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Processa Eu!: Pevita Jeron

| Sally | | 219 comentários em Processa Eu!: Pevita Jeron

Dizem que prostituição é a profissão mais antiga do mundo. Se isso for verdade, a homenageada de hoje é uma mulher de tradição milenar. Ela provavelmente a puta mais bem sucedida da história, que subiu da sarjeta para o topo do mundo em poucos anos mesmo sem estudo, sem esforço e sem trabalho. Não era bonita, não era inteligente, mas tinha estômago para fazer o que se precisa para ficar no poder sendo incompetente: matar, ameaçar, torturar, mentir, roubar. Ainda assim é ídolo de muitos, afinal, o que importa é ter alcançado o poder e não como. Uma piranha psicopata sem escrúpulos que faz Cidel Fastro parecer democrático e Mula inteligente. Processa Eu: Pevita Jeron.

A história de Pevita já começou mal: sua mãe era amante de um fazendeiro e ela nasceu de uma relação extraconjugal, o que era muito mal visto em 1919. Mas não bastava ser amante, a humilhação seria pouca. O fazendeiro comprou a mãe de Pevita, dando em troca uma carroça e um jumento. O fazendeiro fez quatro filhos na mãe de Pevita, que visitava de vez em quando, já que tinha uma família oficial com seis filhos com os quais morava. Pevita cresceu com um pai ausente e uma mãe mal falada na cidade toda.

O curioso é que este fazendeiro não se recusou a registrar nenhum dos vários filhos bastardos que teve (só com a mãe de Pevita tinha mais três), mas se recusou terminantemente a registra Pevita, somente ela. Alguns historiadores dizem que ele tinha certeza que não era sua filha. Essa rejeição, somada à pobreza e uma tendência natural do seu povo ao drama moldaram a personalidade repugnante, insegura e tirana de Pevita. Por conta deste mix de pobreza com concubinato Pevita passou por vários vexames. Por exemplo, quando o pai de Pevita morreu, sua mãe levou os filhos ao velório para que as crianças possam se despedir do pai e foram todos escorraçados pela viúva oficial de uma forma humilhante. Após protestos da mãe de Peva, permitiram que os filhos de despeçam do pai com uma condição: que sumissem da cidade e nunca mais voltassem. Dito e feito.

A mãe de Peva se mudou com os quatro filhos para outra cidade, mas sua condição de mãe solteira também gerou preconceitos por lá. Pevita cresceu e como todo pobre, se tornou uma adolescente obcecada pela fama: queria ser atriz, que era o “ser modelo” da época. Tinha fascinação específica por uma atriz chamada Norma Shearer, que mais tarde inspiraria seu estilo completamente inadequado para seu biótipo. Dos quatro filhos, quem mais sofria era Peva, pois os demais eram registrados e por isso recebiam um tratamento diferente, mais respeitoso. Por exemplo, ninguém tinha “autorização” para cortejar Peva na cidade por causa dessa sua origem, seria um desgosto para a família do rapaz vê-lo com uma moça que não havia sequer sido registrada. Tanto que as irmãs de Peva prosperaram relativamente bem na vida. Cansada dessa vida e com aquele ímpeto de pobre de querer ser famosa, aos 15 anos Peva fez as malas e foi para a capital com uma mão na frente e outra atrás. Daqui para frente as biografias de Peva começam a ficar muito romantizadas e fantasiosas.

Realiza: uma menina de 15 anos (em uma época onde meninas de 15 anos eram praticamente crianças) sem supervisão em uma cidade grande, toda iludida, louca por fama. Sobreviveu como? DANDO. DANDO MUITO. DANDO TODOS OS BURACOS DO CORPO. PROSTITUIÇÃO. Desculpa mas não tem como romantizar isso. Verdade verdadeira: Peva não era bonita e era caipira, xucra, brega e ignorante. Não tinha o que se precisava para virar uma estrela. Mesmo assim, ela tentou muito: deu para todo mundo que podia, na esperança de receber uma oportunidade em troca, coisa que raramente acontecia. Muitos comiam prometendo uma oportunidade, mas poucos cumpriam. Pobre é assim, pobre nunca percebe que é feio demais para trabalhar como ator. Tanto deu que finalmente, depois de dois anos fazendo todos os testes do sofá disponíveis conseguiu a oportunidade de fazer radionovelas, sabe como é, você não vê as pessoas pelo rádio.

