Desfavor da semana: Aprovando sem provas.
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“A aprovação pessoal do modo de governar da presidente Dilma Rousseff atingiu novo recorde, 78%, um ponto percentual acima do apurado em setembro deste ano.” (…) “Apenas três das nove políticas públicas do governo indicadas na pesquisa foram aprovadas pelos entrevistados.” FONTE
Estão aprovando o quê então? Desfavor da semana.
SOMIR
Sempre me pareceu uma coisa maluca essa história de Lula e Dilma terem índices de aprovação altíssimos. Tudo bem que ambos deitam e rolam em políticas populistas do naipe do Bolsa Família, mas é justamente o povão dessas camadas mais suscetíveis à esmolas governamentais que se fode mais bonito com os serviços HORRÍVEIS que o Estado brasileiro fornece.
São eles que não conseguem atendimento médico e quando conseguem, ganham sopa na veia; são eles que colocam os filhos em escolas públicas sucateadas aonde faltam até mesmo professores; são eles que levam bala perdida nas guerras entre facções criminosas que correm soltas pelas periferias abandonadas… Como é que a pessoa que está do lado mais fraco da corda em virtualmente todas as situações onde o governo negligencia sua função básica consegue aprovar seus governantes assim?
Tenho a impressão que o povo brasileiro vive num estado análogo com a Síndrome de Estocolmo por causa da corrupção e ineficiência endêmicas ao sistema, e isso basicamente desde sempre. Depois de engolir tanto sapo no decorrer dos anos, o político parece um ser dissociado do que está fazendo. As pessoas parecem se apegar a quem oferece qualquer migalha de comportamento correto, enxergando méritos excessivos no que deveria ser mera obrigação.
O país está num momento econômico menos pior (embora os índices já comecem a tender para a estagnação… “Não disse?”) e a presidente parece mesmo menos propensa à corrupção. Mas num país que está ficando para trás DE NOVO depois de um surto de crescimento e onde a qualidade do atendimento básico à população continua irrisória, de onde se tira quase 80% de aprovação? Da confortável ilusão (para quem manda) de que governante não é um empregado do povo.
A ideia de “pop star político” que Lula fez tanta questão de implementar com oito anos de gastos EXORBITANTES com publicidade e presença constante no palanque ainda rende seus dividendos. O golpe (brilhante, mas escroto) é fazer as pessoas pensarem na pessoa ao invés do seu trabalho. Lula fez sua pose de homem do povo, passou dois mandatos “não sabendo de nada” das maracutaias constantes de sua base aliada e tratou de tirar o foco da análise de seu governo pelos feitos realizados.
De uma certa forma, Lula instaurou o parlamentarismo no Brasil. Onde o presidente é uma figura pública que acena e faz discursos em público, e os verdadeiros membros do executivo são escolhidos por quem já está no poder. Dilma, embora bem mais engajada em trabalhar do que aparecer, ainda colhe esses frutos. Se perguntam para o povo se aprovam seu trabalho, eles respondem que aprovam a PESSOA! Essa dissociação é meio caminho andado para a reeleição de Dilma (que eu acredito que já está garantida), com mais quatro anos de um nem tão velado culto de personalidade substituindo a cobrança por resultados que deveria ser inerente ao cargo executivo.
O pior é que na mesma pesquisa o povo diz que discorda das políticas públicas! Está muito na cara que o plano de Lula e cia. já está bem assentado. Se Voça Magestádi decidir voltar ao comando em 2018, ele vai ser seu único inimigo (e pelos casos recentes de burradas dele, um inimigo poderoso…). Vai acabar dependendo mais da economia mundial do que de méritos do governo em exercício. Se o mercado continuar sorrindo para o Brasil, mesmo que seja um sorriso amarelo de baixo crescimento, a figura do líder continua reforçada.
E o povo sem mecanismos para se defender disso. Aprovação de 78%? Mais fácil que tirar doce da boca de criança. Com tanta gente perdida na noção de que seus governantes tem que mostrar serviço ao invés de fazer política, aceitando migalhas de eficiência como demonstrações inegáveis de capacidade, pra que se esforçar e parar de nomear babacas, inexperientes e corruptos para cuidar das áreas mais importantes do país?
Basta parecer alguém bacana. O povo já fica contente. O sequestrador com a arma apontada para sua cabeça, mas como ele está sorrindo, não deve ser má pessoa. Afinal, julgar pessoas pelo o que elas aparentam ao invés de análise prática de opiniões e atitudes é tão mais fácil… O tema de hoje não deixa de traçar alguns paralelos com o da semana passada: Pode dirigir bêbado se fizer pose de politicamente correto no resto do tempo.
Países que entram nessa de culto de personalidade com seus líderes acabam na merda. Tendência histórica. Essa coisa de esposa chifruda que acredita que no fundo o marido não trai por mal permite uma série de abusos impensáveis para governantes com o cu na mão de ficar do lado errado da opinião pública: Lembram que o Lula queria enfiar um terceiro mandato na Constituição? E de Dilma apoiando um projeto de censura dos meios de comunicação?
Em lugares onde o modelo é mais próximo da ditadura (Venezuela) ou onde o povo se amarra num culto de personalidade (Argentina), já estão botando as manguinhas de fora e fazendo as mesmas coisas que o PT e seus “ídolos” apoiavam há pouco tempo atrás. Essa postura latrino-americana de generalzinho totalitarista ainda não morreu. E não vai ser aprovando governantes pela sua “simpatia” que vamos evitar novos capítulos das ditaduras sanguinárias que já empestearam o continente.
Não estou dizendo que Lula, Dilma e o PT vão tentar uma manobra desse tipo, não quero soar como um maluco alarmista (pelo menos até segunda ordem). Estou dizendo apenas que esse caminho de considerar seus governantes seres alheios às suas realizações é receita histórica de más notícias. Não sei o que diabos esse povo está aprovando, mas nem mesmo ele concorda que é o trabalho dos governantes.
Quando o “podia ser pior” se torna “bom”, é sinal que a expectativa está baixa demais… Depois de quase uma década de governo do mesmo partido. Novamente: Estão aprovando O QUÊ?
