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Desfavor da semana: A coisa está preta.

| Desfavor | | 50 comentários em Desfavor da semana: A coisa está preta.

“Internautas que buscaram aproveitar descontos promovidos em lojas on-line de grandes varejistas brasileiros na Black Friday, a partir da meia-noite desta sexta-feira (23), encontraram vitrines virtuais fora do ar, lentidão para carregar páginas e finalizar compras. Em redes sociais como Facebook e Twitter, consumidores também reclamaram de ofertas com preços inflados para forjar descontos maiores em lojas on-line.” FONTE

Os brasileiros poderiam ter aproveitado e comprado um pouco de vergonha na cara. Nação de espertos, desfavor da semana.

SOMIR

Lembro que o Walmart deu uma patinada no mercado brasileiro logo após se estabelecer. Apesar da concorrência acirrada de outros gigantes do setor varejista, o problema não foi falta de capacidade de competir. O problema foram os preços… mais baratos. Parece loucura, mas o brasileiro tem uma TARA por promoção que deixa no chinelo até mesmo os inventores da Black Friday.

Explico: A tática do Walmart nos EUA (e no resto do mundo) é focar em preços mais baixos consistentes. Fazem isso como a maioria das grandes distribuidoras: Abusando de fornecedores. Mas que seja, a estratégia deveria ser perfeita para um mercado menos abastado feito o brasileiro, mas sem a porcaria da plaquinha de “promoção” na comunicação externa e interna, o povo não vem.

Foi só sacar essa peculiaridade do público nacional que a rede começou a ganhar mais clientes. Ao invés de tentar deixar tudo mais barato em média, entraram na dança de fazer promoções aleatórias e subir o preço do resto para compensar. Bem-vindos ao Brasil!

O brasileiro quer ser esperto a qualquer custo, mesmo que não tenha muita lógica: Quando vê placa de promoção, acha que está levando vantagem sobre quem vende. Sempre ignorando que o resto dos preços sobe de acordo para equilibrar os lucros, porque todo mundo quer ser esperto independentemente do lado do caixa que se encontre.

No país das promoções, a Black Friday cai como uma luva. A tradição ianque vem de longa data, e por lá as lojas passam o ano se preparando para essa grande ocasião… Preparando o caixa para poder oferecer ofertas mais impressionantes e para desovar o estoque. É um plano. Mas ao descer continente americano rumo à nação de Lula e Cia., é claro que as coisas não sairiam do mesmo jeito.

E a diferença entre tradição e moda ficou clara. Estava na cara que a maioria das lojas estava apenas aproveitando a festa colocando material de divulgação preto em tudo quanto é lugar e fazendo mais do mesmo em termos de promoção. Descontos modestos, seleção limitada de produtos, muito papo para pouca ação.

Devem ter pensado no que fazer para a data alguns dias antes, boa parte das lojas acabou vendendo mais ou menos os mesmos produtos e queimando estoque como fazem normalmente. Sem contar o caos nos sistemas das lojas virtuais. Não era surpresa alguma! Todo mundo sabia que era um só dia, as empresas fizeram questão de alardear sua participação na Black Friday!

Tinha que ter provisionado para sobrecargas nos servidores… Hoje em dia empresa grande não tem desculpa nenhuma para deixar site (ainda mais de vendas) cair por grande volume de acessos. É possível comprar mais banda e mais poder de processamento para eventos específicos numa boa. Não é um computador tosco no porão da loja física, quase sempre esses sites estão colocados em grandes empresas especializadas! Deu pau e enrolou porque as lojas virtuais quiseram ser espertas e economizar além da conta.

E essa não é a pior parte. O pior é desonestidade oriunda do complexo de esperto que assola o país. O Procon correu atrás de inúmeras lojas, até mesmo os agregadores de ofertas (tudovendido) barraram algumas centenas de ofertas golpistas. Empresa subia preço, colocava o antigo como promoção e bola para frente! Quem acompanhou pelos agregadores de promoções online viu que muita loja fazia promoção com preço maior que o normal de outras. Já estamos na era da internet, TEM que saber como está a concorrência e no mínimo se proteger de fazer esse papelão.

Mas… vai que algum otário compra? Eu cheguei a ver algumas lojas ontem, o que deu de pobre comprando TV foi uma grandeza. Só que nem todas estavam com descontos reais… Ponto de esperta para a loja, que vendeu o mesmo produto pelo mesmo preço, ponto de esperto para o consumidor, que só tirou o escorpião do bolso quando achou que era “um roubo”. Ponto negativo para a ideia da Black Friday. Mas ano que vem tem mais… Provavelmente do mesmo jeito.