Ainda nesse esquema de dar para tudo e para todos na tentativa de subir, já trabalhando no rádio, Peva compareceu a um evento com objetivo de arrecadar fundos para as vítimas de um terremoto, onde também estava presente o então Ministro do Trabalho, Puan Jeron. Peva viu a oportunidade e não pensou duas vezes: se atirou em cima de Jeron, que tinha o dobro da sua idade, pois sabia que dificilmente o encontraria novamente. Roubou o “lugar” (na cadeira e na prestação de serviços) de uma colega atriz que estava sentada ao lado de Jeron quando esta se levantou para ir ao banheiro, sentou ao lado dele e disse “Obrigada por existir!”. Que homem resiste a elogios e ao oferecimento abero de uma mulher mais nova?

Saíram dali juntos e Peva deu para ele na mesma noite, o que na época era algo bastante incomum. Considerando seus últimos anos, Peva tinha uma certa prática em dar e parece que fez bem feito pois Jeron quis encontra-la mais e mais vezes. Peva não era muito bonita nem muito inteligente, mas era esperta e tinha aprendido muito sobre homens nos últimos anos, então deu seu jeito de fisgar Jeron. A brincadeira estava divertida mas o golpe de mestre veio quando Jeron foi preso e Pevita salvou seu pescoço. Ele percebeu que aquela piranha poderia ser de extrema utilidade para ele.Jeron foi preso, vitima de um “golpe de estado” e ela convocou o povo para ir às ruas pedir que soltem sua galinha dos ovos de ouro. Pevita era do povo, ela sabia falar com o povo. Ela tinha um carisma que conseguia mobilizar a massa. Jeron foi solto e Pevita ficou para sempre atrelada à sua imagem.

Ambos aproveitaram essa aura de “casal de ouro” e tiraram proveito disso. Pevita colocou o povo para defender o sujeito que a bancava mas os fez pensar que tinha em vista o bem estar da coletividade, o que não procedia, pois Jeron foi um belíssimo filho da puta que fodeu o povo como ninguém.Jeron fazia parecer que amava Pevita mas ficava com ela porque ela sabia manobrar os populares e conseguia virar a pobralhada toda a seu favor. Nos bastidores ambos riam e debochavam dos pobres. Perceberam que a aliança era muito boa para ambas as partes: começaram a falar em casamento. Foi bom para Peva, pois ela conseguiu um pouco mais de respeito. Os amigos de Jeron não acreditaram quando o viram desfilando oficialmente com ela, metade já tinha comido Peva e todos a achavam e a chamavam de puta sem dó. Peva foi esperta, se fez de coitada, chorou e disse que se sentia humilhada, então Jeron, para dar-lhe dignidade, se apressou em casar com ela de modo a que as pessoas fossem obrigadas a não falar mais mal dela, ao menos não nos seus cornos.Não adiantou muito.

Pevita dizia em seus discursos que Jeron era um Deus. O comparava com Jesus Cristo e canalizava o fanatismo popular para ele. Para si mesma ela construiu o papel de defensora dos pobres, dos “descamisados”, nome que surgiu após um protesto de trabalhadores pedindo para libertar Jeron da prisão, evento em que por causa do calor a macharada tirou a camisa. Pevita tinha esse poder, de pegar pequenos fatos e criar “marcas”, “factoides”. Já foi se colocando na posição de “Mãe” dos Descamisados.

Pevita odiava pobres, mas sabia interpretar seu papel. Criou uma fundação (com dinheiro público) que levava seu nome, para praticar assistencialismo burro e vaidoso. Dava presentes aos pobres, uma espécie de bisavó do bolsa-esmola. Só que Peva era pior, pois carimbava sua cara em tudo que dava, desde uma bola para uma criança até uma jaqueta para um “descamisado”. Tudo tinha o nome dela, a cara dela. Nos hospitais que ela fundava as pessoas trabalhavam com uniformes com sua cara estampada. Nos campeonatos que ela patrocinava a medalha tinha a cara dela. Também recebia os pobres em um escritório, ouvia seus problemas e lhes dava uma “solução”: a pessoa chorava as pitangas que não tinha casa, ela dava uma casa, a pessoa contava que não tinha dinheiro para uma cirurgia, ela bancava a cirurgia. Formavam-se filas quilométricas todos os dias. Até chegou a jogar dinheiro para os pobres, em uma vibe meio Silvio Santos. Tudo para alimentar sua vaidade, para ser adorada. Mas esta aparente bondade de dar o peixe mas não ensinar a pescar escondia a verdadeira Pevita.

