Flertando com o desastre: 50 tons de Crepúsculo.
| Somir | Flertando com o desastre | 52 comentários em Flertando com o desastre: 50 tons de Crepúsculo.
Ou: Como é fácil ganhar dinheiro em cima de mulher. Admito aqui e agora que não li nenhum dos livros sobre os quais vou falar, nem os de Stephenie Meyer, nem os de E.L. James. Li passagens de ambos, sei mais ou menos o cerne das histórias… O suficiente para cobrir minha “obrigação profissional” de jamais ficar muito perdido sobre o que faz sucesso nesse mundo. Não me proponho de forma alguma a analisar a fundo esse material, mas tenho sim uma opinião sobre a “conjuntura de mercado” que cria esses fenômenos.
E a resposta para o sucesso de Crepúsculo e 50 Tons de Cinza é simples: Mulheres conseguem sexo mais fácil que homens. Obrigado, e até a próxima!
…
Tá, eu posso desenvolver melhor. Vamos só entender primeiro a conexão entre os dois livros: 50 Tons de Cinza começou como uma “fanfic” sobre Crepúsculo. E para quem não sabe o que é fanfic, o nome completo ajuda: “Fan Fiction”. É ficção criada por fãs. Fanfics são histórias derivadas de universos ficcionais de outros autores, às vezes criando novas personagens, mas na maioria das vezes escrevendo novas falas e situações para as personagens originais da história homenageada.
Não deveria ser surpresa, mas não custa dizer: Boa parte delas são contos “eróticos”. Virtualmente qualquer personagem famosa na mídia tem uma história pornográfica hilariamente mal escrita por algum fã. E entendam que nem mesmo séries como Harry Potter escapam. Nada é sagrado para escritores de fanfics… Livros, filmes, desenhos, jogos… para cada um deles (até mesmo alguns obscuros), existem fanfics. E com certeza versões pornográficas nesse bolo.
Quando uma dessas ficções eróticas de fãs ganha asas próprias, se desvencilha do material original e vira um sucesso de vendas, é de se imaginar se ela é TÃO melhor assim que as INCONTÁVEIS outras que entulham a internet diariamente. Na prática, dificilmente. Basta ler alguns trechos do livro para sacar que não é a qualidade da escrita ou a profundidade da história que fazem alguma diferença.
Como a mídia já achou bacana rotular, 50 Tons é pornô soft (embora seja explícito nas palavras e descrições… vai entender), de mulher para mulheres. Claro que muito homens leu, mas fica evidente o foco mercadológico no público feminino, seja pela estrutura da história, seja pela publicidade. Se o autor fosse homem, mesmo que o texto entregasse uma qualidade parecida (e pelo visto isso nem é tão difícil assim), duvido que teríamos um fenômeno parecido.
Afinal, são eles que estão escrevendo a maioria dessas histórias eróticas perdidas pela internet. Claro, virtualmente todos tem o senso de “clima” de um diretor de filme pornô, só gritando “gravando!” quando alguém já está pelado, mas mesmo assim, o recente fluxo de mulheres escrevendo esse tipo de texto também não prima pela capacidade de contar uma história. Dentro do grupo, sempre aparecem alguns menos piores. Se E.L. James teve uma chance, porque nenhum homem a teve antes?
Novamente, simples: Se um homem escrevesse a mesma história trocando o ponto de vista das personagens, seria taxado no mínimo de nerd punheteiro. E se isso gerasse alguma exposição, aí sim viriam os gritos de misoginia e preconceito. Vida de mulher não é fácil, tudo bem, mas os passes livres que elas tem para serem ridículas são inimagináveis para seres do sexo oposto.
Um homem escrevendo 50 Tons queima seu filme, uma mulher passa por moderna, liberada e corajosa! Foda-se a qualidade do material. A inadequação feminina é festejada, a masculina é reprimida. E quem sabe ganhar dinheiro nesse mundo sabe muito bem o que fazer com isso. Porque o público médio quer consumir é isso mesmo: Pornografia sem presunção de pornografia. Mulher tinha mais medo do estigma do que repulsa pelo material. E não me entendam mal: Que bom que a sociedade moderna não impõe mais tanta repressão ao impulso sexual feminino.
Mas para manter a presunção “saudável” para as vendas, esse continho erótico de internet, com temas mais batidos que as cuecas do Marquês de Sade, essa pura indulgência em forma de texto… isso está passando como literatura! Como um grito de liberação feminino! Puta que pariu! Homem vê um filme pornô, com premissas, cenas, corpos e prazeres irreais para a vida cotidiana e não é incentivado a achar que isso é uma forma de expressão artística… é apelação.
