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Processa Eu!: Animais.

| Sally | | 88 comentários em Processa Eu!: Animais.

Metade dos que lerão este texto não entenderão a proposta. Observem eu não me importar. Animais são belíssimos filhos de uma puta e podem ser escrotos, sádicos, desonestos e cruéis, tendo a consciência disso e tendo a opção de se portar de forma correta. Animais não são essas criaturas puras e inocentes que estão pintando. Tem bicho que faz, por maldade pura, coisa muito pior do que aquele bandido que neguinho queria prender para todo sempre ou matar, só que se este animal for colocado em uma jaula e usado para descobrir a cura do câncer meio mundo vai protestar. Está na hora de perceber e aceitar que a maldade, a crueldade, o sadismo e a filhadaputez existem em qualquer animal com um cérebro um pouquinho maior. Processa Eu: Animais.

Para quem não está acompanhando, durante todo o ano foram noticiadas descobertas científicas atribuindo sentimentos que até então se acreditavam ser exclusivamente humanos a animais: empatia, noção moral, consciência, compaixão… especialmente nesta semana que se passou. O que ninguém fala é do outro lado da moeda, porque da mesma forma como animais podem ter estes sentimentos até então humanos considerados “nobres”, em contrapartida também podem ser belos filhos da puta por escolha, com a plena consciência de que o estão sendo. Falar só o lado bonitinho é babaquice! É querer fazer de animais criaturas Intocáveis, assim como fazem das crianças, que também podem ser tremendos filhos da puta sádicos mas por serem crianças tem uma presunção quase que incontestável de bondade. Chega. Na hora de julgar a maldade humana todos são super rigorosos e logo falam em prender e em matar. Cadê esse rigor com animais que não prestam? Dois pesos e duas medidas.

Estudos recentes indicam que animais tem autoconsciência, ao menos alguns deles. Animais como alguns primatas, golfinhos e até elefantes se reconhecem quando se olham no espelho. E com autoconsciência vem a tão famosa inveja: a partir do momento que você tem consciência exata do que é, passa a perceber quando outros são mais do que você. Animais como Chimpanzés já deram provas claras de atitudes invejosas, onde detonavam outro membro do grupo sem que isso lhes traga benefício algum, apenas para que o outro membro se foda. Você pode até tentar livrar a barra dos símios pelo argumento de que eles estavam conseguindo uma vantagem na sua luta pela sobrevivência, mas sendo assim, também teria que compreender uma pessoa que furta um banco. Esses primatas compreendem a inaceitabilidade do que fazem, tanto é que fazem escondido.

Macacos também sabem ser dissimulados e enganar colegas e até mesmo familiares. Cientistas perceberam que muitas vezes quando percebem algo que lhes interessa, como por exemplo uma fruta madura, alguns fazem questão de olhar para a outra direção ostensivamente para que o grupo desvie seu olhar para lá e quando ninguém está vendo, ele vai e come a fruta escondido. Outros tem como regra do grupo gritar quando encontram comida para que todos corram e comam, mas tem uns mais sem caráter que simplesmente não gritam e comem tudo sozinhos. E sabem que estão errados, pois se um membro do grupo os flagra ele apanham ou fogem. Sim, isso se chama manipulação. Não é porque é feito por um bicho fofinho que deixa de ser manipulação, animais não são santos, animais não são Intocáveis. Eles tem seu lado negro também.

Golfinhos, aquelas coisinhas fofas, vivem em uma sociedade muito organizada e em algumas situações chegam até mesmo a realizar uma espécie de “votação” para decidir questões do bando. Pior: antes dessas votações alguns golfinhos tentam se aproximar dos outros, muitas vezes presenteando-os, em uma forma rudimentar de suborno. Sim, golfinhos fazem política. Criam laços por interesses, presenteiam por interesse ou até mesmo ameaçam ou atacam por razões “políticas”. E sabem muito bem o sofrimento ao qual estão sujeitando o membro oprimido.