Para dizer que aprova a análise sobre o assunto, mas discorda dos argumentos; para dizer que o povo que respondeu a pesquisa devia estar pensando na comparação com o Sarney; ou mesmo para dizer que eu só estou reclamando porque não ganho Bolsa-Esmola: somir@desfavor.com
SALLY
A “avaliação pessoal” da Presidente da República bateu recorde: 78% dos brasileiros aprovam o “modo de governar” de Dilmão. O curioso é que se você perguntar a estas mesmas pessoas se elas estão satisfeitas com a saúde, com a educação, com a segurança pública, com o transporte público ou com qualquer outro assunto ligado a um dos Ministérios, elas respondem massivamente que não.
Desculpa, não entendi bem o ponto dessa pesquisa. O que isso quer dizer? Que as pessoas acham ela legal? Porque se for isso, leva para casa e bate um papo em vez de coloca-la na Presidência. Ou será que estão dizendo que a prestação de serviços pelo Poder Público é um lixo mas ainda assim são favoráveis a ela? Um tanto quanto masoquista para ser verdade.
Quase 80% da população aprova Dilma. Isso quer dizer que tem gente passando fome que aprova Dilma. Tem gente que perdeu entes queridos vítimas da violência urbana ou falta de hospital que aprova a Dilma. Gente que não tem onde morar, que mora em ruas ou favelas sem luz, sem água e sem esgoto e aprova a Dilma. Gente que não conseguiu matricular seus filhos na escola e aprova Dilma. Isso faz sentido para vocês?
Minha opinião é a de que o brasileiro médio sequer compreende muito bem o que lhe está sendo perguntado em pesquisas. E aqueles que compreendem, precisam de ídolos. Durante muito tempo a religião preencheu esse vazio ignorante que toma conta da pessoa que precisa de ídolos, mas graças à decadência das religiões, aos descrédito após sucessivas contradições e crimes, o brasileiro está tendo que buscar ídolos em outras fontes. Adivinha se eles não foram na pior possível? Sim, na política!
É um processo que já vem se desenhando desde os tempos do Lula: uma bela publicidade, uma bela blindagem, um belo discurso populista e quando a gente menos espera, o sujeito que é tudo de ruim virou ídolo. E depois que vira ídolo no Brasil, pode fazer o que quiser, nada de ruim cola em você, que o digam Ronaldo, Luciano Huck e tantos outros que cometem crime e saem como vítimas quando são criticados.
Essa necessidade de ter ídolos se deve a uma confluência de fatores que não vão mudar: pessoas com vida de merda que se dedicam à vida alheia porque olhar pro próprio rabo é muito deprimente, pessoas que cultuam fama e realizam sua frustração de não ser famoso cultuando fama alheia, pessoas despreparadas demais para assumir algumas responsabilidades que precisam de um “líder”, um “salvador”, alguém para responsabilizar, seguir e para que os salve, etc, etc… são tantos outros motivos que não caberiam aqui.
Fato é que essa necessidade de ter ídolos cega. Porque se você tira todos os ídolos da pessoa, os descredita e a coloca para viver somente ela e a realidade, ela se desestabiliza. É uma espécie de muleta, uma esperança idiota sem o menor fundamento, uma babaquice sem fim que não gera nada de bom. Da mesma forma que pessoas penduram crucifixos em suas salas sem nem questionar que é um aparelho de tortura com uma pessoa agonizante, cultuam seus ídolos sem questionar se de fato eles são tudo isso que se diz serem.
É um mecanismo equivocado para aplacar angústias e alienar as pessoas da vida de merda que levam, porque mesmo que seus ídolos tenham inúmeras qualidades (que quase nunca tem), o simples fato de cultuar algo ou alguém é um equivoco medíocre e precisar disso para se sentir bem ou em paz é sinal de uma deficiência interna muito preocupante. É um misto de carência, ignorância, despreparo para a vida e burrice.
Tudo fica pior quando a pessoa isoladamente consegue ver defeitos graves em tudo, mas quando é apresentado o conjunto há aprovação massiva. É como se um mecânico te mostrasse peça por peça de um carro que está montando, todas velhas, sujas e imprestáveis e você fosse dizendo que não gosta de cada uma delas, mas depois, quando ele aparece com um carro todo montado com essas peças detonadas, você aprovasse de forma efusiva o veículo. Porra, se você SABE que aquele carro foi feito só com peças que não prestam, porque em sã consciência você o aprovaria?
Vejam as taxas de desemprego, de mortalidade, de crimes, de reclamações dos serviços públicos, de corrupção… vejam todas as taxas negativas que se referem ao Brasil e me digam se faz sentido tanta gente tomando uma enorme trolha no meio do cu aprovando a Presidente. Não faz.
Mas a Presidente aparece toda arrumada, sorrindo, dizendo que vai tomar medidas contra tudo de ruim. Ela não tem culpa. A culpa é “desses políticos corruptos”, porque o “esses políticos corruptos” é o novo bicho papão. Uma entidade despersonificada que desempenha o papel de vilão da vez em uma sociedade que foi doutrinada desde cedo pela televisão (mais especificamente pelas novelas) para ver tudo em uma visão maniqueísta.
Dilma não tem nada a ver com “esses políticos corruptos” na cabeça desse povo. Eles não compreendem que um Presidente da República avaliza tudo que é feito no país e que se “esses políticos corruptos” estão sambando na cara do povo com a assinatura da Dilma embaixo. Também nem imaginam as concessões e até mesmo os crimes que são necessários para chegar ao poder, ninguém que chegue ali é santo. Mas não adianta dizer, o povo precisa de um ídolo para preencher o vazio interior. Não me espantaria se em breve estiverem adorando objetos inanimados, tipo uma jaca ou um tolete de cachorro.
As últimas pesquisas mostram a burrice e a incoerência do brasileiro médio, que nem ao menos consegue dar uma opinião que se sustente. Ou será que mostram uma manipulação bizarra que foge ao bom senso, uma mentira encomendada que contradiz frontalmente a realidade do país? Não importa, a maior parte da população vai passar os olhos nessa notícia sem questionar e correr para qualquer portal de fofocas para saber que ator está ficando com que atriz ou qual roupa tal cantora usou em uma premiação. Podem continuar empurrando esse tipo de “informação wat” goela abaixo, quase ninguém vai questionar.
Não quero por a bunda na janela me manifestando contra a opinião dos ditadores desta República.
