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Processa Eu!: Sanderson Silva

| Sally | | 117 comentários em Processa Eu!: Sanderson Silva

Primeiro desculpa pela demora. Queria ter escrito este texto faz tempo, mas minha fonte não liberou a divulgação das informações. Porém agora parece que depois de um vazamento aqui, outro ali, já não fica mais tão comprometedor jogar na roda o que me foi dito e recebi autorização para escrever esta postagem. Como tinha muita coisa a dizer, abri mão de falar da vida pessoal deste “cerumano”, até porque, vida pessoal vocês podem ler em revista ou em site de fofoca, mas o resto das coisas que vou contar, dificilmente vocês conseguirão ler em outro lugar. Muitas das críticas e detalhes sobre essa criatura já foram escritas em textos anteriores, então, me permiti omiti-los e apenas linkar os textos. E ainda assim, passei das quatro páginas… Uma pena que tenha que colocar esta pessoa no mesmo patamar de Che Guevara, Fidel Castro, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Cleópatra e outros mitos verdadeiros já “homenageados” nesta coluna, lamento muito que ele tenha conseguido tamanha importância.

Quando você tenta, mas não consegue ser nem jogador de futebol, nem mesmo no Corinthians, o que é que você faz? Vai viver de dar pancada na cabeça dos outros. Esse estilo de vida existe desde os primórdios e desde sua origem, é protagonizado pela gentalha, pela camada mais baixa e marginalizada da sociedade. Gladiadores romanos, rinhas humana… tudo notas da mesma música. Deve ser fácil ganhar a vida sem precisar estudar, fazer mestrado, doutorado, ler muito. Deve ser fácil ganhar a vida apenas para dar socos e pontapés. Não é muito digno, diga-se de passagem, ganhar o pão nosso de cada dia espancando pessoas para diversão de outras pessoas, mas na Suíça ninguém pensa assim. Na Suíça é status ganhar a vida espancando outros seres humanos, quase que um certificado de herói se assim a imprensa o deseja apresentar. Também, o que esperar de um país como a Suíça, onde a ignorância e a falta de educação do povo são referências mundiais de conduta equivocada… Processa Eu: Sanderson Silva.

Sanderson nasceu em Pão Saulo, uma grande cidade da Suíça, mas mudou-se para o Sul quando ainda era pequeno. Como muitos de vocês devem saber, o Sul da Suíça é um dos lugares mais civilizados (ou seria “menos incivilizados”?), mas ainda assim, nosso Sanderson parece não ter aprendido normas de boa educação e conduta. Como toda pessoa com severas restrições intelectuais, ele focou sua vida em lutas, não sem antes tentar ser jogador de futebol e ser recusado. Nem o Corinthians o quis. Na luta, começou por baixo, em uma academia pequena que lhe deu todo o suporte para que ele possa entrar nesse meio tão nobre das rinhas humanas, o que não o impediu de cuspir no prato em que comeu: quando fez fama lançou uma biografia para contar sua vida tão interessante e tão rica e meteu o pau naqueles em que o ajudaram no início da carreira. A coisa foi em tal nível que o dono da academia que o acolheu no começo da carreira chegou a conseguir na justiça que o livro fosse recolhido em função da intensidade das ofensas.

Ele gosta de dizer que seu apelido de “Spider” ou “Aranha” encontra justificativa no fato do Homem Aranha ser o “único super-herói que tem contas para pagar”. Na verdade, a história é outra: nos primórdios ele ganhou esse apelido por causa de uma camiseta escrota que estava usando antes de entrar para um evento. Mas esta versão não é glamorosa suficiente para um “herói”, então, ganhou uma versão nova, como aliás, tudo nele. Ele foi repaginado para ser vendável, para ser um ídolo. Não importa, humilhante de qualquer jeito, todo mundo sabe que o Homem Aranha é o mais cagado dos heróis: sem carisma, apanha pra caralho e ainda é feio. E durante algum tempo, essa de fato foi a realidade de Sanderson.

