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Desfavor da semana: Marcha para Jesus.

| Desfavor | | 93 comentários em Desfavor da semana: Marcha para Jesus.

A organização da 20ª Marcha para Jesus, que ocorre hoje em São Paulo, espera reunir cerca de 6 milhões fiéis. FONTE

Batemos na Parada Gay, nada mais justo que bater na Parada Crente. Milhões de evangélicos pentelhando a cidade com todo o apoio do poder público? Desfavor da semana.

SOMIR

Há alguns dias atrás saiu o resultado de uma pesquisa sobre as religiões no Brasil. O movimento migratório do catolicismo para o “crentismo” (esse povo não merece ser chamado de protestante…) segue de vento em popa. E com números elevados, poder elevado.

A Marcha para Jesus de 2011 teve 5 milhões de amigos do amigo imaginário, neste ano vão ser 6. Apesar de saber que inflacionar o número de participantes é um clássico da divulgação nesses eventos, ainda sim vai ser crente saindo pelo ladrão (ou pastor) nas ruas paulistanas.

E como todo esse povo vota (e faz filho!), não se vê nada além de suporte irrestrito do poder público. Eu nem estou dizendo que não se deva preparar esquemas especiais para lidar com aglomerações populares desse porte, a questão aqui é diretamente relacionada à leniência com o discurso e a mentalidade da crentalhada.

Que existe liberdade de religião no Brasil, é notório e sabido. Mesmo com o chororô ridículo de cristãos que se dizem perseguidos quando não conseguem dar aquela pincelada de Idade Média na sociedade moderna, não se pode dizer que o grupo majoritário de pessoas que acredita nessa historinha ridícula de religião sofre com algum tipo de repressão social.

Como o fiel médio enfia dinheiro sem parar nos cofres das igrejas, o poder das lideranças religiosas evangélicas vai crescendo dia após dia. O potencial econômico acaba se traduzindo em poder midiático e político, utilizado sem a menor vergonha pelos cabeças desse “esquema de pirâmide” que é a religião evangélica nos moldes atuais.

Os espertos líderes dessas EMPRESAS evangélicas aproveitam para massificar o impacto de sua mensagem para pegar o máximo possível de desesperados dispostos a “comprar” sua salvação. O dinheiro também financia as caríssimas campanhas eleitorais necessárias para colocar em cargos de poder cretinos semi-analfabetos que acham bonito forçar criança a rezar em escola.

E como o evangélico médio não passa de um brasileiro médio, falta inclusive a capacidade intelectual de entender as (raras) mensagens positivas atreladas ao discurso do Zumbi Judeu. Não há avanços morais ou éticos perceptíveis com esse “boom” evangélico que o país vive atualmente. Inclusive eles mesmos adoram dizer que está tudo cada vez pior. Deve estar além do alcance lógico da maioria deles a contradição de dizer que as coisas estão piorando AO MESMO TEMPO em que vão galgando os degraus rumo à liderança religiosa no país.

Não é só uma agradável sessão pancadaria, estou puxando o assunto desta forma para explicar porque acho repulsiva uma marcha como a que ocorre em São Paulo. Não há o menor sinal de repressão ou má-vontade do povo contra o grupo dos evangélicos. Aliás, muito pelo contrário: A mania do politicamente correto está blindando cada vez mais quem se converte.

Antigamente tinha muito mais gente disposta a tratar “crente” como termo pejorativo e criticar o fanatismo de quem quer moldar a sociedade de acordo com um livro escrito por criadores de cabra semi-analfabetos da antiguidade (e virado do avesso pela Igreja Católica). Hoje em dia tudo é bullying, tudo é intolerância… Melhor fingir que a merda está perfumada do que ser honesto, não?

Uma marcha desse tipo é uma espécie de “esfregada na cara” da sociedade. Por mais que eu ache que a Parada Gay é uma caricatura ridícula do homossexual que só existe e é tolerada para atrair turista, pelo menos ela se propõe a exibir ao grande público uma parcela da população que REALMENTE sofre repressão social.

A Marcha para Jesus é ofensiva nesse sentido. É a marcha de pessoas que gozam de proteção social indevida baseada em PURO poder financeiro. Os crentes compraram divulgação e influência política para chegar onde chegaram. É mais ou menos como se fizéssemos a Marcha do Homem Branco Rico. Não é para trazer conhecimento sobre um grupo de pessoas que exigem tratamento melhor, é para jogar na cara do resto das pessoas o poder que um grupo tem. É exibicionismo.