Mas, lamento vcs analisarem tão superficialmente a política atual através desta pesquisa. Vcs provavelmente não se lembram do clima de especulação que pairava no ar, antes desta administração entrar. A economia mundial está em uma crise estrutural desde setembro de 2008, onde o sistema econômico provou que está caminhando para um abismo, lembram da “MAROLINHA”? Já se passaram quatro anos e a crise na europa está mais grave. A China tá crescendo por volta de 7%, se a china parar fudeu muito o mundo todo. Não dá pra isolar os acontecimentos. No meio disso tudo estamos caminhando com índices baixos de desemprego! O que indica que as políticas internas de redução de juros e de incentivos fiscais tem servido pra alguma coisa.
Sabe, por princípio sou anarquista. Se tem governo, sou contra! Mas não dá pra ser ingênuo…
Felipe, não estamos discutindo se Dilma, o PT ou qualquer outro partido ou pessoa são bons. O foco é: CONTRADIÇÃO
O mesmo povo que aprova a pessoa desaprova seu projetos. Como pode?
Sustentam-se as aparências até o limite porque se for se sair cortando, o ônus por conta dos encargos trabalhistas tende a ser uma sobrecarga grande suficiente a ponto de prejudicar ainda mais a frágil saúde dos conglomerados.
Quero ver quando do nada começar a ter empresa quebrando com fraude contábil e tudo o que é sujeira. Perto do que nos espera, as Encols da vida são verdadeiras marolinhas.
Sally
A “avaliação pessoal” da Presidente da República bateu recorde: 78% dos brasileiros aprovam o “modo de governar” de Dilmão. O curioso é que se você perguntar a estas mesmas pessoas se elas estão satisfeitas com a saúde, com a educação, com a segurança pública, com o transporte público ou com qualquer outro assunto ligado a um dos Ministérios, elas respondem massivamente que não.
Nisso há aquela típica visão de que “uma andorinha não faz verão” e a resiliência pelo fato de ela não estar fazendo nada que renda um destaque negativo por sua política.
O fato é que ela vem se evadindo da discussão de questões controversas e galgando sua popularidade em cima de uma ou de outra questão que porventura possa ajudar a sustentar melhor a sua posição, com vistas a reeleição.
Desculpa, não entendi bem o ponto dessa pesquisa. O que isso quer dizer? Que as pessoas acham ela legal? Porque se for isso, leva para casa e bate um papo em vez de coloca-la na Presidência. Ou será que estão dizendo que a prestação de serviços pelo Poder Público é um lixo mas ainda assim são favoráveis a ela? Um tanto quanto masoquista para ser verdade.
Será que não te ocorreu o fato de que nesse número não se está contando que os 78% que “aprovam” colocaram o governo como regular/razoável, bom e ótimo.
E aliás, isso na prática não passa de um prospecto com um questionário para um ou dois milhares de pessoas, coisa que faz com que eu me pergunte do porquê da relevância dada.
Quase 80% da população aprova Dilma. Isso quer dizer que tem gente passando fome que aprova Dilma. Tem gente que perdeu entes queridos vítimas da violência urbana ou falta de hospital que aprova a Dilma. Gente que não tem onde morar, que mora em ruas ou favelas sem luz, sem água e sem esgoto e aprova a Dilma. Gente que não conseguiu matricular seus filhos na escola e aprova Dilma. Isso faz sentido para vocês?
Ah, como coloquei, esta é uma AMOSTRAGEM na qual se pega uma quantidade X de pessoas para se fazer tais perguntas na tentativa de traçar um perfil da opinião do brasileiro em geral com relação ao governo e ao governante em si.
Ainda que o governante tenha sim a sua importância nas questões de natureza pública, as ações que estão ao alcance dele são bem limitadas, sendo que ele se torna dependente de toda uma equipe técnica que lhe sirva de suporte.
E ai que está o maior problema do governo brasileiro, onde as indicações tendem a ser baseadas mais nas bravatas de caráter político do que nas qualidades técnicas de seus quadros, sendo que talvez seja justo em cima disso que há uma certa resiliência quanto a posição da Dilma.
Minha opinião é a de que o brasileiro médio sequer compreende muito bem o que lhe está sendo perguntado em pesquisas. E aqueles que compreendem, precisam de ídolos. Durante muito tempo a religião preencheu esse vazio ignorante que toma conta da pessoa que precisa de ídolos, mas graças à decadência das religiões, aos descrédito após sucessivas contradições e crimes, o brasileiro está tendo que buscar ídolos em outras fontes. Adivinha se eles não foram na pior possível? Sim, na política!
O brasileiro médio pode entrar nesse contexto que você cita, mas o brasileiro elitizado tende a ver a posição com outro viés, se identificando com as dificuldades do governo brasileiro e sua complexa burocracia que tende a retardar em muito eventuais soluções para os problemas que se apresentam.
Esta não á a gestão boa/ótima/maravilhosa que está resolvendo os problemas do país e sim uma gestão regular que se não está melhorando a situação, também não vem decepcionando no que tange ao curto prazo.
A médio e longo prazo tendem a ficar mais visíveis os problemas e a popularidade da Dilma tende a cair no mesmo processo que ocorreu com o Kassab na capital paulista.
É um processo que já vem se desenhando desde os tempos do Lula: uma bela publicidade, uma bela blindagem, um belo discurso populista e quando a gente menos espera, o sujeito que é tudo de ruim virou ídolo. E depois que vira ídolo no Brasil, pode fazer o que quiser, nada de ruim cola em você, que o digam Ronaldo, Luciano Huck e tantos outros que cometem crime e saem como vítimas quando são criticados.
Lula já tinha uma imagem bem consolidada publicitariamente em especial no que diz respeito ao brasileiro menos abastado e mais a margem do jogo do poder, sendo que construiu a imagem nos 13 anos que ficou tentando a presidência, sendo que depois disso, mesmo com o torpedeamento que sofreu, acabou sobrevivendo com uma popularidade razoavelmente alta.
Se o Alckmin fosse um pouco mais sagaz, mais maduro e mais progressista, o Lula talvez nem fosse reeleito e o quadro político hoje provavelmente seria bem diferente, com o PT sofrendo para tentar voltar a linha de frente da política.