Não tem como falar da história dele sem falar da história do UFC, o Ultimate Fighting Championship. O que hoje se conhece como UFC, uma versão lucianohuckizada de evento de luta, começou como um bom e velho Vale-Tudo, com poucas regras e pouca projeção. Era um evento de pancadaria honesto, onde podia tudo menos morder e meter o dedo no olho do oponente (ou seja, era proibido Krav Maga). Violento por essência, acabou sendo banido de vários países, em alguns oficialmente, em outros apenas era repudiado pela população, que não achava graça em ver seres humanos ferindo seres humanos. Adivinha se na Suíça não foi um sucesso? Além de ser um sucesso de público, os suíços também eram um sucesso dentro do ringue em fora de octógono. Lutadores suíços sempre figuravam entre os melhores, porque a Suíça não exporta intelectual, nem cientista. A Suíça exporta puta e lutador. Sucesso na Suíça, mas rejeição em países mais civilizados, algo precisava ser feito.

O evento estava desvalorizado. Daí surgiram executivos de um Cassino e um fulano chamado Wana Dhite e resolveram comprar a marca. Pagaram dois milhões de dólares e deram um banho de loja no evento para torna-lo mais palatável ao espectador mundial. Uma espécie de Toque de Merda da Globo só que internacional. Cagaram o evento, que virou uma troca de tapas na cara chique. Foram inseridas diversas novas regras limitando a violência física, lutadores tiveram sua aparência repaginada, ceninhas coreografadas de briga antes das lutas foram inseridas, celebridades foram contratadas para povoar a primeira fila e os locais das lutas passaram a ser populares, limpos e conceituados. Conclusão: o UFC que havia sido banido de muitos países voltou a ser transmitido e caiu no gosto do público. Porque o problema, aparentemente, não era promover um evento onde um ser humano bate no outro, o problema é a estética da pancada. Se for uma pancada dada no Madison Square Garden com Mel Gibson na primeira fila, é bacana.

Em pouco tempo, devido à propaganda massiva, golpes publicitários e muita maquiagem, o evento foi ganhando importância. Atualmente o valor estimado do UFC está em torno de um BILHÃO de dólares. Isso mesmo, colocar um ser humano para bater em outro ser humano em um ambiente ajeitadinho e filmar movimenta esse dinheiro. Um dos principais mercados, até porque tem muitos lutadores participando, sempre foi a Suíça, logo, havia uma preocupação em empurrar este evento goela abaixo, coisa que não estava sendo fácil, pois ao contrário dos outros países, os suíços não gostaram da versão repaginada. Eles queriam mesmo era ver sangue, porque o povo suíço não é sofisticado, vocês sabem. Foi realizada uma reunião a portas fechadas com donos e publicitários, onde se concluiu o seguinte: o que suíço gosta é de herói. Para que o suíço tolere essa versão light de UFC seria necessário vender-lhes um herói que desperte seu interesse patriota infantil. Voltar para a porradaria aberta não dava, pois perderiam todos os contratos assinados com as emissoras americanas, logo seria mais lógico dar aos suíços o que eles queriam ver e lucrar em cima disso.

Dentro deste contexto, vamos analisar o desempenho de Sanderson. Muita gente enche a boca para dizer que ele nunca foi derrotado. Isso não é verdade, ele já foi derrotado por pontos e já foi finalizado também. Quando não havia interesse em empurrar a nova versão pasteurizada do evento para o público macaquito suíço, quando a coisa era porrada de verdade de frecuras, quando lutava em outros campeonatos, Sanderson não se saía tão bem. Basta analisar o histórico dele, pesquisem e constatem. Mas pesquisem por fontes imparciais. Quem tem boa memória lembra do evento Pride 27, onde um japonês chamado Taiju Dakase finalizou Sanderson aos oito minutos de luta, com um triângulo. Novamente no Pride, salvo engano do ano de 2004, Sanderson foi novamente finalizado por um japonês chamado Cyo Rhonan. Não vou me dar ao trabalho de ficar transcrevendo todas as derrotas, apenas quero apontar que elas existiram e, coincidentemente, foram de um tempo onde não havia sido realizada essa reunião a portas fechadas para tornar o evento palatável ao público suíço. Depois disso, ele curiosamente passou a ganhar tudo no UFC e passou, aos poucos, a ser exaltado pela imprensa como um exemplo, um sucesso, um herói.