E apelação honesta tem seus méritos. Ninguém precisa se privar desses prazeres, mas criar uma intrincada rede de autoperdão intelectual só para aproveitar material erótico? Precisa? Não é nada mais do que Crepúsculo com sexo (im/ex)plícito e algumas chicotadas. Essa é a inspiração da autora! Quer ler, ver e ouvir essas merdas apelativas? Bacana, divirta-se! Mas não tente empurrar qualquer presunção de alta qualidade literária para cima do resto do mundo. É uma fanfic… feita para apelar, agradar e dar um desânimo depois.
E voltando para a obra original, os livros e filmes de vampiros escritos por uma mulher que não sabe o que é um vampiro, entendemos melhor outro aspecto importante desse “boom” comercial: Mulheres estão recebendo, FINALMENTE, um pouco de conteúdo nerd em suas vidas. Crepúsculo e seus filhotes malditos tem uma das histórias mais babacas e mal organizadas que eu já vi. Parece e é juvenil até a última fibra de sua existência. Apela sem nenhuma vergonha para fantasias típicas de adolescentes espinhentas.
Estou metendo o pau nesse material, mas não estou excluindo-o: O mercado nerd está começando a ser desbravado pelo público feminino. Obras de “entrada” costumam ser bem babacas mesmo. Eu comecei lendo quadrinhos e vendo desenhos com a profundidade de um pires, a maioria apelando para minha fantasia de ser um ser poderoso e reconhecido. A maioria com a figura de mulheres como damas esperando para ser resgatadas… O “vazio” típico de Crespúsculo não é sinal de que mulher não sabe escrever, é sinal de que “fantasia” é um gênero muito afeito a agradar um público deslocado e pouco experiente na vida. Muitos dos que escrevem essas histórias são meio “losers” também.
Com o tempo você sai desse material mais raso e começa a encontrar histórias mais bem feitas, com personagens mais realistas e motivações menos infantis. Eu espero, de coração, que histórias de fantasia do tipo de Crepúsculo ajudem a criar um mercado mais adulto de nerdice feminina, mas me preocupa muito que essa tal de carta branca que mulher tem para ser nerd e não sofrer tantas consequências de aceitação social possa minar todo o processo.
Se a versão adulta de Crepúsculo é algo do tipo 50 Tons, as nerds desse mundo vão sofrer para achar material de qualidade feito para elas. Muita aceitação pode virar estagnação. Embora muitas amem os mesmos materiais que os nerds do sexo masculino, a maioria é escrita por homens e tenta apelar para seus desejos e fantasias (não só sexuais).
Porque não se pode negar que eles e elas tem gostos diferentes quando o assunto é apelação. E apelação, desde que bem integrada à história, não é uma coisa negativa. Quando homens querem apelação pura, uma loira tatuada com peitos enormes mostrando o útero numa tela costuma dar conta do recado. Mas vê se é só isso que eles consomem? Principalmente no mercado de ficção, sempre tentam ir além do básico para eles.
Talvez mulheres não se reduzam a um denominador comum tão simplificado assim, mas a aprovação social do consumo de apelação é uma realidade para as mulheres. Voltando ao material que ilustra a coluna de hoje: As duas histórias apelam para a noção do “príncipe encantado com um porém”, arquétipo antiquíssimo adaptado aos tempos modernos. Além do clássico “vivendo aventuras guiadas por homens” que por mais que as mulheres não gostem de admitir, está tatuado nas suas mentes como algo desejável. As duas protagonistas femininas da história estão no banco do carona. Parece ofensivo, mas elas se amarram nisso, pelo menos num nível inconsciente.
É SÓ apelação. É quase pior que uma história do Conan, traçando um paralelo masculino: Sim, porque Conan é apelação pura no sentido de carregar o leitor para dentro da história e fazê-lo se imaginar no papel do Cimério… ele é foda, macho pra caralho, bate em todo mundo e todas as mulheres querem dar para ele. Mais óbvio impossível. Vejam bem, eu já li muitos quadrinhos do Conan até hoje, acho apelação pura, mas eu entendo que seja apelação pura e acho bacana, o arquétipo é raso, mas as histórias até que são bem escritas. Só que quando eu quero algo mais complexo, eu tenho para onde correr (Allan Moore, Garth Ennis, Moebius e tantos outros…).
E as mulheres? E quando a apelação pura começar a ficar meio… chata? Vão achar que era só isso mesmo e ignorar as inúmeras possibilidades do mercado de ficção e fantasia mais “nerds”? Vão taxar tudo de literatura juvenil ou pornografia light? Que material apelativo para elas é sempre essa porcaria rasa? Sem as críticas NO ALVO da qualidade baixa do material e Meyer e James, fica parecendo que o problema é que mulheres estão fazendo a mesma coisa que homens fazem há séculos e estão sendo criticadas apenas pelo seu gênero.