Ainda bem que eu não tenho mais nenhuma expectativa de racionalidade desse público, porque vai totalmente contra as ideias nas quais os crentes deveriam se basear. Os religiosos ficam bravos quando eu digo, mas é a pura verdade: Precisa ser ateu para entender a “palavra de Deus”. Quem está enfiado até o pescoço nessa coisa de clubinho de salvação eterna fica completamente cego em relação às contradições e incoerências entre o que prega e o que pratica.

Curiosamente, o bullying seria o dos evangélicos. “Engole nossa marcha aí porque você NÃO PODE nos peitar.” Os crentes não são minoria, não são perseguidos e poderiam muito bem organizar um evento desses sem utilizar vias públicas. Tem dinheiro e poder suficiente nas lideranças evangélicas para montar um evento particular. Vão enfiar trios elétricos nas ruas e fazer shows gospel (gospel = “não tenho talento para fazer música de verdade”) com o objetivo de lucrar com o mercado consumidor deles. Isso não tem porra nenhuma de objetivo social, é negócio puro.

E muito bonito falar em “confluência de evangélicos” quando as diferentes marcas de igreja-empresa ficam se pegando de porrada em cultos e na mídia, disputando fiel como se fosse cliente de padaria.

Podendo até passar por dramático e exagerado: A religião evangélica está se desenvolvendo como máfia: Vendendo coisas que não podem vender, cobrando por proteção, infiltrando pessoas de confiança na máquina pública, comprando aliados e assustando detratores. Isso vai dar merda. Se pintar um “Tea Party” por essas bandas, não vai ter força suficiente do lado oposto para controlar os danos.

Se era Marcha para Jesus, é melhor dar meia-volta.

Para me chamar de intolerante religioso e dizer que eu não tenho direito de falar isso, para reclamar que quem precisa entender isso não é capaz de entender, ou mesmo para me mandar para o inferno: somir@desfavor.com

SALLY

Em tese, vivemos em um Estado Laico, ou seja, um país onde o Estado é oficialmente neutro quando o assunto é religião. Ser neutro significa não beneficiar nem prejudicar ninguém, tratar todos de forma igual, não encorajar nem desencorajar nenhum tipo de religião. Infelizmente não é essa a realidade, se você mora em São Paulo, basta sair às ruas para ver o Governo a serviço de uma religião: mais transporte público disponível, trânsito alterado, aumento no policiamento, etc.

Se este carnaval todo fosse disponibilizado a qualquer grupo que deseje se manifestar, eu até entenderia como tratamento igualitário, mas não é o caso. Vai você, adepto de qualquer religião de origem africana (sou ignorante, não sei diferenciá-las) fazer uma Marcha para o Exu e me diz se vão te dar esse respaldo todo. Aqui mesmo no Rio de Janeiro eu já vi meterem quase um milhão de evangélicos em uma área pública cagando o trânsito e depois negarem esta mesma área para eventos culturais cujo público não passaria de cem mil com o argumento de que congestionaria o trânsito.

Como evangélico em sua esmagadora maioria é uma raça MUITO BURRA, antes que um desses Jumentinhos de Cristo venha recitar trechos mal decorados e fora de contexto da Constituição da República sobre liberdade religiosa, eu gostaria de dizer que não permitir uma marcha não é tolher a liberdade religiosa de ninguém. As pessoas tem templos para celebrar seus deuses, tem suas casas e dezenas de outros lugares. Não permitir a marcha é o Estado se negando a financiar e patrocinar com dinheiro do contribuinte este evento. Também não é preconceito ou discriminação, desde que seja negado a todos, como de fato deveria ser. Preconceito, discriminação e favorecimento é permitir que evangélicos causem esse transtorno urbano enquanto este mesmo direito é negado a outras religiões.