No que diz respeito ao Ronaldo, tenho pra mim que o que sustenta ele é o fato dele ser um testa-de-ferro de vários interesses escusos em frágil equilibrio entre si. Como é conveniente a posição dele com a parada da 9ine em especial para a turma que fatura em cima do negócio do futebol, vai se sustentando a sua falsa imagem de “benemérito do esporte”.
Já no que tange ao Huck, o cara é a mais completa antitese do carisma. Se sustenta na base do oportunismo, mas consegue o feito de ser tão sem sal, mas tão sem sal a ponto de se você abrir o bico para falar mal dele, é capaz do pessoal dizer que “é inveja”.
Duvido muito que você encontre alguém que fique tietando alucinadamente o Huck, sendo que o máximo que vão dizer é “mas cara, o Luciano é gente boa”.
Essa necessidade de ter ídolos se deve a uma confluência de fatores que não vão mudar: pessoas com vida de merda que se dedicam à vida alheia porque olhar pro próprio rabo é muito deprimente, pessoas que cultuam fama e realizam sua frustração de não ser famoso cultuando fama alheia, pessoas despreparadas demais para assumir algumas responsabilidades que precisam de um “líder”, um “salvador”, alguém para responsabilizar, seguir e para que os salve, etc, etc… são tantos outros motivos que não caberiam aqui.
As pessoas ficam olhando para essa turma na aspiração de quem sabe conseguir alguma migalha na base da adulação a tais idolos, sendo que nisso muitas vezes conta muito mais o “universo umbigo” do que a admiração em si.
Com isso ao menos se desvia o foco dos problemas cotidianos, que aliás, tendem a ser muito chatos para ser tratados e especialmente irritantes para esse bando de pessoas vazias que fazem de tudo para se sustentar em sua zona de conforto.
Isso sem contar que há toda uma máquina de “junk info” que consegue espaço e recursos graças a aspiração em torno destes que são vendidos como o suprassumo do sucesso, sendo que tal cadeia ao fim sustenta muita gente que estaria mal das pernas não fosse tal boquinha.
Fato é que essa necessidade de ter ídolos cega. Porque se você tira todos os ídolos da pessoa, os descredita e a coloca para viver somente ela e a realidade, ela se desestabiliza. É uma espécie de muleta, uma esperança idiota sem o menor fundamento, uma babaquice sem fim que não gera nada de bom. Da mesma forma que pessoas penduram crucifixos em suas salas sem nem questionar que é um aparelho de tortura com uma pessoa agonizante, cultuam seus ídolos sem questionar se de fato eles são tudo isso que se diz serem.
Já notei isso nos círculos de crença cega seja no que tange ao meio das “celebridades” relacionadas as artes em geral, seja no campo da política e da ideologia, seja no campo da religião propriamente dita.
Para essas pessoas falta a perspicácia de se aprofundar nas questões e tentar assim construir a sua própria visão, sem se prender seja ao senso comum, seja ao jogo de cooptação intrinseca ao jogo do poder.
Parece que é mais fácil se prender as visões e as colocações alheias do que construir as suas próprias, sendo que assim vai se tocando a situação e empurrando os problemas com a barriga.
É um mecanismo equivocado para aplacar angústias e alienar as pessoas da vida de merda que levam, porque mesmo que seus ídolos tenham inúmeras qualidades (que quase nunca tem), o simples fato de cultuar algo ou alguém é um equivoco medíocre e precisar disso para se sentir bem ou em paz é sinal de uma deficiência interna muito preocupante. É um misto de carência, ignorância, despreparo para a vida e burrice.
Ter o devido bom senso para largar mão dos idolos de barro e das esperanças vãs para tocar a vida por si só é uma coisa difícil que tende a ser frustrante para aquelas pessoas que estão a muito apegadas a zona de conforto de suas crenças, muitas vezes cegas e inquestionadas.
Deixar de lado isso e partir para o enfrentamento é um desafio difícil, sendo que se destacar da multidão e da manada por tal meio pode te tornar um alvo altamente vulnerável.
Só fazendo o devido e difícil cálculo dos riscos em tal empreitada que é possível saber se vale a pena ou não sair da posição defensiva e partir para o enfrentamento.
O pior é pensar que a maioria sequer tem habilidade para chegar a este ponto, preferindo por isso mesmo continuar na zona de conforto, servindo de massa de manobra para os interesses alheios.
Tudo fica pior quando a pessoa isoladamente consegue ver defeitos graves em tudo, mas quando é apresentado o conjunto há aprovação massiva. É como se um mecânico te mostrasse peça por peça de um carro que está montando, todas velhas, sujas e imprestáveis e você fosse dizendo que não gosta de cada uma delas, mas depois, quando ele aparece com um carro todo montado com essas peças detonadas, você aprovasse de forma efusiva o veículo. Porra, se você SABE que aquele carro foi feito só com peças que não prestam, porque em sã consciência você o aprovaria?
Você acha sinceramente que um mecânico conseguiria montar um carro somente com peças todas velhas, sujas e imprestáveis? Só de conseguir encaixar peça a peça já é um trabalho enorme mesmo quando as peças estão em bom estado. Imagine-se então com peças velhas que por motivos óbvios vão ter problemas em seu encaixe.
A analogia do carro é cabivel aqui, mas de outra forma, pois o carro tá velho, com problemas no freio, no acelerador, na embreagem e no câmbio, mas o motor ainda não apresentou problemas. Está tudo bem? Não! Mas ainda pode dar para consertar. Sem noção seria se eu saisse com tal carro na rua, correndo o risco de causar um acidente por conta disso.
Vejam as taxas de desemprego, de mortalidade, de crimes, de reclamações dos serviços públicos, de corrupção… vejam todas as taxas negativas que se referem ao Brasil e me digam se faz sentido tanta gente tomando uma enorme trolha no meio do cu aprovando a Presidente. Não faz.
O apelo a emoção aqui não pega. Desemprego, mortalidade, criminalidade, reclamações nos serviços públicos, corrupção e vários outros problemas são de natureza conjuntural, sendo que o raio de ação da presidente em si é bem limitado.
De qualquer forma, não acho que a Dilma na presidência esteja fazendo um BOM governo. Para falar a verdade, considero que boa parte dos eventuais posicionamentos dela não passam de meras bravatas, isso quando ainda estão dentro do nível do bom senso.