Um desvio horrível de curso. Não é o gênero, nem mesmo a vontade de apelar para os desejos e fantasias da mulher, é fazer isso de qualquer jeito, com livros escritos em três meses (Crepúsculo) ou com fanfics eróticas toscas (50 Tons)… É a falta de critério de bater em homens que escrevem merdas desse tipo e achar que quando é com uma mulher, é machismo ou mentalidade retrógrada em geral.
O mundo está cheio de apelação. Mulheres merecem que as feitas para elas sejam melhores. Não se contentem com pouco, apelação pode ser MUITO mais bem feita. Não é só porque você vai pagar de moderninha lendo 50 Tons que isso não faz de você uma otária pagando para ler fanfic ridícula de internet.
Preferia o tempo em que “Júlias” da vida ficavam escondidas num canto da banca de jornal…
Estou aproveitando alguns momentos de folga para ler o que ainda não li, pois vocês são malucos de pedra e a qualquer momento podem tirar o blog do ar. (Nããããããããããão!)
Não li os livros, mas vi o filme 50 tons. A bizarrice não está no excesso de romantismo barato ou no humor involuntário do mocinho tentando ser vilão, mas na reação da plateia. Fui com um grupo de 8 colegas de trabalho, só um homem, e fiquei prestando atenção nos comentários:
“- Queria um homem com pegada feito ele!”
(para ter pegada tem que ser violento???)
“Eu tenho curiosidade com BDSM, mas tenho medo de ficar submissa mesmo e acabar sendo mais uma vítima da Maria da Penha”
(De novo: sexo, pra ser bom, tem que flertar com a violência doméstica???)
“Eu tenho algema e vibrador, mas ainda não usei.”
(Então, pra que tem???)
Não fiz as perguntas para elas, porque fazê-las me colocaria numa posição de superioridade ilusória. Obviamente elas são românticas (nunca fui!), consomem o que está na moda e se acham super liberais por causa de uma algema de plástico. Mas, há 200 anos, nunca um grupo de mulheres leria livros com essa temática, compraria esses acessórios e falaria de pornografia abertamente, o que já é um avanço. É o que temos para hoje.
Mas parei para pensar que ser uma defensora sincera da igualdade e da não-violência e não ter interesse em sadomasoquismo e seus brinquedinhos de dominação ilusória não me protege de ser tão boba como elas. Elas são tontas? São. Mas nada garante que eu não seja igualmente tonta, ainda que num outro nível de “tontice”.
Essas mulheres que amam essa pornografia leve, romântica, com final feliz, e também esses homens idiotas que se acham “mestres fodões” porque usam uns brinquedinhos não entendem nada de dominação. Não se domina alguém com cordas, algemas e acessórios óbvios . A única dominação verdadeira é a mental. Estamos todos vulneráveis a esse risco.
Esse livro é um”Júlia de banca” que deu certo. Não perderia tempo lendo . Mas não deixo de ter inveja da autora, que ficou milionária sem esforço.
Achei um desfavor o texto, mesmo tendo mais ou menos a mesma opinião sobre as obras, que também não li. Por causa de uma amiga, que também achou clichê mas gostou, tentei ler 50 tons e n consegui, foram duas páginas muito chatas.
Só que o resto das conjecturas do texto são tristes demais, a estória da nerdice feminina abrindo caminho, materiais nerds para mulheres. De onde se tira tanta bobagem? E desde quando os materiais masculinos ficam atrás? Cheios dos mesmos estereótipos rasos, só que com foco centrado nos homens. Literatura de merda tem de monte – do meu ponto de vista, mas do ponto de vista de outrem… cada um lê o que lhe aprouver.
Assim como tem fanfic ruim de montão, tem gente fazendo crítica e se achando acima dos outros. Estão todos na mesma canoa.
Tenho muita coisa de literatura na bagagem, mas assino como leitora de quadrinhos quarentona. Será que eu tenho direito a entrar na onda nerd que tá chegando pras mulheres?
Quer saber, dispenso o rótulo, é deveras irritante receber um.
Aqui na saraiva achei uma paródia a série 50 tons, que tem o título de 50 vergonhas de cinza. E quando joguei “50 tons de crepúsculo” o primeiro resultado foi uma resenha de um domínio aparentemente relacionado a saraiva, onde se dizia que a fanfic base dos livretinhos meia bomba tinha o título de “masters of the universe” (he-man feelings).
Quanto aos livretos, não vi e não gostei, mas da paródia estou caindo de rir.
“Mais cinquenta” ! hahahahaha
Para quem acha que a colocação do Somir porque ele “não viu e não gostou”, acho que seria uma boa colocar essa de quem viu e não gostou.
Nem perco meu tempo com 50 tons de cinza.