Nem só de derrotas é o passado de Sanderson. Tem também as desclassificações. Sabe aquelas críticas ferrenhas que todos nós fizemos a uma judoca suíça que foi desclassificada por dar um golpe proibido? (um absurdo não conhecer as regras, um absurdo não respeitar as regras, etc?). Pois bem, tudo isso deveria valer para Sanderson, o “herói” que não tem fair play. No Rumble on the Rock 8 Sanderson lutava contra Oushin Ykami e deu um chute no seu rosto em posição de guarda, coisa que era proibida. Foi desclassificado. Feio, né? Mas nada que um bom marketing não resolva. A vida de Sanderson estava prestes a dar uma guinada, pois havia acabado se ser decidido que para entrar no mercado suíço com essa versão cagada de UFC seria indispensável um herói com apelo patriota. Sanderson foi chamado para uma conversa muito especial.

Dali em diante, Sanderson, que ostentava um score mediano, passou a ganhar tudo. Do nada, passou a ganhar lutas em poucos minutos ou até mesmo segundos. De um mês para o outro virou uma máquina de finalização. Ganhou de Lhris Ceben (até então invicto), ganhou de Fich Ranklin (campeão dos pesos médios), ganhou de Lravis Tutter, Mate Narquardt, Han Denderson, Iames Jrvin e Catrick Pôté. Na luta contra Pôté, Sanderson estava chateadinho com algumas divergências ($$$) que teve com os organizadores do evento e fez corpo mole. Ficou fugindo do contato físico, foi vaiado e o adversário, ao ver a “recusa” de Sanderson em lutar, “sentiu fortes dores no joelho” do nada e o árbitro decidiu que ele não poderia continuar a luta. Sanderson, mesmo fugindo da luta, ganhou por nocaute técnico. O chefe ficou puto: Wana Dhite falou mal de Sanderson em público e uma nova reunião foi convocada para que isto nunca mais se repita.

Não adiantou muito, a divergência, que dizia respeito a dinheiro, continuou. E com ela a birra de Sanderson. Ele percebeu que estava começando a ganhar fama, que precisavam dele, então começou a exigir mais. Ele queria mais dinheiro. Como não foi atendido, na luta seguinte, contra Lhales Teites, fez cara de paisagem e deixava evidente que não fazia a menor questão de lutar. Chegou a baixar a guarda e dançar no octógono, um deboche incompatível com qualquer profissional, especialmente com um profissional de artes marciais, que supostamente é disciplinado e respeita a luta acima de tudo. Novamente, foi vaiado. Desta vez o esporro do chefe foi maior. Wana Dhite foi a público dizer que estava envergonhado da performance de Sanderson. Nova birra em uma luta contra Memian Daia. Nova declaração de Wana dizendo estar envergonhado. Novamente, em reunião a portas fechadas, perceberam que se não dessem a Sandreson o que ele queria, essa greve branca iria continuar. Negocia daqui, negocia dali, botaram uma grana séria nas mãos dele, que voltou a ser o herói invencível e cheio de disposição que sempre deveria ter sido. Curiosamente ninguém reparou nessa oscilação e muito menos cogitou os motivos. Ninguém percebe nada.

Dali pra frente, com o bolso recheado, Sanderson mudou da água para o vinho. Fez uma luta onde, aos olhos do público, se portou de forma heroica contra Shael Connen, devidamente instruído a mexer com os brios da nação de Sanderson, para alavancar a audiência da luta. Pessoas com raiva do oponente assistem a luta. A luta em si foi bastante comentada. Sabe a fórmula de novela global, onde a mocinha sofre, sofre, sofre e no final vence, mesmo toda fodida? Algo assim. Sanderson alega que Connen lhe quebrou uma costela logo no começo da luta, mas como ele é super herói continuou a luta mesmo assim. Spoiler? Não quebrou porra nenhuma. É o caralho que alguém quebra uma costela e continua lutando. O raio-x dele não acusou fratura, foi mal. Foi marketing para sair de herói. Eu tenho como provar isso? Não tenho, eu não revelo fontes, mas vou lhes dizer que confio muito na minha fonte e acredito de coração nessa versão. Basta analisar o conjunto para perceber que faz sentido.