Mas a Presidente aparece toda arrumada, sorrindo, dizendo que vai tomar medidas contra tudo de ruim. Ela não tem culpa. A culpa é “desses políticos corruptos”, porque o “esses políticos corruptos” é o novo bicho papão. Uma entidade despersonificada que desempenha o papel de vilão da vez em uma sociedade que foi doutrinada desde cedo pela televisão (mais especificamente pelas novelas) para ver tudo em uma visão maniqueísta.
Gente covarde na base do morde e assopra (Datena Feelings!) é o que mais tem, sendo que esse povinho é o que mais me dá vergonha.
Pior é que esse pessoal quando pensa, pensa pouco e não busca se aprofundar, ficando sempre na área rasa e superficial delimitada pela zona de conforto.
O custo maior é ter de suportar esse enorme maquineísmo, como se fosse tudo culpa da imprensa, da Rede Globo, dos tucanos, dos petistas, dos políticos, dos traficantes, dos policiais, dos religiosos, dos ateus, dos marxistas, dos reacionários ou de outro bode expiatório qualquer.
Cada qual com sua cota de responsabilidade, mas dai a partir para essa linha é algo que chega a me dar vergonha.
Dilma não tem nada a ver com “esses políticos corruptos” na cabeça desse povo. Eles não compreendem que um Presidente da República avaliza tudo que é feito no país e que se “esses políticos corruptos” estão sambando na cara do povo com a assinatura da Dilma embaixo. Também nem imaginam as concessões e até mesmo os crimes que são necessários para chegar ao poder, ninguém que chegue ali é santo. Mas não adianta dizer, o povo precisa de um ídolo para preencher o vazio interior. Não me espantaria se em breve estiverem adorando objetos inanimados, tipo uma jaca ou um tolete de cachorro.
Não é nem questão de não ter nada a ver. É a questão de que ela, em sua posição atual, faz pouca diferença na conjuntura política, por melhores que sejam as suas intenções na qualidade de presidente da república.
E diga-se de passagem que não estou curtindo nada essa visão de “política-negócio” que vem se consolidando no interior de nossas legendas políticas e que não aprovo que as pessoas que estão em meio ao jogo se utilizem do subterfúgio da corrupção com o intento seja de sustentar sua “carreira política”, seja no sentido de “enriquecer” e ganhar status social.
Vejo tais reações como coisa de gente desesperada, que não vê outra oportunidade de progredir que não nas perigosas relações com o poder e com os bens públicos.
As últimas pesquisas mostram a burrice e a incoerência do brasileiro médio, que nem ao menos consegue dar uma opinião que se sustente. Ou será que mostram uma manipulação bizarra que foge ao bom senso, uma mentira encomendada que contradiz frontalmente a realidade do país? Não importa, a maior parte da população vai passar os olhos nessa notícia sem questionar e correr para qualquer portal de fofocas para saber que ator está ficando com que atriz ou qual roupa tal cantora usou em uma premiação. Podem continuar empurrando esse tipo de “informação wat” goela abaixo, quase ninguém vai questionar.
O brasileiro tem uma coerência das mais periclitantes, seja nesse, seja em outros campos, sendo que é até um tanto quanto difícil construir um modelo lógico para encaixar tais reações, mas venho trabalhando nisso.
Espero ter sucesso nessa tentativa de esclarecer que o que a primeira vista é ilógico não é tão ilógico assim se formos olhar mais detalhadamente.
Já de início, vou passando algumas pistas: O Brasileiro é indiferente as regras e normas escritas, tende a ser submisso a autoridades que se impõem na base da força e da coação além de estabelecer suas normas de convivência com base no senso comum da forma que é mais conveniente para si.
E por hoje é só.
O triste disso tudo é que principalmente Gilberto Freire e, em menor grau, Sergio Buarque de Holanda, continuarão mais do que atuais, por terem salientado o elemento personalista de nossa sociedade, à espera do messias que resolva por um milagre seus problemas e submetendo-se de forma masoquista nesse ínterim.
Isso nem chega a ser o pior, Suellen.
O pior é o bando de oportunistas que usam de sua posição para se promover, pagando de “coitado”, de “trabalhador”, de “boa gente” e do que há mesmo sendo na real um bando de negligentes de merda.
Somir
Sempre me pareceu uma coisa maluca essa história de Lula e Dilma terem índices de aprovação altíssimos. Tudo bem que ambos deitam e rolam em políticas populistas do naipe do Bolsa Família, mas é justamente o povão dessas camadas mais suscetíveis à esmolas governamentais que se fode mais bonito com os serviços HORRÍVEIS que o Estado brasileiro fornece.
Aqui você tirou a palavra certa da minha boca. A política dos governos Lula e Dilma é de caráter meramente populista, sem qualquer compromisso com o bem estar social propriamente dito.
De qualquer forma, há dois contaminantes importantes nesse resultado, sendo que o primeiro é a construção farsesca de uma suposta luta do bem contra o mal em torno do embate político entre os grupos políticos do PT e do PSDB.
O segundo contaminante é a perspectiva, em especial entre os grupos mais simpáticos ao PT, de que a situação política e econômica venha a piorar ainda mais nas mãos do tucanato ou de outro grupo político hoje fora da “base aliada”.
Tendo-se por base tais fatores, o brasileiro já se dá por muito satisfeito pela Dilma não estar fazendo muita merda na presidência, tendendo a enxergar com forte ceticismo os problemas do país.
São eles que não conseguem atendimento médico e quando conseguem, ganham sopa na veia; são eles que colocam os filhos em escolas públicas sucateadas aonde faltam até mesmo professores; são eles que levam bala perdida nas guerras entre facções criminosas que correm soltas pelas periferias abandonadas… Como é que a pessoa que está do lado mais fraco da corda em virtualmente todas as situações onde o governo negligencia sua função básica consegue aprovar seus governantes assim?
Diria que grande parte das pessoas mais pobres chegam ao ponto de se sentir aliviadas quando tem algum atendimento que seja das suas necessidades. A negligência é tal que o pouco que se tem é considerado melhor do que nada.
Na mente desse pessoal, antes escolas sucateadas do que nenhuma escola. Antes algum atendimento pouco eficaz de suas necessidades do que nenhum atendimento. Aquilo que para os que vivem em uma posição mais confortável é tomado por direitos fundamentais, para os mais pobres é tido por luxo.