E só para completar, li e ouvi por aí que essa coisa de Black Friday é coisa de colonizado, que é imitar cultura alheia… Táqueu! Essa mania de vira-latrino de reclamar de tudo o que vem dos EUA já deu faz tempo. A ideia, em tese, é bacana numa sociedade consumista. Se era para reclamar de alguma coisa, que se reclamasse do modelo de “ter para ser” que o Brasil importou faz tempo. Mas achar ruim um dia de descontos onde não existia nenhum? É forçar a barra. Até porque com os abusos e golpes que pipocaram durante todo o evento, a Black Friday já está suficientemente nacionalizada: Sexta-Feira Negra.

Se bem que… é melhor chamar de Sexta-Feira Soldadinha. Evita os processos.

Para dizer que eu só estou com inveja porque o que eu queria comprar não teve desconto, para sacanear dizendo que sabe de um lugar onde todo dia é negro, ou mesmo para dizer que foi esperto(a) demais para comprar alguma coisa: somir@desfavor.com

SALLY

A ideia era boa e já vinha sendo colocada em prática em outros países do mundo: pegar um dia para promover mega-descontos alucinantes (coisas tipo 90%) para alavancar as vendas e os nomes das lojas que aderissem. A chamada Black Friday é bom para todo mundo: para a empresa, que se livra daquilo que não vendeu tão bem e chama novos clientes e para o consumidos que acaba comprando muito mais barato. Só não contavam com uma coisa: o brasileiro. A prática é nova por aqui, salvo engano só aconteceu por um ou dois anos… e já avacalharam.

Ontem promoveram uma Black Friday no Brasil, e como de costume, o comportamento foi vergonhoso. E quando eu falo vergonhoso, eu digo mundialmente vergonhoso, a ponto de amigas minhas que moram nos EUA me ligarem afirmando que o Brasil não mudou nada e que continua cheio de gente malandra e desonesta. A ponto de parentes meus que estão no exterior, em continentes diversos, me mandarem e-mail perguntando se é verdade o que estão noticiando, porque parecia vergonhoso demais para ser verdade. Sim, é verdade, eu acompanhei de perto toda a Black Friday, antes, durante e depois. É vergonhoso mas é verdade. Uma frase de um amigo meu que está na Austrália resume bem: “não pode dar nada na mão de brasileiro que ele estraga”. E como.

Para começo de conversa, o que foi que neguinho fez? Às vésperas da Black Friday, quando sabiam que ninguém ia comprar porra nenhuma, já que foi massivamente divulgado que haveria essa Black Friday, foram lá e aumentaram substancialmente o preço dos produtos que entrariam em promoção. Não vou citar produtos porque acho que essa gente não merece marketing (Desfavor falar mal de alguém não deixa de ser uma marketing positivo aqui no Brasil: se ateus não gostam, deve ser bom, deve ser de Deus). Vou citar um exemplo fictício só para vocês entenderem: A loja Tra Lá Lá passou a semana passada toda anunciando em seu site e em suas lojas físicas que na sexta-feira da semana seguinte os preços cairiam absurdamente. O consumidor espera, não compra nada por duas semanas. Na semana da Black Friday a loja Tra Lá Lá vai e DOBRA o preço dos produtos que vão entrar em promoção. Poucos dias depois, na Black Friday, remarcam o produto e colocam uma grande tarja vermelha escrito METADE DO PEÇO! NÃO PERCA! SÓ HOJE! BLACK FRIDAY! E aumentam em um zilhão suas vendas, pelo mesmo preço que o produto estava no mês passado.Filha da putez extrema. Filha da putez barata, ordinária, vagabunda. Se é para ser filho da puta, vamos ao menos ser sofisticados e inteligentes.

Só que nesse jogo jogam dois, para que neguinho consiga tomar dinheiro de muita gente com um truque cagado desses, só nos resta a velha constatação de que o brasileiro médio é burro, idiota, manipulável, consumista e fútil. Esta realidade também é um desfavor. Gente que passa a maior parte do seu tempo na internet em rede social ou vendo pornografia, ou maquiagem, ou qualquer outra merda que não acrescenta nada e que poderia gastar esse tempo para se instruir, para evoluir. Gente que faz burrice em massa e depois culpa o Governo por tudo. É nessa combinação explosiva que vivemos: quem é um pouco mais esperto logo percebe quão fácil e explorar todo o resto e faz disso seu modo de vida, quem é mais burrinho vive sendo feito de otário por quem é um pouquinho mais esperto mas sorri, desde que de alguma forma pareça a seus olhos que está se dando bem.