Jerone Pevita, mas muito mais Pevita, foram responsáveis por inúmeras mortes, exílios e torturas, nem sempre ligadas a questões políticas. Assim que teve algum poder, Pevita mandou torturar e matar todas as pessoas que considerava desafeto, inclusive algumas atrizes que a haviam esnobado quando estava na pior, se recusando a trabalhar com ela. Existem historiadores que afirmam que Pevita teria inclusive providenciado “workshops” dos torturadores com experts do nazismo, para aprimorar suas técnicas. Matavam, torturavam e/ou exilavam artistas, jornalistas ou qualquer pessoa que criticasse de forma pública seu governo, só que de forma discreta, não era ostensivo. Mais ou menos como CristininhaSexDoll faz hoje em dia. E não sujeitava apenas seus inimigos, pessoas que se recusavam a fazer o que ela queria também: trabalhadores que não se filiassem ao sindicato eram presos e torturados, fossem eles homens ou mulheres. O próprio Jeron chegou a dizer mais de uma vez em discursos que Hitler era “um exemplo a ser seguido”, daí você vê o tipo de pessoa que eles eram. Há fortes evidências que um pacto entre Jeron, nazistas e membros do Vaticano permitiram que boa parte dos bens roubados dos judeus fosse parar nas mãos de Pevita, bancando seus projetos megalomaníacos de assistencialismo.

Outro recurso que bancava essa festa de distribuição de bens era a extorsão das empresas do país. Sim, esta é a palavra: Pevita mandava capangas cobrar um mensalão das principais empresas e se elas não pagassem, eram declaradas propriedade do Estado. Mais do que estatização, era confisco com fins vingativos. E mesmo com dinheiro roubado de judeus e com extorsão de empresas, Pevita estava se excedendo e o dinheiro começou a ficar curto. Ela deu um faniquito e mandou que a Casa da Moeda produzisse mais dinheiro para que ela possa gastar, o que acabou por cagar a economia do país de uma forma tão medonha que reflexos disso podem ser observados ainda hoje.Pevita sabia que se queria manter o povo ao seu lado tinha que ser na base do suborno, pois seus discursos (recheados de erros de concordância e gramaticais) eram sempre os mesmos: Jeron era um santo e havia muitos inimigos malvados tentando derrubá-lo e fazer mal ao povo. As pessoas estavam começando a ficar cansadas disso e se dar conta toda a violência, autoritarismo e brutalidade escondida por esse discurso.

Quando parte do povo se cansou do discurso de Pevita e começaram a perceber que toda a suposta bondade do casal não se refletia nas horas de trabalho quase escravo que ela impunha “como prova de amor a Jeron”, a coisa piorou. No que alguns grupos começaram a se revoltar (e eram em numero significativo demais para mandar matar ou expulsar do país), Pevita não pensou duas vezes: começou a comprar armamento pesado com o dinheiro da sua fundação, aquele destinado ao assistencialismo, e criou uma milícia armada de trabalhadores mercenários pagos para intimidar quem se manifestasse contra o governo. Se não podia mata-los, podia calar suas bocas. Ameaçavam a eles e a suas famílias. Chegaram a matar, sequestrar e torturar esposas e filhos que não tinham nada a ver com isso. Existe um documento que mostra a compra de cinco mil pistolas e mil e quinhentas metralhadoras em nome da Fundação Peva Jeron. A censura virou lei o Congresso, cuja maioria era do partido Jeronista, aprovou uma lei que considerava crime de desacato falar mal de qualquer autoridade: jornais foram fechados, pessoas presas e aquele clima de terror.