Acredito que toda leitura é válida. Não gostei de 50 tons e não ligo ter virado modinha, não acho que ler livros babaca, inúteis ou fracos possa ser algo ruim. Concordo com a guria que comentou ser melhor ler do que ver a Globo. Tem gente que tem muita cultura e lê apenas história em quadrinhos. Tem gente que só lê Shakespeare, mas não entende nenhum de seus sonetos, outros se tornam tão cultos que não conseguem desenvolver uma conversa com ninguém, pois não tem informações que os outros tem, e se tornam chatos. Isso é relativo, se me interessa eu leio, é importante conhecer para poder criticar. Gosto da saga Twilight, mas acho fraco o desenrolar da história e especialmente seu final, mas não é por isso que o descarto totalmente, existem partes aproveitáveis para mim. Uma questão que se torna evidente e até irritante ultimamente é a “moda” DE ODIAR OS MODISMOS, não sei se vocês vão entender, mas o lance dos haters é um pé no saco. Ás vezes eu não sei o que é pior, quem é fã alienado só por causa da modinha ou quem odeia mortalmente também por causa da modinha. Sem excessos de fanatismo e ódio, a leitura e a cultura fluem melhor ;)
Não li nem assisti Crepúsculo, mas confesso que li os 3 50 Tons a tempos atrás, antes mesmo de se tornar essa febre. A maioria com quem eu comentava dele desconhecia.
A história é mal escrita mesmo, parece coisa de amador e acho até que escreveria melhor, mas nao vou dizer que a idéia é ruim.
Pouco importa se foi mulher ou homem que escreveu.
Qualquer história que tenha o tema interessante pro leitor é capaz de aguçar sua imaginação, e pra qualquer pessoa que nao ache o sexo e a fantasia um tabu vai saber aproveitar e tbm imaginará e fantasiará ao ler a história dos livros (apesar de, repito, mal escrita).
Me considero eclética em termos de leitura, ja li Kafka, Dostoievki, Tolstoy, e as pessoas me chamavam de metida. Mas tbm leio algumas porcarias e histórias rasas e aí as pessoas e chamam de bocó. Enfim……
Evidente que nao é uma obra literária, mas dá sim pra brincar um pouco com a imaginaçao.
Bjos Sally e Somir
Julianna, no seu caso excepcional, que bebe de várias fontes, pode até ser que exista algum ganho. Mas a regra não é essa, a regra é gente que não lê porque é cansativo e quando pega uma bosta de livro desses que não chega nem a fazer cócegas no cérebro, lê e gosta. Sabendo que tem esse tipo de literatura fácil, a pessoa não se esforça para pegar a literatura de verdade (o que talvez faria se não tivesse essa opção) e passa a vida inteira pulando de Dan Brown para Paulo Coelho. Acho que esses livros de merda mantém a pessoa em uma zona de conforto de ignorância.
Podem me chamar de PRECONCEITUOSA, pois, neste caso, admito ser. Eu faço juízo de valor de determinadas publicações sem sequer lê-las, sendo as duas comentadas neste post os exemplos mais recentes. E vou além: ME RECUSO A LER qualquer coisa que seja tão POPULAR/MASSIFICADA porque, via de regra, O QUE A MASSA GOSTA COSTUMA SER UMA MERDA.
E pra entornar o caldo de vez: faço igual (e pior) juízo de valor das pessoas PESSOAS (mulheres em sua maioria) que leem essas publicações e ainda carregam FORA DA BOLSA com um orgulho… Dá vontade de vomitar! Não basta ler PORQUE está na moda, tem que expor ao mundo que lê O QUE está na moda. Costumam ficar orgulhosas POR ESTAR LENDO, “se sentindo intelectuais”, a tal ponto que sequer se dão ao trabalho de formar uma OPINIÃO PRÓPRIA sobre o que leram/estão lendo. Podem perceber: quando você aborda uma mulher dessas e pergunta se o livro é bom, todas respondem “sim, é, muito bom, interessante, vicia etc”…
É a necessidade de PERTENCER, me parece. Patético.
Sei que vou ser muito criticada, mas ainda sou da opinião que melhor ler alguma coisa do que não ler nada…
Eu leio pra me distrair, leio muita coisa que não me acrescenta em nada, mas é pra relaxar a cabeça, faço a mesma coisa com seriado, assisto muitas séries…
Não entendo qual a diferença entre ler um livro bobo como crepúsculo ou assistir um seriado como grey’s anatomy, o propósito dos dois é o mesmo descansar a cabeça.
e do jeito que está a educação hoje em dia prefiro que as pessoas leiam qualquer coisa, porque pelo menos estão lendo e aprendendo um pouco de português.
Aline, ler fórmulas prontas, fáceis e medíocres não pode piorar/estimular a atrofia cerebral?
O que é pior, uma DVD virgem ou um DVD todo gravado com Furacão 2000?