E não, não é apenas para manter o poder e liderar o grupo, eles também tem brincadeiras que expressam claramente um lado sádico, que não lhes trazem qualquer benefício além de diversão: pegam gaivotas que estão quietinha descansando na água e as afundam, enquanto a gaivota se debate. Depois, quando elas estão quase morrendo afogadas, as liberam. Quando um golfinho faz isso, junta um bando de golfinhos para assistir. Também foram constatados diversos comportamentos violentos por parte de machos dominantes, tais como sequestrar fêmeas e até mesmo tentar estuprar machos para provar sua liderança. Obrigam as fêmeas ir com eles para locais afastados e as mantém ali contra a sua vontade. Enquanto o macho que estava com essa fêmea a procura, o golfinho dominante a mantem nesse “cativeiro”. A fêmea dá claros sinais de sofrimento, como emitir sons de socorro e tentar fugir. O macho dominante não se importa e só devolve a fêmea quando ele quer (ou quando consegue o que quer). Ele sabe identificar o sofrimento, pois se “gritos” na mesma frequência forem emitidos em outra situação que não seja esse sequestro, ele sai em defesa do membro do bando porque sabe ser um pedido desesperado de ajuda.

Sequestro, por sinal, é uma prática comum no reino animal. Seja para obter uma recompensa devolvendo o sequestrado, seja para subjuga-lo mesmo. Para quem enche a boca e diz que só o ser humano escraviza animais, tem um documentário bem bacana sobre animais que sequestram e escravizam outros animais. Não sei o nome, mas não deve ser difícil de encontrar na internet. Lembro de um caso especialmente chocante de babuínos que sequestraram filhotes de cães selvagens e os “domesticam” com todo tipo de tortura. Confesso que não tive estômago para assistir até o final. Estes macacos sabem reconhecer o sofrimento alheio, entretanto optam por sujeitar outros seres vivos a sofrimento em proveito próprio. Se fosse um ser humano fazendo isso diriam que ele vale merda. Chega de tratar animais como criaturas que não são responsáveis por seus atos. Os estudos recentes que provam que eles tem consciência e percepção de sofrimento não servem apenas para protege-los de virarem cobaias, serve também para revelar outra verdade inconveniente: animais podem ser cruéis por escolha, cientes de sua crueldade.

Até as FUCKIN’ VACAS, um dos bichos mais bobos que existem, tem seus defeitos de caráter. Vacas se reúnem em grupinhos, formam panelinhas e praticam bullying contra outras vacas. Vacas não apenas tem rixas com outras vacas como ainda são capazes de guardar rancor por anos! Um estudo de suas ondas cerebrais mostrou o quanto elas são competitivas: se uma vaca puder comer a comida de outra vaca da qual ela não goste, suas ondas cerebrais e batimentos cardíacos indicam alegria, excitação. O mesmo não acontece quando elas tem a oportunidade de comer a comida de uma amiga. E sim, vacas brigam entre si e são fofoqueiras, quando se desentendem deixam o grupo todo saber e muitas vezes se unem para ferrar com o desafeto, como por exemplo, impedindo que consiga chegar até a comida. Essa raivinha pode durar bastante tempo e uma vaca toma as dores da outra.

Até mesmo o seu cachorro, aquela coisinha fofa, tem seus momentos de filhadaputez. Não estou falando mal de cachorro, ok? Acho muito normal que qualquer ser vivo tenha o bem o mal dentro dele. O erro é pensar que o cachorro é apenas bondade. Cães tem a capacidade de fazer baixarias. Cães são alpinistas sociais, eles sempre esperam por uma oportunidade para se tornarem lideres do bando. Se você for firme e impuser limites desde filhote, ele vai ser um ótimo amigo, mas se você for frouxo ele vai assumir o comando assim que puder e fatalmente você vai acabar tendo que atender às vontades dele sob pena de uma bela rosnada ou até mesmo de uma mordida. Então, não pense que só porque ele é bonitinho ele é inofensivo, ele quer o poder e assim que você baixar a guarda ele vai tentar usurpar esse poder de você.

