judiciário. Mas as FILHAS DE, as filhas dos colegas magistrados podem. Para elas não há o rigor da lei. Se perante o Judiciário elas já praticam esse nível de falta de respeito, imagina o que não fazem no dia a dia com pessoas normais como você e eu.

Daí eu retomo o mesmo argumento que venho repetindo: faz porque não tem medo. Faz porque não recebe um freio. Falta predador, falta uma trava. E já sabemos que o Judiciário não corta na própria carne. A trava tem que vir de fora. Se pessoas indignadas fossem nas redes sociais desta senhora, dos filhos desta senhora, do namorado desta senhora dizer o que pensam, se fossem no colégio dos filhos dela dar palestras sobre o que a mãe faz (como fazem os argentinos), se a tratassem com a falta de respeito com que ela trata o nosso dinheiro pago em impostos, talvez ela pensasse duas vezes. E os magistrados que decidiram a favor dela também merecem, no mínimo, perder seu cargo. No mínimo, e ainda acho pouco. Magistrado deveria ser responsabilizado economicamente pelo prejuízo à sociedade quando soltasse uma sentença notoriamente equivocada.

As pessoas só fazem isso porque A GENTE DEIXA. Será que não é hora de parar de deixar não? Escolha sua arma: a palavra, a mobilização, a desmoralização ou qualquer outra, não importa. Apenas faça alguma coisa. Essa gente toda que nos sacaneia só vai parar quando sentirem medo.

Para perguntar porque eu não faço alguma coisa e ouvir que eu estou, para perguntar onde está o feminismo ou ainda para lamentar que você não seja FILHA DE: sally@desfavor.com


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