Claro, vai se lutando por melhorias, mas o temor de perder eventuais benefícios é maior do que a ânsia de lutar por algo que pode nem sair do papel.
Quanto as “facções criminosas”, vai se suportando com conivência na base do “ninguém sabe, ninguém viu” dada a impotência no que diz respeito a lidar com tal problema, dado que há muitos intere$$e$ em jogo por trás de tais organizações do underground.
Tenho a impressão que o povo brasileiro vive num estado análogo com a Síndrome de Estocolmo por causa da corrupção e ineficiência endêmicas ao sistema, e isso basicamente desde sempre. Depois de engolir tanto sapo no decorrer dos anos, o político parece um ser dissociado do que está fazendo. As pessoas parecem se apegar a quem oferece qualquer migalha de comportamento correto, enxergando méritos excessivos no que deveria ser mera obrigação.
A impressão que você tem é por conta da posição muitas vezes submissa por parte das pessoas no intrincado jogo do poder. Nessa sociedade onde se convive desde sempre com a negligência nas relações sociais e com arroubos de autoritarismo desde sempre, é perfeitamente natural que se tenha esta reação defensiva e muitas vezes subserviente para com o status quo.
O pouco que se faz é tido por muito justamente porque não dá para se esperar mesmo muita coisa em meio a esta estrutura social completamente viciada, onde o descaso, a incompetência e a busca por tirar vantagem a todo custo dão as caras.
Já há até a percepção de que os cabeças por trás da imprensa brasileira muitas vezes se utiliza das “denúncias de corrupção” para tirar vantagens em meio ao jogo fisiológico, mas o pior é notar que mesmo tal percepção foi cooptada por raposas oportunistas que tiram vantagem em cima da ignorância alheia.
O país está num momento econômico menos pior (embora os índices já comecem a tender para a estagnação… “Não disse?”) e a presidente parece mesmo menos propensa à corrupção. Mas num país que está ficando para trás DE NOVO depois de um surto de crescimento e onde a qualidade do atendimento básico à população continua irrisória, de onde se tira quase 80% de aprovação? Da confortável ilusão (para quem manda) de que governante não é um empregado do povo.
O cenário de crise ainda está começando a dar as caras e a tendência é que a situação piore na direção de uma forte recessão. São fatores importantes nisso a involução tecnológica, as bolhas em áreas fortemente alavancadas e o estrangulamento no campo logistico.
Com a combinação de salários e tarifas sendo reajustados progressivamente, dos impostos em cascata e da infraestrutura gargalada e custosa, investir no país pensando a longo prazo é uma aposta de altíssimo risco que está longe de ser compensadora. Não obstante, a tendência autoritarista de nosso governo consegue piorar ainda mais isso.
Fico me perguntando daonde que se tirou que nosso setor agroextrativista teria condições de sustentar por si só a economia desse país, que tem uma população predominantemente urbana que além de mal qualificada, ainda está (sub)empregada em áreas relacionadas principalmente a construção civil e a prestação de serviços? Para mim, isso me parece ideia de jerico, porque a farsa não vai se sustentar mesmo. Esperem uma explosão de desemprego numa vibe Espanha nos próximos anos.
A ideia de “pop star político” que Lula fez tanta questão de implementar com oito anos de gastos EXORBITANTES com publicidade e presença constante no palanque ainda rende seus dividendos. O golpe (brilhante, mas escroto) é fazer as pessoas pensarem na pessoa ao invés do seu trabalho. Lula fez sua pose de homem do povo, passou dois mandatos “não sabendo de nada” das maracutaias constantes de sua base aliada e tratou de tirar o foco da análise de seu governo pelos feitos realizados.
Na verdade, isso foi apenas para garantir a sustentação da imagem populista, que tem seu parente mais próximo no peronismo argentino. Há sérias diferenças em termos políticos por estarmos em momentos diferentes do ponto de vista histórico, mas o lulopetismo para mim não passa de uma versão revista e atualizada do peronismo.
E a patrulha agressiva aos opositores feita pelos militantes mais alienados corrobora ainda mais a posição que coloco aqui. Até mesmo a estrutura política do “partidão” guarda fortes semelhanças com o “partido justicialista” argentino. Dá até mesmo medo de pensar nossa tendência é se tornar uma Grã-Argentina.
De uma certa forma, Lula instaurou o parlamentarismo no Brasil. Onde o presidente é uma figura pública que acena e faz discursos em público, e os verdadeiros membros do executivo são escolhidos por quem já está no poder. Dilma, embora bem mais engajada em trabalhar do que aparecer, ainda colhe esses frutos. Se perguntam para o povo se aprovam seu trabalho, eles respondem que aprovam a PESSOA! Essa dissociação é meio caminho andado para a reeleição de Dilma (que eu acredito que já está garantida), com mais quatro anos de um nem tão velado culto de personalidade substituindo a cobrança por resultados que deveria ser inerente ao cargo executivo.
Instaurou informalmente, mas não se sustentou uma organização “parlamentarista” de facto depois da eleição da Dilma e da segunda queda do Palocci. A Gleisi (cadê) aparece em uma posição de pouco destaque em meio a heterogênea construção ministerial loteada entre a base aliada, onde o destaque a “Fazenda” continua firme e forte.
De qualquer forma, esse destaque a “pessoa” é pertinente para a “indústria da aspiração” que se forma em torno do alto do poder.
Só que cabe aqui uma discordância quanto ao segundo mandato, onde as cobranças devem aumentar, a não ser no caso de a eventual oposição estar completamente desacreditada e a imprensa estar quase que completamente rendida ao oficialismo.
O pior é que na mesma pesquisa o povo diz que discorda das políticas públicas! Está muito na cara que o plano de Lula e cia. já está bem assentado. Se Voça Magestádi decidir voltar ao comando em 2018, ele vai ser seu único inimigo (e pelos casos recentes de burradas dele, um inimigo poderoso…). Vai acabar dependendo mais da economia mundial do que de méritos do governo em exercício. Se o mercado continuar sorrindo para o Brasil, mesmo que seja um sorriso amarelo de baixo crescimento, a figura do líder continua reforçada.