Macacos tentam levar vantagem em tudo. Furtam pertences de colegas e chifram amigos. Sim, eles sabem que não devem fazer sexo com aquela fêmea, que ela “pertence” a outro macaco, mas criam situações para envolver aquele macho em uma briga e enquanto ele briga, aproveitam para comer sua fêmea. Por exemplo, tem um caso documentado de um macaco que jogou uma pedra em seu colega que estava dormindo e quando o colega acordou, achou que a pedrada tinha vindo de outro macaco: foi tirar satisfações com ele, acabaram brigando e enquanto isso, o espertinho que jogou a pedra e criou a confusão fazia sexo com a fêmea do que estava brigando. Contra a sua vontade, ao que tudo indica. Estuprar a mulher do amigo vale quanto na escala de canalhice? Há ainda outro caso documentado de um Babuíno que quando percebia que uma fêmea conseguia um alimento interessante (salvo engano tirava uma raiz da terra) gritava simulando o choro do seu filhote, o que fazia com que a fêmea largue tudo e volte correndo até sua cria por achar que ele estava em perigo. Assim que a fêmea corria, o Babuíno pegava a comida para si, se afastava e a comia. Estelionato símio.

Também há casos documentados de macacos que fingem estar doentes. Macacos feridos ou doentes costumam poupados pelo líder do bando durante o período em que estão feridos: não apanhava se fazem merda, não precisam buscar por comida (alguém leva comida até eles) e outros benefícios. Pois bem, um macaco que realmente machucou a perna teve este tratamento especial por semanas e quando sua perna estava ótima, o filho da puta continuou mancando para usufruir das regalias. Veterinários radiografaram o macaco, fizeram outros exames e constataram que ele estava ótimo. Mais: longe do bando, na sala de exames, ele não mancava. Mas quando foi devolvido voltou a mancar. Isso equivale a fraudar o INSS, pois mobiliza todos o grupo para “banca-lo” no período da doença. Macacos tem a possibilidade de ser honestos, mas mentem. Não são casos isolados, há centenas de relatos de macacos passando a perna em colegas e até mesmo em parceiros.

Daí você pode estar pensando que são apenas artifícios para a sobrevivência, que não há maldade. Mas há, o macaco sabe que aquilo que ele está fazendo é errado, tanto que se preocupa em camuflar seus atos, pois se for flagrado certamente vai sofrer consequências. Muitas vezes macacos fazem coisas em interesse próprio que geram sofrimento a outros macacos, como por exemplo matar um filhote de uma fêmea para que ela entre no cio novamente. Ele sabe que aquilo causa sofrimento, macacos são capazes de sentir compaixão e empatia (continue lendo e entenderá) e ainda assim, prefere sujeitar outro macaco a um sofrimento para conseguir seu objetivo. Soa bastante humano, não? O fato do macaco se beneficiar não faz ele menos filho da puta, porque ele sabe a dor que está causando e opta por causar esta dor.

Animais mentem, enganam, trapaceiam e são desonestos. Não estou lendo sua conduta com base em valores humanos, não se trata de antropomorfização. As condutas desses animais foram avaliadas conforme as regras daquele bando. São condutas incorretas perante as normas do bando, não perante as normas humanas, tanto é que em qualquer das situações se o animal fosse flagrado na mentira certamente ele apanharia ou sofreria alguma punição. Não existe uma criatura no mundo que tenha a capacidade de fazer só o bem. Quem tem a capacidade de fazer o bem também tem a capacidade de fazer o mal.