Qual é a razão de ser desta marcha? Provavelmente de cunho político, ostentar a quantidade crescente de evangélicos como forma de alarde e demonstração de poder para barganhar cargos, subsídios e sabe-se lá quais outras formas de favorecimento. O objetivo é sujo. É o caralho que esta marcha foi organizada com o simples objetivo de que as pessoas louvem seu Deus. Porra! Você pode louvar seu Deus na sua casa (desde que em voz baixa, por favor) sem precisar cagar o trânsito e onerar os cofres públicos com gastos extra. Porque VOCÊ E EU temos que pagar, através dos nossos impostos, para evangélicos louvarem seu Deus de forma ostensiva no meio da rua? Cêjura que esse dinheiro não podia ser usado para algo melhor não? Até onde eu sei, não está sobrando dinheiro… Mesmo que muitos Jumentos de Cristo estejam lá apenas para louvar seu Deus, não passam de massa de manobra e isso não deve ser respaldado pelo Poder Público.

Usar qualquer tributo pago pelo contribuinte para de alguma forma viabilizar, incentivar ou financiar o culto a uma determinada religião deveria ser crime. Tenho cá minhas dúvidas se não é. Deveria ser incompatível com um Estado que se diz neutro quanto à religião. Gastar um centavo do dinheiro público para equacionar uma marcha de evangélicos é debochar de pessoas como você e eu, é rasgar a Constituição ao meio e acima de tudo é fomentar a ignorância que serve de adubo para essas ervas daninhas que o povo coloca no poder. Mas vão continuar fazendo. Sabe até quando? Até quando a gente permitir. Está nas nossas mãos.

Claro que além da questão ética, existem questões de ordem prática que devem ser ditas. Quão pau no cu com cerol é uma marcha onde as pessoas se concentram às FUCKIN’ SEIS DA MANHÃ? Olha, se Deus existe (e eu creio que Gezuiz-Godzila se fará sentir amanhã) tenho certeza que ele reprova qualquer coisa às seis da manhã. Tomara que chova, que neve, que faça frio, que tenha Tsunami e avalanche. Tomara que caia um meteoro em formato de mão mostrando o dedo médio. As pessoas de bem não são obrigadas a escutar evangélico em carro de som cantando aquelas músicas que mais parecem uma sirene de bombeiro, muito menos de manhã cedo! Gente, não é possível que nenhum dos milhares de incomodados não tenha bolas para fazer uma pequena delinquência e deixar claro que esse tipo de evento não é bem vindo e que se continuar fazendo vai dar merda. Coloca chumbinho em uma bíblia e joga pela janela, minha gente! Assim quando esses porras pegarem e lamberem eles morrem!

Daí vai ter quem diga que eu não respeito a religião alheia, o que é uma tremenda injustiça, porque eu respeito (para falta de respeito com religião alheia tratar com Somir). Eu não sento com um evangélico e fico tentando provar que seu Deus não existe, eu fico na minha, no máximo digo que eu não acredito naquilo. Minha crítica aqui não está discutindo o mérito da religião e sim com que direito essas pessoas tomam as ruas, tumultuam o trânsito, promovem gasto de dinheiro público e ainda obrigam centenas de moradores a ouvir músicas e discursos pau no cu que eles não querem! E se fosse um grande Dia da Macumba (novamente, perdão, sou ignorante, para mim vem da África é Macumba e não, eu não acho isso bonito, se alguém quiser me informar melhor eu agradeço). Se milhões de Pais de Santo se reunissem na rua e fizessem um grande Ebó que tomasse toda a calçada, batendo centenas de tambores, recebendo Orixás… tudo na via pública, sendo os evangélicos obrigados e passar por ali ou a escutar isso tudo dentro das suas casas. E aí? Será que eles gostariam? Será que eles não reclamariam?

Reclamariam sim, com seus recorrentes erros de português e seu discurso ensaiado pelo pastor e repetido pelos fiéis feito papagaios sem ao menos pensar no que estão dizendo. Só eles tem direito. Só eles são donos da verdade. Só eles tem o Deus certo. Vápáporra, meus queridos. Vocês nem mesmo seguem os preceitos dessa porra de religião! Assim como os católicos, vocês gostam de se dizer religiosos, mas os sacrifícios que tem que fazer para seguir a doutrina NINGUÉM FAZ. Não adianta ir para a rua louvar Cristo se nos outros 364 dias do ano você é um tremendo desfavor. Porque merdas seguem preceitos que não cumprem? Para ter o manto da pretensa bondade, provavelmente. Nesta bosta de sociedade toda cagada com valores doentios quem é católico ou evangélico tem presunção de bondade, quando deveria ser justamente o contrário, considerando as mortes, torturas, crimes, estupros e estelionatos que essas raças perpetram por décadas, por séculos.