O povo discorda das políticas públicas, mas fica naquela perspectiva funesta de “se com o PT está ruim, com o PT fora, arrisca de ficar ainda pior”.
Pode ter uma certeza… O cenário econômico do Brasil pós-copa é de convulsão e a conjuntura externa não será de ajuda. O neoperonismo representado pelo Lulopetismo tem a sua sobrevida limitada a perspectiva de desarticulação dos grupos políticos na “oposição” e na cooptação de eventuais “aliados”.
E o povo sem mecanismos para se defender disso. Aprovação de 78%? Mais fácil que tirar doce da boca de criança. Com tanta gente perdida na noção de que seus governantes tem que mostrar serviço ao invés de fazer política, aceitando migalhas de eficiência como demonstrações inegáveis de capacidade, pra que se esforçar e parar de nomear babacas, inexperientes e corruptos para cuidar das áreas mais importantes do país?
Como se o povo desde sempre não fosse um mero referendador das decisões políticas vindas do alto. Antes do PT, havia alguma esperança de mudança nisso, mas com o PT no alto, o que tomou lugar foi a desilusão.
Claro, tem quem tente construir uma nova opção dentro desse jogo, mas além de enfrentar as velhas raposas, ainda tem na oposição este grupo que bem ou mal construiu o seu rebanho de alienados.
Basta parecer alguém bacana. O povo já fica contente. O sequestrador com a arma apontada para sua cabeça, mas como ele está sorrindo, não deve ser má pessoa. Afinal, julgar pessoas pelo o que elas aparentam ao invés de análise prática de opiniões e atitudes é tão mais fácil… O tema de hoje não deixa de traçar alguns paralelos com o da semana passada: Pode dirigir bêbado se fizer pose de politicamente correto no resto do tempo.
O pessoal já tá tão puto de se preocupar com governo que quem tem um pouco de consciência já está praticamente lavando as mãos quanto a isso. A corrupção há muito deixou de ser uma preocupação para virar um fator de sobrevivência dentro do jogo. Não se faz mais fortuna com base no trabalho duro e sim no oportunismo. E ah, sim… A imagem e as aparências são muito importantes na hora de se safar e de se evadir das eventuais responsabilidades pelos atos.
É bem mais provável que você seja chamado a assumir a responsabilidade de uma criança caso você tenha engravidado uma moçoila que era “virgem” antes de relacionar com você do que caso você engravide uma “vadia” com vários relacionamentos conturbados no histórico.
Países que entram nessa de culto de personalidade com seus líderes acabam na merda. Tendência histórica. Essa coisa de esposa chifruda que acredita que no fundo o marido não trai por mal permite uma série de abusos impensáveis para governantes com o cu na mão de ficar do lado errado da opinião pública: Lembram que o Lula queria enfiar um terceiro mandato na Constituição? E de Dilma apoiando um projeto de censura dos meios de comunicação?
Apoia tal projeto porque tem ativistas que estão ávidos por uma oportunidade de meter o bedelho na Globo e em outros conglomerados de mídia por puro revanchismo. A tal “comissão da verdade” também é outro revanchismo que tem sustentação em nosso governo para efeitos de desvio de foco dos problemas atuais.
Quanto as cotas, caem no mesmo esquema. É uma questão colocada para mascarar e desviar as atenções da problemática no acesso seja a universidade, seja ao emprego público, ainda que os ativistas neste caso tenham uma visão tão imediatista e tão egoista a ponto de sequer enxergarem as armadilhas em tal modelo.
Renegar isso renderia perda de apoios e um governo como esse que é calcado no fisiologismo tem de apelar mesmo a pirotecnias para manter as aparências e não dar espaço para a formação de uma oposição poderosa dentro de suas próprias hostes.
Em lugares onde o modelo é mais próximo da ditadura (Venezuela) ou onde o povo se amarra num culto de personalidade (Argentina), já estão botando as manguinhas de fora e fazendo as mesmas coisas que o PT e seus “ídolos” apoiavam há pouco tempo atrás. Essa postura latrino-americana de generalzinho totalitarista ainda não morreu. E não vai ser aprovando governantes pela sua “simpatia” que vamos evitar novos capítulos das ditaduras sanguinárias que já empestearam o continente.
Azar. Nesse jogo, “poder é o que interessa e o resto é só conversa”. Pena que muitos sejam incapazes de notar isso. Só que nisso tem uma modernização, que é usar as arbitrariedades do passado para “justificar” as arbitrariedades do presente.
Na Argentina, se recorre aos podres do último regime militar para desviar o foco. Na Venezuela, se recorre aos problemas de corrupção do passado e a bravataria populista para minar a oposição. E fica-se em uma democracia de fachada que bem ou mal é conveniente para manter as garrinhas norte-americanas relativamente longe da conjuntura latino-americana.
Nada cono aproveitar os estragos causados pela inépcia do Bush filho em proveito próprio.
Não estou dizendo que Lula, Dilma e o PT vão tentar uma manobra desse tipo, não quero soar como um maluco alarmista (pelo menos até segunda ordem). Estou dizendo apenas que esse caminho de considerar seus governantes seres alheios às suas realizações é receita histórica de más notícias. Não sei o que diabos esse povo está aprovando, mas nem mesmo ele concorda que é o trabalho dos governantes.
Nesse primeiro momento, de aparente normalidade, vão manter uma postura mais defensiva, mas no segundo mandato, quando a corda estourar, a turma do “partido dentro do partido” vai meter as garrinhas de fora e ai vocês vão ver o que é estrago.
O modelo atual de aparências implementado por FHC e seus conchaveados a partir do governo Itamar Franco não é capaz de sustentar o desenvolvimento do país por si só, sendo que estamos quase chegando na linha do limite de tal modelo.
Claro, no momento atual vai se mantendo as relações na corda bamba porque há os rent-seekers que tem posições próprias para fazer especulação em cima dos problemas, mas se sobrevivendo a isso, se tem toda a liberdade necessária para as medidas autoritárias que deverão ter o seu lugar no cenário recessivo que se abre.
Quando o “podia ser pior” se torna “bom”, é sinal que a expectativa está baixa demais… Depois de quase uma década de governo do mesmo partido. Novamente: Estão aprovando O QUÊ?