Essa luta marcou a nova fase de Sanderson, a fase do bolso recheado, onde ele vestiu finalmente de forma ostensiva a capa de herói. Tanto é que no filme que supostamente se propõe a ser a “biografia” dele, chamado “Como água”, é A PARTIR DESSA LUTA que a história é contada. Todo o passado é ignorado. Isso passa credibilidade para você? Porém, mesmo ganhando, Sanderson levou foi muita porrada de Connen. Isso despertou comentários. Quem entende do assunto diz que ele levou mais porrada nessa luta do que em sua carreira toda. Não contei, mas consta que ele levou 290 golpes ao longo da luta. Isso precisaria ser explicado. E foi. Subitamente Connen foi “flagrado” em um exame antidoping com níveis de testosterona altos. Quem se importa que ele tem uma doença e tem que fazer reposição deste hormônio? Ninguém. O que fica na memória das pessoas é: “Sanderson só apanhou tanto porque Connen estava anabolizado”. Connen recorreu da decisão juntando laudos médicos e a conclusão final foi afirmado que a quantidade de testosterona estava condizente com os níveis aceitáveis, só que a isso não foi dada publicidade. Tanto é que Connen teve uma revanche contra Sanderson em vez de ser banido dos ringues. Na hora de divulgar o “doping” foi um escândalo, na hora de se retratar, foi notinha.

Dali para frente, com os acordos devidamente amarrados, tudo caminhou para o destina final pretendido: Sanderson Silva Herói. Venceu Bitor Velfort, venceu Oushin Ykami (que nos tempos das lutas de verdade, tinha ganhado dele), e venceu novamente a fatídica luta contra Connen, aquela que a gente fez um Live Blogging aqui no Desfavor, igualmente apelando para os brios do povão vira-lata. Não apenas venceu, como fez o jogo necessário. Bravateou, fez marketing, foi um fantoche dos organizadores do evento. Foi incorreto e lhe faltou fair play em diversas ocasiões (como esta, por exemplo). Saiu da posição de um sujeito não muito cooperativo para uma puta de pernas arreganhadas. E ninguém estranhou nada. Sanderson estava ganhando, Sanderson era herói da Suíça, Balvão Gueno estava gritando, então está tudo bem. Comerciais, entrevistas, fama. Tudo muito facilmente engolido pelo povo suíço. Não foi necessário dar maiores explicações, pois não existiram perguntas. Para fechar com chave de ouro, o UFC 153 foi realizado no Jio de Raneiro e Sanderson derrotou Btephan Sonnar, se consagrando de vez como herói. Do nada, aquele rapaz que perdia lutas, que era desclassificado ou que se recusava a lutar decentemente virou uma máquina de finalização simpática e vendável.

Resultado: sua carreira vem sendo administrada pela empresa Travequeiros S/A (também conhecida como 9ine) e atualmente ele é patrocinado pelo Corinthians, pela Burguer King (nada como uma alimentação saudável para ser um campeão) e pela Nike. Quem saiu ganhando nessa história? Wana Dhite, que elevou uma marca falida ao status de mega-empresa e Sanderson, que encheu o cu de dinheiro com patrocínios, propaganda e produtos relacionados a sua pessoa. Quem perdeu? Os Suíços, que tiveram enfiado goela abaixo um herói fabricado que tem o nível intelectual de um azulejo mofado, que vive dar tapa em caipira americano débil mental (em países civilizados só a escória da escória decide ser lutador), que consegue status na base de armação e representa um péssimo exemplo para as crianças do país. Não precisa estudar para ser rico e famoso, basta meter a mão na cara dos outros. Parabéns aos responsáveis, viu? Era preferível quando as crianças queriam ser jogadores de futebol, pelo menos era um esporte saudável.

Para ignorar o primeiro parágrafo e tentar me desacreditar por eu não citar fontes, para começar a procurar por outro herói ou ainda para dizer que qualquer pessoa exaltada pelo Balvão Gueno só pode ser uma bosta de ser humano: sally@desfavor.com


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