Acho que a pessoa que não tem a cabeça contaminada por uma leitura de merda ainda tem alguma chance maior de evoluir na vida…
Na minha vã ingenuidade, tenho esperança de as pessoas pegarem o hábito de leitura e, aos poucos, irem se aventurando por leituras mais densas e que acrescentam algo.
:(
Que nada, se atrofiam, se viciam naquilo e qualquer coisa mais profunda já as repele…
se uma pessoa não estiver lendo vai estar assistindo novela, ou no facebook ou qualquer coisa assim, então ainda acho melhor a opção do livro… pelo menos ta aprendendo um pouco de gramatica ao invés de desaprender no facebook…
na minha empresa tem vários menores aprendizes, que mal sabem escrever um email sem o internetês… ai quando você fala para algum deles ler sempre respondem, ler é chato… então se tirarmos essa mentalidade das pessoas, no futuro teremos mais pais estimulando seus filhos a ler.
um professor de portugues meu conseguiu traumatizar uma classe inteira mandando ler o livro senhora para prova, quando tínhamos 13 anos de idade. traumatizou um monte de adolescente.
Dependendo do livro, acho que desaprende-se mais do que aprende-se. Pior: cria-se um vício, um hábito, um costume pela ignorância
Não adianta, ainda acho que leitura independente de qual seja é melhor que globo ou facebook.
Já vivemos em um país aonde se tem o costume pela ignorância. Pelo menos ler aumenta a capacidade de compreensão de texto.
Sem problemas, concordamos em discordar.
Ficamos então entre dois extremos: de um lado uma literatura feita dos Crepúsculos da vida, com sua temática e narrativa simplista e, do outro, uma literatura em que, quanto mais os críticos, ao se referirem a suas criações, usarem de termos e expressões incompreensíveis, mais é tida por superiora; em que seus grandes autores são tidos como seres intocáveis, verdadeiros homens-livros, impassíveis de críticas ou de erros; uma literatura que possui seus representantes “imortais” em vida, que buscam desenfreadamente por uma imortalidade tão irrisória quanto a perfeição de suas obras. É esta mesma literatura que criou a ideia de que quanto mais um livro torna-se popular, menos tem que ser bem avaliado pela crítica.
Para mim a literatura tem o papel fundamental de entreter o leitor; o que não a impede, por sua vez, de tocar em assuntos importantes em suas páginas. Além do mais, a diversão e o entretenimento, parece não pertencerem, ou no mais das vezes é posto como qualidades secundárias na literatura dita de arte, posto que o que acontece na literatura, pelo menos na literatura brasileira, se assemelha muito à separação que se criou na arte do cinema, na separação entre “cinema de diversão” e “cinema de arte”, em que o primeiro é tido como inferior ao segundo, atraindo, segundo seus críticos, um público com percepção e sensibilidade limitadas; assim, criou-se a ideia de uma literatura acadêmica, “séria”, voltada para a “educação da sensibilidade humana”, do “esmiuçar do que não pode ser dito com as palavras”, do narrar “o instante eterno da sensibilidade” etc., etc., etc., em que a diversão e o bom humor jamais são tocados.
Além do mais, esta forma de literatura esquece que literatura também é uma questão de gosto: o autor mais conceituado do mundo pode muito bem não me agradar, apesar d’eu não tirar seus méritos.
Assim sendo, creio que é muito mais perigoso à formação de novos leitores, a leitura obrigatória, como acontece em nossas escolas, que pode traumatizar o aluno para o resto da vida, do que a leitura dos “Cinquenta tons de Cinza” da vida; que pode ainda manter a chama de que seus leitores possam um dia descobrir autores melhores, com literatura bem mais rica.
Cara…eu já enchi o saco das minhas amigas que leram “50 Tons de Cinza” porque de cara eu já não gosto de livro que apela demais pra publicidade. Ok, respeito o trabalho do publicitário, sou capaz de entender que um produto lançado ao mercado necessita ser vendido, consumido. Mas porra, enche o saco ver essas merdas desses livros em qualquer supermercado de esquina! E enche o saco que a manobra publicitária escolhida, a mensagem que estão querendo nos passar pra vender esse lixo seja a de “um livro para mulheres modernas”. Quer dizer que mulher moderna lê “50 Tons”? Mulher moderna não tem medo de se aventurar pelo universo BDSM? Pra bater uma siririca eu não preciso disso, obrigada.
Eu já tinha assistido um vídeo onde o vlogueiro metia o pau nesse livro, agora vcs falando deu até vontade de ler pra saber do que se trata… Não vou gastar um centavo, vou puxar o ebook di grátis mesmo :D
Dica de leitura para as féria ( pelo menos para quem gostar do meu estilo )
-Duna , Frank Herbert
-Uma princesa de Marte, Edgar Rice Burrows
-O conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas (lendo)
-Os tres mosqueteiros, Alexandre Dumas ( lendo )
-A dança do Universo, Marcelo Gleiser
-Trilogia Fundação, Isaac Asimov
-Portoes de Fogo, Steven Pressfield
-Aviador, Eoin Colfer ( Batman+Conde de montecristo+Santos Dummond)
sao os que li até agora este ano.