Ninguém é obrigado a ouvir esses pastores com pinta de viado, cabelinho engomado e feições FEIAS (porque evangélicos são tão feios e bregas, alguém sabe me explicar?) cantando e discursando. Isso é uma falta de respeito com os moradores por onde essa marcha vai passar. Ninguém é obrigado a ouvir os gemidos pretensamente em forma de música que essas pastoras com cara de Barbie da Periferia emitem. Além do incômodo, é muita cafonice para um lugar só! O senso de estética do cidadão não é mais respeitado.

Pastores com CONDENAÇÃO CRIMINAL terão direito de falar em um microfone aberto! Como assim? Vamos fazer a marcha do PCC, então! Coloca os líderes do PCC (que provavelmente roubaram menos do que esses pastores) em um carro de som e manda falar o que quiserem e todos os evangélicos terão que ouvir de dentro das suas casas! Faz melhor, vamos fazer a Marcha pelo Axé! É para ser brega? Chama o Cumpadre Washington, bota ele em um carro de som e atravessa a avenida gritando “TCHU TCHU PÁÁÁ! ORDINÁÁÁRIA! EU GOSTO MUITCHO!”. Não, isso não pode. Isso atrapalha a paz pública. Ok, pelo menos Cumpadre Washington nunca roubou ninguém, nunca foi preso e nunca cometeu um crim… bem, bater na Carla Perez, para mim, é um ato de cidadania.

Fato: o Governo se beneficia da religião e a religião se beneficia do Governo em detrimento do bem estar e do dinheiro do contribuinte. A grande pergunta é: O QUE VOCÊ VAI FAZER A ESSE RESPEITO? NADA? Se não fizer nada isso continua acontecendo.

Se não quer fazer nada pela questão ética, ok, respeito, a ética está tão cagada neste país que realmente dá até desânimo começar a faze algo. Mas porra, pelas suas sagradas horas de sono, pelo sagrado direito ao silêncio e pelo sagrado direito de ir e vir, FAÇA ALGUMA COISA. QUALQUER COISA. Um ovo jogado da janela já é algo. Já pensou se todo mundo que desgosta de evangélico tacar UM OVINHO que seja? Gente… até quando? Taca MERDA nesse povo, caga em um saco plástico e taca merda naquelas roupinhas branquinhas de Cristo compradas com dízimo de trabalhador. Façam por onde ao menos TENTAR desencorajar essa putaria, essa sacanagem, essa baixaria que estão fazendo com os nossos tributos e com a nossa paz!

Vai por mim, tem muito evangélico no Brasil, mas também tem MUITA gente que odeia evangélico. Não quero ninguém indo no templo deles fazer bullying, mas porra, quando eles vão até a sua casa financiados com o dinheiro dos seus impostos te paunocuzar, jogar um oleozinho fervendo da janela é legítima defesa. Sério mesmo, pense com carinho na ideia. Se você é mais frouxinho e não quer machucar ninguém, joga ketchup, joga farinha, joga qualquer merda, mas expresse sua revolta. CHEGA de aturar imposição religiosa em Estado Laico. CHEGA. VAMOS SÃO PAULO! Vocês abrigam um grande percentual das pessoas pensantes do país, não me decepcionem, FAÇAM ALGUMA COISA.

Em tempo: metade dos leitores do Desfavor estão em São Paulo e a outra metade está diluída pelo Brasil e pelo mundo. Isso quer dizer que meu recado de hoje tem muitos destinatários. FAÇAM ALGUMA COISA, CARALHO! Quando é comigo, aqui no Rio, eu faço. Agora é a vez de vocês.

E você que está longe do local onde vai ocorrer o evento, vamos todo juntos em uma corrente de fé pedindo com força para Gezuiz-Godzila voltar e pisotear essa gentalha até a morte amanhã!

Para dizer que não vai jogar nada pela janela porque bateu um cagaço infundado do inferno, para fazer uma pequena delinquência, fotografar e me mandar ou ainda para vir aqui me confrontar com seus horríveis erros de português e seu discurso fantasioso: sally@desfavor.com


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