Animais podem fazer o bem, podem sentir empatia e compaixão. Experimentos mostram isso. Por exemplo, dois macacos que não se conheciam foram presos em uma sala onde podiam obter comida apertando um botão. Quando o primeiro macaco apertava o botão ganhava seu alimento favorito. Quando o segundo macaco aperta o botão o mesmo acontecia, porém o primeiro macaco leva um choque. Ao perceber que aquele macaco que estava ao seu lado, por sinal um desconhecido, levava um choque cada vez que ele pedia comida, o segundo macaco passou fome por mais de um dia. Isso é empatia, isso é compaixão. Lindo, mas também acaba gerando responsabilidades. Ser capaz de perceber o sofrimento alheio, ser capaz de se colocar no lugar do outro gera uma série de obrigações, como por exemplo não sujeitar o outro a sofrimento.

A partir do momento que se prova que um animal reconhece o sofrimento de outro animal, ele se torna um filho da puta quando faz o colega sofrer, porque sabe identificar o sofrimento que está causando e ainda assim sujeita outro animal a isso. Muitas vezes sem qualquer ganho secundário que não o próprio sofrimento. Estudos mostram que macacos frustrados ou apenas irritados batem gratuitamente em outros macacos mais fracos, que estavam quietos e não fizeram absolutamente nada. Batem apenas para descontar sua raiva. Mais: o macaco mais fraco que apanha sem motivo guarda rancor e se chegar à liderança do bando um dia dá uma bela surra no filho da puta que bateu nele quando era líder, que a esta altura já está idoso e não tem condições de se defender. Já houve casos onde até expulsou seu desafeto do bando. Porrada, rancor, covardia, vingança. Não é só na sua empresa, tem também no reino animal.

Ninguém é 100% bom, 100% inocente, nem mesmo animais. Quem pode ser bom também pode ser mau. E está ok. Quem disse que para gostar deles eles tem que ser 100% bons? Não acho demérito que animais tenham a capacidade de fazer maldades, de infligir sofrimento sabendo que causarão sofrimento. Muito pelo contrário, os acho mais reais. É hora de encarar a verdade: animais podem ser tremendos filhos da puta, manipuladores, sacanas e desonestos com seu próprio bando, com seus parceiros, com sua família. Ainda assim continuo achando que merecem o meu respeito. O que não pode é esse discurso chato de que animais são pura bondade e a maldade e crueldade toda está exclusivamente na cabeça do ser humano. Negativo! Animais tem entendimento da maldade e alguma vezes optam por praticá-la. Não sei qual é a grande dificuldade em admitir isso.

Quem já trabalhou em um zoológico ou com animais em bandos sabe que sentimentos como sadismo, maldade e crueldade não são exclusivamente humanos. O fato de terem descoberto que animais são capazes de identificar o sofrimento alheio, de se colocar no lugar dos outros, se sentir empatia e compaixão não confere automaticamente essa aura de bondade que estão tentando vender. Muito pelo contrário, se eles identificam o sofrimento alheio e ainda assim o propagam são belos filhos da puta, não? Não estou pregando contra animais, afinal, não tem raça mais filha da puta do que o ser humano, estou pregando contra a romantização da bondade animal, que não é essa coisa toda que falam.

Aquele macaquinho com carinha simpática pode sim ser um estuprador, um sequestrador e ter cometido tantas atrocidades quando o pior bandido que você conhece. Não quero com isso justificar tortura de animais, pois mesmo tendo cometido atrocidades nem gente nem bichos devem ser torturados. Só quero que as pessoas tirem da cabeça esse mundo cor de rosa onde o bicho é sempre bom e o homem é sempre ruim. Quero conferir aos animais uma responsabilidade que eles tem: fazer o mal, cientes de que estão causando dor e sofrimento e sem necessidade disto. Sim, bicho é filho da puta, escroto e sádico. O homem se acha tão importante que demorou séculos para descobrir que não é o único espertão, valentão e sacana da mãe natureza.

Para me paunocuzar com algum discurso pró-animais, para concluir equivocadamente que eu estou fazendo campanha contra animais ou ainda para começar a pregar pena de morte para animais: sally@desfavor.com


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