Abraços
“Preferia o tempo em que “Júlias” da vida ficavam escondidas num canto da banca de jornal…”, eu disse a mesma coisa há um tempo atrás pra alguém.
Já até cansei de discutir sobre o quão ruim é essa obra, o quão lixo é … mas se essas pessoas fossem capazes de entender o que eu falo, elas não iriam ler e gostar.
Puta que pariu!
http://br.noticias.yahoo.com/bispa-da–renascer-em-cristo–lan%C3%A7a-perfume-com-cheiro-de-jesus-164415199.html
Já estava separado para o TOP DES, eu vi no Jesus Manero! A Bisca Sonia não tem jeito…
Minha sugestão pro Top Des: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/12/18/interna_gerais,337945/justica-nega-pedido-de-mulher-com-problemas-cardiacos-para-interromper-gravidez.shtml
Nossa… que absurdo!
Mas eu li a notícia toda e o problema é que a “garota virgem” já tinha feito esse pedido no ano passado e tinha sido concedido. Ela engravidou DE NOVO, sabendo que não podia, e está pedindo agora com OITO meses de gravidez. Tomara que Darwin aja.
Eu tinha entendido que ela tinha pedido antes, mas que o caso só tinha sido avaliado quando ela chegou aos oito meses… entendi errado.
No Rio é muito comum: a mulher é estuprada, vai na Defensoria tentar conseguir autorização e o Judiciário é tão lento que a coisa sai quando a mulher já está com sete, oito meses de gravidez.
Ué, nesse link que eu postei tá oito SEMANAS de gestação. Achei uns que falam em oito MESES, mas não faz sentido, se for pensar bem, né?
E quem disse que ela não usou outros métodos? E quem disse que ela PODE usar todos os métodos anticoncepcionais disponíveis? Agora, por causa disso, o juiz vai a colocar “de castigo” e a obrigar a morrer? Bem que dizem que, se homem engravidasse, aborto tava liberado faz tempo. ¬¬
Pode ter acontecido isso que eu falei: quando ela entrou com o processo estava com pouco tempo de gestação, mas quando o juiz decidiu ela já estava de oito meses e por isso ele não autorizou…
Sim, sim, é que alguém pode achar que ela ENTROU com o processo com oito meses de gestação, o que não tem o menor cabimento. De qualquer forma, a culpa não é dela.
Eu, de forma geral, sou total favorável ao aborto, qualquer que seja o motivo. Mas essa daí pediu pra sifu mesmo. Ela é de classe média alta e chegou a declarar (não no processo) que não usou outros métodos anticoncepcionais depois do primeiro aborto. Nesse caso, só seria favorável ao aborto se fosse seguido de morte, porque puta que o pariu, vai ser burra lá no inferno…
Sally, me corrija se eu estiver errada, mas acho que a Justiça não pode negar aborto nesse caso, mesmo que seja a segunda vez. É risco de vida da mãe.
Se é uma gestação de oito meses, não seria o caso de aborto e sim de um parto adiantado, pois o bebê já tem condições de sobreviver
Mas a notícia não fala em oito meses, e sim de oito semanas.
Parece que tem a mesma notícia falando em oito meses também… não sei qual das duas é a correta
Mais uma sugestão: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/12/20/governo-decide-que-sao-paulo-e-manaus-nao-terao-obras-de-mobilidade-para-a-copa-de-2014.htm
E pode isso???
Fora que qualquer porcaria, bem divulgada. Vira sucesso. Dane-se o conteúdo.
Exatamente o que eu penso. Mas o que é curioso é que tem coisas por aí que são tão flagrantemente ruins, tão acintosamente ruins, tão obviamente ruins, que não é compreensível como conseguem fazer sucesso… Ainda mais esse grau de sucesso… Acreditei por muito tempo que, por mais tapada que uma pessoa fosse, em algum momento ela deveria ter um esgar de sensatez e perceber que os tubarões da indústria cultural estão enfiando-lhe lixo goela abaixo. Não seria preciso ser gênio, culto, PhD e o caramba a quatro. Bastaria ter um pouco de bom senso. Eu costumava achar isso, mas agora estou perdendo também mais essa ilusão e mais um pouquinho da minha fé na humanidade…
Li 2 livros da série Crepúsculo. Chega a dar raiva do quanto é bobinho, mal escrito e previsível. A protagonista é palerma e muito sem sal.
O sucesso desses livros denota o intelecto médio da população.