Assim como não gostava de pobres, Pevita também não gostava de verdade de Jeron. Era um casamento de conveniência e como convinha a ambos manter a imagem de casal feliz, tocavam a farsa. Ele pagava as contas, ela cuidava do povo com seu carisma. Era fato notório que Jeron adorava se divertir com garotinhas, meninas que cursavam o colegial. Muitas vezes as levava para a sua casa, nos cornos de Pevita. Uma das meninas que mais o encantou, com quem teve um longo caso, tinha 13 aninhos de idade.Pevita, por sua vez, gastava rios de dinheiro com roupas, jóias e outros luxos, geralmente itens de péssimo gosto. Também gastou uma fortuna em uma espécie de bisavô do photoshop. Sabe essas imagens clássicas em cartazes que se divulga de Pevita? Está completamente retocada, coisa que à época não era nada fácil. Também mandava construir estátuas dela, uma delas tinha três vezes o tamanho do Cristo Redentor: ela estava de pé toda luxuosa e no chão um trabalhador descamisado com a cara de Jeron a venerava. Você pode tirar a menina do subúrbio, mas não pode tirar o subúrbio da menina.

Ela continuou sendo uma pobre recalcada tentando mitigar seu complexo, mesmo que estivesse toda coberta de ouro. Sua fama de puta também a perseguiu até o fim da sua vida, sabe como é, fama de puta não sai. Em uma viagem à Europa ela foi chamada de puta em coro e foi se queixar a uma importante figura política, que lhe disse “O povo aqui se apega muito ao passado, ainda me chamam de almirante, mesmo eu não sendo mais”. Tóin. Em suas costas todos os poderosos debochavam dela. Nunca foi aceita pela alta sociedade e nunca aprendeu a se portar, apesar de todo o dinheiro. Em vez de gastar para se instruir e se aprimorar, gastou tudo para alimentar seu ego e emburacou um país com um futuro promissor.

Mas alegria de pobre dura pouco. Pevita saiu do completo anonimato para o topo do mundo em apenas sete anos, morrendo jovem por culpa exclusiva dela mesma. Foi diagnosticada com câncer no útero (muito provavelmente por causa do seu passado promíscuo de prostituta) e recebeu o seguinte diagnóstico dos médicos “É preciso retirar o útero ou você morrerá”. Pevita se recusou. Não apenas se recusou como disse que o médico era um filho da puta incompetente que não sabia nada. Pevita não tolerava ser contrariada e tinha um limiar cada vez menor para a frustração. Enxotou o médico e disse que não retiraria o útero pois fazia questão de ter um filho com Jeron, um herdeiro do império deles. Resultado… morreu em 1952, fazendo parecer que foi uma fatalidade, quando na verdade foi uma combinação de promiscuidade, burrice e arrogância. Mesmo depois de morta ela continuou causando polêmica: seu corpo embalsamado foi roubado e retirado do país, mas posteriormente foi devolvido, hoje se encontra em um cemitério de um bairro chique.

Infelizmente a praga populista da eterna piranha não morreu com ela. Imagina o Lula, só que mais burro e piranha. Isso era Pevita. Recalcada, cheia de complexos, feia e burra. Golpista, alpinista social, mentirosa, dissimulada, hipócrita. Tudo que fez foi pensando em si mesma, em seu ego e bem estar, no entanto teve a esperteza de acobertar seus atos pelo manto da caridade e por isso foi equivocadamente idolatrada por um povo inocente. Pevita não gostava de ninguém que não ela mesma, não se importava com ninguém que não ela mesma, só catapultava Jeron porque lhe convinha. Em um recurso típico dos egoístas, posava de pessoa preocupada e generosa, fazendo questão de ostentar em demasia seu disfarce. Assim como o outro mito Hermano, GueChevara, quem a idolatra provavelmente é porque desconhece sua história real. Pevita era uma mulher fruta só que nem malhada era. Uma tirana, ditadora, déspota, torturadora e assassina travestida de representante do povo. Sua morte precoce é um daqueles eventos que até nos faz ter uma boa vontade com a ideia da existência de Deus.

Para dizer que agora entende porque Somir me compara a Evita o tempo todo, para dizer que eu serei a Evita do Suriname ou ainda para dizer que ela é melhor do que o Lula porque ela sim morreu quando teve câncer: sally@desfavor.com


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