Se eu fosse questionado, colocaria o governo na condição REGULAR, sendo que minha expectativa também não era boa com a Dilma. A campanha foi um ZERO a ZERO vergonhoso e só se sustentou por nome e por marca, onde Lula mostrou porque lava mais branco.
Os dois textos se complementam. Parabéns a ambos e pretendo mostrá-los para algumas pessoas. Também não consigo entender como essas coisas acontecem. Ou o povo é mesmo tão tapado a ponto de numa mesma pesquisa reclamar dos serviços público e aprovar quem deveria ser responsável por esses serviços ou então os dados foram absurdamente manipulados sabe-se lá com que intenções. O curioso é que, quando eu converso com algumas pessoas próximas expondo os mesmos argumentos que vocês usaram aqui, sou tido como chato, cri-cri, reaça, direitista, etc…
Quando a pessoa é pega em contradição tende a desmerecer quem argumenta com ela. Super normal.
Acho que eles gostam da Dilma porque, com ela, não tem escândalo. Como a mídian ão pinta ela de ruim, ela é boa. Certo?
Não faz o menor sentido para mim, mas eu nunca consegui entender esse povo…
A posição da mídia pouco importa. Pode até mover a turminha dos reaças, mas na contraposição tem aqueles apegados ao partidão, que pintam o PSDB como o “demônio” em pessoa.
Falando em religião:
Eu adoro mundo canibal. Ta tátá tá táaaaaa!!!!!
http://www.youtube.com/watch?v=hfNSbv0pDaA
Também falando em religião:
http://www.youtube.com/watch?v=c4W0q-gkXi0
“São eles que não conseguem atendimento médico e quando conseguem, ganham sopa na veia; são eles que colocam os filhos em escolas públicas sucateadas aonde faltam até mesmo professores; são eles que levam bala perdida nas guerras entre facções criminosas que correm soltas pelas periferias abandonadas… Como é que a pessoa que está do lado mais fraco da corda em virtualmente todas as situações onde o governo negligencia sua função básica consegue aprovar seus governantes assim?”
Longe de mim querer defender o PT, mas tudo isso que você listou em SP é de responsabilidade do governo do Estado e do municipal… ambos não estão nas mãos do PT. Ainda. E mesmo demonstrando incompetência galopante, o PSDB segue comandando o Estado. O que me deixa aflito não é o governo fazer besteira, é simplesmente ninguém se importar e seguir votando nos mesmos.
Se a população tivesse sentido no bolso, aumento de desemprego etc.. bolso é a única coisa que brasileiro sente. É igual punição, multa pesada deve ser muito mais eficiente que colocar neguinho na cadeia.
“com oito anos de gastos EXORBITANTES com publicidade”
Sabe que isso é algo que eu tenho curiosidade, em comparação com outros governos pq olhando o número líquido deve ser algo assustador.. queria saber quanto a mais eles gastaram, pegando gastos publicitários de governos anteriores e corrigindo. Deve ter sido uma caralhada absurda.
Mais ou menos… porque em última instância, quem delega recursos, quem estabelece políticas e diretrizes é o Governo Federal. Se houvesse normas rígidas, fiscalização, punição exemplar, capacitação e outras medidas que poderiam ser tomadas pelo Governo Federal estas coisas não aconteceriam.
Tá, mas essa divisão com atribuição para os estados é constitucional. Que recurso a união tem pra corrigir e influenciar na incompetência local dos estados, por exemplo, na segurança pública? Temos exemplos que a união colaborou como no caso do Rio e aquelas operações que você contou que eram um teatrão. E temos casos como o de SP, que por divisão partidária um lado não conversa com o outro nem por milagre. Massss nesses casos dependeu do governo estadual ir lá com um projeto (RJ) ou não ir. Quando a iniciativa não parte do governo estadual, o que a União pode fazer? Tem algo previsto na lei? No art 144 da constituição eu não vi nada a respeito. Tem em algum outro artigo?
Seria isso o tal “decretar intervenção” que já ouvi algumas vezes e não sei o que quer dizer?
Ué… claro que a União pode colaborar com os Estados. Mas mais importante do que dar dinheiro é estabelecer as DIRETRIZES GERAIS que todos os Estados devem seguir. O Estados não tem total liberdade para fazerem o que querem, quem estabelece os limites, as formas e as prioridades é a União! É como um dono que escolhe o quanto de coleira vai soltar do seu cachorro.
Regras rígidas e eficazes somadas a fiscalização impedem que os Estados bandalhem a prestação de serviços públicos.
Hmmmm, não sabia que a União podia impor esse tipo de coisa aos estados. Isso tmb está na constituição?
Está sim. A União estabelece as diretrizes gerais em diversas áreas e os Estados podem se desenvolver respeitadas essas orientações. Caso contrário, se não houvesse esta amarra, seriam estados independentes como nos EUA, onde cada um faz a sua legislação e define seu funcionamento. Aqui todo mundo deve obediência à União e às suas orientações gerais.
Mas ai sai começa a sair da alçada do executivo na direção da alçada do legislativo, Sally.
Sério mesmo, esperava um desfavor maior que esse aqui de destaque… Até aquele qui-pro-quó no jogo do São Paulo foi um desfavor maior que essa pesquisinha “levanta ego”.
Vocês acharam por algum momento que o pessoal que porventura foi sondado considerou os vários problemas do país como um todo na avaliação da gestão presidencial? NOT!
Como assim? O legislativo cria as leis, não fiscaliza sua aplicação. Além disso essas diretrizes nem sempre precisam ser na forma de lei
Sim, a criação das leis fica nas mãos do legislativo e boa parte das vezes as posições do governo no que diz respeito a problemática dependem de aprovação ou de alteração a nível legislativo.
Cabe ressaltar que a joia da coroa é justamente a lei de diretrizes orçamentárias, onde os deputados colocam as emendas visando dar sustentação a seus “currais” e o executivo vai liberando aos poucos no intento de manter a situação sob cotrole.
Pelo que entendi do que ela disse, essas “imposições” não são por meio de lei, existe uma lei que permite a exigência desses indicadores, e o executivo define os “valores” que tais indicadores devem atender. É isso?
Não necessariamente. Existem leis que delimitam o que pode e o que não pode mas imposições que respeitem a lei podem vir de outras formas administrativas como portarias, por exemplo.