Eu vi pessoas efetivamente comprando produtos que estavam MAIS CAROS na Black Friday do que estavam no mês passado, sem qualquer promoção. E saíram da loja rindo, carregando o produto com a imensa tarja de 50% DE DESCONTO e dizendo “Dei um prejuízo na loja tal! Hahaha”. Não, Filho. Você tomou um prejuízo porque não se dignou a estudar sobre o assunto. Mas não importa, porque para brasileiro não importa tomar um prejuízo, desde que pareça aos olhos dos outros que ele se deu benzão. Se bobear, ainda pagam mais caro cientes disso se ainda continuar parecendo aos olhos dos outros que eles se deram bem. É mais importante parecer que se deu bem do que efetivamente se dar bem.

Outra jogada escrota que fizeram foi nas vendas virtuais: a pessoa entrava, tentava comprar e não conseguia. Tentava comprar e não conseguia. Tentava comprar trocentas vezes e não conseguia pois parecia não completar a compra, ficava carregando a página do pagamento e nada. E quando a pessoa abria o e-mail, bem mais tarde chegava um aviso de que todas as tentativas foram computadas como compra, levando um baita rombo. Também teve gente que realmente não conseguiu. Teve empresa que colocou ofertas absurdamente baratas, mas para pouquíssimas unidades, que logo acabaram e quando se tentava comprar aparecia apenas um site congestionado. Se anunciou, tem que colocar à disposição de quem quiser comprar. Usar meia dúzia de produtos como chamariz está proibido pelo Código de Defesa do Consumidor, é NÃO CUMPRIMENTO À OFERTA. Bem como inflacionar o preço para depois simular um desconto é PROPAGANDA ENGANOSA. Não pode, mas neguinho faz. E vai continuar fazendo, porque o que quebra uma empresa não é a multa nem a punição, é a repulsa que o consumidor pega por ela. Só que isso não vai acontecer, porque eles enfiaram a trolha fazendo o consumidor se sentir “O Espertão”. Ninguém quer deixar de se sentir O Espertão. Mais fácil criticar meu texto do que admitir que foi imbecilóide.

Não estamos falando de lojinha de merda dando esse tipo de pernada nas pessoas, estamos falando de lojas grandes, lojas como Ponto Frio, Submarino, Americanas,com, Wal-Mart, Saraiva, Fast Shop e outras, todas já devidamente notificadas pelo PROCON. Lojas que não tem o menor medo de levar uma multa porque sabem que por mais violenta que ela seja, ainda assim o lucro que tiveram será infinitamente maior. Lojas que sabem que o consumidor otário vai voltar desde que saia como espertão que se deu benzão. Lojas que jogaram na lama mais uma vez a reputação do brasileiro: desonesto, trambiqueiro, não confiável, malandro, desleal. Tem como se ofender por ter essa imagem no exterior? Não tem. Tem como acusar de preconceito? PRÉ-CONCEITO, formar um conceito antes mesmo de conhecer. Não é. É PÓSCONCEITO, são dezenas de situações como estas onde o brasileiro espertão passa vergonha sem nem perceber o quanto está se queimando.

Este texto passa longe de se propor a defender os direitos do consumidor (que eu até acho que mereçam defesa, mas não foi esse o enfoque do texto). A questão abordada não são os direitos do consumidor e sim a postura do brasileiro em relação a uma prática importada do exterior e coberta de merda em função da desonestidade galopante dessa gente sem ética que pensa que o bonito é se dar bem. Foi um atestado de malandragem mal feita, uma espécie de Como Seria o PT se Fosse Comerciante. Um horror. Um horror que todo mundo esteja o tempo todo tentando se dar bem a qualquer custo e um horror maior ainda que não tenham COMPETÊNCIA para fazer sem serem flagrados com as calças na mão! Conseguiram provar que o brasileiro é desonesto em massa e burro em massa, que consegue estampar a desonestidade a nível NACIONAL, nas mais diversas áreas de comércio. Cada país tem o Black Friday que merece.

Com que cara alguém vai se indignar quando chamarem brasileiro de burro ou de desonesto depois disso?

Para reclamar que o nome da promoção denota racismo e exigir que mudem seu nome para White Friday, para não ver problema algum em querer majorar um pouco os lucros ou ainda para não se importar porque VOCÊ não comprou nada: sally@desfavor.com


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