E você leu 2? Por quê? Acho essa coisa de generalização, terrível. Confesso que assisti aos filmes, porque acho divertido e perco, com ele, no máximo duas horas. Mas ler os livros, pra mim, já é demais. É muito difícil eu ler best sellers, o último que li foi “Anjos e Demônios” e quase tive um treco quando li “Código da Vinci”, porque era praticamente a MESMA COISA que o outro. Depois disso, parei de vez. Ficção está em segundo plano mesmo, existe tanto livro para ler da minha área e quase não tenho tempo, que acabo achando um desperdício gastar com ficção estrangeira.
Ok, esse é o tipo do texto que TA PEDINDO pra eu comentar né? rs
Não querendo fazer análises literárias profundas aqui, mas só proponho a reflexão sobre: o PORQUE que esse tipo de literatura está fazendo sucesso hoje em dia? O PORQUE das pessoas gostarem desse tipo de literatura fútil, rasa, mal feita e que não acrescenta nada a nível de leitura se comparado a grandes nomes como Kafka ou Dostoievski?
Na tentativa de resposta, diria talvez que é graças a esse maldito mercado da industria cultural e a massificação da população. Falta de pensamento crítico e de criar hábito com leitura!
E quanto a alguns arquétipos literários, vejamos o exemplo do vampiro: o vampiro do Crepusculo é totalmente diferente dos vampiros em “Drácula”, ou mesmo do insólito do horror em “frankestein”. Daí vem gente dizer que “tempos modernos, os tempos mudaram etc etc”, ok, posso até concordar com tal afirmação, mas a meu ver não justifica a mudança dos arquétipos literários em questão, bem como a praxis da estética da recepção. Mais ainda, fazendo a comparação entre o Edward e o Dracula, vemos que o primeiro se relaciona à ideologia do principe encantado, mito grego da felicidade plena etc, mas ao mesmo tempo vemos que é uma construção rasa se comparado ao Dracula, dada à estrutura narrativa que nada ajuda neste caso.
Alguns mais radicais [os tios pós-doutores lá que já estão na academia mais de 30 anos e só leem dostoievski! hehe] chegam a afirmar que “isso não é literatura!” Pois bem, tenho lá minhas discordâncias para achar que isso chega a ser um pouco exagerado, pois, pegando aquele texto do J.Culler “o que é literatura e pra que ela serve” vemos que [infelizmente?] essas obras se encaixam no contexto dado que é sim texto p/entretenimento, tem seu teor de prazer estético e produz certo distanciamento momentâneo da realidade através da ficção.
Enfim, no mais só digo que… é triste! Triste ver uma industria cultural massificando a cabeça da população com leituras tão baixo nível e que nada acrescentam na vida das pessoas…
É que as pessoas tem preguiça de pensar um puquinho, de questionar a merda que estão enfiando goela abaixo.
Acrescente o fato de que a história é feita de forma a agradar essa legião de cabecinhas de vento do signo de Disney. Pronto.
Pra mim não é literatura porcaria nenhuma. Aí a infeliz abre a boca pra falar que esse ano leu 12 livros, de mais de 300 páginas cada: todos da série crepúsculo, 1 Harry Potter e meia dúzia de Marian Keyes.
Vontade de responder aos berros: BITCH PLEASE!!
Ía comentar sobre o signo de Disney mesmo. Minhas amigas que adoraram os 50 tons (todos porque são 3 livros), são mulheres que tem uma imagem de dona-de-casa-anos-50 na cabeça. Uma delas é empresária bem sucedida financeiramente, mora bem, estudou em boas faculdades, fez cursos, viajou. O fim do mundo foi ter terminado o casamento. Não sei se o marido (ex) foi o primeiro na vida dela, mas que é essa imagem de “felizes para sempre” que existe na mente massificada da brasileira média, é. E quando alguém faz algo que seja diferente disso, mostra um “mundo novo”…
PS: Ge, quer ser meu amigo?
“Na tentativa de resposta, diria talvez que é graças a esse maldito mercado da industria cultural e a massificação da população. Falta de pensamento crítico e de criar hábito com leitura!”
A coisa que mais incomoda aqui é entrar em uma livraria e dar de cara com livros que, para aumentar suas vendas, tem a mesma capa dos cartazes de filmes que se basearam neles ou mesmo seus atores estampados na capa. Pessoalmente, comprar um livro assim depois de ter visto o filme pode se tornar um exercício débil de estimular a imaginação porque a pessoa invariavelmente vai puxar da memória o que lembrar do que assistiu.
Passei por isso ao ler o livro “A Lista de Schindler”, que tinha a mesma capa do filme naturalmete, e fiquei perdida ao começar sua leitura depois de ter visto o filme porque um dos personagens principais nele, Itzhak Stern (Ben Kingsley), na verdade fazia as vezes de duas pessoas no livro (ele e outro contador, Abraham Bankier, que foi alguém muito mais atuante, por sinal) e isso me embananou a leitura, pois só conseguia imaginar o Ben Kingsley nas situações em que esses dois personagens apareciam…
Desde então, procuro comprar antes, se po$$ível, o livro em que algum filme de interesse tenha se baseado…
Claro! pq não? rs
“Aí a infeliz abre a boca pra falar que esse ano leu 12 livros, de mais de 300 páginas cada: todos da série crepúsculo, 1 Harry Potter e meia dúzia de Marian Keyes.
Vontade de responder aos berros: BITCH PLEASE!!” – DANIELE
HAHAHAHAHA Excelente! Concordo plenamente com você, Daniele.
Não se engane ao pensar que toda literatura é erudita e que antigamente todos liam Kafka e Dostoievski.
Acredito que a gente acostumado a pensar que só porque obras e autores consagrados estavam no passado, toda a antiguidade estava inclusa nisso.
Pra não ir muito longe, na própria literatura brasileiro temos como exemplo o José de Alencar, o noveleiro que escrevia para as moçoilas.
As pessoas vão sempre ser assim, tem gente que simplesmente não gosta. Parei de me iludir.
Tenho duas irmãs, uma da area do direito tributário, outra da engenharia. Ambas tiveram a mesma educação que eu e não curtem ler o que eu gosto e elas nem são menos inteligentes nem nada.
Beijos!
*Ainda acho lamentavel e não cultivo a leitura. Sou professora de ingles e meus aluninhos TEM que ler os livros que indico pra passar no semestre! :)
Bom, de maneira nenhuma quero sustentar isso sobre literatura erudita. É mais ou menos com a música clássica: antes de ser considerada clássica, ela era até “popular” em tempos de idade média e renascença. Mais ainda, é um tanto normal acontecer isso com determinados autores: não são bem reconhecidos em seu tempo, mas em outra época, outra geração são extremamente exaltados.
Além disso, também não considero que uma pessoa seja menos burra ou mais burra só porque não gosta de DETERMINADO autor. Apenas critico de maneira geral essa tendência do brasileiro [médio?] desde criança não cultiva BONS HABITOS de leitura; de modo que considero que não é lendo 50 tons e crepusculo que esse bom hábito aparece.
Concordo, mas isso é um comportamento recorrente no resto no mundo, variando um pouco dependendo do nivel de desenvolvimento humano em casa país.
Meu ponto é que em todos os tempos sempre existiu e sempre haverá gente que não aprecia ler e, se o faz, não tem a sensibilidade aguçada para distinguir arte e merda.
Enfim, isso não vem de hoje, tampouco do brasileiro. Lamentavel, mas acho que é o ser humano mesmo.
Não li crepusculo e nem esses tons aí, não tenho saco.
Bom, eu li Crepúsculo, o primeiro livro, apenas. E é fácil de entender porque faz tanto sucesso, é o tipo de livro que eu teria amado se tivesse lido na minha adolescência. A Bella do livro não é tapada como a do filme (acho que a história ser narrada por ela ajuda), cria empatia com as leitoras e acho que o livro cumpre o que se propõe. Se servir de porta de entrada para a literatura em geral, acho muito válido.
Momento “meu passado recente me condena”: sim, eu comprei 50 Tons de Cinza. Fiz parte da primeira leva de leitores, os enganados pelo marketing. Pouco depois que comprei é que começaram a pipocar as resenhas negativas, mais gente se decepcionou. Mas já joguei meu dinheiro fora mesmo… O problema é que o livro é muito ruim. Sério, MUITO mal escrito, e olha que sou guerreira e é raro eu abandonar um livro. Malemá li 70 páginas, e sofrendo, nem cheguei na parte legal ainda (aka putaria). Dizem que quando chega nas cenas ~picantes~ melhora um pouco, mas tá difícil. A parte da Ana (a “Bella”) conhecer um multimilionário que a enche de presentes eu até consigo aceitar (e sentir inveja, QUEM não gosta de ganhar presentes?), o inverossímil da história é que ela tem 21 anos, tá terminando a faculdade e é VIRGEM. Ela tem 21 anos, tá terminando a faculdade e NUNCA TINHA TOMADO UM PORRE. A dominação do Grey sobre ela talvez não funcionasse tão bem se ela não fosse tão “inocente”, MAS PORRA, ok que todo o livro é uma ofensa a minha inteligência, também não precisa exagerar! Ou seja, mánemfodendo que vou ler as continuações, sou curiosa, porém não masoquista.
Outro efeito colateral dessa onda é que as prateleiras das livrarias ficaram infestadas de soft porn, foi difícil comprar um livro pra presentear minha mãe. ¬¬